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Justificativa e limitações da SpO2/FiO2 como possível substituta da PaO2/FiO2 em diferentes cenários pré-clínicos e clínicos

RESUMO

Embora a PaO2/FiO2 derivada da gasometria arterial continue sendo o padrão-ouro do diagnóstico de insuficiência respiratória aguda, a SpO2/FiO2 tem sido investigada como potencial substituta. Esta revisão narrativa apresenta o estado da literatura pré-clínica e clínica sobre a SpO2/FiO2 como possível substituta da PaO2/FiO2 e para uso como marcador diagnóstico e prognóstico; ainda, é fornecida uma visão geral da oximetria de pulso e suas limitações, além da avaliação da utilidade da SpO2/ FiO2 como substituta da PaO2/FiO2 em pacientes com COVID-19. Ao todo, foram encontrados 49 estudos comparando SpO2/FiO2 e PaO2/ FiO2 com base em uma estratégia de pesquisa mínima. A maioria dos estudos foi realizada em recémnascidos, alguns foram realizados em adultos com síndrome do desconforto respiratório agudo, e outros foram realizados em outros cenários clínicos (incluindo poucos em pacientes com COVID-19). Há certa evidência de que os critérios de SpO2/FiO2 podem substituir a PaO2/FiO2 em diferentes cenários clínicos. Isso é reforçado pelo fato de que devem ser evitados procedimentos invasivos desnecessários em pacientes com insuficiência respiratória aguda. É inegável que os oxímetros de pulso estão cada vez mais difundidos e podem proporcionar um monitoramento sem custos. Portanto, substituir a PaO2/FiO2 pela SpO2/FiO2 pode permitir que instalações com recursos limitados diagnostiquem a insuficiência respiratória aguda de maneira objetiva.

Descritores:
COVID-19; SARSCoV-2; Saturação de oxigênio; Oximetria; Gasometria; Oxigênio; Síndrome do desconforto respiratório; Insuficiência respiratória; Prognóstico; Infante; Recém-nascido; Adulto

ABSTRACT

Although the PaO 2/FiO 2 derived from arterial blood gas analysis remains the gold standard for the diagnosis of acute respiratory failure, the SpO2/FiO2 has been investigated as a potential substitute. The current narrative review presents the state of the preclinical and clinical literature on the SpO2/FiO2 as a possible substitute for PaO2/FiO2 and for use as a diagnostic and prognostic marker; provides an overview of pulse oximetry and its limitations, and assesses the utility of SpO2/ FiO2 as a surrogate for PaO2/FiO2 in COVID-19 patients. Overall, 49 studies comparing SpO2/FiO2 and PaO2/FiO2 were found according to a minimal search strategy. Most were conducted on neonates, some were conducted on adults with acute respiratory distress syndrome, and a few were conducted in other clinical scenarios (including a very few on COVID-19 patients). There is some evidence that the SpO2/ FiO2 criteria can be a surrogate for PaO2/FiO2 in different clinical scenarios. This is reinforced by the fact that unnecessary invasive procedures should be avoided in patients with acute respiratory failure. It is undeniable that pulse oximeters are becoming increasingly widespread and can provide costless monitoring. Hence, replacing PaO2/FiO2 with SpO2/FiO2may allow resourcelimited facilities to objectively diagnose acute respiratory failure.

Keywords:
COVID-19; SARS-CoV-2; Oxygen saturation; Oximetry; Blood gas analysis; Oxygen; Respiratory distress syndrome; Respiratory insufficiency; Prognosis; Infant; Infant newborn; Adult

INTRODUÇÃO

A insuficiência respiratória aguda (IRA) é um problema onipresente em serviços de emergência (SEs), salas cirúrgicas (SCs) e unidades de terapia intensiva (UTIs) no mundo todo. No entanto, a gasometria arterial (GA) não está disponível em vários ambientes de saúde, como cuidados prolongados em campo e evacuação aeromédica,(11 Batchinsky AI, Wendorff D, Jones J, Beely B, Roberts T, Choi JH, et al. Noninvasive SpO2/FiO2 ratio as surrogate for PaO2/FiO2 ratio during simulated prolonged field care and ground and high-altitude evacuation. J Trauma Acute Care Surg. 2020;89(2S Suppl 2):S126-3.) mesmo sendo necessária para um diagnóstico objetivo de IRA.(22 Bass CM, Sajed DR, Adedipe AA, West TE. Pulmonary ultrasound and pulse oximetry versus chest radiography and arterial blood gas analysis for the diagnosis of acute respiratory distress syndrome: a pilot study. Crit Care. 2015;19(1):282.,33 Venegas Sosa AM, Cortés Munguía JA, Flores López EN, Colín Rodríguez J. Correlación de SpO2/FiO2 versus PaO2/FiO2 para monitoreo de la oxigenación en pacientes con trauma de tórax. Med Crit (Col Mex Med Crit). 2018;32(4):201-7.) A pandemia de doença pelo coronavírus (COVID-19) evidenciou a urgência de desenvolver diagnósticos de IRA rápidos, com custo acessível e de fácil acesso durante o período em que o manejo oportuno e apropriado pode ter impacto na morbimortalidade.

Embora a razão entre a pressão parcial de oxigênio arterial e a fração inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2), ou P/F, derivada da gasometria, continue sendo o padrão-ouro do diagnóstico de IRA, a razão da saturação de oxigênio no sangue arterial pela FiO2 (SpO2/FiO2), ou S/F, tem sido investigada como potencial substituta.(44 Rice TW, Wheeler AP, Bernard GR, Hayden DL, Schoenfeld DA, Ware LB; National Institutes of Health, National Heart, Lung, and Blood Institute ARDS Network. Comparison of the SpO2/FIO2 ratio and the PaO2/FIO2 ratio in patients with acute lung injury or ARDS. Chest. 2007;132(2):410-7.

5 Carver A, Bragg R, Sullivan L. Evaluation of PaO2 /FiO2 and SaO2 /FiO2 ratios in postoperative dogs recovering on room air or nasal oxygen insufflation. J Vet Emerg Crit Care (San Antonio). 2016;26(3):437-45.

6 Khemani RG, Rubin S, Belani S, Leung D, Erickson S, Smith LS, et al. Pulse oximetry vs. PaO2 metrics in mechanically ventilated children: Berlin definition of ARDS and mortality risk. Intensive Care Med. 2015;41(1):94-102.

