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Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

Federal universities in the state of Minas Gerais: analysis of scientific research production and knowledge within the context of the innovation system in Minas Gerais

Resumos

Neste trabalho buscou-se mapear as principais características da alocação de recursos voltados para pesquisa acadêmica e ensino superior nas universidades federais mineiras. Tal caracterização realizou-se por meio de dados referentes a tais instituições cedidos pelo Ministério da Educação, bem como mediante informações obtidas nos Diretórios de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Não surpreendentemente, a Universidade Federal de Minas Gerais aparece como ator principal entre as universidades federais mineiras, sendo a principal receptora de recursos e líder em produção científica e oferta de ensino superior. Com base nas características observadas, surgem diversas questões que buscam avançar no amplo debate a respeito da alocação dos gastos públicos em educação de nível superior e pesquisa acadêmica no Brasil.

universidades; produção de conhecimento; sistema nacional de inovação


In this study we mapped out the main features of the allocation of resources focused on academic research and higher education in the federal universities in Minas Gerais. This characterization was carried out using data from such institutions assigned by the Ministry of Education, as well as information obtained through the directories of research groups of the National Counsel of Technological and Scientific Development (CNPq). Not surprisingly, the Federal University of Minas Gerais appears as a leading actor among the federal universities in Minas Gerais, and it is the main recipient of funds and a leader in scientific production and higher education. Based on the observed characteristics, there are several questions that seek to advance the broader debate about the allocation of public spending on higher education and academic research in Brazil.

universities; knowledge production; national innovation system


ECONOMIA E SOCIEDADE BRASILEIRAS

Universidades federais mineiras: análise da produção de pesquisa científica e conhecimento no contexto do sistema mineiro de inovação

Federal universities in the state of Minas Gerais: analysis of scientific research production and knowledge within the context of the innovation system in Minas Gerais

Tulio ChiariniI; Karina Pereira VieiraII; Paola La Guardia ZorzinIII

IDoutorando em Economia pela Unicamp e professor do IEPG/UNIFEI

IIMestre em Economia pelo CEDEPLAR/UFMG e analista econômico do IBGE/MG

IIIMestre em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG e analista econômico do SEBRAE/MG

RESUMO

Neste trabalho buscou-se mapear as principais características da alocação de recursos voltados para pesquisa acadêmica e ensino superior nas universidades federais mineiras. Tal caracterização realizou-se por meio de dados referentes a tais instituições cedidos pelo Ministério da Educação, bem como mediante informações obtidas nos Diretórios de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Não surpreendentemente, a Universidade Federal de Minas Gerais aparece como ator principal entre as universidades federais mineiras, sendo a principal receptora de recursos e líder em produção científica e oferta de ensino superior. Com base nas características observadas, surgem diversas questões que buscam avançar no amplo debate a respeito da alocação dos gastos públicos em educação de nível superior e pesquisa acadêmica no Brasil.

Palavras-chave: universidades, produção de conhecimento, sistema nacional de inovação.

Classificação JEL O33, I23, I28.

ABSTRACT

In this study we mapped out the main features of the allocation of resources focused on academic research and higher education in the federal universities in Minas Gerais. This characterization was carried out using data from such institutions assigned by the Ministry of Education, as well as information obtained through the directories of research groups of the National Counsel of Technological and Scientific Development (CNPq). Not surprisingly, the Federal University of Minas Gerais appears as a leading actor among the federal universities in Minas Gerais, and it is the main recipient of funds and a leader in scientific production and higher education. Based on the observed characteristics, there are several questions that seek to advance the broader debate about the allocation of public spending on higher education and academic research in Brazil.

Key words: universities, knowledge production, national innovation system.

JEL Classification O33, I23, I28.

1_ Introdução

As Instituições de Ensino Superior (IES) são atores fundamentais no processo de criação e disseminação de novos conhecimentos e invenções, por meio de pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento e engenharia, não somente em âmbito regional, mas também em âmbito nacional. As universidades, grosso modo, possuem duas funções sociais básicas: formar uma população mais educada, uma sociedade mais esclarecida e "iluminada" e culturalmente mais elevada, e produzir conhecimento científico (Nowotny et al., 2001). Dentro de um Sistema de Inovação (SI), o enfoque de uma IES deve ser sobre a produção de conhecimento, devendo servir como incubadoras de novas ideias que possam ser transbordadas para a sociedade e aplicadas em processos inovativos, já que a inovação é o principal dinamizador da atividade capitalista, para muitos economistas heterodoxos.

