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Violência laboral e qualidade de vida profissional entre enfermeiros da atenção primária

Violencia laboral y calidad de vida profesional entre enfermeros de la atención primaria

Resumo

Objetivo

Verificar associação entre a violência no trabalho e qualidade de vida profissional em enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde.

Métodos

Estudo descritivo, transversal e analítico desenvolvido com 101 enfermeiros da atenção primária, cujos dados foram coletados por instrumento de características sociodemográficas, ocupacionais e de hábitos de vida, o Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector e a Professional Quality of Life Scale, para avaliar a violência laboral e a qualidade de vida profissional, respectivamente. Os dados analisados descritiva e inferencialmente, por meio do teste qui-quadrado de Wald considerando-se p<0,05 como significância estatística.

Resultados

As prevalências dos tipos de violência foram de 65,3% para a verbal, 29,7% assédio moral, 17,8% física, 1% assédio sexual e 1% discriminação racial. A baixa satisfação por compaixão ocorreu com 54,5% dos pesquisados, de alto burnout com 58,4% e de alto estresse pós-traumático, 57,4%. A satisfação por compaixão foi associada com assédio moral no trabalho (p=0,047), estímulo para relatar a violência (p=0,040) e ter havido consequências para o agressor (p=0,018). Não houve associação entre os tipos de violência com o burnout. O estresse pós-traumático esteve associado à violência física no trabalho (p=0,047) e com a existência de procedimentos para relatar a violência (p=0,018).

Conclusão

Houve associação da violência laboral com a qualidade de vida profissional. É necessário a criação de medidas institucionais para a promoção da qualidade de vida profissional, prevenção da violência laboral e procedimentos padrões para orientar os profissionais diante dos atos violentos.

Violência no trabalho; Qualidade de vida; Enfermeiras e enfermeiros; Atenção primária à saúde; Saúde do trabalhador

Resumen

Objetivo

Verificar la asociación entre violencia en el trabajo y la calidad de vida profesional en enfermeros de Unidades Básicas de Salud.

Métodos

Estudio descriptivo, transversal y analítico desarrollado con 101 enfermeros de la atención primaria, cuyos datos fueron recopilados a través de un instrumento de características sociodemográficas, ocupacionales y de hábitos de vida, el Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector y el Professional Quality of Life Scale, para que se evalúe la violencia laboral y la calidad de vida profesional, respectivamente. Análisis descriptivo e inferencial de los datos, por medio de la prueba de chi-cuadrado de Wald considerándose p<0,05 como significación estadística.

Resultados

Las prevalencias de los tipos de violencia fueron de 65,3 % para la verbal, 29,7 % acoso moral, 17,8 % física, 1 % acoso sexual y 1 % discriminación racial. La baja satisfacción por compasión ocurrió con el 54,5 % de los encuestados, de alto burnout con 58,4 % y de alto estrés postraumático, 57,4 %. La satisfacción por compasión estuvo asociada con acoso moral en el trabajo (p=0,047), estímulo para relatar la violencia (p=0,040) y que hayan existido consecuencias para el agresor (p=0,018). No hubo asociación entre los tipos de violencia con el burnout. El estrés postraumático estuvo asociado con la violencia física en el trabajo (p=0,047) y con la existencia de procedimientos para relatar la violencia (p=0,018).

Conclusión

Hubo asociación de la violencia laboral con la calidad de vida profesional. Se hace necesaria la creación de medidas institucionales para la promoción de la calidad de vida profesional, prevención de la violencia laboral y procedimientos estándar para orientar a los profesionales ante actos violentos.

Violencia laboral; Calidad de vida; Enfermeras y enfermeiros; Atención Primaria de salud; Salud laboral

Abstract

Objective

To verify the association between workplace violence and quality of professional life in nurses from Basic Health Units.

Methods

This is a descriptive, cross-sectional and analytical study developed with 101 primary care nurses, whose data were collected using an instrument of sociodemographic, occupational and lifestyle characteristics, the Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector and the Professional Quality of Life Scale, to assess workplace violence and the quality of professional life, respectively. Data were analyzed descriptively and inferentially, using Wald’s chi-square test, considering p<0.05 as statistical significance.