7 Thomas NJ, Shaffer ML, Willson DF, Shih MC, Curley MA. Defining acute lung disease in children with the oxygenation saturation index. Pediatr Crit Care Med. 2010;11(1):12-7.
-88 Zeserson E, Goodgame B, Hess JD, Schultz K, Hoon C, Lamb K, et al. Correlation of venous blood gas and pulse oximetry with arterial blood gas in the undifferentiated critically ill patient. J. Intensive Care Med. 2018;33(3):176-81.) A substituição da PaO2 por SpO2 tem mostrado resultados promissores em outras áreas, como o índice de oxigenação, usado para avaliar a gravidade da insuficiência respiratória hipoxêmica (IRH) em neonatos.(99 Rawat M, Chandrasekharan PK, Williams A, Gugino S, Koenigsknecht C, Swartz D, et al. Oxygen saturation index and severity of hypoxic respiratory failure. Neonatology. 2015;107(3):161-6.)

Desde as primeiras investigações correlacionando S/F e P/F, poucos estudos foram publicados nessa área. Alguns deles usaram a S/F como substituta da P/F em pacientes com síndrome da angústia respiratória aguda (SDRA).(44 Rice TW, Wheeler AP, Bernard GR, Hayden DL, Schoenfeld DA, Ware LB; National Institutes of Health, National Heart, Lung, and Blood Institute ARDS Network. Comparison of the SpO2/FIO2 ratio and the PaO2/FIO2 ratio in patients with acute lung injury or ARDS. Chest. 2007;132(2):410-7.) Além disso, a S/F tem sido usada com sucesso para imputar a P/F durante a Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) e em outros sistemas de escore(1010 Pandharipande PP, Shintani AK, Hagerman HE, St Jacques PJ, Rice TW, Sanders NW, et al. Derivation and validation of Spo2/Fio2 ratio to impute for Pao2/Fio2 ratio in the respiratory component of the Sequential Organ Failure Assessment score. Crit Care Med. 2009;37(4):1317-21.,1111 Namendys-Silva SA, Silva-Medina MA, Vásquez-Barahona GM, BaltazarTorres JA, Rivero-Sigarroa E, Fonseca-Lazcano JA, et al. Application of a modified sequential organ failure assessment score to critically ill patients. Braz J Med Biol Res. 2013;46(2):186-93.) e já foi investigada em traumas e COVID-19.(33 Venegas Sosa AM, Cortés Munguía JA, Flores López EN, Colín Rodríguez J. Correlación de SpO2/FiO2 versus PaO2/FiO2 para monitoreo de la oxigenación en pacientes con trauma de tórax. Med Crit (Col Mex Med Crit). 2018;32(4):201-7.,1212 Lu X, Jiang L, Chen T, Wang Y, Zhang B, Hong Y, et al. Continuously available ratio of SpO2/FiO2 serves as a noninvasive prognostic marker for intensive care patients with COVID-19. Respir Res. 2020;21(1):194.) Essa revisão narrativa discute o estado atual da literatura sobre a S/F, com foco em estudos pré-clínicos e clínicos, investigando-a como uma possível substituta para a P/F. Além disso, é fornecida uma visão geral da oximetria de pulso e de suas limitações. Por fim, avalia-se a utilidade potencial da S/F como substituta da P/F nas circunstâncias específicas da pandemia da COVID-19.

MÉTODOS

Metodologia de busca da literatura

Foram feitas buscas nas bases de dados PubMed®, Cochrane Library e Scientific Electronic Library Online (SciELO) por estudos pré-clínicos e clínicos que avaliavam a S/F e sua associação com a P/F, sem restrição de data ou idioma. Foram usadas as seguintes consultas, todas com operadores booleanos: oximetry AND S/F; oximetry AND P/F; oximetry AND SpO2/FiO2; oximetry AND PaO2/FiO2; oximetry AND FiO2; S/F AND P/F; SpO2/FiO2 AND PaO2/FiO2. Foram considerados qualificados os estudos que investigaram os seguintes aspectos: funcionamento do oxímetro de pulso e artefatos; valores da oximetria de pulso sob diferentes FiO2; e qualquer aspecto relacionado à correlação S/F. As perguntas PICO foram investigadas da seguinte forma: Paciente - tamanho amostral e características do paciente (idade e doença); Intervenção - se estisse em ventilação mecânica (VM) invasiva ou não invasiva ou sob respiração espontânea; Comparação - correlação ou regressão entre S/F e P/F; e Desfecho - associação com sobrevida, dias livres de respirador ou de terapia intensiva e tempo de internação.

UMA VISÃO GERAL DA OXIMETRIA DE PULSO

Justificativa

A saturação de oxigênio no sangue arterial é uma das medidas de monitoramento mais antigas em UTIs, SEs e SCs. Desde que o oxímetro de orelha foi desenvolvido por Millikan, em 1947, e aperfeiçoado por Aoyagi, em 1970, a oximetria de pulso ganhou importância no monitoramento de pacientes, sendo uma tecnologia difundida atualmente.(22 Bass CM, Sajed DR, Adedipe AA, West TE. Pulmonary ultrasound and pulse oximetry versus chest radiography and arterial blood gas analysis for the diagnosis of acute respiratory distress syndrome: a pilot study. Crit Care. 2015;19(1):282.,1313 Wahr JA, Tremper KK, Samra S, Delpy DT. Near-infrared spectroscopy: theory and applications. J Cardiothorac Vasc Anesth. 1996;10(3):406-18.

14 Hafen BB, Sharma S. Oxygen saturation. 2021 Aug 12. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022.
-1515 Schnapp LM, Cohen NH. Pulse oximetry. Uses and abuses. Chest. 1990;98(5):1244-50.) Considerando sua utilidade clínica, todo profissional de saúde deve ter pelo menos um conhecimento básico da oximetria de pulso.(1414 Hafen BB, Sharma S. Oxygen saturation. 2021 Aug 12. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022.)