O objetivo deste artigo é analisar a capacidade de geração de conhecimento das universidades federais do Estado de Minas Gerais, o qual concentra o maior número de universidades públicas federais (20% de todas as universidades federais do Brasil). A análise é feita enfocando-se principalmente a função social desses atores institucionais, cujo papel é fundamental nos Sistemas de Inovação (SI), de serem capazes de gerar conhecimento que possa fluir para os demais agentes (sobretudo as empresas). O SI consiste em instituições e organizações distintas que se influenciam mutuamente no desenvolvimento, na absorção e na difusão de conhecimento, de modo a gerar inovação mediante o aprendizado e/ou a imitação, contribuindo para o desenvolvimento e a difusão de tecnologias produtivas.

A abordagem tem suas raízes no caráter evolucionário do capitalismo proposto por Schumpeter (1911[1982]), o qual ainda enfatizou as forças endógenas presentes no processo de desenvolvimento, mas não se manifestam claramente e renovam a vida econômica (destruição criadora). Essa perspectiva teórica revitalizou-se com as investiduras dos neosschumpeterianos, como Freeman (1987), Dosi et al. (1988) e Lundvall (1992), e dos evolucionários, como Nelson (1993). Mesmo sendo amplamente discutido, o SI é apenas um arranjo heurístico e não forma (ainda) uma teoria descritiva, contudo serve como método analítico neste trabalho.

A literatura nacional, recentemente, tem apresentado um número crescente de estudos que buscam verificar o/a impacto/relação das IES brasileiras sobre/com o Sistema Brasileiro de Inovação, como, por exemplo, Albuquerque (1996), Albuquerque (1998), Cruz (2004), Albuquerque et al. (2005), Rapini (2007), Renault et al. (2008), Póvoa e Rapini (2009), Rapini et al. (2009), Esteves e Meirelles (2009), Mello et al. (2009) e Suzigan e Albuquerque (2009). O mesmo tem sido feito em âmbito mineiro por Silva et al. (2000), Rapini e Campos (2004), Albuquerque et al. (2005), Rapini et al. (2006), Righi e Rapini (2006). Entretanto, esses trabalhos não tiveram como objetivo comparar a capacidade de geração de conhecimento de um conjunto de IES ou universidades do Brasil ou mesmo de uma determinada região, objetivo proposto por este trabalho para Minas Gerais com base na análise de algumas estatísticas propositalmente escolhidas com esse fim.

Neste artigo, inicialmente, apresenta-se o papel das universidades na geração de conhecimento no contexto dos SI. Em seguida, faz-se uma análise descritiva a respeito das IES brasileiras, tendo como foco principal as universidades federais mineiras. Destaca-se também o papel-chave que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desempenha na produção de conhecimento no Sistema Mineiro de Inovação, uma vez que quase metade dos investimentos realizados pelas universidades federais mineiras foi realizada por ela. Além disso, a UFMG apresenta o maior volume de grupos de pesquisa, de pesquisadores, de produção científica, e a maior porcentagem de doutores das federais mineiras estão ali alocados. Ao final, algumas considerações são tecidas.

2_ Universidades e geração de conhecimento

O conhecimento1 1 O conhecimento pode ser classificado de acordo com a sua natureza: conhecimento codificado (explícito) ou tácito (implícito). O primeiro pode ser facilmente transmitido por meio de infraestruturas informacionais, ou seja, pode ser transferido de maneira relativamente fácil através de longas distâncias e para além das fronteiras nacionais e organizacionais, a um custo relativamente baixo. Já o conhecimento tácito ou conhecimento embedded (aquele contido nas rotinas), ao contrário do primeiro, não pode ser facilmente disseminado objetivamente, uma vez que normalmente não é exposto de maneira explícita (documentada) e, portanto, não pode ser facilmente transformado em informação (Tigre, 2006, p.104). pode ser entendido como um bem híbrido (semipúblico) ou, nas palavras de Stiglitz (1999), um bem público impuro. Conforme a teoria microeconômica, um bem privado puro é aquele cujo consumo é rival e exclusivo, enquanto um bem público puro, contrariamente, é aquele cujo consumo é não rival e não exclusivo. O conhecimento, apesar de geralmente ser não rival e não exclusivo, pode se tornar exclusivo, como é o caso dos segredos industriais e das patentes (Reis, 2008).

