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Fatores de risco para desenvolvimento de agitação em pacientes críticos

RESUMO

Objetivo:

Avaliar a incidência de agitação nos primeiros 7 dias após admissão à unidade de terapia intensiva, seus fatores de risco e associação com desfechos clínicos.

Métodos:

Estudo de coorte unicêntrico prospectivo que incluiu maiores 18 anos, admitidos à unidade de terapia intensiva há menos de 24 horas e com previsão de permanência superior a 48 horas. Agitação psicomotora foi definida como pontuação igual ou superior a +2 na Escala de Agitação e Sedação de Richmond ou episódio de agitação, ou registro de uso de medicação específica na ficha clínica.

Resultados:

Ocorreu agitação em 31,8% dos 113 pacientes incluídos. Na análise multivariada, delirium (OR = 24,14; IC95% 5,15 - 113,14; p < 0,001), dor moderada ou intensa (OR = 5,74; IC95% 1,73 - 19,10; p = 0,004), ventilação mecânica (OR = 10,14; IC95% 2,93 - 35,10; p < 0,001) e tabagismo (OR = 4,49; IC95% 1,33 - 15,17; p = 0,015) foram independentemente associados a maior risco de desenvolver de agitação. Por outro lado, hiperlactatemia associou-se a um menor risco de ocorrência de agitação (OR = 0,169; IC95% 0,04 - 0,77; p = 0,021). Pacientes agitados tiveram menor tempo livre de ventilação mecânica em 7 dias (p = 0,003).

Conclusão:

A incidência de agitação nos 7 primeiros dias de internação em unidade de terapia intensiva foi elevada. Delirium, dor moderada ou intensa, ventilação mecânica e tabagismo foram fatores de risco independentes para o desenvolvimento de agitação. Pacientes agitados tiveram menor tempo livre de ventilação mecânica nos 7 primeiros dias.

Descritores:
Agitação psicomotora; Fatores de risco; Delirium; Dor; Respiração artificial; Cuidados intensivos

ABSTRACT

Objective:

To evaluate the incidence of agitation in the first 7 days after intensive care unit admission, its risk factors and its associations with clinical outcomes.

Methods:

This single-center prospective cohort study included all patients older than 18 years with a predicted stay > 48 hours within the first 24 hours of intensive care unit admission. Agitation was defined as a Richmond Agitation Sedation Scale score ≥ +2, an episode of agitation or the use of a specific medication recorded in patient charts.

Results:

Agitation occurred in 31.8% of the 113 patients. Multivariate analysis showed that delirium [OR = 24.14; CI95% 5.15 - 113.14; p < 0.001], moderate or severe pain [OR = 5.74; CI95% 1.73 - 19.10; p = 0.004], mechanical ventilation [OR = 10.14; CI95% 2.93 - 35.10; p < 0.001], and smoking habits [OR = 4.49; CI95% 1.33 - 15.17; p = 0.015] were independent factors for agitation, while hyperlactatemia was associated with a lower risk [OR = 0.169; CI95% 0.04 - 0.77; p = 0.021]. Agitated patients had fewer mechanical ventilation-free days at day 7 (p = 0.003).

Conclusion:

The incidence of agitation in the first 7 days after admission to the intensive care unit was high. Delirium, moderate/severe pain, mechanical ventilation, and smoking habits were independent risk factors. Agitated patients had fewer ventilator-free days in the first 7 days.

Keywords:
Psychomotor agitation; Risk factors; Delirium; Pain; Respiration, artificial; Intensive care

INTRODUÇÃO

A agitação em pacientes críticos é um fenômeno que pode comprometer a segurança e a assistência durante hospitalizações na unidade de terapia intensiva (UTI). Ela se caracteriza por aumento da atividade motora e mental, com manifestação de comportamento inadequado, pensamentos desorganizados e perda do autocontrole das ações. A agitação frequentemente mascara diagnósticos, retarda o início e interrompe tratamentos, o que pode ter impacto na morbidade e na mortalidade desta população.(11 Chevrolet JC, Jolliet P. Clinical review: agitation and delirium in the critically ill--significance and management. Crit Care. 2007;11(3):214.