Os monitores de saturação de oxigênio no sangue arterial calculam os níveis de saturação no sangue, ou seja, a razão entre hemoglobina (Hb) ligada ao oxigênio e Hb não ligada no compartimento do sangue arterial.(1616 Chan ED, Chan MM, Chan MM. Pulse oximetry: understanding its basic principles facilitates appreciation of its limitations. Respir Med. 2013;107(6):789-99.,1717 Teo J. Early detection of silent hypoxia in Covid-19 pneumonia using smartphone pulse oximetry. J Med Syst. 2020;44(8):134.) Usando uma luz de LED que emite comprimentos de onda fixos e selecionados, os oxímetros de pulso são equipados com um fotodiodo que quantifica a luz transmitida através de um tecido com base na lei de absorção de luz de Beer-Lambert, ou seja, A = ɛ × b × c, em que A é a absorbância, ɛ é o coeficiente de absorção (ou extinção) de Hb em um determinado comprimento de onda, b é o comprimento do caminho que a luz emitida percorre através do vaso, e c é a concentração de Hb.(1414 Hafen BB, Sharma S. Oxygen saturation. 2021 Aug 12. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022.,1616 Chan ED, Chan MM, Chan MM. Pulse oximetry: understanding its basic principles facilitates appreciation of its limitations. Respir Med. 2013;107(6):789-99.) Os oxímetros de pulso foram previamente calibrados usando amostras de GA de indivíduos saudáveis analisados por um hemoxímetro.(1818 Gehring H, Duembgen L, Peterlein M, Hagelberg S, Dibbelt L. Hemoximetry as the “gold standard”? Error assessment based on differences among identical blood gas analyzer devices of five manufacturers. Anesth Analg. 2007;10(6 Suppl):S24-S30.) A oximetria de pulso raramente é contraindicada, embora tenha algumas limitações que devem ser entendidas para evitar armadilhas na interpretação dos valores de SpO2, como a cor da pele. Duas coortes mostraram frequência aproximada três vezes maior que a de hipoxemia oculta (saturação de oxigênio arterial < 88% apesar da saturação de oxigênio de 92% a 96% na oximetria de pulso) em pacientes negros quando comparados a pacientes brancos, o que sugere que outras variáveis devem ser usadas para o diagnóstico de hipoxemia e a titulação dos níveis de oxigênio suplementar.(1919 Sjoding MW, Dickson RP, Iwashyna TJ, Gay SE, Valley TS. Racial bias in pulse oximetry measurement. N Engl J Med. 2020;383(25):2477-8.) A tabela 1 resume as principais limitações.

Tabela 1
Principais limitações da oximetria de pulso

Embora o intervalo normal preciso dos valores de SpO2 ainda seja motivo de debate, é amplamente proposto que os valores basais de SpO2 para pacientes com respiração espontânea em ar ambiente sejam interpretados da seguinte forma: > 97%, função pulmonar normal; 91% a 96%, função pulmonar leve a moderadamente anormal; e < 90%, hipoxemia (indicando efeito shunt). Durante a VM com FiO2 = 1, a SpO2 normal deve ser sempre 100%.(3737 Tusman G, Bohm SH, Suarez-Sipmann F. Advanced uses of pulse oximetry for monitoring mechanically ventilated patients. Anesth Analg. 2017;124(1):62-71.)

Oximetria de pulso como uma tecnologia de monitoramento diário acessível

Nos últimos anos, os oxímetros de pulso estão disponíveis como dispositivos vestíveis não apenas em ambientes de saúde, mas também para o público em geral. Os oxímetros de ponta de dedo podem ser adquiridos em farmácias e lojas de varejo sem receita médica, embora sua disponibilidade tenha ficado limitada desde a pandemia da COVID-19.(1717 Teo J. Early detection of silent hypoxia in Covid-19 pneumonia using smartphone pulse oximetry. J Med Syst. 2020;44(8):134.) Essa escassez pode indicar que os oxímetros de pulso podem estar assumindo papel crescente em ambientes não relacionados à saúde, assim como os monitores de pressão arterial eram antes deles.

Os oxímetros incorporados em telefones celulares e smartwatches mostraram níveis variáveis de precisão entre os dispositivos. Três aplicativos para iPhone que supostamente poderiam fornecer valores precisos de SpO2 mostraram-se pouco confiáveis em um estudo recente.(3838 Jordan TB, Meyers CL, Schrading WA, Donnelly JP. The utility of iPhone oximetry apps: a comparison with standard pulse oximetry measurement in the emergency department. Am J Emerg Med. 2020;38(5):925-8.) Essa também é uma questão importante com oxímetros de pulso portáteis e de baixo custo, pois alguns demonstram leituras altamente imprecisas.(3939 Lipnick MS, Feiner JR, Au P, Bernstein M, Bickler PE. The accuracy of 6 inexpensive pulse oximeters not cleared by the Food and Drug Administration: the possible global public health implications. Anesth Analg. 2016;123(2):338-45.) No entanto, muitos estudos mostraram boa correlação entre oxímetros padrão e oxímetros de smartphones.(1717 Teo J. Early detection of silent hypoxia in Covid-19 pneumonia using smartphone pulse oximetry. J Med Syst. 2020;44(8):134.,4040 Tomlinson S, Behrmann S, Cranford J, Louie M, Hashikawa A. Accuracy of smartphone-based pulse oximetry compared with hospital-grade pulse oximetry in healthy children. Telemed J E Health. 2018;24(7):527-35.

41 Modi A, Kiroukas R, Scott JB. Accuracy of Smartphone Pulse Oximeters in Patients Visiting an Outpatient Pulmonary Function Lab for a 6-Minute Walk Test. Respir Care. 2019;64(Suppl 10):3238714.

42 Brillante C, Binder A, Luo J, Prieto-Centurion V. Can Smartphone-Based Pulse Oximeters Be Used for Monitoring Patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease. Am J Respir Crit Care Med. 2018;197:A4554.
-4343 Tayfur İ, Afacan MA. Reliability of smartphone measurements of vital parameters: a prospective study using a reference method. Am J Emerg Med. 2019;37(8):1527-30.) Quando a SpO2 do usuário é > 90%, esses dispositivos geralmente oferecem boa precisão, gerando a possibilidade de detecção precoce de hipoxemia silenciosa e redução de internações na UTI, de intubações e de mortalidade.(1717 Teo J. Early detection of silent hypoxia in Covid-19 pneumonia using smartphone pulse oximetry. J Med Syst. 2020;44(8):134.)

A oximetria de pulso está inquestionavelmente ganhando terreno em ambientes não relacionados à saúde e se tornando uma tecnologia de monitoramento acessível. Provavelmente seja apenas uma questão de tempo até que os problemas de precisão sejam resolvidos, e a S/F possa ser disponibilizada em smartphones e smartwatches.

Por que usar oxímetros de pulso?