Com base nos argumentos de Pigou (1932), é possível reconhecer três mecanismos de formação do conhecimento: i) por subsídios; ii) por pesquisa produzida diretamente pelo governo; e iii) pelo "mercado do conhecimento", este último se referindo ao estímulo por pesquisa e inovação gerado pelas patentes. Este artigo concentra-se na produção de conhecimento por subsídios, tratando-se, nesse caso, de subsídios governamentais, os quais mantêm a geração de conhecimento, por exemplo, pelas universidades federais.

Para se ter uma ideia, em 2009, foram orçados ao Ministério da Educação (MEC) mais de R$ 15 bilhões para o Ensino Superior Federal e R$128 milhões para o desenvolvimento científico, de um total de R$ 36 bilhões disponibilizados a esse Ministério, ou seja, o total orçado para o Ensino Superior Federal brasileiro correspondeu a mais de 40% de todo o orçamento do MEC (CGU, 2009). Além disso, o governo federal injetou nas universidades outros recursos vindos, por exemplo, do Ministério da Ciência e Tecnologia, cujo orçamento autorizado da função C&T, em 2009, foi de R$ 6 bilhões; a subfunção Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia contou com 45% desse valor (CGU, 2009).

É importante, no entanto, ressaltar que os outros atores potenciais na geração de conhecimento, como centros de pesquisa, agências governamentais, laboratórios industriais, consultorias e think-tanks estão ligados às universidades e uns aos outros, formando uma rede de comunicação e pesquisa conduzida com interação mútua (Gibbons et al.,1994).

A geração de novos conhecimentos dentro das universidades tem sido, cada vez mais, alvo do interesse de diversas empresas e do próprio Estado, na chamada "Era do Conhecimento",2 2 O conhecimento torna-se elemento tão importante que parte substancial da economia gira ao redor de atividades que o promovam, justificando-se, portanto, o uso das expressões como "Economia do Conhecimento" ( knowledge-based economy), "Sociedade do Conhecimento" e "Era do Conhecimento" para caracterizar uma dinâmica fortemente ancorada em atividades intensivas na geração/difusão de conhecimento. O termo foi cunhado para demonstrar que o conhecimento é central para o desenvolvimento econômico (OECD, 1996; OECD, 1997; Foray; Lundvall, 1998; Lastres; Ferraz, 1999; Cimoli; Constantino, 2000; Boekema; et al., 2000; Foray, 2004; Lundvall, 2008a; Lundvall, 2008b). Smith (2002) questiona o termo knowledge-based economy, pois para ele o conhecimento sempre foi importante no escopo da economia capitalista. Foi igualmente importante no século XIX, por exemplo. e a atenção dada às interações entre Estado, universidade e empresa já havia sido levantada por Sábato e Botana (1968). As universidades deixaram de ser, nas palavras de Mowery e Sampat (2005), "torres de marfim" voltadas para a busca do conhecimento per se e passaram a ser encaradas como ativos estratégicos. O Estado tem buscado usar as universidades como meio para se desenvolver nessa "Nova Era":

Universities play important roles in the 'knowledge-based' economies of modern industrial and industrializing states as sources of trained 'knowledge workers' and ideas flowing from both basic and more applied research activities

(Mowery; Sampat, 2005, p. 26).

Os produtos/resultados de importância econômica da pesquisa universitária apresentam diversas formas e variam com o tempo e de acordo com a indústria. Informação científica e tecnológica, equipamentos e instrumentos, habilidades/capital humano, network de capacidades científicas e tecnológicas e protótipos de novos processos e produtos são alguns exemplos dessa gama de produtos que são gerados com a pesquisa universitária (Mowery; Sampat, 2005).

