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Eventos adversos durante transporte intra-hospitalar de pacientes críticos em hospital de grande porte

RESUMO

Objetivo:

Descrever a incidência de eventos clínicos e não clínicos durante o transporte intra-hospitalar de pacientes críticos e analisar os fatores de risco associados.

Métodos:

Estudo de coorte, com coleta retrospectiva, no período de outubro de 2016 a outubro de 2017, tendo sido analisados todos os transportes intra-hospitalares para fins diagnósticos e terapêuticos em hospital de grande porte, que contava com seis unidades de terapia intensiva adulto, sendo avaliados os eventos adversos e os fatores de risco relacionados.

Resultados:

No período, foram realizados 1.559 transportes intra-hospitalares, em 1.348 pacientes, com média de idade de 66 ± 17 anos, tempo médio de transporte de 43 ± 34 minutos. Durante o transporte, 19,8% dos pacientes estavam em uso de drogas vasoativas; 13,7% em uso de sedativos e 10,6% estavam sob ventilação mecânica. Eventos clínicos ocorreram em 117 transportes (7,5%) e não clínicos em 125 transportes (8,0%). Falhas de comunicação foram prevalentes, no entanto, aplicando-se análise multivariada, uso de sedativos, noradrenalina e nitroprussiato, e o tempo de transporte maior que 36,5 minutos estiveram associados a eventos adversos clínicos. Uso de dobutamina e tempo de transporte superior a 36,5 minutos estiveram associados a eventos não clínicos. Ao final do transporte, 98,1% dos pacientes apresentaram condições clínicas inalteradas em relação ao seu estado basal.

Conclusão:

Transportes intra-hospitalares estão relacionados à alta incidência de eventos adversos; o tempo de transporte e a utilização de sedativos e drogas vasoativas estiveram relacionados a esses eventos.

Descritores:
Transporte de pacientes; Qualidade; Fatores de risco; Hipnóticos e sedativos; Vasodilatadores

ABSTRACT

Objective:

To describe the incidence of clinical and non-clinical events during intrahospital transport of critically ill patients and to analyze the associated risk factors.

Methods:

Cohort study with retrospective data collected from October 2016 to October 2017. All cases of intrahospital transport for diagnostic and therapeutic purposes in a large hospital with six adult intensive care units were analyzed, and the adverse events and related risk factors were evaluated.

Results:

During the study period, 1,559 intrahospital transports were performed with 1,348 patients, with a mean age of 66 ± 17 years and a mean transport time of 43 ± 34 minutes. During transport, 19.8% of the patients were using vasoactive drugs; 13.7% were under sedation; and 10.6% were under mechanical ventilation. Clinical events occurred in 117 transports (7.5%), and non-clinical events occurred in 125 (8.0%) transports. Communication failures were prevalent; however, the multivariate analysis showed that the use of sedatives, noradrenaline and nitroprusside and a transport time greater than 36.5 minutes were associated with adverse clinical events. The use of dobutamine and a transport time greater than 36.5 minutes were associated with non-clinical events. At the end of transport, 98.1% of the patients presented unchanged clinical conditions compared with baseline.

Conclusion:

Intrahospital transport is related to a high incidence of adverse events, and transport time and the use of sedatives and vasoactive drugs were related to these events.

Keywords:
Patient transfer; Quality; Risk factors; Hypnotics and sedatives; Vasodilator agents

INTRODUÇÃO

Estudos relacionados ao transporte intra-hospitalar (TIH) são realizados desde a década de 1970 e, desde então, o número de análises descritivas e de riscos durante o transporte está em constante aumento. Em pacientes criticamente doentes, o gerenciamento na unidade de terapia intensiva (UTI) exige investigações e procedimentos terapêuticos que levam a inúmeros transportes fora da UTI.(11 Blakeman TC, Branson RD. Inter- and intra-hospital transport of the critically ill. Respir Care. 2013;58(6):1008-23.,22 Pedreira LC, Santos IM, Farias MA, Sampaio ES, Barros CS, Coelho AC. Nurses' knowledge of intra-hospital transport of critical patients. Rev Enferm UERJ. 2014;22(4):533-9.) Estudos mostram que eventos adversos ocorrem em 6 a mais de 70% dos TIH realizados. Quando se restringe a definição de eventos adversos a alteração dos sinais vitais, extubações não programadas ou paradas cardiorrespiratórias, essa taxa se aproxima de 8%.(33 Kue R, Brow P, Ness C, Scheulen J. Adverse clinical events during intrahospital transport by a specialized team: a preliminary report. Am J Crit Care. 2011;20(2):153-61; quiz 162.)

