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Mariátegui em debate: fantasmas marxistas e horizontes críticos

RESUMO

Este ensaio tem como objetivo fazer uma avaliação crítica do livro In the red corner: The marxism of José Carlos Mariátegui, do historiador Mike Gonzalez, recém-publicado nos Estados Unidos. Através de uma incursão neste trabalho, que consiste em uma biografia política sobre as diversas etapas da trajetória e do pensamento de Mariátegui, é possível observar seus alcances e lacunas a partir da comparação com outros trabalhos produzidos. Oportuniza também esboçar alguns desafios sobre questões metodológicas e políticas tendo em vista pesquisas mariateguianas futuras.

PALAVRAS-CHAVE:
Mariátegui; História do marxismo; Intelectuais; Ideias políticas; América Latina

ABSTRACT

This essay offers a critical evaluation of the book In the Red Corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui, by historian Mike Gonzalez, recently published in the US. Through a foray into this work, which comprises a political biography of the various stages of Mariátegui’s trajectory and thought, it is possible to observe their scope and gaps from a comparison with other works he produced. It also outlines some methodological and political challenges with an eye to future research on Mariátegui.

KEYWORDS:
Mariátegui; History of Marxism; Intellectuals; Political ideas; Latin America

É preciso falar do fantasma, até mesmo ao fantasma e com ele, uma vez que nenhuma ética, nenhuma política, revolucionária ou não, parece possível, pensável e justa, sem reconhecer em seu princípio o respeito por esses outros que não estão mais ou por esses outros que não estão aí, presentemente vivos, quer já estejam mortos, que ainda não tenham nascidos.

(Derrida, 1994DERRIDA, J. Espectros de Marx. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994., p.11, grifos do autor)

Ressureições anticapitalistas e resistências do presente

José Carlos Mariátegui (1894-1930), intelectual marxista, nascido no Peru, completa em 2020 noventa anos de seu desaparecimento. Desde então, muita água passou pelo rio dos processos de difusão, circulação e recepção de sua obra no Peru, na América Latina e no mundo. Assim, datas comemorativas carregam uma forte carga de simbologia e podem ser ocasiões interessantes não para o exercício de “homenagens” póstumas, mas de balanços e rememorações críticas para o tempo presente. Afinal, como diria Walter Benjamin (2007_______. Passagens. Belo Horizonte: UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.), o conceito fundamental do materialismo histórico é a atualização. É nesse sentido que In the red corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui, de Mike Gonzalez (2019_______. In the Red Corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui. Chicago: Haymarket Books, 2019.), oferece uma instigante biografia política da pluridimensionalidade de Mariátegui.

A trajetória e a obra de Mariátegui não são totalmente desconhecidas pelo público de língua inglesa. Nos Estados Unidos, alguns trabalhos sobre o pensador peruano tiveram destaque, a partir da década de 1970, como os de Revolution in Peru: Mariátegui and the Myth, de John M. Baines (1972BAINES, J. M. Revolution in Peru: Mariátegui and the Myth. Alabama: University of Alabama Press, 1972.), José Carlos Mariátegui and the Rise of Modern Peru, de Jesús Chavarría (1979CHAVARRÍA, J. José Carlos Mariátegui and the Rise of Modern Peru, 1890-1930. Albuquerque: University of New Mexico Press, 1979.), Mariátegui y la Argentina: un caso de lentes ajenos, de Elizabeth Garrels (1982GARRELS, E. G. Mariátegui y la Argentina: un caso de lentes ajenos. Gaithersburg: Ed. Hispamerica, 1982.) - publicado por uma editora estadunidense -, National Marxism in Latin America: José Carlos Mariátegui’s Thought and Politics, de Harry E. Vanden (1986VANDEN, H. E. National Marxism in Latin American: José Carlos Mariátegui’s Thought and Politics. Boulder: Lynn Rienner Publishers, 1986.); Mariátegui and Latin American Marxist Theory, de Marc Becker (1993BECKER, M. Mariátegui and Latin American Marxist Theory. Ohio University Center for International Studies, 1993.), Dance in the Cemetery: José Carlos Mariátegui and the Lima Scandal of 1917, de William W. Stein (1997STEIN, W. Dance in the Cemetery: José Carlos Mariátegui and the Lima Scandal of 1917. Lanham: University Press of America, 1997.) e José Carlos Mariátegui’s Unfinished Revolution: Politics, Poetics, and Change in 1920s Peru, de Melissa Moore (2014MOORE, M. José Carlos Mariátegui’s Unfinished Revolution: Politics, Poetics, and Change in 1920s Peru. Bucknell University Press, 2014.). Becker e Vanden (2011) também organizaram recentemente uma excelente coletânea de textos do Amauta José Carlos Mariátegui: An Anthology. De todo modo, o interesse acadêmico e político por Mariátegui pela América anglo-saxônica é ainda uma iniciativa pequena de alguns latino-americanistas. Historiador britânico e professor da Latin American Studies no Departamento Hispânico da University de Glasgow (Escócia), Mike Gonzalez investiga há mais de quarenta anos as encruzilhadas políticas na América Latina e seus personagens. Assim, o historiador britânico produziu trabalhos de grande relevância sobre revolução cubana, chilena e sandinista; e também sobre os governos da Bolívia de Evo Morales e da Venezuela de Hugo Chávez.