Quando se associa o ator universidade ao ator empresa, dentro de um SI, verificam-se ganhos de ambos os lados e para a sociedade como um todo graças ao transbordamento do conhecimento proveniente da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) realizada através de novos produtos e processos aprimorados. Contudo, esse transbordamento de conhecimento e a busca pela inovação a partir da relação universidade-empresa podem ser inibidos por atritos3 3 Segundo Davenport e Prusak ( apud Reis, 2008), os principais atritos seriam: falta de confiança mútua, diferenças culturais, falta de tempo e de locais de encontro, falta de capacidade de absorção pelos recipientes, crença de que o conhecimento é prerrogativa de determinados grupos, síndrome do not invented here, intolerância com erros ou necessidade de ajuda, entre outros. que retardam ou impedem a transferência, como sugere Reis (2008).

No que tange aos benefícios da relação universidade-empresa, tem-se que, do lado das universidades, a parceria com empresas para a geração de conhecimento possibilita novas fontes de recursos para pesquisa. Do lado das empresas, a vantagem relaciona-se à maior capacidade inovativa e, consequentemente, à competitividade. Cohen et al. (2002), com base em uma análise empírica para avaliar a influência da pesquisa pública (universidades e laboratórios governamentais de P&D) sobre a P&D industrial do setor manufatureiro norte-americano, concluíram que a pesquisa universitária contribui para que projetos industriais sejam concluídos e/ou auxiliem a implementação de novos projetos na maioria das empresas. Kim et al. (2005) registraram que há evidências do crescimento da influência da pesquisa universitária na inovação industrial, de 1985 a 1997, também nos Estados Unidos.

A sociedade, por sua vez, é beneficiada pela parceria universidade-empresa por meio da geração de outros produtos e processos aprimorados. Além disso, as universidades promovem a formação e o aprimoramento de profissionais, mediante treinamentos, capacitando-os a trabalhar de acordo com a demanda das empresas, sendo ainda o único local para treinamento de especialistas em número suficiente para sustentar as ciências, medicina, tecnologia e sistemas de comunicação globalizados (Nowotny et al., 2001).

Dessa forma, as universidades, por si sós, ao formarem pessoas qualificadas, influenciam a capacidade de absorção de conhecimentos pela sociedade, ou seja, elevam a capacidade de a sociedade compreender tecnologias e conhecimentos externos (não produzidos nela) e, consequentemente, aumentam a capacidade de a sociedade utilizar esses conhecimentos. Isso possibilita que a sociedade seja capaz também de produzir outros conhecimentos e não apenas agir como mera copiadora ou absorvedora do que as universidades criam (Rosenberg; Nelson, 1994; Pavitt, 1998, Nowotny et al., 2001). Segundo Premus (2003), as universidades acabam tendo impacto no crescimento econômico regional graças à excelência em pesquisa avançada e ao aumento do estoque de capital humano da região. A combinação de crescimento nos estoques de conhecimento e oferta de capital humano gera retornos crescentes na região do sistema de produção de conhecimento e na comercialização das invenções (Premus, 2003).

Portanto, é essencial a função das universidades como geradoras de conhecimento dentro de um Sistema de Inovação (Mowery; Sampat, 2005; Mazzoleni, 2005; Mazzoleni; Nelson, 2005). Entretanto, são intrincadas as relações e os papéis de todos os atores envolvidos na produção de conhecimento em um SI, além do papel essencial exercido pela própria sociedade na absorção desse. Neste artigo, a análise se restringe à capacidade de geração de conhecimento dentro das universidades federais mineiras, não sendo abordadas as questões relacionadas à capacidade da sociedade mineira ou brasileira de absorver esse conhecimento, o que já envolveria análises muito mais complexas, estando, por esse motivo, fora do escopo deste artigo. Nem faz parte do escopo analisar a produção de conhecimento em todas as IES mineiras; sendo assim, restringimos a análise somente sobre as universidades federais mineiras.

