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Editorial

Editorial

De acordo com o IBGE, a Química responde por 11,9% de todo o produto da indústria de transformação brasileira, ou por 15,7%, se lhe forem acrescentados os gêneros de indústrias correlatas, como a farmacêutica, a de perfumaria, a de sabões e de velas, o que equivale a 3,6% do PIB. Nos Estados Unidos esta mesma indústria de transformação é responsável por 1,9% do PIB.

Mesmo com números tão expressivos, que fazem ocupar a primeira posição na formação do produto industrial, a indústria química brasileira (em recente documento da ABIQUIM) diante do processo de globalização da economia, e da abertura comercial apresenta ao governo um conjunto de fatores desfavoráveis que impede a sua inserção competitiva na economia internacional. Estes fatores vão desde a carga tributária excessiva e custos elevados de matérias-primas e insumos, a questões relacionadas com a saúde, segurança e preservação do meio-ambiente.

Significativamente, no documento da ABIQUIM não se observa a intenção da indústria química brasileira em ter a universidade como parceira, de modo que esta contribua em nossa competitividade a nível internacional. A recíproca também é verdadeira: a Universidade, mesmo nesta fase de pré-autonomia, parece pouco disposta a interagir com a indústria.

Entrando no século XXI e com tantos desafios a vencer, é difícil compreender porque a Universidade e a indústria química brasileira estão tão afastadas uma da outra.

Será que com a entrada do Brasil no grupo dos países que se reconhecem a lei da propriedade intelectual (lei de patentes), esta situação se reverterá? Afinal, algumas das pesquisas já feitas nas universidades brasileiras podem levar a produtos passíveis de serem comercializados, tanto no mercado interno, como no externo, mas poucas indústrias parecem ter percebido isso.

Que mecanismos de interação podem ser implementados para reverter este curso aparentemente divergente? Há disposição para o diálogo, nos interlocutores que estão nas posições-chave, e estes reconhecem a necessidade do diálogo?

Existe vontade política das partes envolvidas para alterar a situação? Estas e outras questões têm de ser discutidas em profundidade.

Cada um dos participantes deste cenário pode e deve tomar iniciativas, de discussão e de ação. Não podemos fugir a mais este processo de aprendizagem e construção. Como todos os outros, este também terá aspectos penosos, mas trará muita satisfação.

Angelo da Cunha Pinto

Fernando Galembeck

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Jan 2011
  • Data do Fascículo
    Jun 1997
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