É sempre melhor evitar procedimentos invasivos quando possível. Como dizem os economistas: “não existe almoço grátis”. A GA tem riscos e contraindicações próprias, sendo um procedimento doloroso e que exige habilidades técnicas.(88 Zeserson E, Goodgame B, Hess JD, Schultz K, Hoon C, Lamb K, et al. Correlation of venous blood gas and pulse oximetry with arterial blood gas in the undifferentiated critically ill patient. J. Intensive Care Med. 2018;33(3):176-81.,4444 Pagnucci N, Pagliaro S, Maccheroni C, Sichi M, Scateni M, Tolotti A. Reducing pain during emergency arterial sampling using three anesthetic methods: a randomized controlled clinical trial. J Emerg Med. 2020;58(6):857-63.) A oximetria de pulso tem sido reconhecida como uma ferramenta útil para detectar hipoxemia em instalações com poucos recursos e sem dispositivos de gasometria.(22 Bass CM, Sajed DR, Adedipe AA, West TE. Pulmonary ultrasound and pulse oximetry versus chest radiography and arterial blood gas analysis for the diagnosis of acute respiratory distress syndrome: a pilot study. Crit Care. 2015;19(1):282.) Mesmo quando houver dispositivos de gasometria disponíveis, a gasometria venosa (GV) combinada com SpO2 pode ser uma opção mais simples. Juntas, a SpO2 e a GV podem fornecer informações úteis sobre o estado ácido-base, a ventilação e a oxigenação em pacientes na UTI.(88 Zeserson E, Goodgame B, Hess JD, Schultz K, Hoon C, Lamb K, et al. Correlation of venous blood gas and pulse oximetry with arterial blood gas in the undifferentiated critically ill patient. J. Intensive Care Med. 2018;33(3):176-81.) A S/F permite o monitoramento contínuo da função respiratória “na tela”. Por último, por ser uma tecnologia relativamente antiga, os oxímetros de pulso são muito mais baratos e com maior disponibilidade do que os dispositivos de gasometria.

PODEMOS CONFIAR NA CORRELAÇÃO ENTRE S/FE P/F?

Uma das questões mais importantes é se existe uma correlação aceitável entre S/F e P/F. Até o momento, foi publicado um corpo de evidências pequeno, mas promissor. Em primeiro lugar, é importante discutir evidências préclínicas do papel da SpO2 na previsão ou mesmo na substituição da PaO2 em diferentes cenários. Um estudo realizado em cães tentou predizer a PaO2 a partir da SpO2 usando a curva de dissociação oxigênio-Hb. No entanto, o estudo mostrou apenas leve correlação (0,49 em cães respirando ar ambiente e 0,74 em cães ventilados, ambos p < 0,0001).(4545 Farrell KS, Hopper K, Cagle LA, Epstein SE. Evaluation of pulse oximetry as a surrogate for PaO2 in awake dogs breathing room air and anesthetized dogs on mechanical ventilation. J Vet Emerg Crit Care (San Antonio). 2019; 29(6):622-9.) Abaixo de uma PaO2 de 60mmHg, pequenas reduções no oxigênio no sangue são seguidas por reduções extremas de SpO2, explicadas pela porção sigmoide da curva de dissociação oxigênio-Hb. Resumindo, três estudos em modelos caninos encontraram correlações P/F para S/F variando de 0,76 a 0,95.(5,45,46)

A P/F apresenta relação não linear com a FiO2 em níveis mais baixos de shunt.(4747 Aboab J, Louis B, Jonson B, Brochard L. Relation between PaO2/ FIO2 ratio and FIO2: a mathematical description. Intensive Care Med. 2006;32(10):1494-7.) Nessa linha, com shunt de 20%, a P/F varia consideravelmente com as alterações da FiO2. Nos limites inferior e superior da FiO2, a P/F é substancialmente maior do que na FiO2 intermediária. Além disso, a exposição prolongada a níveis elevados da FiO2 pode influenciar a fração de shunt intrapulmonar devido à atelectasia de absorção. Em pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica aguda, a P/F é mais estável em FiO2 ≥ 0,5 e PaO2 ≤ 100mmHg, valores comuns observados em condições clínicas.(4747 Aboab J, Louis B, Jonson B, Brochard L. Relation between PaO2/ FIO2 ratio and FIO2: a mathematical description. Intensive Care Med. 2006;32(10):1494-7.) Embora ainda não amplamente investigado, esse comportamento também deve ser esperado ao analisar a correlação entre o último e a S/F.

ESTUDOS CLÍNICOS: SITUAÇÃO ATUAL E APLICAÇÕES FUTURAS

Estudos clínicos neonatais e pediátricos

A tabela 2 resume os estudos clínicos de acordo com os critérios PICO. Como a GA é um procedimento desagradável para neonatos e crianças, a S/F tem sido investigada como substituta da P/F nesse subgrupo de pacientes. Certamente, quando é necessária uma linha de sangue arterial para monitorar a pressão arterial média ou medir a pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2), a discussão sobre a substituição da P/F por S/F não faz sentido. No entanto, buscando reduzir a necessidade de cateteres arteriais de demora para medir o índice de oxigenação (pressão média das vias aéreas × FiO2 × 100/PaO2) e diagnosticar objetivamente a IRH e a hipertensão pulmonar persistente em neonatos, Rawat et al. substituíram com sucesso a PaO2 pela SpO2, observando correlação coeficiente de 0,95.(99 Rawat M, Chandrasekharan PK, Williams A, Gugino S, Koenigsknecht C, Swartz D, et al. Oxygen saturation index and severity of hypoxic respiratory failure. Neonatology. 2015;107(3):161-6.) Em outro estudo com crianças com SDRA, foi demonstrado que os marcadores derivados da SpO2 eram substitutos adequados para aqueles que usam PaO2 quando a SpO2 está entre 80% e 97%.(4848 Khemani RG, Thomas NJ, Venkatachalam V, Scimeme JP, Berutti T, Schneider JB, Ross PA, Willson DF, Hall MW, Newth CJ; Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis Network Investigators (PALISI). Comparison of SpO2 to PaO2 based markers of lung disease severity for children with acute lung injury. Crit Care Med. 2012;40(4):1309-16.) Usando a curva de dissociação oxigênio-Hb padrão, um estudo de coorte de crianças com IRA mostrou que, em aproximadamente 95% das vezes, uma SpO2 ≥ 90% indicava uma PaO2 ≥ 60mmHg, destacando que fatores clínicos como pH, PaCO2 e temperatura corporal — todas causas bem conhecidas de mudanças de curva — podem afetar a precisão de inferência desses valores.(88 Zeserson E, Goodgame B, Hess JD, Schultz K, Hoon C, Lamb K, et al. Correlation of venous blood gas and pulse oximetry with arterial blood gas in the undifferentiated critically ill patient. J. Intensive Care Med. 2018;33(3):176-81.,4848 Khemani RG, Thomas NJ, Venkatachalam V, Scimeme JP, Berutti T, Schneider JB, Ross PA, Willson DF, Hall MW, Newth CJ; Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis Network Investigators (PALISI). Comparison of SpO2 to PaO2 based markers of lung disease severity for children with acute lung injury. Crit Care Med. 2012;40(4):1309-16.)