Results

The prevalence of types of violence was 65.3% for verbal, 29.7% moral harassment, 17.8% physical, 1% sexual harassment and 1% racial discrimination. Low compassion satisfaction occurred with 54.5% of respondents, high burnout with 58.4% and high post-traumatic stress, 57.4%. Compassion satisfaction was associated with bullying at work (p=0.047), encouragement to report violence (p=0.040) and having consequences for offenders (p=0.018). There was no association between the types of violence and burnout. Posttraumatic stress was associated with physical workplace violence (p=0.047) and with the existence of procedures to report violence (p=0.018).

Conclusion

There was an association of workplace violence with the quality of professional life. It is necessary to create institutional measures to promote the quality of professional life, prevent workplace violence and standard procedures to guide professionals in the face of violent acts.

Workplace violence; Quality of life; Nurses; Primary health care; Occupational health

Introdução

A violência ocupacional vem aumentando paulatinamente em todo o mundo,(11. Almeida NR, Bezerra Filho JG, Marques LA. Análise da produção científica sobre a violência no trabalho em Serviços hospitalares. Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):101-12. Review.) tornando-se um problema de grande vulto para a Saúde Pública, visto que, causa danos à saúde dos trabalhadores.(22. Lanthier S, Bielecky A, Smith PM. Examining risk of workplace violence in canada: a sex/gender-based analysis. Ann Work Expo Health. 2018;62(8):1012-20.)

Compreende-se a violência laboral como um comportamento ou ação negativa numa relação que envolve duas ou mais pessoas, determinada por agressividade, que pode acontecer de forma repetida ou abrupta, incluindo situações nas quais os trabalhadores são intimidados, ameaçados, agredidos ou sujeitos aos atos ofensivos em circunstâncias relacionadas ao trabalho.(33. International Labour Organization (ILO). Framework guidelines for addressing workplace violence in health sector: the training manual. Geneva: ILO; 2005 [cited 2020 May 10]. Available from: https://www.ilo.org/safework/info/instr/WCMS_108542/
https://www.ilo.org/safework/info/instr/...
)

Pode ocorrer na forma de violência física, que engloba soco, chute, tapa, tiro ou empurrão e a violência psicológica que é subdividida em agressão verbal, comportamento que mostra falta de respeito com a dignidade humana; assédio moral, realizado repetidamente e em excesso, por ataques vingativos, cruéis e maliciosos; assédio sexual, comportamento indesejável, unilateral e não esperado; e discriminação racial, conduta ameaçadora baseada em raça, cor, nacionalidade ou religião.(44. Palacius M. Relatório preliminar de pesquisa. Violência no trabalho no setor saúde. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2002 [citado 2020 Jul 18]. Disponível em: http://www.assediomoral.org/IMG/pdf/pesquisa_sobre_Violencia_no_trabalho_Universidade_Federal_RJ.pdf
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)

Todos os profissionais estão sujeitos à violência, porém, o ambiente de atuação dos profissionais de saúde é um dos mais propensos à sua ocorrência, principalmente, os da enfermagem.(55. Zhang L, Wang A, Xie X, Zhou Y, Li J, Yang L, et al. Workplace violence against nurses: a cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2017;72:8-14.) Segundo relatório da 108aConferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), houve um aumento de 13% na violência contra os trabalhadores de saúde da América Latina.(66. International Labour Organization (ILO). 108th Session of the International Labour Conference. Genebra: ILO; 2019 [cited 2020 Oct 25]. Available from: https://www.ilo.org/lisbon/sala-de-imprensa/WCMS_709996/lang--pt/index.htm
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)

Dentre os profissionais de saúde que estão propensos a sofrerem atos de violência estão os enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde (UBS), visto que, seu processo laboral os coloca na linha de “frente” devido as práticas assistencialistas voltadas para a integralidade do cuidado ao paciente, familiares e comunidade, bem como rotinas gerenciais, pautadas em atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem e demais profissionais.(77. Ferreira SR, Périco LA, Dias VR. The complexity of the work of nurses in primary health care. Rev Bras Enferm. 2018;71(Suppl 1):704-9.)