Dividido em dez capítulos, In the red corner resgata o pensamento original de Mariátegui procurando reconstruir a formação política em suas diversas etapas. Durante a leitura do livro, percebe-se o esforço do autor para explicar e compreender temas abordados pelo pensador peruano durante a década de 1920 e articulá-los, na medida do possível, com processos políticos e culturais vivenciados na América Latina nas últimas décadas. Cabe registrar também que parte das referências bibliográficas do trabalho de Gonzalez é baseada na tradição do marxismo “clássico” (Marx, Lenin e Trotski) e “ocidental” (Gramsci, Korsh, Lukács e Benjamin). Com efeito, existe uma tentativa de aproximar o “marxismo” de Mariátegui de uma constelação heterogênea de “profetas vencidos” do marxismo crítico. Nesse sentido, uma das qualidades do livro é apontar que a contribuição da obra de Mariátegui não é circunscrita tão somente para os “estudos latino-americanos”, mas, especialmente, para a história transnacional do marxismo. Com a intenção de fazer viver o pensamento de Mariátegui o autor mobiliza a análise sobre o arsenal do autor (e seu contexto) voltada às ações práticas anticapitalistas, não enquanto fórmulas fechadas e homogêneas, mas na multiplicidade das interpretações/ações em suas controvérsias históricas. Nesse mesmo trilho, é importante frisar que o propósito de Gonzalez se direciona fundamentalmente a um público ativista e militante (e não necessariamente acadêmico), e que a produção da obra esteve acompanhada por outro estudo sobre o “declínio da esquerda latino-americana” (Gonzalez, 2018).

O primeiro capítulo é um dos mais interessantes do livro. Gonzalez marca o centenário do nascimento de Mariátegui, em 1994, como uma espécie de “ressureição” do marxismo do ensaísta peruano, isto é, uma “consciência de uma nova política” diante de uma classe trabalhadora modelada pela exploração e opressão do capitalismo neoliberal (Gonzalez, 2019, p.6). Diante da queda do Muro de Berlim e do colapso das burocracias do Leste Europeu, abriram-se possibilidades de descobertas a autores(as) hereges da tradição marxista que foram colocados(as) outrora nas masmorras por contestarem práticas autoritárias do marxismo de Estado (soviético) e do ultradogmatismo teórico. Ao mesmo tempo, o marxismo revolucionário tornou-se alvo de uma campanha de deslegitimação e de reiteradas problematizações, inclusive, para setores anticapitalistas representados pelos “novos” movimentos sociais. Novas propostas com característica de um “novo anarquismo” vieram “preencher o vácuo” deixado aparentemente pela teoria social marxista em declínio, como a noção de “multidões”, traçada por Michael Hardt e Antonio Negri ou o livro Mudar o mundo sem tomar o poder, de John Holloway.1 1 Para uma crítica marxista sobre as elaborações teóricas de John Holloway, Michael Hardt e Antonio Negri, ver Bensaïd (2008).

Mariátegui certamente foi também prisioneiro dos seus “ismos” durante o século XX, especialmente no Peru, acossado tanto pelo Partido Comunista Peruano (PCP) quanto pelo Partido Aprista Peruano (PAP), e também pela organização do Sendero Luminoso (especialmente na figura de Abimael Guzmán), que, cada um a seu modo, reivindicavam um Mariátegui “verdadeiro” e “autêntico” para legitimar suas ações políticas imediatas. Mariátegui seria ora resultado de Stalin-Lenin, ora produto de Mao Tsé-Tung. No entanto, o triunfo da racionalidade neoliberal e a resistência do movimento camponês e indígena na América Latina nas décadas de 1990 e 2000 possibilitariam a construção um programa de pesquisa com alcance subversivo. Um exemplo fornecido pelo autor é a noção de “romantismo-revolucionário”, elaborado por Michael Löwy (1998b_______. Marxism and Romanticism in the Work of José Carlos Mariátegui. Latin American Perspectives, v.25, n.4, 1998b.), que atualiza a “heterodoxia” de Mariátegui como um pensador que projetou a possibilidade de uma sociedade socialista do futuro inspirada nas “tradições” comunitárias indígenas do passado.