Tabela 2
Resumo dos dados dos estudos clínicos incluídos comparando a razão entre a saturação de oxigênio no sangue arterial e a fração inspirada de oxigênio e a razão entre a pressão parcial de oxigênio arterial e a fração inspirada de oxigênio

Na tentativa de melhorar a previsão da P/F a partir da S/F, pesquisadores usaram medidas transcutâneas de dióxido de carbono em crianças, com resultados positivos, embora preliminares.(4949 Lobete Prieto C, Medina Villanueva A, Modesto I Alapont V, Rey Galán C, Mayordomo Colunga J, los Arcos Solas M. [Prediction of PaO2/FiO2 ratio from SpO2/FiO2 ratio adjusted by transcutaneous CO2 measurement in critically ill children]. An Pediatr (Barc). 2011;74(2):91-6. Spanish.) Em um estudo observacional prospectivo e multicêntrico incluindo seis UTIs pediátricas, um valor de P/F de 300 correspondeu a um valor de S/F de 264 (intervalo de confiança de 95% - IC95% 259 - 269), enquanto na SDRA moderada, um valor de P/F de 200 correspondeu a um valor de S/F de 221 (IC95% 215 - 226).(4848 Khemani RG, Thomas NJ, Venkatachalam V, Scimeme JP, Berutti T, Schneider JB, Ross PA, Willson DF, Hall MW, Newth CJ; Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis Network Investigators (PALISI). Comparison of SpO2 to PaO2 based markers of lung disease severity for children with acute lung injury. Crit Care Med. 2012;40(4):1309-16.) A relação entre S/F e P/F foi expressa de maneira melhor por 1/S/F e 1/P/F, com uma forte relação linear usando a equação de regressão 1/S /F = 0,00232 + 0,443/P/F.(4848 Khemani RG, Thomas NJ, Venkatachalam V, Scimeme JP, Berutti T, Schneider JB, Ross PA, Willson DF, Hall MW, Newth CJ; Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis Network Investigators (PALISI). Comparison of SpO2 to PaO2 based markers of lung disease severity for children with acute lung injury. Crit Care Med. 2012;40(4):1309-16.) Além disso, nesse estudo, um valor S/F de corte de 221 exibiu uma excelente capacidade discriminante para SDRA, com sensibilidade e especificidade de 88% e 78%, respectivamente, para P/F abaixo de 200.(4848 Khemani RG, Thomas NJ, Venkatachalam V, Scimeme JP, Berutti T, Schneider JB, Ross PA, Willson DF, Hall MW, Newth CJ; Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis Network Investigators (PALISI). Comparison of SpO2 to PaO2 based markers of lung disease severity for children with acute lung injury. Crit Care Med. 2012;40(4):1309-16.) Em crianças em estado grave, 1/S/F foi fortemente associada a 1/P/F, resultando na equação 1/S/F = 0,000164 + 0,521/P/F.(5050 Lobete C, Medina A, Rey C, Mayordomo-Colunga J, Concha A, Menéndez S. Correlation of oxygen saturation as measured by pulse oximetry/fraction of inspired oxygen ratio with Pao2/fraction of inspired oxygen ratio in a heterogeneous sample of critically ill children. J Crit Care. 2013;28(4):538. e1-7.)

Outra investigação pediátrica da SDRA sugeriu a seguinte equação de regressão: S/F = 57 + 0,61 × P/F.(5151 Bilan N, Dastranji A, Ghalehgolab Behbahani A. Comparison of the SpO2/ FiO2 ratio and the PaO2/FiO2 ratio in patients with acute lung injury or acute respiratory distress syndrome. J Cardiovasc Thorac Res. 2015;7(1):28-31.) Equações não lineares são mais precisas em prever P/F a partir da S/F do que equações lineares ou log-lineares.(6565 Brown SM, Duggal A, Hou PC, Tidswell M, Khan A, Exline M, Park PK, Schoenfeld DA, Liu M, Grissom CK, Moss M, Rice TW, Hough CL, Rivers E, Thompson BT, Brower RG; National Institutes of Health (NIH)/National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI) Prevention and Early Treatment of Acute Lung Injury (PETAL) Network. Nonlinear imputation of PaO2/FIO2 from SpO2/FIO2 among mechanically ventilated patients in the ICU: a prospective, observational study. Crit Care Med. 2017;45(8):1317-24.) Um estudo epidemiológico de SDRA pediátrica mostrou redução dos dias livres de respirador e dias livres de UTI em crianças com S/F baixa, destacando a associação entre S/F ruim e piores desfechos.(5252 Wong JJ, Loh TF, Testoni D, Yeo JG, Mok YH, Lee JH. Epidemiology of pediatric acute respiratory distress syndrome in Singapore: risk factors and predictive respiratory indices for mortality. Front Pediatr. 2014;2:78.)

Apesar de seu valor inquestionável, principalmente para recém-nascidos, crianças e ambientes com recursos limitados, são necessárias mais evidências e diretrizes específicas para corroborar um uso preciso e seguro da S/F como substituta da P/F nesses pacientes.