Vários métodos de análise contribuíram para o conhecimento dos riscos relacionados ao TIH, como em estudos epidemiológicos e análises de sociedades de cuidados intensivos. Nestes, foram listados os eventos adversos associados ao transporte, para que fosse possível a correlação da identificação dos fatores de risco relacionados ao paciente, à organização do transporte, e aos fatores técnicos, humanos e coletivos. Estes riscos devem ser avaliados pelo médico antes de solicitar um procedimento diagnóstico ou terapêutico, com base na análise entre risco e benefício.(11 Blakeman TC, Branson RD. Inter- and intra-hospital transport of the critically ill. Respir Care. 2013;58(6):1008-23.

2 Pedreira LC, Santos IM, Farias MA, Sampaio ES, Barros CS, Coelho AC. Nurses' knowledge of intra-hospital transport of critical patients. Rev Enferm UERJ. 2014;22(4):533-9.
-33 Kue R, Brow P, Ness C, Scheulen J. Adverse clinical events during intrahospital transport by a specialized team: a preliminary report. Am J Crit Care. 2011;20(2):153-61; quiz 162.)

Vários autores já identificaram fatores "protetores", para minimizar os eventos adversos relacionados aos transportes, como verificações de equipamentos durante o transporte, preparação do paciente, sedação apropriada e equipe de transporte experiente. A incidência e a gravidade dos eventos adversos variam de acordo com os estudos. Essas discrepâncias podem ser explicadas pelas diferenças de definição dos eventos adversos. A definição clinicamente mais útil de evento adverso é aquela que leva a uma mudança de terapia durante o transporte. Vale lembrar que os eventos podem surgir durante o transporte ou secundariamente.(44 Jia L, Wang H, Gao Y, Liu H, Yu K. High incidence of adverse events during intra-hospital transport of critically ill patients and new related risk factors: a prospective, multicenter study in China. Crit Care. 2016;20:12.,55 Almeida AC, Neves AL, Souza CL, Garcia JH, Lopes JL, Barros AL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm. 2012;25(3):471-6.)

Os objetivos deste trabalho foram descrever a incidência de eventos adversos, clínicos e não clínicos (por exemplo: falha no funcionamento de bombas de infusão ou de comunicação) durante o TIH de pacientes críticos e analisar os fatores de risco associados a estas complicações.

MÉTODOS

Foi realizado estudo de coorte com coleta retrospectiva, no período de outubro de 2016 a outubro de 2017, em hospital de grande porte, com 697 leitos, sendo 6 UTIs adulto - neurológica, cardiológica e geral (204 leitos), em que foram analisados todos os TIH para fins diagnósticos e terapêuticos, de pacientes que estavam internados em UTIs e necessitaram de transporte para o setor de método diagnóstico ou hemodinâmica. Todos os transportes foram realizados por equipe de transporte, dedicada e composta por médico intensivista, enfermeiro, técnico de enfermagem e, nos casos de pacientes em ventilação mecânica, também um fisioterapeuta. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Beneficência Portuguesa (Nº 5966) e o termo de consentimento livre e esclarecido foi dispensado.

Foram avaliadas as fichas dos atendimentos realizados no período (Anexo 1), que foram preenchidas pelo médico que realizou o transporte, tendo sido analisados os eventos adversos ocorridos durante o transporte e as condições clínicas.

As intercorrências clínicas descritas foram instabilidade hemodinâmica (considerando-se pressão arterial sistólica < 90mmHg), instabilidade respiratória (queda aguda da saturação < 90% e/ou aumento da frequência respiratória > 24rpm), agitação, crise convulsiva ou rebaixamento do nível de consciência.

Já os eventos adversos não clínicos foram relacionados a problemas de comunicação e equipamentos (por exemplo: falha de continuidade do cuidado por comunicação ineficaz; atraso no exame; e problemas relacionados à bateria de equipamentos, a bombas de infusão e ao oxigênio). As falhas de comunicação foram, principalmente, devidas a problemas durante a passagem do caso clínico entre a equipe multiprofissional ou falhas entre a equipe da UTI e da medicina diagnóstica, que provocaram atrasos na realização dos exames.