Sofrer violência interfere na qualidade de vida profissional,(55. Zhang L, Wang A, Xie X, Zhou Y, Li J, Yang L, et al. Workplace violence against nurses: a cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2017;72:8-14.) que, por sua vez, é entendida sobre dois aspectos: o positivo, a satisfação por compaixão, quando o profissional experimenta alegria por ajudar outrem, e o negativo, a fadiga por compaixão, que envolve sentimentos de esgotamento emocional e frustração com o trabalho, típicos do burnout, como também traumas relacionados ao trabalho, característicos do estresse traumático secundário.(88. Torres J, Barbosa H, Pereira S, Cunha F, Torres S, Brito M, et al. Qualidade de vida profissional e fatores associados em profissionais da saúde. Psicol Saúde Doenças. 2019;20(3):670-81.)

Embora haja estudos sobre a temática da violência e a qualidade de vida, ainda há uma lacuna do conhecimento, sobretudo na compreensão dos fatores associados à violência no trabalho e qualidade de vida profissional entre enfermeiros de UBS.(99. Borges EM, Fonseca CI, Baptista PC, Queirós CM, Baldonedo-Mosteiro M, Mosteiro-Diaz MP. Compassion fatigue among nurses working on an adult emergency and urgent care unit. Rev Lat Am Enfermagem. 2019;27:e3175.,1010. Pereira CA, Borgato MH, Colichi RM, Bocchi SC. Institutional strategies to prevent violence in nursing work: an integrative review. Rev Bras Enferm. 2019;72(4):1052-60. Review.) Assim, acredita-se que o estudo é relevante, pois pode subsidiar o desenvolvimento de estratégias na busca de uma melhor qualidade de vida profissional dos enfermeiros e, por sua vez, de uma assistência com mais qualidade.

Assim, a hipótese de pesquisa levantada foi a existência de associação entre a violência laboral com a qualidade de vida profissional, sendo o objetivo do estudo: verificar associação entre a violência no trabalho e qualidade de vida profissional em enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde.

Métodos

Estudo quantitativo, transversal e analítico, realizado em 40 UBS da área urbana de uma cidade do interior do Sul do Brasil, com cerca de 500 mil habitantes.

A população do estudo foi constituída por 114 enfermeiros de UBS, que atuavam tanto internamente, como na Estratégia de Saúde da Família em seus respectivos territórios de abrangência. Para o cálculo do tamanho amostral utilizou-se a forma para população finita, em que se considerou a prevalência do desfecho de 50% e 95% de intervalo de confiança, obtendo-se um número mínimo de 84 enfermeiros.

Foram incluídos enfermeiros que atuavam há no mínimo 12 meses nas UBS da área urbana, devido a semelhança nas características laborais e abrangência, e que não estivessem afastados do trabalho por licenças de qualquer natureza. Utilizando esses critérios de inclusão, fizeram parte do estudo 101 enfermeiros.

Para coleta de dados foi entregue o instrumento de coleta de dados contendo três questionários, sendo o primeiro de caracterização sociodemográfica, laboral e hábitos de vida, com as seguintes variáveis: idade (em anos); cor da pele (brancos ou não brancos); sexo (feminino ou masculino); situação conjugal (com ou sem companheiro); renda familiar (em reais); tempo de trabalho na instituição (em anos); realização de atividade física (sim ou não, com frequência e duração); uso de medicamentos devido à sintomas percebidos como resultantes da atividade laboral (sim ou não); relacionamento interpessoal no trabalho (bom/excelente ou regular/ruim); reconhecimento no trabalho (sim ou não); e absenteísmo por doença (em dias). Esse questionário foi submetido à um teste piloto com 29 enfermeiros de UBS de cidades circunvizinhas, e devido à pertinência não foi preciso adequações.