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-66 Fraser GL, Prato BS, Riker RR, Berthiaume D, Wilkins ML. Frequency, severity, and treatment of agitation in young versus elderly patients in the ICU. Pharmacotherapy 2000;20(1):75-82.) Algumas condições clínicas podem coexistir ou anteceder os episódios de agitação. Estes fatores interagem com a doença de base e podem aumentar a ocorrência de episódios de hiperatividade nesta população.(11 Chevrolet JC, Jolliet P. Clinical review: agitation and delirium in the critically ill--significance and management. Crit Care. 2007;11(3):214.,33 Zeller SL, Rhoades RW. Systematic reviews of assessment measures and pharmacologic treatments for agitation. Clin Ther. 2010;32(3):403-25.,77 Tramm R, Hodgson C, Ilic D, Sheldrake J, Pellegrino V. Identification and prevalence of PTSD risk factors in ECMO patients: A single center study. Aust Crit Care. 2015;28(1):31-6) As demandas metabólicas se encontram aumentadas durante os períodos de agitação, o que pode comprometer o equilíbrio energético e precipitar disfunções de órgãos que, por sua vez, contribuem para a perda da homeostase em pacientes críticos.(11 Chevrolet JC, Jolliet P. Clinical review: agitation and delirium in the critically ill--significance and management. Crit Care. 2007;11(3):214.) Há também o risco aumentado de autoextubação, remoção de dispositivos, quedas e lesões.(88 Ely EW, Shintani A, Truman B, Speroff T, Gordon SM, Harrell FE Jr, et al. Delirium as a predictor of mortality in mechanically ventilated patients in the intensive care unit. JAMA. 2004;291(14):1753-62.

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-1111 Barr J, Fraser GL, Puntillo K, Ely EW, Gélinas C, Dasta JF, Davidson JE, Devlin JW, Kress JP, Joffe AM, Coursin DB, Herr DL, Tung A, Robinson BR, Fontaine DK, Ramsay MA, Riker RR, Sessler CN, Pun B, Skrobik Y, Jaeschke R; American College of Critical Care Medicine. Clinical practice guidelines for the management of pain, agitation, and delirium in adult patients in the intensive care unit. Crit Care Med. 2013;41(1):263-306.) A agitação se associa com duração mais longa da ventilação mecânica (VM), aumento do tempo de permanência no hospital e na UTI, taxas mais elevadas de mortalidade e maiores custos.(33 Zeller SL, Rhoades RW. Systematic reviews of assessment measures and pharmacologic treatments for agitation. Clin Ther. 2010;32(3):403-25.,55 Jaber S, Chanques G, Altairac C, Sebbane M, Vergne C, Perrigault P, et al. A prospective study of agitation in a medical-surgical ICU: incidence, risk factors, and outcomes. Chest. 2005;128(4):2749-57.,88 Ely EW, Shintani A, Truman B, Speroff T, Gordon SM, Harrell FE Jr, et al. Delirium as a predictor of mortality in mechanically ventilated patients in the intensive care unit. JAMA. 2004;291(14):1753-62.,1212 Capone Neto A, Dalfior Jr L. Fatores de risco. In: Flores DG, Capone Neto A. Delirium no paciente grave. São Paulo: Atheneu; 2013. p. 53-9.

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A avaliação dos fatores de risco para agitação em pacientes críticos pode auxiliar na compreensão de sua gênese e contexto clínico. Este conhecimento pode fornecer a base para novos estudos clínicos que avaliem estratégias terapêuticas e preventivas para a agitação no contexto da terapia intensiva. Assim, os objetivos deste estudo foram avaliar a incidência de agitação nos primeiros 7 dias de permanência na unidade de terapia intensiva, identificar os fatores de risco para seu desenvolvimento, e avaliar sua associação com má evolução clínica.

MÉTODOS

Este foi um estudo de coorte prospectivo e unicêntrico, realizado com pacientes admitidos à UTI geral de 17 leitos de um hospital universitário. Incluímos pacientes com idade acima de 18 anos nas primeiras 24 horas após sua admissão à UTI, com previsão de permanência de mais de 48 horas. Excluímos mulheres grávidas, pacientes com condições psiquiátricas pregressas, transferidos de outra UTI ou em uso de haloperidol, dexmedetomidina, risperidona ou quetiapina antes da inclusão no protocolo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (655.838), sendo dispensada a necessidade de se obter a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em função da natureza observacional do estudo.