Um marxista latino-americano contra O capital

Nos capítulos subsequentes, mergulha-se definitivamente na trajetória pública do pensador peruano e no seu contexto macropolítico. Nesse ínterim, o método de exposição do livro segue um modelo convencional que marca comumente estudos marxistas sobre intelectuais - e, naturalmente, também sobre Mariátegui: busca-se uma classificação do “marxismo” do intelectual peruano em nome de uma “coerência” política forjada em sua escalada “heroica”. Ademais, é importante constar que a biografia política de Mariátegui levada a cabo por Mike Gonzalez estrutura-se em dois movimentos. Por um lado, narra linearmente as “etapas” da trajetória (vida) do autor e, por outro lado, “quebra-se” a linearidade quando se comenta o arsenal mariateguiano (obra, conceito, teoria). Ou seja, um “vai-e-vem” que antecipa posicionamentos políticos, resgata debates e escrutina identificações teóricas, tudo com o objetivo de reforçar ou criticar esta ou aquela ideia analisada. Em In the red corner existe um cuidado em colocar em relevo acontecimentos históricos não apenas como descrição, mas de revelar os impactos que tais processos continentais e internacionais exerceram na formação política de Mariátegui - revolução russa, movimento estudantil, revolução mexicana, crise europeia etc.

Seja como for, inicialmente, o autor realiza uma contextualização política, econômica e social do Peru nas três primeiras décadas do século XX e faz uma caracterização do jovem Juan Croniqueur (um dos pseudônimos adotados por Mariátegui em seus escritos entre 1914 e 1917): do círculo intelectual “Colónida” que exerceu influência, a participação em jornais e revistas em Lima, até suas produções literárias (contos, crônicas, poesias, peças de teatro), que lhe renderam um modesto reconhecimento.2 2 Para uma análise rigorosa sobre o “jovem” Mariátegui, ver os trabalhos de Portocarrero Grados (1996 e 2020). Em seguida, narra o processo de politização de Mariátegui indo ao encontro do movimento universitário e das greves operárias de inspiração anarco-sindicalista em um contexto de instabilidade institucional permanente na política peruana. O autor não estabelece uma oposição estática entre “jovem” Mariátegui e Mariátegui “maduro”, uma “ruptura epistemológica” na experiência intelectual e política mariateguiana. O movimento que o autor faz é não minimizar processos de continuidade (a religiosidade e o apreço da literatura parecem os casos mais evidentes) sem deixar de reconhecer descontinuidades, dentro do itinerário global de Mariátegui (Gonzalez, 2019_______. In the Red Corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui. Chicago: Haymarket Books, 2019., p.38).

Da “idade da pedra” o autor de Hugo Chávez: socialist for the twenty-first century segue para a experiência na Europa, especialmente na Itália, região onde Mariátegui descobre o marxismo e vivencia os principais acontecimentos políticos no país. Como se sabe, ela exerceu nele um impacto profundo no âmbito político, intelectual e afetivo. Existe uma associação explicitada pelo autor entre Mariátegui e Gramsci que, às vezes, é exagerada mais pelo seu desejo do que teria sido do que efetivamente foi. De um lado, é frutífero partir das noções de Gramsci para compreender a “filosofia da práxis” de Mariátegui enquanto intelectual e militante político na construção de uma hegemonia cultural. É muito interessante, por exemplo, quando Gonzalez aproxima Mariátegui do texto memorável “La rivoluzione contro ‘Il Capitale’” (“A revolução contra o ‘Capital’”) de Gramsci, na intenção de asseverar que uma das batalhas traçadas por eles era afastar-se da visão economicista impregnada de positivismo na II Internacional. Antonio Melis, Robert Paris, César Levano, Sinésio Lopez, José Aricó, Francis Guibal etc. são autores que construíram uma certa tendência “gramsciana-mariateguista”, ao ponto de essa associação tornar-se um capital simbólico nos estudos mariateguianos. Não por acaso, notam-se afirmações que se tornaram frequentes - e demasiadamente estereotipadas - para ambos os autores (felizmente não é o caso de Gonzalez): “Mariátegui é o Gramsci na América Latina” ou, ainda, “Gramsci é o Lenin da Itália”. Tal construção tem um problema que é relativamente claro: de qual Mariátegui, Gramsci e Lenin estamos efetivamente falando?