Os dados foram descritos como média e desvio padrão, para as variáveis quantitativas, e tabelas de frequência, para as variáveis qualitativas. A verificação das relações das características dos pacientes com a ocorrência de complicação (pelo menos uma complicação) foi realizada pelo teste do qui-quadrado (ou teste exato de Fisher), para as variáveis qualitativas, e o teste de Mann-Whitney, para as variáveis quantitativas. Posteriormente, para verificar a relação conjunta das características do paciente com a ocorrência de complicações, foi utilizada a regressão logística múltipla, sendo, para isso, selecionadas apenas as variáveis que obtiveram valor de p < 0,2 nos testes anteriores. Em todo estudo, foi considerada a significância de 0,05, e os dados foram analisados utilizando o software Statistical Package for Social Science (SPSS) v25.

RESULTADOS

No período analisado, foram realizados 1.559 transportes de pacientes críticos, em 1.348 pacientes. A idade média dos pacientes foi de 66 ± 17 anos, sendo que o sexo masculino predominou (54,7%). O tempo médio de transporte foi de 43 ± 34 minutos. Da amostra, 19,8% estavam em uso de drogas vasoativas durante o transporte, sendo que, destes, 42,7% apresentaram evento adverso relacionado à condição clínica e 26,4%, não clínica. Sedativos estavam sendo utilizados em 13,7% dos transportes e 10,6% dos pacientes estavam sob ventilação mecânica. As características gerais dos pacientes estão resumidas na tabela 1.

Tabela 1
Características dos pacientes submetidos ao transporte intra-hospitalar

Eventos adversos relacionados a situações clínicas ocorreram em 117 transportes (7,5%), sendo que houve mais de uma complicação em 14 pacientes. Eventos não clínicos aconteceram em 125 transportes (8,0%), e em 13 houve mais de uma intercorrência (Tabela 2). A agitação psicomotora e a instabilidade hemodinâmica foram os eventos clínicos mais frequentes. Dentre os não clínicos, falhas de comunicação ocorreram em 99 transportes.

Tabela 2
Complicações clínicas e não clínicas relacionadas ao transporte

Dos eventos clínicos, 58,1% ocorreram em pacientes do sexo masculino, e 52,1% tinham idade entre 57 a 78 anos. Aplicando-se análise multivariada (regressão logística) para identificar as variáveis independentes associadas a complicações, o uso de sedativos, noradrenalina e nitroprussiato, e o tempo de transporte superior a 36,5 minutos foram relacionados a complicações clínicas. O uso de dobutamina e o tempo de transporte superior a 36,5 minutos foram relacionados a eventos não clínicos (Tabelas 3 e 4).

Tabela 3
Regressão logística relacionada a complicações clínicas durante transporte intra-hospitalar
Tabela 4
Regressão logística relacionada a complicações não clínicas durante transporte intra-hospitalar

Nos transportes que apresentaram eventos não clínicos, 55,2% eram do sexo masculino, 66,4% tinham tempo de transporte superior a 36,5 minutos; 16,8% encontravam-se sob ventilação mecânica, 20,8% utilizavam sedativos e 26,4%, drogas vasoativas. Fragilidades na comunicação entre os profissionais de saúde envolvidos no transporte de pacientes críticos, principalmente relacionadas à transição de informações, constituíram o problema mais frequente, ocorrendo em 6,4% dos transportes.

Ao final do transporte, 98,1% dos pacientes apresentavam condições clínicas inalteradas em relação ao início. Eventos clínicos durante o transporte levaram ao aumento de tempo de permanência em UTI e hospitalar em apenas um paciente (0,1%). Nenhum paciente teve aumento do tempo de ventilação mecânica, e nenhum óbito foi relacionado a complicações do transporte (Tabela 1S - Material suplementar).

DISCUSSÃO

Transportes intra-hospitalares estão relacionados a alta incidência de complicações e eventos adversos, com impacto negativo nos desfechos clínicos.(11 Blakeman TC, Branson RD. Inter- and intra-hospital transport of the critically ill. Respir Care. 2013;58(6):1008-23.

2 Pedreira LC, Santos IM, Farias MA, Sampaio ES, Barros CS, Coelho AC. Nurses' knowledge of intra-hospital transport of critical patients. Rev Enferm UERJ. 2014;22(4):533-9.
-33 Kue R, Brow P, Ness C, Scheulen J. Adverse clinical events during intrahospital transport by a specialized team: a preliminary report. Am J Crit Care. 2011;20(2):153-61; quiz 162.)

Nesta amostra, observamos baixa taxa de eventos adversos - clínicos e não clínicos -, em níveis inferiores aos encontrados na maior parte dos estudos, observando-se intercorrências em até 79% dos pacientes transportados.(33 Kue R, Brow P, Ness C, Scheulen J. Adverse clinical events during intrahospital transport by a specialized team: a preliminary report. Am J Crit Care. 2011;20(2):153-61; quiz 162.