3_ Retrato das universidades federais mineiras

As universidades federais brasileiras não formam um grupo homogêneo de criação de conhecimento, ou seja, existem universidades mais intensivas na geração e produção de conhecimento e invenções que outras. A maioria das instituições privadas nacionais4 4 Universidades privadas correspondem ao somatório das universidades particulares e Comunitária/Confessional/Filantrópica. de ensino superior está focada apenas em ensino. Considerando-se que não é a intenção deste trabalho discutir a relevância ou a qualidade da formação oferecida pelas IES privadas brasileiras, cabe aqui apenas destacar que instituições privadas de ensino superior que se dedicam à pesquisa científica são raras exceções, ficando a produção de conhecimento científico a cargo principalmente das universidades públicas.5 5 Universidades públicas correspondem ao somatório das universidades federais, estaduais e municipais. Na linguagem de Nowotny et al. (2001), pode-se dizer que as universidades privadas, grosso modo, estão preocupadas com a knowledgeability6 6 Em português knowledgeability pode ser traduzido como "cognoscibilidade", ou seja, capacidade de entendimento. , isto é, com a formação de uma população mais educada, uma sociedade mais esclarecida e "iluminada" e culturalmente mais elevada. Em contrapartida, as universidades públicas brasileiras estão engajadas, além da knowledgeability, na produção de conhecimento científico per se.

Um fator que aponta para a diferença de funções entre as universidades privadas e públicas é o diferencial em termos de recursos humanos. Valendo-se da Sinopse Estatística da Educação Superior de 2008 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, vê-se que, do total de docentes universitários brasileiros, 115.659 apresentam o título de mestrado ou doutorado, valor que corresponde a 69% do total. Desagregando esse valor entre as universidades, tem-se que 72.291 docentes nas universidades públicas apresentam essas titulações, ou seja, 75% dos docentes dessas instituições. Nas universidades federais, a participação de docentes com o título de mestre ou doutor é ainda maior, 79%, representando um total de 42.304 docentes. Finalmente, nas universidades privadas, o número de mestres ou doutores docentes é de 43.368, representando 61% da titulação nessas instituições (Tabela 1). O fato de haver maior representatividade de mestres e doutores nas universidades federais, quando comparadas às universidades privadas, reafirma a maior capacidade de produção de conhecimento pelas universidades públicas, já que aqueles são profissionais altamente qualificados, convivendo e trabalhando em um ambiente propício à produção de conhecimento.

Quando se observa a distribuição de universidades federais pelo Brasil, nota-se que Minas Gerais é um Estado brasileiro atípico. Isso porque é o Estado da Federação com mais universidades públicas federais, representando 20% de todas as universidades federais do Brasil. No total, o país apresenta 55 universidades federais e em Minas Gerais encontram-se 11 dessas, valor esse superior ao número de universidades federais das regiões Norte (com oito universidades federais), Sul (com nove universidades federais) e Centro-Oeste (com cinco universidades federais), como pode ser visto na Tabela 2.

Encontramos as seguintes universidades federais em Minas: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM), Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL) e Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).

Essas 11 universidades federais mineiras não formam um grupo homogêneo. Isso pode ser comprovado analisando-se indicadores bastante simples como, por exemplo, a porcentagem de docentes em regime integral de dedicação exclusiva. O cargo efetivo de professor de ensino superior em dedicação exclusiva determina que os docentes, além de ministrarem disciplinas, devem estar envolvidos na execução de atividades pertinentes à pesquisa e à extensão, que são indissociáveis. Temos que 87% dos docentes das universidades federais mineiras estão em regime integral de dedicação exclusiva. UFLA, UFOP, UFU, UFVJM, UNIFAL e UNIFEI apresentam mais de 95% do seu quadro de docentes em regime de dedicação exclusiva. A universidade federal mineira com menor percentual é a UFTM, com 76% de docentes nesse regime (Gráfico 1a). Verificando-se a distribuição do total de docentes em regime de dedicação exclusiva entre as universidades federais mineiras, pode-se notar que a UFMG concentra a maior quantidade de docentes, apresentando 31% do total, seguida pela UFU, com 17% (Gráfico 1b).


Do total de docentes mineiros, 64% possuem o título de doutor. A universidade que apresenta a maior porcentagem de doutores é a UFLA, com 89% do seu quadro de docentes com a titulação de doutor, seguida da UNIFEI, com 78%; da UFV, com 76%; e da UFMG, com 71,88%. Já a UFJF e a UFVJM são as que apresentam menos doutores: 49% e 50%, respectivamente (Gráfico 2a). Por outro lado, do total de doutores em Minas Gerais, 38% estão alocados na UFMG, seguida da UFU, com 13% do total de doutores mineiros (Gráfico 2b). Obviamente que a concentração de docentes e de doutores na UFMG gera impactos não somente quanto ao volume de pesquisa realizada, mas também quanto ao volume de investimentos realizados em pesquisa pela universidade.