Por outro lado, sugerir uma “influência” de Gramsci em Mariátegui é bastante contestável, mesmo este último sendo leitor de L’Ordine Nuovo. De uma vez por todas, Mariátegui não conheceu Gramsci pessoalmente, embora estivesse no mesmo ambiente físico que ele, no afamado XVII Congresso do Partido Socialista Italiano (PSI) ocorrido em Livorno, janeiro de 1921. Como se sabe, a profissão de jornalista fez que Mariátegui adquirisse o hábito de escrever diariamente, sobre acontecimentos políticos, sociais e culturais de grande relevância, lugares visitados e personalidades que conheceu no périplo Europeu. Ora, tivesse conhecido um intelectual e político do porte de Gramsci certamente teria tomado nota sobre o dirigente do Partido Comunista Italiano (PCI).

In the red corner esquadrinha o contexto do pós-guerra na Europa e da crise do capitalismo. Assim que retorna a Lima, Mariátegui leciona na Universidade Popular “Gonzalez Prada”, entre 1923 e 1924, espaço coletivo criado pelos setores do movimento estudantil e trabalhadores de Lima. O ciclo de conferências que ficou sob sua responsabilidade é conhecido como “História de la Crise Mundial”, com predomínio de temas europeus. Um dos argumentos centrais de Mariátegui - curiosamente influenciado por Der Untergang des Abendlandes, de Oswald Spengler - era de que a crise europeia significava uma crise da civilização ocidental. Segundo o autor britânico, tal afirmação de Mariátegui não seria “eurocêntrica” e tampouco “antieuropeia”, mas sim “uma observação histórica” (Gonzalez, 2019, p.66).

Explora-se também a utilização de Mariátegui da noção de mito de Georges Sorel. O autor não apenas menciona a essa influência, mas procura explicar as motivações dessa particular incorporação. Para o autor, “Mariátegui encontrou nos escritos de Sorel uma crítica contra o racionalismo burguês, um ceticismo antirreformista sobre o Estado e uma ênfase no significado da autoatividade dos trabalhadores” (Gonzalez, 2019_______. In the Red Corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui. Chicago: Haymarket Books, 2019., p.76). A especificidade peruana exigia absorver o tema da religiosidade popular como instância capaz de unificar setores oprimidos do mundo andino para uma ação política socialista. Era um antídoto poderoso contra o evolucionismo e positivismo do marxismo eurocêntrico da década de 1920. Diferentemente de muitos estudiosos demasiadamente enquadrados sob uma racionalidade ocidental, Gonzalez demonstra abertura em assinalar a importância da religião (milenar, clandestina, negra e indígena) como mito social. Posteriormente na esquerda latino-americana da década de 1980, com o nascimento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Brasil, sob influência da Teologia da Libertação (Andrade, 2016ANDRADE, L. M. Écologie et Libération. Critique de la modernité dans la théologie de la libération. Paris: Van Dieren, 2016.; Löwy, 1998aLÖWY, M. The War of Gods: Religion and Politics in Latin America. London: Verso, 1998a.), uma das práticas mais marcantes do movimento de camponeses é trabalho da “mística”, o cuidado da dimensão subjetiva da luta social, composta por valores humanistas, carregada de símbolos (bandeiras, faixas, músicas, danças, teatros, cartazes etc.) que se tornam meios de comunicação entre as pessoas com o objetivo de garantir a unidade e identidade do coletivo (Rubbo, 2016RUBBO, D. A. Párias da terra: o MST e a mundialização da luta camponesa. São Paulo: Alameda/Fapesp, 2016., p.231).

Em seguida, Mike Gonzalez apresenta os objetivos políticos de Mariátegui em seu retorno da Europa, inspirado “nas ações das multidões” (Gonzalez, 2019, p.69): construção de uma editora (Empresa Minerva), publicação de revistas (Claridad e Amauta) e jornal (Labor) para divulgar novas ideias; estudos sobre formação social peruana em suas distintas dimensões, dinâmicas do capitalismo periférico na fase imperialista e constituição das classes sociais na sua forma étnica; articulação com grêmios de operários e artesões; aproximação de lideranças indígenas das regiões andinas; contatos com intelectuais e artistas do país e da América Latina e, finalmente, fundação de um partido político. Também fazia parte desse conjunto de tarefas monitorar, divulgar e produzir relatórios sobre as condições de exploração do trabalho de mineradores, operários e camponeses-indígenas. Consequentemente, o estímulo de solidariedade permanente e apoio mútuo com as organizações subalternas urbanas e rurais - o “dar-recibir” descrito por Castro Pozo, que se repetiu nos movimentos indígenas do século XXI como buen vivir (Gonzalez, 2019, p.86) -, sobretudo em momentos de repressão que organizações sociais sofriam sob a ditadura de Augusto Leguía (1919-1930). Enfim, um conjunto de iniciativas que, em médio e longo prazos, constituiu-se num tecido espesso, através das redes de contatos regionais, nacionais e internacionais no campo da cultura política peruana da década de 1920.