A violência ocupacional foi verificada utilizando-se o Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector, proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), OIT e Conselho Internacional de Enfermagem,(1111. International Labor Organization (ILO). Workplace violence in the health sector. Country case studies – Brazil, Bulgarian, Lebanon, Portugal, South África, Thailand, and an additional Australian study. Geneva: IOT; 2003 [cited 2020 Oct 25]. Available from: https://www.hrhresourcecenter.org/node/29.html
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) traduzido e adaptado para a língua portuguesa do Brasil.(44. Palacius M. Relatório preliminar de pesquisa. Violência no trabalho no setor saúde. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2002 [citado 2020 Jul 18]. Disponível em: http://www.assediomoral.org/IMG/pdf/pesquisa_sobre_Violencia_no_trabalho_Universidade_Federal_RJ.pdf
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)O instrumento verifica a violência no trabalho, física, verbal, moral, sexual ou racial, nos últimos 12 meses e caracteriza as situações de violência, as vítimas e os agressores.(44. Palacius M. Relatório preliminar de pesquisa. Violência no trabalho no setor saúde. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2002 [citado 2020 Jul 18]. Disponível em: http://www.assediomoral.org/IMG/pdf/pesquisa_sobre_Violencia_no_trabalho_Universidade_Federal_RJ.pdf
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,1111. International Labor Organization (ILO). Workplace violence in the health sector. Country case studies – Brazil, Bulgarian, Lebanon, Portugal, South África, Thailand, and an additional Australian study. Geneva: IOT; 2003 [cited 2020 Oct 25]. Available from: https://www.hrhresourcecenter.org/node/29.html
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)

A qualidade de vida profissional foi avaliada pela Professional Quality of Life Scale (ProQOL-V), instrumento desenvolvido por Stamm,(1212. Stamm BH. The Concise PROQOL Manual. 2nd ed. Pocatello: ProQOL; 2010 [cited 2020 Oct 25]. Available from: https://proqol.org/uploads/ProQOLManual.pdf
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) com versão brasileira traduzida e validada.(1313. Lago K, Codo W. Fadiga por compaixão: evidências de validade fatorial e consistência interna do ProQol-BR. Estud Psicol. 2013;18(2):213-21.) O ProQOL-V é constituído por 28 itens, divididos em três subescalas: a satisfação por compaixão avaliada por dez itens e a fadiga por compaixão, analisada por duas dimensões, o burnout e o estresse traumático secundário ambas verificadas por nove itens cada.(1212. Stamm BH. The Concise PROQOL Manual. 2nd ed. Pocatello: ProQOL; 2010 [cited 2020 Oct 25]. Available from: https://proqol.org/uploads/ProQOLManual.pdf
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)

Para a pontuação do ProQOL-V, os escores das escalas foram transformados em Zscores e estes em Tscores, para que os escores variassem de 10 a 50.(1212. Stamm BH. The Concise PROQOL Manual. 2nd ed. Pocatello: ProQOL; 2010 [cited 2020 Oct 25]. Available from: https://proqol.org/uploads/ProQOLManual.pdf
https://proqol.org/uploads/ProQOLManual....
) Na amostra deste estudo, o instrumento demonstrou boa consistência interna, conforme os valores de alfa de Cronbach: satisfação por compaixão (α=0,81), burnout (α=0,70) e estresse traumático secundário (α=0,70).

Entre novembro de 2019 e fevereiro de 2020 foram entregues aos elegíveis os instrumentos nos locais de trabalho e fornecido orientações sobre a pesquisa. Após o preenchimento, os participantes colocaram os instrumentos em urnas lacradas, disponíveis nas unidades de trabalho.

As variáveis foram apresentadas por meio de distribuição de frequências e medidas de tendência central e variabilidade. Os resultados das dimensões da qualidade de vida profissional foram categorizados em baixo e alto, por meio da mediana, e associados aos tipos violência por meio do teste qui-quadrado de Wald, recomendado para comparação de duas variáveis qualitativas dicotômicas. Todas as análises foram realizadas no programa Statistical Package for the Social Science® (SPSS), versão 20.0, considerando-se p<0,05 como significância estatística.

O estudo foi conduzido respeitando aspectos éticos de pesquisas envolvendo seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com CAAE nº 17960819.5.0000.5231 e Parecer nº 3.537.838. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Resultados

Participaram deste estudo 101 enfermeiros. A maioria pertencia ao sexo feminino (97%;n=98), com idade de 41 a 63 anos (93,1%;n=94), com companheiro (65,3%;n=66), de cor branca (87%;n=86,1%), com renda mensal familiar de 1 a 5 salários mínimos (50,5%;n=51) (salário mínimo brasileiro em 2020: R$1045,00), não praticavam atividade física (65,3%;n=66) e vínculo de trabalho de 8 a 10 anos (56,4%;n=57).