Todos os pacientes foram visitados duas vezes ao dia durante os primeiros 7 dias após sua admissão à UTI. Nestas avaliações prospectivas, consideramos agitados os pacientes cuja pontuação, segundo a Escala de Agitação e Sedação de Richmond (RASS - Richmond Agitation-Sedation Scale) era igual ou superior a +2.(1717 Sessler CN, Gosnell MS, Grap MJ, Brophy GM, O'Neal PV, Keane KA, et al. The Richmond Agitation-Sedation Scale: validity and reliability in adult intensive care unit patients. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(10):1338-44.) Incluímos também, retrospectivamente, os pacientes com registro na ficha clínica de um episódio de agitação a qualquer momento durante o dia e os que receberam medicação específica para agitação, como quetiapina, risperidona, haloperidol ou dexmedetomidina já que, segundo os padrões da unidade, estes fármacos são exclusivamente utilizados para esta indicação. Todos os demais pacientes foram considerados não agitados.

Durante a visita inicial obtivemos os dados demográficos basais, assim como informações a respeito de hospitalizações prévias, tipo e razão para a admissão, origem do paciente, índice de comorbidades de Charlson e identificamos outras comorbidades, além do Simplified Acute Physiology Score 3 (SAPS 3) e do Sequential Organ Failure Assessment (SOFA).(1818 Vincent JL, Moreno R, Takala J, Willats S, De Mendonça A, Bruining H, et al. The SOFA (Sepsis-related Organ Failure Assessment) score to describe organ dysfunction/failure. On behalf of the Working Group on Sepsis - Related Problems of the European Society of Intensive Care Medicine. Intensive Care Med. 1996;22(7):707-10.) Registramos também a presença de trauma múltiplo, definido como traumatismo de mais de dois órgãos ou sistemas, e lesão cerebral grave, definida como escore segundo a escala de coma de Glasgow inferior a oito na chegada ao hospital.

Durante as visitas subsequentes nos primeiros 7 dias, registramos os dados de desfechos clínicos e potenciais fatores de risco para agitação. Aplicamos a ferramenta Confusion Assessment Method for Intensive Care Units (CAM-ICU)(1919 Pessoa RF, Nácul FE. [Delirium in the critically ill patient]. Rev Bras Ter Intensiva. 2006;18(2):190-5. Portuguese. [Delirium in the critically ill patient].) e uma escala analógica de dor, duas vezes ao dia. Pacientes com RASS acima de 1 e CAM-ICU positivo foram considerados em agitação secundária a delirium hiperativo. Consideramos a dor moderada/intensa quando o escore superior ou igual a 3 em um escopo entre zero e 10. Registramos todas as ocasiões quando as escalas não puderam ser aplicadas em razão de falta de resposta do paciente. Coletamos também os dados sobre o SOFA, medicações anticolinérgicas,(2020 Campbell N, Perkins A, Hui S, Khan B, Boustani M. Association between prescribing of anticholinergic medications and incident delirium: a cohort study. J Am Geriatr Soc. 2011;59 Suppl 2:S277-81.) sedativos, opioides ou vasopressores, presença de úlceras de pressão, sepse,(2121 Bone RC, Balk RA, Cerra FB, Dellinger RP, Fein AM, Knaus WA, Schein RM, Sibbald WJ. Definitions for sepsis and organ failure and guidelines for the use of innovative therapies in sepsis. The ACCP/SCCM Consensus Conference Committee. American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine. Chest. 1992;101(6):1644-55. Review.) síndrome da angústia respiratória aguda,(2222 Ferguson ND, Fan E, Camporota L, Antonelli M, Anzueto A, Beale R, et al. The Berlin definition of ARDS: an expanded rationale, justification, and supplementary material. Intensive Care Med. 2012;38(10):1573-82.) hiperlactatemia (lactato > 14mg/dL), febre (temperatura axilar > 37,8 °C) e uso de dispositivos invasivos. Registramos a necessidade de VM e de terapias de substituição renal. Igualmente, anotamos a presença de um relógio no quarto e a frequência de visitas da família.