Nesse ensejo, Amauta e Siete ensayos de la interpretación de la realidad peruana destacam-se como empreendimentos de grande alcance. Ambos são analisados pelo autor, que realiza uma reconstrução cuidadosa dos aspectos fundamentais balizados tanto a démarche da revista, editada entre 1926-1930, quanto do livro, publicado em 1928, destacando o processo de colonização, a rememoração do “socialismo inca” e as diferentes temporalidades históricas que marcavam um país na periferia do sistema capitalista mundial. Análises distantes à de um marxismo eurocêntrico e positivista representado pelo II Internacional e pela III Internacional, depois da morte de Lenin. Nesse itinerário o autor analisa também a polêmica de Mariátegui com a liderança política Haya de la Torre e o rompimento com a Alianza Popular Revolucionaria (APRA), em 1928.

Mike Gonzalez dedica um capítulo para as incursões mariateguianas na literatura como “parte integrante de seu marxismo” e um pensamento antecipatório de potencialidades alternativas. Mais do que nos estudos “sociológicos” ou “históricos” sobre o Peru, para Mariátegui, a produção literária e artística teria mais recursos para construir um imaginário autêntico de “nação” que contemplasse a irredutível plurinacionalidade peruana, suas identidades e suas lutas, através das narrativas e memórias escondidas. Nessa direção, Mike Gonzalez constrói uma relação entre imaginação mariateguiana - elemento indispensável da criação - como parte da reconstrução da “tradição dos oprimidos”, como diria Walter Benjamin (1994BENJAMIN, W. Sobre o conceito de História. In: ____. Obras escolhidas, I. São Paulo: Brasiliense, 1994.) em suas teses “Sobre conceito da história”. Para o autor, ainda, “um realismo do futuro, para Mariátegui, deve abraçar não simplesmente o que é visível ao olho observador, mas também o que está enterrado e sensível ao ‘pulso dos tempos’” (Gonzalez, 2019, p.149). Com efeito, existe um parentesco entre a proposta mariateguiana e a literatura latino-americana de escritores como José María Arguedas e Gabriel García Márquez.

Conjurar com Mariátegui ou em busca de uma herança perdida

Nos dois últimos capítulos o autor dedica-se caracterizar o tipo de partido (socialista) fundado por Mariátegui e o “marxismo” dele. Trata-se de temas delicados, já que justamente nesse campo da estratégia e seus debates “quentes” ocorrem as principais operações ideológicas da obra política mariateguiana, com formulações de certos questionamentos e em detrimento da eliminação de outros. Por não existir uma elaboração sistemática sobre o conceito de partido em Mariátegui, é difícil construir uma resposta definitiva para um tema politicamente tão controverso.

De toda forma, a visão do intelectual peruano não foi estanque e teve um enriquecimento paulatino sobre o assunto, na medida em que foi vivenciando experiências políticas com diversos agentes sociais e militantes-intelectuais no Peru. González enfatiza o texto “El 1º de Mayo y el Frente Único”, cujo objetivo era a construção de um movimento de classes no país, de maneira incipiente e gradual, isto é, uma frente única dos trabalhadores urbanos e organizações camponesas e indígenas. A primeira tarefa do “movimento” era descobrir sua “própria identidade e sua própria singularidade”. Como se sabe, um dos pilares de formação política de Mariátegui forjou-se na história do movimento comunista da década de 1920, representado pela Internacional Comunista (IC). Ele adotou a política de frente única, elaborada por Lenin e Trotski no III Congresso do IC, em um contexto das primeiras derrotas das revoluções europeias. Era preciso a criação de mecanismo de acumulação de forças sociais e política para adentrar no interior dos “organismos de massas” e construir uma força hegemônica do “proletariado”.

Nos traços da visão mariateguista sobre a “forma partido”, segundo Gonzalez, inclui-se a rejeição da “política criolla” baseada sobre seus líderes caudilhos, dominante na política peruana desde meados do século XIX e na defesa do papel da “vanguarda” não como minoria conspiratória e “esclarecida”, mas como elemento “consciente” e “combativo” de sua própria potencialidade. Desse modo, a “vanguarda” não iria à “classe” exteriormente; elas seriam duas faces da mesma moeda em uma relação recíproca. Em síntese,

