EDITORIAL
Como você prefere sua solução de ressuscitação? Quer um pouco mais de sal?
Felipe Dal-PizzolI; Mervyn SingerII
ILaboratório de Fisiopatologia Experimental e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina; Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Unidade Acadêmica de Ciências da Saúde, Universidade do Extremo Sul Catarinense - Criciúma (SC), Brasil
IIBloomsbury Institute of Intensive Care Medicine, University College London - UCL - London, England
Autor correspondente Autor correspondente: Felipe Dal-Pizzol Laboratório de Fisiopatologia Experimental e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Unidade Acadêmica de Ciências da Saúde Universidade do Extremo Sul Catarinense Avenida Universitária, 1105 CEP: 88806-000 - Criciúma (SC), Brasil E-mail: piz@unesc.net
Neste número da Revista Brasileira de Terapia Intensiva, Rios et al.(1) demonstram os efeitos da reposição volêmica com solução salina hipertônica (SSH) na produção hepática de citocinas e na expressão de proteína de choque térmico e apoptóticas em modelo animal de pancreatite aguda. A SSH leva a downregulation da produção de citocinas no fígado e a expressão de HSP60 de uma maneira mais resistente quando comparada à solução salina normal.
Mais de 30 anos se passaram desde a primeira descrição da SSH como solução de ressuscitação em choque hemorrágico.(2) Possíveis efeitos benéficos da SSH estão na mobilização de fluidos do meio intracelular para o extracelular, e na melhora da contratilidade do miocárdio e do fluxo microcirculatório.(3) Além disso, há os efeitos imunomoduladores.(3) Assim, a tese original, baseada no efeito osmótico que possibilita a reanimação com um pequeno volume no choque volêmico(2) e diminui o edema cerebral depois de um traumatismo encefálico(4), pode ser muito simplista. Os resultados apresentados por Rios et al.(1) somam-se às demonstrações anteriores das vantagens da SSH em aspectos variados da inflamação e da função orgânica em modelos pré-clínicos da síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) e sepse.(3) No entanto, testes em humanos não conseguiram fornecer evidência da eficácia.(5) É evidente que essa possibilidade deve ser analisada futuramente, principalmente porque é econômica e bastante acessível, mas devemos esperar até que dados clínicos mais fortes estejam disponíveis.
Conflitos de interesse: Nenhum.
- 1. Rios EC, Moretti AI, Souza HP, Velasco IT, Soriano FG. Reposição volêmica com soluções Salinas em pancreatite e perfil hepático de proteínas apoptóticas e de choque térmico. Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(4):326-33.
- 2. Velasco IT, Pontieri V, Rocha e Silva M Jr, Lopes OU. Hyperosmotic NaCl and severe hemorrhagic shock. Am J Physiol. 1980;239(5):H664-73.
- 3. Oliveira RP, Velasco I, Soriano FG, Friedman G. Clinical review: Hypertonic saline resuscitation in sepsis. Crit Care. 2002;6(5):418-23.
- 4. Ropper AH. Hyperosmolar therapy for raised intracranial pressure. N Engl J Med. 2012;367(8):746-52.
- 5. Strandvik GF. Hypertonic saline in critical care: a review of the literature and guidelines for use in hypotensive states and raised intracranial pressure. Anaesthesia. 2009;64(9):990-1003.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
30 Jan 2013 -
Data do Fascículo
Dez 2012