Dentre os pacientes sem agitação, o período total de observação foi de 7 dias. Dentre os agitados, só foram computadas as variáveis presentes antes do primeiro episódio de agitação. Seguimos todos os pacientes até a alta hospitalar para avaliar desfechos predefinidos. Analisamos os dias livres de UTI e os dias livres de hospital em 28 dias, dias livres de VM e dias livres de vasopressores nos primeiros 7 dias, assim como a mortalidade na UTI e no hospital.

Análise estatística

O tamanho da amostra foi estimado levando em consideração a frequência de agitação de 25% entre os pacientes expostos aos fatores de risco e de 10% entre os não expostos. O número necessário foi estimado em 99 indivíduos com poder de 80% e nível de significância bicaudal de 5% para a hipótese em teste.(2323 Lwanga SK, Lemeshow S. Sample size determination in health studies: a practical manual. Geneva: World Health Organization; 1991.) As comparações das variáveis categóricas foram realizadas utilizando o teste qui quadrado. As variáveis contínuas foram apresentadas como média ± o desvio padrão ou mediana (variação interquartis), segundo o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Utilizamos o teste t de Student ou o teste U de Mann-Whitney para comparar as variáveis entre pacientes com ou sem agitação, conforme adequado. Selecionamos variáveis na análise univariada com nível de p abaixo de 0,05, e as consideradas clinicamente relevantes foram incluídas em um modelo de análise multivariada, utilizando um processo gradual de seleção reversa. Os resultados da análise multivariada foram expressos como odds ratios com intervalos de confiança de 95%. Para realizar as análises estatísticas utilizamos o programa de computador Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 22.0 para Windows (Chicago, IL, EUA). Em todas as análises, consideramos como estatisticamente significante o valor de p < 0,05.

RESULTADOS

Entre abril e agosto de 2014, 302 pacientes foram admitidos à UTI. Destes, 185 foram excluídos; as principais razões para exclusão são mostradas na figura 1. Incluímos 117 pacientes, sendo que 4 deles não foram analisados em razão de coleta incompleta de dados. Assim, nossa amostra foi constituída de 113 pacientes. Suas principais características basais são descritas na tabela 1.

Figura 1
Fluxograma das inscrições.

UTI - unidade de terapia intensiva.


Tabela 1
Características da população do estudo em todo o grupo, segundo estado de agitação

A incidência de agitação nos primeiros 7 dias de permanência na UTI foi de 31,8%. O tempo médio para o início da agitação foi de 2,4 ± 1,7 dias. Dentre os pacientes agitados, o SOFA no dia da agitação foi de 4,0 (3,0 - 6,0). Dor e delirium não puderam ser avaliados em 57,1% e 53% das oportunidades, respectivamente, em razão de pacientes não responsivos. A análise univariada revelou que a agitação foi mais frequente em pacientes com histórico de tabagismo, traumatismo craniano grave, hospitalização por doença neurológica aguda, dor moderada a intensa, VM e delirium. Por outro lado, a agitação foi menos frequente em pacientes com hiperlactatemia. Não houve associação entre a ocorrência de agitação e a idade, gravidade da doença, SOFA e SAPS 3, ou com comprometimento da audição ou da visão. Estes dados estão disponíveis na tabela 1.

Incluímos, na análise multivariada, as variáveis com p ≤ 0,05 na análise univariada e que foram consideradas clinicamente relevantes, nomeadamente tabagismo, alcoolismo, delirium, dor moderada ou intensa, VM e hiperlactatemia. Como se pode observar na tabela 2, os fatores independentemente associados com maior incidência de agitação foram a presença de delirium, dor moderada ou intensa, VM e tabagismo. A presença de hiperlactatemia permaneceu como fator associado à não-agitação.

Tabela 2
Fatores de risco para agitação em pacientes na unidade de terapia intensiva - análise multivariada

Os pacientes agitados tiveram menos dias livres de VM e mortalidade hospitalar mais baixa do que os pacientes não agitados (Tabela 3). No entanto, após ajuste para idade e SAPS 3, o número de dias livres de VM permaneceu significantemente associado com a presença de agitação, e a mortalidade hospitalar não mais mostrou significância estatística (odds ratio 3,01; IC 95% 0,89 - 10,26; p = 0,770).