Referiram bom/excelente relacionamento interpessoal no trabalho (88,1%;n=89), sentiam-se reconhecido pelo trabalho realizado (54,5%) e absenteísmo por doença de 1 a 3 dias (62,4%;n=63). A maioria fazia uso de medicamentos por sintomas que entendiam como devidos ao trabalho (68,3%;n=69), predominando ansiolíticos (34,7%;n=35) e antidepressivos (22,8%;n=23).

As prevalências dos tipos de violência ocorridas no trabalho nos últimos 12 meses foram de 65,3% verbal, 29,7% assédio moral, 17,8% física, 1% assédio sexual e 1% discriminação racial. Quanto à autoria da violência, independentemente do tipo, todos os participantes do estudo que sofreram atos de violência tiveram como principal agressor o paciente, seguido de seus familiares e pelos colegas de trabalho. Na maioria das vezes, não houve consequências ou punição ao agressor, a chefia não ofereceu ajuda e referiram insatisfação em relação à forma como o incidente foi tratado.

As variáveis de caracterização que se associaram com a ocorrência de violência foram a discriminação racial com a cor da pele (p=0,045), o assédio moral com a cor da pele (p=0,026) e o uso de medicamentos (p=0,029), sobretudo de ansiolíticos (p=0,037). Entre os enfermeiros agredidos verbalmente predominou o assédio moral (p=0,003). Assim, como assédio sexual foi associado à discriminação racial (p=0,010).

A prevalência de baixa satisfação por compaixão foi de 54,5%, de alto burnout, 58,4%, e de alto estresse pós-traumático, 57,4%. A satisfação por compaixão teve associação com assédio moral no trabalho e estímulo para relatar a violência (Tabela 1).

Tabela 1
Associação entre satisfação por compaixão e violência ocupacional na amostra de estudo

Não houve associação entre os tipos de violência com o burnout. A violência física no trabalho esteve associada com o estresse pós-traumático, assim como procedimentos para relatar a violência (Tabela 2).

Tabela 2
Associação entre estresse pós-traumático e a violência ocupacional na amostra de estudo

Ter havido consequências para o agressor foi associado à alta satisfação por compaixão (p=0,018). O fato de terem sido tomadas providências em relação ao ato violento e o gestor ter prestado assistência ao agredido não apresentaram relação significante com as dimensões da qualidade de vida profissional.

Discussão

A caracterização dos enfermeiros do presente estudo revelou que a maioria se encontrava em idade de “maturidade profissional”, ou seja, no auge de suas habilidades cognitivas, técnicas e práticas de enfermagem,(1414. Machado MM, Aguiar Filho W, Lacerda WF, Oliveira E, Lemos W, Wermelinger M, et al. Características gerais da enfermagem: o perfil sócio demográfico. Enferm Foco. 2016;7(Esp):9-14.)com habilidades para enfrentar as adversidades e solucionar problemas do cotidiano laboral. Em consonância com este estudo, a enfermagem é considerada uma atividade feminina e as mulheres percebem a violência de forma diferenciada e buscam maior apoio diante da violência sofrida. Já os homens pela predominância da virilidade e do ego historicamente enraizados, sofrem também, porém, é pouco divulgado e expressivo.(1515. Andrade CB, Assis SG. Assédio moral no trabalho, gênero, raça e poder: revisão de literatura. Rev Bras Saúde Ocup. 2018;43:e11.)

Neste estudo, a maioria era sedentária, no entanto, a realização de atividade física é fundamental na promoção e manutenção da qualidade de vida e traz importantes benefícios para a saúde psíquica, possibilitando maior satisfação durante suas atividades laborais(1616. Vidotti V, Ribeiro RP, Galdino MJ, Martins JT. Burnout Syndrome and shift work among the nursing staff. Rev Lat Am Enfermagem. 2018;26:e3022.) e diminuição do estresse ocupacional.(1717. Costa MV, Silva Filho JN, Gurgel JL, Porto F. Exercícios de alongamento na percepção do estresse em profissionais de enfermagem: ensaio clínico randomizado. Rev Bras Ter Ocup. 2019;27(2):357-66.)