[...] ele [Mariátegui] estava interessado em construir seria um estímulo à luta conjunta entre cada setor da classe explorada e um fórum de debate, respeitoso de uma diversidade que refletia o próprio movimento da classe trabalhadora e capaz de reunir as experiências, visões (ou paixões como ele estava propenso a chamá-los) e demandas dos camponeses e das comunidades indígenas e trabalhadores. (Gonzalez, 2019_______. In the Red Corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui. Chicago: Haymarket Books, 2019., p.180)

No prisma da dialética entre Partido-Frente, é possível entender a ruptura com o aprismo e as tensões que o Partido Socialista Peruano (PSP) enfrenta na I Conferência Comunista Latino-Americana, em Buenos Aires, em 1929. Tais características acima fazem que Mike Gonzalez entenda que Mariátegui fora um “marxista-leninista” infiel, digamos assim, permeado por contradições, distanciando-o da versão “marxismo-leninista” apropriado pelo stalinismo numa organização rígida, centralista, de cima para “baixo”, ortodoxa e autoritária. É interessante recordar um apontamento de Antonio Melis (1999MELIS, A. Leyendo Mariátegui. Lima: Amauta, 1999., p.60), a propósito da questão da herança do marxismo de Mariátegui: a referência comum a uma tradição intelectual, “não oculta a presença de interpretações distintas e contrapostas”. No caso em tela, a autonomia intelectual e política de Mariátegui fica mais evidente em suas “infidelidades críticas” nos usos de autores (Lenin, Sorel, Gobetti, Croce etc.) apropriados da maneira mais livre possível.

Nota-se que tal diferenciação sublinhada pelo autor está ligada a uma perspectiva historiográfica marginal da Revolução Russa que problematiza a “tese de continuidade” - tão difundida na guerra fria pelo conhecimento ocidental - entre o espírito emancipador de 1917 e o totalitarismo de Stalin, que questiona a ideia de uma “evolução natural e direta” da prática organizacional dos primeiros bolcheviques aos gulags e os campos de trabalho forçado (Murphy, 2008MURPHY, K. Podemos escrever a história da Revolução Russa? Uma resposta tardia a Eric Hobsbawm. Outubro, São Paulo, n.17, 2008.). De qualquer modo, Mike Gonzalez não é o primeiro e nem será o último que buscará traçar um distanciamento de Mariátegui em relação ao stalinismo e aproximação com Lenin e Trotski - basta lembrar, por exemplo, da polêmica entre Michael Löwy (trotskista) versus Agustín Cueva (stalinista) na década de 1980 (Rubbo, 2021______. Mariátegui, marxiste decolonial. Actuel Marx, Paris, n.69, p.169-184, 2021., p.363-79).

Por fim, a construção do “marxismo” de Mariátegui é enaltecida pelo autor, seja pelo entendimento de um “método marxista” que exige uma “compreensão das circunstâncias históricas e culturais da América Latina”, seja pela sensibilidade “exigida de um jovem que trabalhou sob condições pessoais e materiais limitadas e a uma distância enorme das regiões onde o marxismo se originou” (Gonzalez, 2019_______. In the Red Corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui. Chicago: Haymarket Books, 2019., p.184). Para ele, ainda, o que Mariátegui “fez foi aproveitar todas as fontes de conhecimento, na teoria e na prática, a fim de dar sentido ao seu próprio mundo. Ao fazer isso, ele enriqueceu o marxismo em um sentido global” (ibidem, p.202).

Nuvens de fumaça: (re)leituras mariateguianas e horizontes críticos

Gostaria de fazer alguns apontamentos finais neste artigo sobre importantes lacunas em In the red corner: The marxism of José Carlos Mariátegui. Todavia, é preciso deixar claro que tais observações feitas adiante (e já em outros momentos deste trabalho) não têm intenção de ofuscar os méritos da pesquisa de Gonzalez. E, para terminar, traçar alguns desafios metodológicos e epistemológicos para futuras investigações mariateguianas que seguem em aberto, na expectativa de um revigoramento criativo e original aliado a rigorosidade (e liberdade) acadêmica, de uma obra intempestiva que segue sendo apaixonadamente estudada.