Tabela 3
Desfechos hospitalares segundo a condição de agitação

DISCUSSÃO

No presente estudo, demonstramos uma elevada incidência de agitação nos primeiros 7 dias após a admissão à UTI. Na maior parte dos casos, os pacientes tiveram agitação nos 3 primeiros dias após a admissão, e os fatores associados a esta ocorrência foram delirium, dor moderada ou intensa, VM e tabagismo. Os pacientes com hiperlactatemia tiveram menor incidência de agitação. Os pacientes agitados tiveram menos dias livres de VM.

Em nosso estudo, a incidência de agitação foi mais baixa do que nas publicações prévias em populações similares. Jaber et al. relataram incidência de agitação de 52%,(55 Jaber S, Chanques G, Altairac C, Sebbane M, Vergne C, Perrigault P, et al. A prospective study of agitation in a medical-surgical ICU: incidence, risk factors, and outcomes. Chest. 2005;128(4):2749-57.) enquanto uma incidência ainda maior (70%) foi identificada por Fraser et al.(66 Fraser GL, Prato BS, Riker RR, Berthiaume D, Wilkins ML. Frequency, severity, and treatment of agitation in young versus elderly patients in the ICU. Pharmacotherapy 2000;20(1):75-82.) Já havia sido relatada incidência elevada em estudos que incluíam pacientes em uso prolongado de VM(55 Jaber S, Chanques G, Altairac C, Sebbane M, Vergne C, Perrigault P, et al. A prospective study of agitation in a medical-surgical ICU: incidence, risk factors, and outcomes. Chest. 2005;128(4):2749-57.) e em pacientes críticos clínicos.(99 Woods JC, Mion LC, Connor JT, Viray F, Jahan L, Huber C, et al. Severe agitation among ventilated medical intensive care unit patients: frequency, characteristics and outcomes. Intensive Care Med. 2004;30(6):1066-72.) Esta variação pode existir em razão de diferenças nos critérios para definição de agitação e do uso de diferentes ferramentas diagnósticas, assim como de um período mais longo de observação após a admissão à UTI.

Como previsto, delirium foi um fator de risco independente para agitação nos primeiros 7 dias após admissão à UTI. Neste período de tempo, ocorreu delirium em 17,7% dos pacientes. Esta incidência foi mais baixa em comparação com outros estudos em pacientes críticos, em razão de nosso período mais curto de observação. Delirium é uma condição altamente prevalente em pacientes críticos (20 - 80%).(2222 Ferguson ND, Fan E, Camporota L, Antonelli M, Anzueto A, Beale R, et al. The Berlin definition of ARDS: an expanded rationale, justification, and supplementary material. Intensive Care Med. 2012;38(10):1573-82.

23 Lwanga SK, Lemeshow S. Sample size determination in health studies: a practical manual. Geneva: World Health Organization; 1991.

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30 Peterson JF, Pun BT, Dittus RS, Thomason JW, Jackson JC, Shintani AK, et al. Delirium and its motoric subtypes: a study of 614 critically ill patients. J Am Geriatr Soc. 2006;54(3):479-84.
-3131 Blazer DG, Nieuwenhuizen AO. Evidence for the diagnostic criteria of delirium: an update. Curr Opin Psychiatry. 2012;25(3):239-43.)

No entanto, pudemos demonstrar outros fatores de risco para agitação, que não estão relacionados à presença de delirium. Isto é relevante, já que o diagnóstico equivocado de delirium pode levar a tratamento inadequado tanto da causa de base quando do próprio delirium. O hábito de fumar é reconhecido como um fator de risco para agitação, devido ao risco da síndrome de abstinência.(3232 Lucidarme O, Seguin A, Daubin C, Ramakers M, Terzi N, Beck P, et al. Nicotine withdrawal and agitation in ventilated critically ill patients. Crit Care. 2010;14(2):R58.,3333 Cohen IL, Gallagher TJ, Pohlman AS, Dasta, JF, Abraham E, Papadokos PJ. Management of the agitated intensive care unit patient. Crit Care Med. 2002;30(1):S97-123.) Lucidarme et al.,(3232 Lucidarme O, Seguin A, Daubin C, Ramakers M, Terzi N, Beck P, et al. Nicotine withdrawal and agitation in ventilated critically ill patients. Crit Care. 2010;14(2):R58.) em um estudo que incluiu predominantemente pacientes críticos clínicos, demonstrou que tabagistas têm uma incidência maior de agitação do que os não fumantes. A dor moderada ou intensa foi mais comum entre os pacientes agitados. Em sua maioria, os pacientes de nosso estudo eram cirúrgicos (72,5%), o que significa que estavam mais expostos à dor durante os primeiros 7 dias de observação. Estudos prévios, que demonstraram uma associação entre dor e agitação, porém, não avaliaram se a dor ocorreu antes da agitação.(1313 O'Connor H, Al-Quadheeb NS, White AC, Thaker V, Devlin, JW. Agitation during prolonged mechanical ventilation at a long-term acute care hospital: risk factors, treatments and outcomes. J Intensive Care Med. 2014;29(4):218-24.,3434 Luk E, Sneyers B, Rose L, Perreault MM, Williamsom DR, Mehta S, et al. Predictors of physical restraint use in Canadian intensive care units. Crit Care. 2014;18(2):R46.