O presente estudo mostrou que há enfermeiros em uso de ansiolítico e antidepressivo. Dados semelhantes foram encontrados em estudo com profissionais de saúde de hospitais do Estado de Alagoas, ao identificar prevalência de 37,4% de uso de ansiolíticos.(1818. Santana F, Souza MM, Martins C, Costa W, Fernandes L, Lima J. Use of psychoactive medication between health professionals. Rev Enferm UFPE On Line. 2017;11(7):2881-7.)Os profissionais de enfermagem, na maioria das vezes, dispendem mais atenção no cuidado das pessoas, em prejuízo do seu autocuidado. Isso ocorre devido à falta de tempo para atividades de lazer, descuido com alimentação ou com a aparência. Ainda, esse comportamento pode ser reflexo do ambiente de trabalho, no qual raramente acontecem ações voltadas à saúde do trabalhador de enfermagem.(1919. Junqueira MA, Ferreira MC, Soares GT, Brito IE, Pires PL, Santos MA, et al. Alcohol use and health behavior among nursing professionals. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03265.)

A violência verbal foi a que predominou entre os enfermeiros do estudo em questão, seguido pelo assédio moral e violência física. Dados análogos foram evidenciados em estudo realizado na China ao mostrar que a violência de natureza não física é superior entre os profissionais de enfermagem (71%), quando comparados à violência física (7,8%) com destaque para a agressão verbal e o assédio sexual.(2020. Jiao M, Ning N, Li Y, Gao L, Cui Y, Sun H, et al. Workplace violence against nurses in Chinese hospitals: a cross-sectional survey. BMJ Open. 2015;5(3):e006719.)

Estudo brasileiro verificou que ser vítima de assédio moral no labor faz com a pessoa passe por uma mudança significativa em sua vida e no seu ambiente de convivência sociocultural, dificultando a rotina do desenvolvimento de suas atividades e a interação com outras pessoas, bem como pode ser a gênese para o burnout.(2121. Lucena PL, Costa SF, Batista JB, Araújo EL, Soares CC, Rolim RM. Witnesses of moral harassment in nursing: identifying characteristics of the phenomenon, feelings, and coping strategies. Rev Min Enferm. 2019;23:e1164.)

Enfatiza-se que o assédio moral contra os profissionais de enfermagem é uma prática que tem se tornado comum, se apresentando como um problema a ser enfrentado como prioridade pelas ações dos gestores, com a finalidade de proteger os trabalhadores e, por sua vez, aumentar a qualidade do cuidado nos serviços.(2222. Pedro DR, Silva GK, Lopes AP, Oliveira JL, Tonini NS. Violência ocupacional na equipe de enfermagem: análise à luz do conhecimento produzido. Saúde Debate. 2017;41(113):618-29.)

Todos os participantes deste estudo que sofreram atos de violência, tiveram como agressores em ordem decrescente o paciente, o familiar e os colegas de trabalho. Estudo realizado no Brasil também evidenciou que os agressores mais frequentes foram os pacientes e seus parentes ou acompanhantes, seguidos pelos colegas de trabalho de mesmo nível hierárquico e administradores ou chefia.(2323. Tsukamoto SA, Galdino MJ, Robazzi ML, Ribeiro RP, Soares MH, Haddad MC. Occupational violence in the nursing team: prevalence and associated factors. Acta Paul Enferm. 2019;32(4):425-32.) Já estudo desenvolvido no Chile identificou como principais agressores contra os enfermeiros, os familiares, seguido dos pacientes, público em geral, membro da própria equipe, chefe ou supervisor e colegas externos.(2424. Campo VR, Klijn TP. Verbal abuse and mobbing in pre-hospital care services in Chile. Rev Lat Am Enfermagem. 2017;25:e2956.)