4 Jia L, Wang H, Gao Y, Liu H, Yu K. High incidence of adverse events during intra-hospital transport of critically ill patients and new related risk factors: a prospective, multicenter study in China. Crit Care. 2016;20:12.

5 Almeida AC, Neves AL, Souza CL, Garcia JH, Lopes JL, Barros AL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm. 2012;25(3):471-6.
-66 Wilson P. Safe patient transportation: nurses can make a difference. Nurs Times. 1998;94(26):66-7.)

Estudo recente(44 Jia L, Wang H, Gao Y, Liu H, Yu K. High incidence of adverse events during intra-hospital transport of critically ill patients and new related risk factors: a prospective, multicenter study in China. Crit Care. 2016;20:12.) demonstrou que a condição clínica pré-transporte é um fator de risco independente para ocorrência de complicações durante o transporte. Em nosso estudo, sexo, idade e tipo de internação (clínica ou cirúrgica) não tiveram relação com as complicações, mas a utilização de ventilação mecânica, e o uso de drogas vasoativas e sedativos estiveram relacionados aos eventos.

Eventos não clínicos mais comumente descritos estão relacionados à comunicação, que pode chegar às taxas de até 60% durante TIH.(33 Kue R, Brow P, Ness C, Scheulen J. Adverse clinical events during intrahospital transport by a specialized team: a preliminary report. Am J Crit Care. 2011;20(2):153-61; quiz 162.) Em nossa casuística, a comunicação foi o principal evento não clínico evidenciado, com 99 ocorrências. No entanto, na regressão logística, o tempo de transporte e a utilização de dobutamina foram as condições relacionadas aos eventos não clínicos.

É fundamental garantir que o transporte seja feito por profissionais capacitados para o atendimento, condição que garante menor taxa de complicações e melhores desfechos.(55 Almeida AC, Neves AL, Souza CL, Garcia JH, Lopes JL, Barros AL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm. 2012;25(3):471-6.,77 Beckmann U, Gillies DM, Berenholtz SM, Wu AW, Pronovost P. Incidents relating to the intra-hospital transfer of critically ill patients. An analysis of the reports submitted to the Australian Incident Monitoring Study in Intensive Care. Intensive Care Med. 2004;30(8):1579-85.

8 Warren J, Fromm RE Jr, Orr RA, Rotello LC, Horst HM; American College of Critical Care Medicine. Guidelines for the inter- and intrahospital transport of critically ill patients. Crit Care Med. 2004;32(1):256-62.
-99 Zuchelo LT, Chiavone PA. Intrahospital transport of patients on invasive ventilation: cardiorespiratory repercussions and adverse events. J Bras Pneumol. 2009;35(4):367-74.) Em nosso estudo, a equipe responsável pelos TIH apresenta dedicação exclusiva para tal função e é composta por equipe multiprofissional atuante em terapia intensiva.

Os eventos relacionados à equipe mais comumente relatados são as falhas de comunicação, que podem chegar a 60%.(88 Warren J, Fromm RE Jr, Orr RA, Rotello LC, Horst HM; American College of Critical Care Medicine. Guidelines for the inter- and intrahospital transport of critically ill patients. Crit Care Med. 2004;32(1):256-62.) No presente estudo, a taxa de complicações não clínicas foi de 7,2%, número significativamente inferior ao encontrado na literatura mundial. Uma equipe capacitada para o acompanhamento durante todo o transporte relaciona-se à segurança do paciente que está sendo transportado.(55 Almeida AC, Neves AL, Souza CL, Garcia JH, Lopes JL, Barros AL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm. 2012;25(3):471-6.,77 Beckmann U, Gillies DM, Berenholtz SM, Wu AW, Pronovost P. Incidents relating to the intra-hospital transfer of critically ill patients. An analysis of the reports submitted to the Australian Incident Monitoring Study in Intensive Care. Intensive Care Med. 2004;30(8):1579-85.

8 Warren J, Fromm RE Jr, Orr RA, Rotello LC, Horst HM; American College of Critical Care Medicine. Guidelines for the inter- and intrahospital transport of critically ill patients. Crit Care Med. 2004;32(1):256-62.
-99 Zuchelo LT, Chiavone PA. Intrahospital transport of patients on invasive ventilation: cardiorespiratory repercussions and adverse events. J Bras Pneumol. 2009;35(4):367-74.)