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37 Park JM, Kim JH. Assessment and treatment of pain in adult intensive care unit patients. Korean J Crit Care Med. 2014;29(3):147-59.
-3838 Rotondi AJ, Chelluri L, Sirio C, Mendelsohn A, Schulz R, Belle S, et al. Patients' recollections of stressful experiences while receiving prolonged mechanical ventilation in an intensive care unit. Crit Care Med. 2002;30(4):746-52.) Em nosso estudo, demonstramos claramente que a dor é um fator de risco, já que só foram considerados episódios que ocorreram antes da agitação. A VM também foi associada a um risco mais elevado de agitação, como previamente relatado por Woods et al.(99 Woods JC, Mion LC, Connor JT, Viray F, Jahan L, Huber C, et al. Severe agitation among ventilated medical intensive care unit patients: frequency, characteristics and outcomes. Intensive Care Med. 2004;30(6):1066-72.) As potenciais razões para agitação seriam a presença do tubo endotraqueal, secreções e assincronia com o ventilador. Pacientes com VM podem não ser capazes de comunicar suas necessidades à equipe de saúde. A incapacidade de comunicar-se já foi descrita como fator de risco para agitação.(1111 Barr J, Fraser GL, Puntillo K, Ely EW, Gélinas C, Dasta JF, Davidson JE, Devlin JW, Kress JP, Joffe AM, Coursin DB, Herr DL, Tung A, Robinson BR, Fontaine DK, Ramsay MA, Riker RR, Sessler CN, Pun B, Skrobik Y, Jaeschke R; American College of Critical Care Medicine. Clinical practice guidelines for the management of pain, agitation, and delirium in adult patients in the intensive care unit. Crit Care Med. 2013;41(1):263-306.) Em nossa unidade, mantemos a sedação pelo menor tempo e profundidade possível. Nossos achados sugerem que os atuais protocolos de ausência de sedação ou mínima sedação devem também incluir frequente avaliação da dor e desconforto em pacientes com tubos endotraqueais e VM.(3939 Shehabi Y, Bellomo R, Reade MC, Bailey M, Bass F, Howe B, McArthur C, Murray L, Seppelt IM, Webb S, Weisbrodt L; Sedation Practice in Intensive Care Evaluation Study Investigators; Australian and New Zealand Intensive Care Society Clinical Trials Group. Early goal-directed sedation versus standard sedation in mechanically ventilated critically ill patients: a pilot study. Crit Care Med. 2013;41(8):1983-91.)

Um achado inesperado foi a incidência mais baixa de agitação entre pacientes com hiperlactatemia. Embora não tenhamos avaliado os potenciais mecanismos associados com este achado, podemos formular a hipótese de que pacientes que desenvolvem distúrbio da oxigenação tissular podem estar mais gravemente doentes do que os sem sinais de anomalia do metabolismo celular.(1818 Vincent JL, Moreno R, Takala J, Willats S, De Mendonça A, Bruining H, et al. The SOFA (Sepsis-related Organ Failure Assessment) score to describe organ dysfunction/failure. On behalf of the Working Group on Sepsis - Related Problems of the European Society of Intensive Care Medicine. Intensive Care Med. 1996;22(7):707-10.) Pacientes mais graves podem necessitar de sedação contínua em longo prazo, o que pode contribuir para a baixa incidência de agitação.(1111 Barr J, Fraser GL, Puntillo K, Ely EW, Gélinas C, Dasta JF, Davidson JE, Devlin JW, Kress JP, Joffe AM, Coursin DB, Herr DL, Tung A, Robinson BR, Fontaine DK, Ramsay MA, Riker RR, Sessler CN, Pun B, Skrobik Y, Jaeschke R; American College of Critical Care Medicine. Clinical practice guidelines for the management of pain, agitation, and delirium in adult patients in the intensive care unit. Crit Care Med. 2013;41(1):263-306.) Outra possível razão é a presença de comprometimento neurológico e renal, ou disfunção hepática, que poderiam levar à redução do nível de consciência, assim limitando a presença de agitação. A ocorrência de fraqueza neuromuscular também poderia limitar as manifestações clínicas de agitação.