Neste estudo, a discriminação racial associou-se com a cor da pele, e o assédio moral com a cor da pele e o uso de medicamentos, em especial, os ansiolíticos. Investigação realizada em um serviço municipal de saúde do Estado de Minas Gerais mostrou que os trabalhadores após vivenciar atos de violência, relataram maior descontentamento em relação à saúde.(2525. Barbosa RE, Fonseca GC, Azevedo DS, Simões MR, Duarte AC, Alcântara MA. Prevalence of negative self-rated health and associated factors among healthcare workers in a Southeast Brazilian city. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(2):e2019358.)

O assédio moral relacionado ao racismo no ambiente de trabalho está presente historicamente nas relações de trabalho da sociedade, portanto, seja no íntimo do trabalhador, o combate ao racismo ainda persiste nos dias de hoje, mesmo diante de estratégias para o enfretamento desses atos discriminatórios.(1515. Andrade CB, Assis SG. Assédio moral no trabalho, gênero, raça e poder: revisão de literatura. Rev Bras Saúde Ocup. 2018;43:e11.)

O assédio sexual esteve associado à discriminação racial na presente investigação. Dado alarmante, pois trata-se de um fenômeno preocupante, visto que a equipe de enfermagem sofre por apresentar dupla ameaça, de gênero e profissional, além da dificuldade em relatar tais episódios, devido as barreiras culturais.(2626. Fontana RT. A violência no cotidiano de trabalho da enfermagem e os usos de si no enfrentamento. Rev Vivencias. 2019;16(30):99-114.)

A baixa satisfação por compaixão verificada no estudo entre os enfermeiros esteve associada a sofrer assédio moral e não ser incentivado a falar sobre esse fato. A rotina de trabalho associada à falta de incentivo para o relato do ato violento contribui para o esgotamento profissional, o adoecimento do trabalhador, prejudicando o cuidado para o paciente.(2727. Fallahi-Khoshknab M, Oskouie F, Najafi F, Ghazanfari N, Tamizi Z, Afshani S. Physical violence against health care workers: a nationwide study from Iran. Iran J Nurs Midwifery Res. 2016;21(3):232-8.) Ambientes de trabalho nos quais os gestores e trabalhadores participam ativamente dos processos de trabalho, debatendo sobre a violência, podem diminuir os casos e riscos de violência no labor.(2828. Simões MR, Barroso HH, Azevedo DS, Duarte AC, Barbosa RE, Fonseca GC, et al. Workplace violence among municipal health care workers in Diamantina, Minas Gerais, Brazil, 2017. Rev Bras Med Trab. 2020;18(1):82-90)

Autores são enfáticos ao afirmar que os enfermeiros na condição de gestores precisam articular um diálogo entre os envolvidos nas situações de violência, elaborar protocolos institucionais de prevenção, proteção e acompanhamento que diminuam atos de violência no ambiente de trabalho e, assim, promover a saúde mental dos profissionais de saúde, bem como prevenir doenças e agravos.(2929. Cordenuzzi OC, Lima SB, Prestes FC, Beck CL, Silva RM, Pai DD. Strategies used by nursing staff in situations of workplace violence in a haemodialysis unit. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(2):e58788.)

Torna-se essencial que os enfermeiros tenham atitudes de reconhecer e de denunciar a violência nas instâncias cabíveis, para que esse problema tenha visibilidade para que as esferas governamentais, os conselhos de enfermagem, seus sindicatos e os gestores das instituições de saúde possam implementar ações de prevenção da violência e proteção dos enfermeiros.(11. Almeida NR, Bezerra Filho JG, Marques LA. Análise da produção científica sobre a violência no trabalho em Serviços hospitalares. Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):101-12. Review.)

O estresse traumático secundário esteve relacionado com sofrer a violência física e com a falta de conduta para que relatassem o ocorrido. Fatos estes que colocam os trabalhadores de enfermagem em estado de vulnerabilidade para o desencadeamento de doenças ocupacionais. Sofrer violência no labor gera prejuízos e agravos para a saúde do trabalhador, em especial, para a saúde mental.(3030. Bordignon M, Monteiro MI. Violence in the workplace in Nursing: consequences overview. Rev Bras Enferm. 2016;69(5):996-9.) Os atos agressivos podem levar ao estresse pós-traumático, interferindo sobremaneira na saúde do enfermeiro, gerando absenteísmo e descontentamento por seu labor.(3131. Santana AC. Desafios da atenção à violência doméstica pela equipe da estratégia de saúde da família. Ciên Biológ Saúde Unit. 2019;5(3):215.)