A primeira delas é a de que existe uma quantidade expressiva de biografias políticas e/ou da trajetória intelectual produzidas sobre Mariátegui - elas são publicadas recorrentemente desde a década de 1960. Em minha opinião, In the red corner apresenta dificuldades em elaborar questões que ainda não foram resolvidas ou simplesmente não foram formuladas nesse campo temático. Para solucionar isso seria imprescindível que o autor fizesse um levantamento e apresentação sobre o “estado da arte” dos principais trabalhos existentes na literatura acadêmica. Em que medida, seu estudo se difere de autores como Genaro Carnero Checa (1964CHECA, G C. La acción escrita: José Carlos Mariátegui periodista. Lima: Torres Aguirre, 1964.), Diego Messenger Illán (1974ILLÁN, D. M. José Carlos Mariátegui y su pensamiento revolucionário. Lima: Instituto de Estudios Peruanos, 1974.), Oscar Terán (1985TERÁN, O. Discutir Mariátegui. México: Universidad Autónoma de Puebla, 1985.), Osvaldo Fernandes Díaz (1994) e Miguel Mazzeo (2013MAZZEO, M. El socialismo enraizado: José Carlos Mariátegui, vigencia de su concepto de “socialismo práctico”. Lima: Fondo de Cultura Económica, 2013.), para ficarmos em exemplos de gerações diferentes? Ainda sobre esse assunto, há também a ausência de uma discussão bibliográfica sobre Mariátegui em língua inglesa pelo autor (ele faz somente algumas citações pontuais de alguns trabalhos), seus alcances e suas lacunas, e apontar em que medida sua biografia política de Mariátegui apresentada ao público se diferencia dos estudos anteriores.

Um segundo ponto é que existe uma referência-bússola “invisível” no livro de Mike Gonzalez. Trata-se do historiador marxista Alberto Flores Galindo (1949-1990). Como o leitor perceberá, Flores Galindo é mencionado em momentos diferentes do livro para diversos fins, ou sobre a história peruana ou sobre Mariátegui. O problema não é a referência em si, muito pelo contrário, mas a completa ausência de apresentação de um personagem tão crucial para a história da recepção de Mariátegui. Flores Galindo foi um historiador extraordinário para sua geração e deixou uma farta produção acerca da história do Peru em suas dimensões políticas, econômicas, sociais e culturais. Ademais, ele também foi um intelectual público em seu país, e assim como Mariátegui escreveu frequentemente para jornais e revistas sob uma diversidade de interesses e objetos. Basta consultar os volumes de suas Obras completas, editadas na década de 1990, sob coordenadoria geral de Cecilia Rivera.

Ele também estudou Mariátegui e publicou La agonía de Mariátegui, em 1980, livro que levanta elementos sobre as polêmicas entre intelectual peruano e a Internacional Comunista, por meio de entrevistas e documentos. Como era de esperar, o trabalho suscitou inúmeras contestações e nas edições seguintes do livro, ele procurou responder alguns questionamentos e problemas apontados. O historiador peruano foi um agente de grande relevância no debate do mariateguismo nas décadas de 1970 e 1980 e polemizou frequentemente com intelectuais e militantes no campo político. O autor de Buscando un inca tinha tanto uma preocupação tanto política quanto acadêmica em relação à Mariátegui. Ele esteve em plena sintonia com a geração “mariateguista” do Congresso Internacional na Universidad de Sinaloa na cidade de Culiacán (México), em 1980, cuja ênfase foi destacar a “práxis mariateguiana” e “desdogmatizar” o enfoque ortodoxo e eurocêntrico sobre o pensador peruano (Beigel, 2006BEIGEL, F. La epopeya de una generación y una revista. Las redes editoriales de José Carlos Mariátegui en América Latina. Buenos Aires: Editorial Biblos, 2006., p.19; Cortez, 2018). Uma pesquisa sobre Flores Galindo e Mariátegui, numa perspectiva da sociologia da recepção ainda está por ser feita.

Para terminar, sugerimos pelo menos três desafios para investigações mariateguianas vindouras. Em primeiro lugar, uma iniciativa editorial que possibilite que tenhamos acesso as obras completas de Mariátegui (cartas, manuscritos, textos) organizada de maneira cronológica na sua forma “genética-evolutiva” com horizontes promissores para estudos filológicos - infelizmente tal iniciativa ainda não foi sugerida por instituições e/ou editoras. Como afirmava Flores Galindo,

Uma leitura genética que parta a partir dos textos da juventude, desde as primeiras tentativas literárias - poemas, incluídos - e que chegue até os textos políticos, sem prescindir dos textos literários. Uma leitura total, despreocupada com a citação e obcecada para compreender o conjunto. Finalmente uma leitura que localizada na biografia e na história (história do Peru e história do socialismo) derive um certo efeito de distanciamento, imprescindível para entender um autor que sentimos demasiado próximo, confundido quase com nós mesmos, com nossas preocupações e angústias. (Flores Galindo, 1994, p.587-8)