Não pudemos demonstrar uma associação entre idade e agitação. Embora a idade tenha sido considerada um fator de risco para agitação, recentes estudos prospectivos demonstraram que a idade é um fator protetor.(55 Jaber S, Chanques G, Altairac C, Sebbane M, Vergne C, Perrigault P, et al. A prospective study of agitation in a medical-surgical ICU: incidence, risk factors, and outcomes. Chest. 2005;128(4):2749-57.,66 Fraser GL, Prato BS, Riker RR, Berthiaume D, Wilkins ML. Frequency, severity, and treatment of agitation in young versus elderly patients in the ICU. Pharmacotherapy 2000;20(1):75-82.,99 Woods JC, Mion LC, Connor JT, Viray F, Jahan L, Huber C, et al. Severe agitation among ventilated medical intensive care unit patients: frequency, characteristics and outcomes. Intensive Care Med. 2004;30(6):1066-72.) Como delirium foi frequente entre os pacientes agitados e entre idosos, é possível que a prevalência do subtipo hipoativo em pacientes acima dos 65 anos tenha influenciado a potencial associação entre idade e agitação.(3030 Peterson JF, Pun BT, Dittus RS, Thomason JW, Jackson JC, Shintani AK, et al. Delirium and its motoric subtypes: a study of 614 critically ill patients. J Am Geriatr Soc. 2006;54(3):479-84.) Também não pudemos demonstrar uma associação entre abuso de álcool e agitação. Isto era previsto, uma vez que a abstinência alcoólica é um fator de risco bem conhecido para agitação. Tal fato pode ser consequência da baixa prevalência de abuso de álcool entre nossos pacientes.

Semelhantemente a outros estudos,(55 Jaber S, Chanques G, Altairac C, Sebbane M, Vergne C, Perrigault P, et al. A prospective study of agitation in a medical-surgical ICU: incidence, risk factors, and outcomes. Chest. 2005;128(4):2749-57.,99 Woods JC, Mion LC, Connor JT, Viray F, Jahan L, Huber C, et al. Severe agitation among ventilated medical intensive care unit patients: frequency, characteristics and outcomes. Intensive Care Med. 2004;30(6):1066-72.) pacientes agitados tiveram uma maior duração da VM nos primeiro 7 dias, embora não se tenha encontrado qualquer diferença em relação à mortalidade hospitalar.(55 Jaber S, Chanques G, Altairac C, Sebbane M, Vergne C, Perrigault P, et al. A prospective study of agitation in a medical-surgical ICU: incidence, risk factors, and outcomes. Chest. 2005;128(4):2749-57.,99 Woods JC, Mion LC, Connor JT, Viray F, Jahan L, Huber C, et al. Severe agitation among ventilated medical intensive care unit patients: frequency, characteristics and outcomes. Intensive Care Med. 2004;30(6):1066-72.) Não pudemos demostrar uma associação entre agitação e maior uso de sedativos ou maior gravidade da doença, que poderiam possivelmente explicar este achado. Porém podemos formular a hipótese de que agitação do paciente pode ter impedido a descontinuação da VM, como sugerido por outros autores.(11 Chevrolet JC, Jolliet P. Clinical review: agitation and delirium in the critically ill--significance and management. Crit Care. 2007;11(3):214.)

