Para: Escala Perme como preditor de funcionalidade e complicações após a alta da unidade de terapia intensiva em pacientes submetidos a transplante hepático

Ao Editor

Gostaria de parabenizar os autores responsáveis pelo artigo intitulado "Escala Perme como preditor de funcionalidade e complicações após a alta da unidade de terapia intensiva em pacientes submetidos a transplante hepático", cujo tema é extremamente relevante para a comunidade acadêmica.⁽¹⁾

Esse tema, abordando a avaliação funcional desse perfil de paciente, que tanto é acometido por perda de força muscular e da funcionalidade no decorrer da doença e nos momentos em que encontra-se hospitalizado, é de extrema relevância. Por este motivo, trouxe muito interesse, e gostaríamos de acrescentar algumas sugestões e observações que achamos relevantes ao estudo.

Os pacientes cirróticos candidatos ao transplante apresentam, ao longo do curso natural da doença, disfunções musculares importantes. Dentre tais fatos, podemos citar a alteração da massa e da força muscular, muitas vezes associada com alteração de sua aptidão funcional - fatores estes que limitam sua qualidade de vida e aumentam a mortalidade antes do transplante.⁽²⁾

Um dos aspectos relacionados à piora da condição funcional é o tempo de espera na lista para a realização do transplante hepático. No respectivo artigo, não houve menção ao controle desta variável, podendo influenciar no desfecho principal do estudo. Outro critério a ser mencionado é a participação de pacientes cirróticos com síndrome hepatopulmonar, sendo que este acometimento pode estar presente em até 30% dos pacientes cirróticos. Os autores não excluíram esse subgrupo de pacientes, podendo estar presente na respectiva amostra e estar influenciando em aspectos relacionados com a dispneia.⁽³⁾

Quanto ao instrumento utilizado para mensurar a funcionalidade dos pacientes, sugerimos a utilização de outra ferramenta, já que o Escore Perme de Mobilidade em Unidade de Terapia Intensiva (Perme Intensive Care Unit Mobility Score) é uma escala construída especificamente para avaliação de pacientes internados dentro da unidade de terapia intensiva, não podendo ser utilizada em locais como unidades de internação ou nível ambulatorial.⁽⁴⁾

REFERÊNCIAS

• ¹
  Pereira CS, Carvalho AT, Bosco AD, Forgiarini Júnior LA. Escala Perme como preditor de funcionalidade e complicações após a alta da unidade de terapia intensiva em pacientes submetidos a transplante hepático. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):57-62.
• ²
  Tandon P, Ney M, Irwin I, Ma MM, Gramlich L, Bain VG, et al. Severe muscle depletion in patients on the liver transplant wait list: its prevalence and independent prognostic value. Liver Transpl. 2012;18(10):1209-16.
• ³
  Iqbal S, Smith KA, Khungar V. Hepatopulmonary syndrome and portopulmonary hypertension: implications for liver transplantation. Clin Chest Med. 2017;38(4):785-95.
• ⁴
  Kawaguchi YM, Nawa RK, Figueiredo TB, Martins L, Pires-Neto RC. Perme Intensive Care Unit Mobility Scale e ICU Mobility Scale: tradução e adaptação cultural para a língua portuguesa falada no Brasil. J Bras Pneumol. 2016;42(6):429-34.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  20 Jan 2020
• Data do Fascículo
  Oct-Dec 2019

Histórico

• Recebido
  11 Abr 2019
• Aceito
  13 Jun 2019