Há divergência na literatura sobre a ocorrência de eventos adversos e a duração no transporte.(1010 Parmentier-Decrucq E, Poissy J, Favory R, Nseir S, Onimus T, Guerry MJ, et al. Adverse events during intrahospital transport of critically ill patients: incidence and risk factors. Ann Intensive Care. 2013;3(1):10.

11 Smith I, Fleming S, Cernaianu A. Mishaps during transport from the intensive care unit. Crit Care Med. 1990;18(3):278-81.
-1212 Lahner D, Nikolic A, Marhofer P, Koinig H, Germann P, Weinstabl C, et al. Incidence of complications in intrahospital transport of critically ill patients--experience in an Austrian university hospital. Wien Klin Wochenschr. 2007;119(13-14):412-6.) Porém, em nosso estudo, demonstramos associação entre tempo de transporte e complicações clínicas, sendo aqueles acima de 36,5 minutos relacionados a maior incidência de intercorrências.

Eventos adversos estão relacionados a piores desfechos durante internações hospitalares.(1313 Classen DC, Pestotnik SL, Evans RS, Lloyd JF, Burke JP. Adverse drug events in hospitalized patients. Excess length of stay, extra costs, and attributable mortality. JAMA. 1997;277(4):301-6.

14 Novaretti MC, Santos EV, Quitério LM, Daud-Gallotti RM. Sobrecarga de trabalho da Enfermagem e incidentes e eventos adversos em pacientes internados em UTI. Rev Bras Enferm. 2014;67(5):692-9.

15 Forster AJ, Rose NG, van Walraven C, Stiell I. Adverse events following an emergency department visit. Qual Saf Health Care. 2007;16(1):17-22.

16 Japiassu AM. Transporte intra-hospitalar de pacientes graves. Rev Bras Ter Intensiva. 2005;17(3):217-20.
-1717 Thomas JW, Guire KE, Horvat GG. Is patient length of stay related to quality of care? Hosp Health Serv Adm. 1997;42(4):489-507.) Melhores processos e capacitação profissional podem reduzir a ocorrência destes eventos e contribuir para um menor tempo médio de internação e os custos de hospitalização.(1616 Japiassu AM. Transporte intra-hospitalar de pacientes graves. Rev Bras Ter Intensiva. 2005;17(3):217-20.) Não foram observadas, em nossa amostra, piores desfechos relacionados às complicações durante o transporte.

Foram limitações do estudo: a condição de ser unicêntrico; as possíveis falhas no preenchimento das fichas de atendimento, que podem ter ocasionado subnotificação de eventos adversos; e o baixo número de complicações e eventos adversos, que limita a precisão de identificar os fatores de risco.

CONCLUSÃO

Transportes intra-hospitalares estão relacionados à alta incidência de eventos adversos. Tempo de transporte e utilização de sedativos e drogas vasoativas estiveram ligados a tais eventos.

REFERÊNCIAS

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Anexo 1 Ficha de atendimento do grupo de transporte

Etiqueta FICHA DE ATENDIMENTO MÉDICO Grupo de Transporte Data do atendimento: ____/____/______ Horário do chamado: _____:_____h Horário do início do atendimento: _____:_____h Motivo da internação: _____________________________________________________________________________________________________________ Exame solicitado: ________________________________________________________________________________________________________________ ( ) com sedação ( ) sem sedação Motivo da realização do exame: ______________________________________________________________________________________________________ SAÍDA DA UTI: Horário: ________ PA: _________mmHg FC: _____BPM FR: _______RPM SatO2: ________________ Intensivista responsável na saída da UTI: ________________________________________________________________________________________________ Drogas vasoativas: Droga Dose (mcg/kg/min) Noradrenalina Dopamina Dobutamina Vasopressina Outros: Sedação: Droga Dose (mcg/kg/min) Propofol Midazolam Fentanil Remifentanil Dexmedetomidina Outros: Intercorrências durante o transporte: ( ) não ( ) sim Se sim, descreva: _____________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________ Intercorrências durante o exame/procedimento: ( ) não ( ) sim Se sim, descreva: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ RETORNO À UTI: Horário: ________ PA: _________mmHg FC: _____BPM FR: _______RPM SatO2: ________________ Intensivista responsável no retorno da UTI: ___________________________________ Houve necessidade de alterar a dosagem das drogas vasoativas? Se sim, qual(is)? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Houve necessidade de alterar a dosagem da sedação? Se sim, qual(is)? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Médico responsável pelo transporte: __________________________________________________________________________________________________

Editado por

Editor responsável: Alexandre Biasi Cavalcanti

Disponibilidade de dados

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Fev 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    28 Dez 2017
  • Aceito
    03 Set 2018
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