Este estudo tem alguns pontos fortes. Primeiramente, pudemos determinar prospectivamente o momento da agitação e, assim, pudemos coletar todos os dados relativos a fatores de risco apenas antes de sua ocorrência. Seguimos de forma consecutiva todos os pacientes admitidos à UTI por meio de uma avaliação muito cuidadosa. Cabe destacar, porém, algumas limitações. Primeiramente, embora tenhamos incluído o número planejado de pacientes, estudos com menos participantes estão sujeitos a viés. Em segundo lugar, o aspecto consecutivo de nossas inclusões pode ter sido comprometido, já que um terço dos pacientes foi excluído por terem sido arrolados há mais de 24 horas da admissão na UTI, principalmente nos finais de semana, quando a equipe do estudo nem sempre estava disponível. Isto também levou a uma elevada incidência de dados faltantes entre os pacientes incluídos. Em terceiro lugar, a elevada frequência de VM também comprometeu a avaliação da dor e de delirium. Em quarto lugar, não coletamos os dados sobre a presença de agitação durante toda a permanência na UTI (o fizemos apenas nos 7 primeiros dias), o que pode ter reduzido nossa incidência de agitação. Avaliamos também prospectivamente a presença de agitação apenas duas vezes ao dia. A avaliação do dia completo foi feita de forma retrospectiva, e alguns casos podem ter sido perdidos. Por outro lado, utilizamos a administração de fármacos antipsicóticos para definir a presença de agitação. Embora o uso destes fármacos seja bem controlado em nossa unidade, pode ter ocorrido uso equivocado para outras indicações. Finalmente, não coletamos dados sobre o tratamento da agitação, que pode ter influenciado no desfecho. No entanto, este não era um de nossos objetivos.

Os resultados reforçam o fato de que há outros fatores de risco independentes para agitação, além do delirium entre pacientes de UTI. Boas práticas de cuidados, sedação, analgesia e controle da VM podem reduzir a incidência de agitação e trazer benefícios para os pacientes admitidos à UTI.(1111 Barr J, Fraser GL, Puntillo K, Ely EW, Gélinas C, Dasta JF, Davidson JE, Devlin JW, Kress JP, Joffe AM, Coursin DB, Herr DL, Tung A, Robinson BR, Fontaine DK, Ramsay MA, Riker RR, Sessler CN, Pun B, Skrobik Y, Jaeschke R; American College of Critical Care Medicine. Clinical practice guidelines for the management of pain, agitation, and delirium in adult patients in the intensive care unit. Crit Care Med. 2013;41(1):263-306.,2020 Campbell N, Perkins A, Hui S, Khan B, Boustani M. Association between prescribing of anticholinergic medications and incident delirium: a cohort study. J Am Geriatr Soc. 2011;59 Suppl 2:S277-81.,4040 Holloman GH Jr, Zeller SL. Overview of Project BETA: Best practices in evaluation and treatment of agitation. West J Emerg Med. 2012;13(1):1-2.

41 Van Rompaey B, Elseviers MM, Schuurmans MJ, Shortridge-Baggett LM, Truijen S, Bossaert L. Risk factors for delirium in intensive care patients: a prospective cohort study. Crit Care. 2009;13(3):R77.

42 Teitelbaum JS, Ayoub O, Skrobik Y. A critical appraisal of sedation, analgesia and delirium in neurocritical care. Can J Neurol Sci. 2011;38(6):815-25.

43 Ely EW, Truman B, Shintani A, Thomason JW, Wheeler AP, Gordon S, et al. Monitoring sedation status over time in ICU patients: reliability and validity of the Richmond Agitation-Sedation Scale (RASS). JAMA. 2003;289(22):2983-91.

44 Zhang H, Lu Y, Liu M, Zou Z, Wang L, Xu FY, et al. Strategies for prevention of postoperative delirium: a systematic review and meta-analysis of randomized trials. Crit Care. 2013;17(2):R47.
-4545 Costa JB, Marcon SS, Macedo CR, Jorge AC, Duarte PA. Sedation and memories of patients subjected to mechanical ventilation in an intensive care unit. Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(2):122-9.)

CONCLUSÃO

Agitação nos primeiros 7 dias após admissão à unidade de terapia intensiva foi comum. Delirium, dor moderada ou intensa, ventilação mecânica e tabagismo foram fatores de risco independentes para o desenvolvimento de agitação. A presença de agitação se associou com menos dias livres de ventilação mecânica.

  • Editor responsável: Felipe Dal Pizzol

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    21 Jul 2016
  • Aceito
    21 Set 2016
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