Pacientes adultos sem síndrome do desconforto respiratório agudo

Um rho de Spearman de 0,66 (p < 0,001) foi encontrado ao tentar prever saturação de oxigênio (SaO2) a partir de SpO2 em um estudo espanhol com pacientes adultos com pneumonia.(5555 Sanz F, Dean N, Dickerson J, Jones B, Knox D, Fernández-Fabrellas E, et al. Accuracy of PaO2/FiO2 calculated from SpO2 for severity assessment in ED patients with pneumonia. Respirology. 2015;20(5):813-8.) Outro estudo em pacientes anestesiados obteve a equação de regressão S/F = (0,26 × P/F )+ 128, com P/F entre 300 e 200 correspondendo a S/F entre 206 e 180 respectivamente.(5757 Tripathi RS, Blum JM, Rosenberg AL, Tremper KK. Pulse oximetry saturation to fraction inspired oxygen ratio as a measure of hypoxia under general anesthesia and the influence of positive end-expiratory pressure. J Crit Care. 2010;25(3):542.e9-13.) Investigando pacientes na UTI em dois países (Brasil e Países Baixos), pesquisadores descreveram outra equação para a regressão linear de S/F e P/F: S/F = 132,27 + 0,30 × (P/F).(5858 Serpa Neto A, Cardoso SO, Ong DS, Espósito DC, Pereira VG, Manetta JA, et al. The use of the pulse oximetric saturation/fraction of inspired oxygen ratio for risk stratification of patients with severe sepsis and septic shock. J Crit Care. 2013;28(5):681-6.) O mesmo estudo mostrou que, em pacientes com choque séptico, S/F menor (tercil mais baixo) representou aumento das razões de mortalidade (razão de risco - RR = 2,04; IC95% 1,05 - 3,94%) em relação ao grupo de referência (pacientes no tercil mais alto, com S/F acima de 236) e que S/F foram excelentes para discriminar pacientes com hipoxemia grave versus sem hipoxemia grave (P/F abaixo de 100) e com versus sem hipoxemia (P/F acima de 300).(58) Uma investigação unicêntrica de pacientes na UTI em VM mostrou coeficientes de correlação de Spearman de 0,83 (p < 0,05) para S/F e P/F, 83% de sensibilidade e 50% de especificidade para a S/F ≤ 315, indicando P/F ≤ 300, e 70% de sensibilidade e 90% de especificidade para a S/F ≤ 235, indicando P/F ≤ 200.(22 Bass CM, Sajed DR, Adedipe AA, West TE. Pulmonary ultrasound and pulse oximetry versus chest radiography and arterial blood gas analysis for the diagnosis of acute respiratory distress syndrome: a pilot study. Crit Care. 2015;19(1):282.) Em pacientes com trauma torácico, S/F apresenta uma boa correlação com P/F (1 hora póstrauma: R2 = 0,61; 7 horas pós-trauma: R2 = 0,68; 14 horas pós-trauma: R2 = 0,86; 24 horas pós-trauma: R2 = 0,89; 31 horas pós-trauma: R2 = 0,92; 38 horas pós-trauma: R2 = 0,90; 48 horas pós-trauma: R2 = 0,91; p < 0,05 para todos os valores R2 supramencionados).(33 Venegas Sosa AM, Cortés Munguía JA, Flores López EN, Colín Rodríguez J. Correlación de SpO2/FiO2 versus PaO2/FiO2 para monitoreo de la oxigenación en pacientes con trauma de tórax. Med Crit (Col Mex Med Crit). 2018;32(4):201-7.)

A S/F também tem sido investigada na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Investigadores colombianos relataram sensibilidade de 76,9% (IC95% 58,8 - 95%) e especificidade de 39,2% (IC 95% 34,4 - 43,9%) para mortalidade em 30 dias na DPOC em comparação à sensibilidade de 80,8% (IC95% 63,7 - 97,8%) e à especificidade de 53,2% (IC95% 48,3 - 58%) ao usar P/F.(5959 Mantilla BM, Ramírez CA, Valbuena S, Muñoz L, Hincapié GA, Bastidas AR. [Oxygen saturation/fraction of inspired oxygen as a predictor of mortality in patients with exacerbation of COPD treated at the Central Military Hospital]. Acta Med Colomb. 2017;42(4):215-23. Spanish.)

Uma grande limitação na correlação S/F e P/F, com consequências práticas, é quando qualquer forma de oxigênio suplementar é administrada e os valores de SpO2 ficam acima de 90%. Em pacientes com respiração espontânea, o oxigênio suplementar muitas vezes mascara a capacidade de os oxímetros de pulso detectarem hipoventilação, mostrando dessaturação significativamente maior em pacientes que respiram ar ambiente (9,0 versus 2,3%; p = 0,02).(6666 Fu ES, Downs JB, Schweiger JW, Miguel RV, Smith RA. Supplemental oxygen impairs detection of hypoventilation by pulse oximetry. Chest. 2004;126(5):1552-8.) Máscaras faciais e terapia com oxigênio em cânula nasal de alto fluxo (CNAF) são amplamente usados em SEs e SCs; assim, o aumento da FiO2 na porção mais íngreme da curva de dissociação oxigênio-Hb pode mascarar problemas contínuos de troca de gases. Um estudo envolvendo pacientes anestesiados mostrou apenas correlação moderada (r = 0,46; p < 0,01) entre S/F e P/F.(5757 Tripathi RS, Blum JM, Rosenberg AL, Tremper KK. Pulse oximetry saturation to fraction inspired oxygen ratio as a measure of hypoxia under general anesthesia and the influence of positive end-expiratory pressure. J Crit Care. 2010;25(3):542.e9-13.)

Pacientes adultos com síndrome do desconforto respiratório agudo

Embora seja mais fácil realizar GA em adultos do que em neonatos e crianças, usar a S/F como substituta para a P/F pode ser de grande valor, especialmente em ambientes com recursos limitados. Antes de discutir se a S/F é uma boa substituta para a P/F, é importante destacar que foi avaliado outro índice usando SpO2 em vez da PaO2. Assim como o índice de oxigenação foi derivado para neonatos,(99 Rawat M, Chandrasekharan PK, Williams A, Gugino S, Koenigsknecht C, Swartz D, et al. Oxygen saturation index and severity of hypoxic respiratory failure. Neonatology. 2015;107(3):161-6.) o chamado índice de saturação de oxigenação (pressão média das vias aéreas × FiO2 × 100/SpO2) foi desenvolvido usando SpO2 em vez de PaO2 para adultos. O índice de oxigenação e o índice de saturação de oxigenação mostraram bom desempenho preditivo para mortalidade por SDRA usando a análise da curva característica de operação do receptor (ROC - Receiver Operating Characteristcs).(6262 Chen WL, Lin WT, Kung SC, Lai CC, Chao CM. The value of oxygenation saturation index in predicting the outcomes of patients with acute respiratory distress syndrome. J Clin Med. 2018;7(8):205.)