A alta satisfação por compaixão esteve diretamente associada quando medidas foram tomadas contra o agressor, porém, mesmo diante das providências tomadas pelo gestor em relação ao agressor e ter prestado assistência ao agredido não houve associação com as dimensões da qualidade de vida profissional. Estudo indicou que os trabalhadores vítimas de violência laboral precisam ter apoio social e organizacional, o que deve envolver ajuda emocional e jurídica da gestão, para que os trabalhadores possam maximizar sua qualidade de vida profissional.(3232. Hahn S, Hantikainen V, Needham I, Kok G, Dassen T, Halfens RJ. Patient and visitor violence in the general hospital, occurrence, staff interventions and consequences: a cross-sectional survey. J Adv Nurs. 2012;68(12):2685-99.)

Estudo realizado na Coréia mostrou que os enfermeiros que tiveram a experiência frequente de violência no local de trabalho apresentaram baixa satisfação com compaixão, alto desgaste e estresse traumático secundário, o que, por sua vez, influenciou negativamente em sua qualidade de vida relacionada ao trabalho.(3333. Choi SH, Lee H. Workplace violence against nurses in Korea and its impact on professional quality of life and turnover intention. J Nurs Manag. 2017;25(7):508-18.) Outro estudo realizado com enfermeiros de uma unidade de emergência de um hospital dos Estados Unidos indicou que sofrer violência no trabalho além de afetar física e mentalmente os profissionais da enfermagem, pode interferir na qualidade de vida profissional.(3434. Copeland D, Henry M. The relationship between workplace violence, perceptions of safety, and Professional Quality of Life among emergency department staff members in a Level 1 Trauma Centre. Int Emerg Nurs. 2018;39:26-32.)

Por fim, cabe destacar que a violência laboral sofrida pelos enfermeiros deve ser vista singularmente, levando em consideração as vivências e a interação social que a vítima mostra com as demais pessoas. Espaços precisam ser criados para a escuta e as discussões sobre as dificuldades enfrentadas no ambiente laboral com o objetivo de promover estratégias que viabilizem a redução dos riscos no ambiente laboral, fortalecendo mecanismos e processos de proteção dos trabalhadores.(3535. Oliveira CS, Martins JT, Galdino MJ, Ribeiro RP. Violence at work in emergency care units: nurses’ experiences. Rev Lat Am Enfermagem. 2020;28:e3323.)

O estudo apresentou limites por ter sido desenvolvido com enfermeiros de UBS de apenas uma cidade brasileira, o que impede sua generalização. Sugere-se que sejam realizados outros estudos com intuito de ampliar o conhecimento sobre os fatores associados à violência laboral e a qualidade de vida entre enfermeiros que atuam em UBS.

Conclusão

A violência laboral esteve associada com qualidade de vida profissional, visto que a baixa satisfação por compaixão foi relacionada ao assédio moral e a falta de estímulo para relatar a violência, e o estresse pós-traumático secundário foi associado à violência física e ausência de procedimentos padronizados diante dos atos violentos. O presente estudo contribui para que gestores de UBS em conjunto com os trabalhadores busquem ações que possibilitem garantir os direitos humanos dos trabalhadores. Enfatiza-se ainda, que o estudo colabora para que enfermeiros reflitam sobre a violência a que estão expostos em seus ambientes laborais e busquem estratégias para se protegerem, como: criação de protocolos para prevenção a atos de violência e medidas a serem tomadas diante desses. Assim, será possível maximizar a qualidade de vida e bem-estar dos profissionais enfermeiros e de outros trabalhadores.

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Editado por

Editor Associado (Avaliação pelos pares): Paula Hino (https://orcid.org/0000-0002-1408-196X) Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, SP, Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    2 Dez 2020
  • Aceito
    14 Jun 2021
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