Em segundo lugar, também do ponto de vista metodológico, a articulação entre obra, contexto e recepção na construção de uma espécie de triângulo de análise para uma sociologia (ou história) dos intelectuais engajados. Ou seja, pesquisas que versem sobre a trajetória e produção intelectual de Mariátegui devem estar obrigatoriamente ligadas ao estudo de sua recepção. Ora, noventa anos depois de sua morte, a “herança mariateguiana” que se difundiu e circulou significativamente pela América Latina e no mundo - entre apropriações diversas no campo político e acadêmico -, não pode ser definitivamente menosprezada do ângulo do analista (cf., dentre outros, Aricó, 1978ARICÓ, J. (Org.) Mariátegui y las orígenes del marxismo latinoamericano. México: Siglo XXI, 1978. Becker, 1993BECKER, M. Mariátegui and Latin American Marxist Theory. Ohio University Center for International Studies, 1993.; Anderle, 1994ANDERLE, A. Mariátegui y Perú en la historiografia húngara. Anuario mariateguiano, Lima, Amauta, n.6, 1994., Tarcus, 2001TARCUS, H. Mariátegui en la Argentina o las políticas culturais de Samuel Glusberg. Buenos Aires: El Cielo por Asalto, 2001.; Beigel, 2006BEIGEL, F. La epopeya de una generación y una revista. Las redes editoriales de José Carlos Mariátegui en América Latina. Buenos Aires: Editorial Biblos, 2006.; Pericás, 2010PERICÁS, L. B. José Carlos Mariátegui e o Brasil. Estudos Avançados, São Paulo, v.24, n.68, 2010.; Rubbo, 2021______. Mariátegui, marxiste decolonial. Actuel Marx, Paris, n.69, p.169-184, 2021. e 2022). Como notou Jacques Derrida (1994DERRIDA, J. Espectros de Marx. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994., p.33), “uma herança não se junta nunca, ela não é jamais una consigo mesma. Sua unidade presumida, se existe, não pode consistir senão na injunção de reafirmar escolhendo” (grifos do autor). Enfrentá-la é uma maneira de iluminar na história social de seus usos (e abusos) a “nuvem de fumaça entre o leitor contemporâneo e o Mariátegui” (Gonzalez, 2019_______. In the Red Corner: The Marxism of José Carlos Mariátegui. Chicago: Haymarket Books, 2019., p.184).

O terceiro ponto é que estudos através de métodos comparativos podem ser promissores, seja para pesquisar conceitos, contextos e/ou trajetórias (Kaysel, 2012KAYSEL, A. Dois encontros entre o marxismo e a América Latina. São Paulo: Hucitec, 2012.). Levando em conta o equilíbrio de encontrar similaridades e demarcar diferenças, tais estudos possibilitam a criação de novos prismas que trabalhos sobre apenas um autor(a) não conseguem explicitar - Gonzalez faz um interessante comparação entre Mariátegui e Paulo Freire, por exemplo. Last but not least, a atualidade política de “retornar à Mariátegui”, deve evidenciar necessariamente o que há de contraditório em seus escritos, além do cuidado de não embaralhar o debate teórico com o debate político-conjuntural. É possível também se aventurar com a obra mariateguiana em um diálogo crítico com diversos ramos da ciência social contemporânea (a perspectiva pós/decolonial, apesar de muitos autores antimarxistas, e a produção científica indígena latino-americana parecem apostas interessantes, entre outras possíveis) e com a práxis política anticapitalistas dos movimentos sociais e suas subjetividades coletivas de resistência, de emancipação e de luta (Friggeri, 2021FRIGGERI, F. P. Buen Vivir y socialismo indoamericano: una búsqueda epistémico-política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 36, n. 105, e3610513, 2021. Disponible en: <https://doi.org/10.1590/3610513/2020>.
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; Rubbo, 2021a______. Mariátegui, marxiste decolonial. Actuel Marx, Paris, n.69, p.169-184, 2021.). Enfim, há muito ainda o que se fazer para desbravar, pacientemente, Mariátegui.

Enquanto houver capitalismo haverá anticapitalistas como Mariátegui, disposto a interpretar o mundo, indignar-se com sua racionalidade opressiva e exploradora e transformá-lo radicalmente. Eis aqui um dos trovões na periferia do Ocidente que rasgam a temporalidade homogênea e destruidora do capital e In the red corner, de Mike Gonzalez, é decididamente uma subversão política que atualiza a crítica ao capitalismo com Mariátegui.


José Carlos Mariátegui (1894-1930).

Referências

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Nota

  • 1
    Para uma crítica marxista sobre as elaborações teóricas de John Holloway, Michael Hardt e Antonio Negri, ver Bensaïd (2008).
  • 2
    Para uma análise rigorosa sobre o “jovem” Mariátegui, ver os trabalhos de Portocarrero Grados (1996 e 2020).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Mar 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2023

Histórico

  • Recebido
    13 Maio 2020
  • Aceito
    23 Jun 2020
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