Como as definições de SDRA foram moldadas em ambientes com muitos recursos, torna-se um grande desafio aplicá-las em instalações que carecem de recursos, devido à exigência de ventilação com pressão positiva, gasometria e radiografias de tórax.(6767 Riviello ED, Buregeya E, Twagirumugabe T. Diagnosing acute respiratory distress syndrome in resource limited settings: the Kigali modification of the Berlin definition. Curr Opin Crit Care. 2017;23(1):18-23.) O desafio de diagnosticar SDRA em ambientes com recursos limitados levou pesquisadores a investigar alternativas à GA.(6868 Riviello ED, Kiviri W, Twagirumugabe T, Mueller A, Banner-Goodspeed VM, Officer L, et al. Hospital Incidence and outcomes of the acute respiratory distress syndrome using the Kigali modification of the Berlin definition. Am J Respir Crit Care Med. 2016;193(1):52-9.) Em 2016, foi proposta a modificação de Kigali, substituindo a tomografia computadorizada pelo ultrassom pulmonar e a P/F pela S/F. É notável que uma definição de SDRA aplicável em instalações com recursos limitados - baseada em técnicas simples como oximetria de pulso e ultrassonografia pulmonar - poderia definitivamente reduzir o subdiagnóstico e facilitar estudos epidemiológicos e clínicos de SDRA.(6767 Riviello ED, Buregeya E, Twagirumugabe T. Diagnosing acute respiratory distress syndrome in resource limited settings: the Kigali modification of the Berlin definition. Curr Opin Crit Care. 2017;23(1):18-23.) A análise secundária de um grande estudo de coorte observacional concluiu que pacientes com SDRA diagnosticados por S/F tiveram resultados semelhantes aos pacientes diagnosticados por P/F, indicando que a S/F poderia ser uma substituta para o diagnóstico de SDRA.(6363 Chen W, Janz DR, Shaver CM, Bernard GR, Bastarache JA, Ware LB. Clinical characteristics and outcomes are similar in ARDS diagnosed by oxygen saturation/Fio2 ratio compared with Pao2/Fio2 ratio. Chest. 2015;148(6):1477-83.) Além disso, um estudo unicêntrico propôs S/F limiar de 181 - o que corresponderia à P/F de 200 - para SDRA.(5151 Bilan N, Dastranji A, Ghalehgolab Behbahani A. Comparison of the SpO2/ FiO2 ratio and the PaO2/FiO2 ratio in patients with acute lung injury or acute respiratory distress syndrome. J Cardiovasc Thorac Res. 2015;7(1):28-31.) Assim, as evidências atuais sugerem que a S/F pode, de fato, ser uma ferramenta valiosa para o diagnóstico de IRA e, notadamente, SDRA em ambientes com recursos limitados.(5050 Lobete C, Medina A, Rey C, Mayordomo-Colunga J, Concha A, Menéndez S. Correlation of oxygen saturation as measured by pulse oximetry/fraction of inspired oxygen ratio with Pao2/fraction of inspired oxygen ratio in a heterogeneous sample of critically ill children. J Crit Care. 2013;28(4):538. e1-7.) A figura 1 sugere um algoritmo para usar a S/F como ferramenta diagnóstica e prognóstica para SDRA em adultos. Os benefícios clínicos de estabelecer valores de corte de S/F para o diagnóstico de IRA são claros, e a S/F foi testada com sucesso em uma ferramenta de triagem automatizada de SDRA (correlação de rho de Spearman = 0,72, p < 0,001).(5353 Schmidt MF, Gernand J, Kakarala R. The use of the pulse oximetric saturation to fraction of inspired oxygen ratio in an automated acute respiratory distress syndrome screening tool. J Crit Care. 2015;30(3):486-90.) Um estudo recente mostrou que a S/F forneceu precisão superior ou igual na previsão de transferências de UTI da enfermaria respiratória em comparação com escores de alerta precoce preexistentes (Modified Early Warning Scores - MEWS -; National Early Warning Scores - NEWS - e Vitalpac Early Warning Score - ViEWS).(5454 Kwack WG, Lee DS, Min H, Choi YY, Yun M, Kim Y, et al. Evaluation of the SpO2/FiO2 ratio as a predictor of intensive care unit transfers in respiratory ward patients for whom the rapid response system has been activated. PLoS One. 2018;13(7):e0201632.)

Figura 1
Algoritmo para usar a saturação de oxigênio no sangue arterial para a proporção da fração inspirada de oxigênio como ferramenta diagnóstica e prognóstica da síndrome do desconforto respiratório agudo em adultos.

SpO2 - saturação de oxigênio no sangue arterial; FiO2 - fração inspirada de oxigênio; S/F - razão entre a saturação de oxigênio no sangue arterial e a fração inspirada de oxigênio; PEEP - pressão positiva expiratória final; SDRA - síndrome do desconforto respiratório agudo.


Uso da razão entre saturação de oxigênio no sangue arterial e fração inspirada de oxigênio em escores clínicos

A proporção de saturação de oxigênio no sangue arterial para P/F foi validada como um substituto para P/F no SOFA. Por exemplo, os valores de 89, 214, 357 e 512 corresponderam à P/F de 100, 200, 300 e 400, respectivamente, em pacientes ventilados mecanicamente. Diferentes valores de pressão positiva expiratória final (PEEP) demonstraram ter impacto na S/F. Ao ventilar com PEEP < 8cmH2O, a S/F de 115, 240, 370 e 502 corresponderam a P/F de 100, 200, 300 e 400, respectivamente. Em uma PEEP entre 8 e 12cmH2O, a mesma P/F correspondeu a S/F de 130, 259, 387 e 515, enquanto, em PEEP > 12cmH2O, elas corresponderam a valores de S/F de 129, 234, 332 e 425. Tanto a S/F quanto a P/F se correlacionaram de forma semelhante com desfechos clínicos robustos, como o tempo de permanência na UTI e os dias sem respirador, nessa coorte de pacientes críticos.(1010 Pandharipande PP, Shintani AK, Hagerman HE, St Jacques PJ, Rice TW, Sanders NW, et al. Derivation and validation of Spo2/Fio2 ratio to impute for Pao2/Fio2 ratio in the respiratory component of the Sequential Organ Failure Assessment score. Crit Care Med. 2009;37(4):1317-21.) A figura 2 mostra a S/F esperada de acordo com os valores relevantes de P/F em diferentes níveis de PEEP em pacientes com SDRA e pacientes sem SDRA, de acordo com a função log-log entre S/F e P/F fornecida pelo estudo de Pandharipande et al.,(1010 Pandharipande PP, Shintani AK, Hagerman HE, St Jacques PJ, Rice TW, Sanders NW, et al. Derivation and validation of Spo2/Fio2 ratio to impute for Pao2/Fio2 ratio in the respiratory component of the Sequential Organ Failure Assessment score. Crit Care Med. 2009;37(4):1317-21.) que usou relevante banco de dados do ARDS Network.

Figura 2
Saturação esperada de oxigênio no sangue arterial para a razão da fração inspirada de oxigênio de acordo com valores relevantes da razão da pressão parcial de oxigênio arterial para a fração inspirada de oxigênio em diferentes níveis de pressão positiva expiratória final em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo e naqueles sem a síndrome.

Em níveis baixos de pressão positiva expiratória final (< 8cmH2O), a baixa PaO2/FiO2 (50 e 100mmHg) mostrou boa concordância com a SpO2/FiO2, enquanto houve uma subestimação da SpO2/FiO2 com alta PaO2/FiO2 (300 e 400mmHg). Em níveis mais altos de pressão positiva expiratória final (> 12cmH2O), houve uma subestimação da SpO2/FiO2 com baixa PaO2/FiO2 (50 e 100mmHg), enquanto, com alta PaO2/FiO2 (300 e 400mmHg), houve boa concordância com a SpO2/FiO2. Houve uma subestimação da SpO2/FiO2 com alta PaO2/FiO2 (300 e 400mmHg) em pacientes sem síndrome do desconforto respiratório agudo. SpO2/ FiO2 - saturação de oxigênio no sangue arterial/fração inspirada de oxigênio; PaO2/FiO2 - pressão parcial de oxigênio arterial/fração inspirada de oxigênio; SDRA - síndrome do desconforto respiratório agudo; PEEP - pressão positiva expiratória final.


Da mesma forma, a S/F foi testada com sucesso em um sistema SOFA modificado (MEXSOFA).(1111 Namendys-Silva SA, Silva-Medina MA, Vásquez-Barahona GM, BaltazarTorres JA, Rivero-Sigarroa E, Fonseca-Lazcano JA, et al. Application of a modified sequential organ failure assessment score to critically ill patients. Braz J Med Biol Res. 2013;46(2):186-93.) A PEEP melhora a relação ventilação/perfusão, embora não interfira na curva de dissociação oxigênio-Hb.

Apesar das limitações descritas, a S/F tem se mostrado ferramenta clínica promissora. Foram propostos dois novos marcadores derivados de S/F: o tempo em risco da S/F (S/FTAR) e o índice de taxa de oxigenação respiratória (ROX). A S/F-TAR exibe a proporção de tempo nas primeiras 24 horas de VM em que um paciente apresenta hipoxemia grave, definida por S/F abaixo de 150. No estudo original, pacientes com S/F-TAR de 0% apresentaram taxas de mortalidade hospitalar significativamente menores do que aqueles com S/F-TAR de 24 horas entre 91% e 100% (16,4% versus 70,2%).(6060 Adams JY, Rogers AJ, Schuler A, Marelich GP, Fresco JM, Taylor SL, et al. Association between peripheral blood oxygen saturation (SpO2)/ fraction of inspired oxygen (FiO2) ratio time at risk and hospital mortality in mechanically ventilated patients. Perm J. 2020;24:19.) O índice ROX é definido como S/F dividida pela frequência respiratória e tem sido investigado como ferramenta prognóstica para intubação em pacientes sob terapia com CNAF.(6969 Roca O, Caralt B, Messika J, Samper M, Sztrymf B, Hernández G, et al. An index combining respiratory rate and oxygenation to predict outcome of nasal high-flow therapy. Am J Respir Crit Care Med. 2019;199(11):1368-76.

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Estudos clínicos sobre a COVID-19

Os países em desenvolvimento enfrentaram escassez de recursos muito antes da atual pandemia. A modificação de Kigali para o diagnóstico de SDRA é um excelente exemplo de esforço para superar essas limitações. No entanto, a pandemia da COVID-19 mostrou a importância de reduzir os custos médicos para permitir uma prestação de cuidados vultosa para toda a população, mesmo em países ricos em recursos. Consequentemente, o uso da S/F em vez da P/F pode ser de grande valor no manejo de pacientes com COVID-19. Infelizmente, há somente um pequeno conjunto de evidências para corroborar esse uso; nossa revisão de literatura encontrou apenas dois estudos sobre o tema. O primeiro foi uma discussão teórica sobre o uso da oximetria de pulso em smartphone para a detecção precoce de hipoxemia silenciosa em pacientes ambulatoriais com COVID-19, levantando a possibilidade da detecção precoce de pneumonia e a consequente redução de internações em UTI, intubações e mortalidade.(1717 Teo J. Early detection of silent hypoxia in Covid-19 pneumonia using smartphone pulse oximetry. J Med Syst. 2020;44(8):134.) No segundo estudo, os autores observaram redução acentuada da S/F em não sobreviventes entre os pacientes de UTI com COVID-19, destacando forte associação entre a S/F e o risco de mortalidade. O mesmo estudo sugere que a S/F pode representar um marcador prognóstico não invasivo em pacientes hospitalizados com COVID-19.(1212 Lu X, Jiang L, Chen T, Wang Y, Zhang B, Hong Y, et al. Continuously available ratio of SpO2/FiO2 serves as a noninvasive prognostic marker for intensive care patients with COVID-19. Respir Res. 2020;21(1):194.)

COMENTÁRIOS FINAIS

Há certa evidência de que os critérios da S/F podem ser um substituto da P/F em diferentes cenários clínicos. Isso é reforçado pelo fato de que procedimentos invasivos desnecessários devem ser evitados em pacientes com IRA, e as diretrizes clínicas recomendam o monitoramento contínuo da oximetria de pulso nesses paciente.(7575 Fichtner F, Moerer O, Weber-Carstens S, Nothacker M, Kaisers U, Laudi S; Guideline group. Clinical guideline for treating acute respiratory insufficiency with invasive ventilation and extracorporeal membrane oxygenation: evidencebased recommendations for choosing modes and setting parameters of mechanical ventilation. Respiration. 2019;98(4):357-72.) É inegável que os oxímetros de pulso estão se tornando uma tecnologia de monitoramento difundida e de baixo custo; portanto, substituir a P/F por S/F pode permitir que até mesmo instalações com recursos limitados diagnostiquem a IRA de forma objetiva.(11 Batchinsky AI, Wendorff D, Jones J, Beely B, Roberts T, Choi JH, et al. Noninvasive SpO2/FiO2 ratio as surrogate for PaO2/FiO2 ratio during simulated prolonged field care and ground and high-altitude evacuation. J Trauma Acute Care Surg. 2020;89(2S Suppl 2):S126-3.,3939 Lipnick MS, Feiner JR, Au P, Bernstein M, Bickler PE. The accuracy of 6 inexpensive pulse oximeters not cleared by the Food and Drug Administration: the possible global public health implications. Anesth Analg. 2016;123(2):338-45.) Os médicos podem reconhecer o baixo valor da S/F como um parâmetro de ponto de tempo único e, simultaneamente, usá-lo em um perspectiva longitudinal e incorporá-lo a novos índices que têm demonstrado relevância em estudos clínicos recentes. Por último, mas não menos importante, a S/F pode fornecer uma alternativa de custo zero para o diagnóstico de IRA na COVID-19, embora deva-se sempre ter as limitações da oximetria de pulso em mente.

  • Financiamento
    Apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Brasília, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Rio de Janeiro, e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

REFERÊNCIAS

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Editado por

Editor responsável: Alexandre Biasi Cavalcanti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2022

Histórico

  • Recebido
    24 Abr 2021
  • Aceito
    28 Set 2021
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