Outra variável de interesse que atesta a heterogeneidade entre as universidades mineiras é o número de cursos presenciais ofertados. O número de cursos presenciais pode estar relacionado ao maior número de docentes e, consequentemente, ao volume de produção científica. Dados do MEC/INEP mostram que, dos 318 cursos totais oferecidos pelas universidades federais mineiras, 17% deles são oferecidos pela UFU e 16% pela UFMG. A UFTM, a UNIFAL e a UNIFEI são as que ofertam menos cursos, apesar de haver planos de aumentar a oferta nessas universidades nos próximos anos (Gráfico 3b). A oferta de vagas por universidade também difere: em 2008, houve um total de mais de 18 mil vagas ofertadas por tais instituições, das quais 4.774 foram oferecidas pela UFMG, ou seja, 30% do total. A UFTM foi a que ofertou menos vagas: somente, 1% do total (Gráfico 3a). Como se vê, a UFU e a UFMG, as faculdades com maior número de docentes, também são as que apresentam mais cursos presenciais e, como será visto adiante, também se destacam em volume de artigos publicados.


Com respeito à demanda por esses 318 cursos oferecidos (referentes a 18.706 vagas) pelas universidades federais no território mineiro, tem-se que, em 2008, houve uma procura de mais de 217 mil inscritos,7 7 Em geral há dupla (tripla ou mais) contagem no número de inscritos tendo em vista que o estudante que participa de mais de um vestibular (ou outro processo de seleção) foi computado mais de uma vez. o que daria mais de 684 inscritos/curso, ou 11,64 candidatos/vaga. A demanda é também desigual entre as universidades, e 32% dos inscritos foram aqueles que se candidataram a uma vaga na UFMG ( mais de 65 mil candidatos), 13% na UFJF (mais de 28 mil candidatos) e 12% na UFOP (mais de 25 mil candidatos). As que tiveram menor porcentagem de inscritos foram a UFVJM e a UNIFAL com, respectivamente, 3% e 2% dos inscritos totais mineiros, ou seja, 6.307 e 4.307 inscritos, respectivamente. Calculando o total de inscritos no vestibular (e outros processos seletivos) dividido pelo número de cursos (representando a demanda por cursos), tem-se que a maior procura por cursos ocorre na UFTM, seguida da UFMG, com 1.322 e 1.294 inscritos por curso.

Analisando o total de vagas disponibilizadas pelo número de cursos (representando a oferta de cursos), tem-se que a maior oferta é da UFMG, com 94 vagas em média por curso (Gráfico 4). A alta demanda por curso nas universidades federais mineiras pode ser interpretada como fator positivo sobre a qualidade do aprendizado nessas instituições, bem como sobre a capacidade de produção de conhecimento delas. Isso porque a elevada demanda por curso contra a oferta restrita de vagas permite a seleção de candidatos mais capacitados e que sinalizam alta capacidade de aprendizado e elevada produtividade, que podem ser, obviamente, aproveitadas no desenvolvimento de pesquisas dentro da universidade.


Baseando-se nesse retrato apresentado das universidades mineiras, é possível analisar com mais detalhes suas diferenças em termos de produção de conhecimento, o que será feito na seção a seguir.

4_ Geração de conhecimento nas universidades federais de MG

A distribuição de pesquisadores entre as universidades federais mineiras também não é homogênea. Em 2008, dos mais de 11 mil pesquisadores8 8 De acordo com informações do CNPq, pesquisador não é sinônimo de professor, já que, no Diretório dos Grupos de Pesquisa, o termo pesquisador é usado para os membros graduados ou pós-graduados da equipe de pesquisa, diretamente envolvidos com a realização de projetos e com a produção científica, tecnológica e artística do grupo, podendo o pesquisador ser de outra instituição diferente da do líder do grupo. Caso haja alguém matriculado em um curso de graduação ou pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado), ele passa a ser incluído como estudante, desde que seu orientador seja um pesquisador do grupo em questão. Estagiários pós-doutorais, por sua vez, são considerados como pesquisadores do grupo. nas universidades mineiras, 71% encontravam-se alocados na UFMG, na UFV e na UFU. Nota-se, dessa forma, que há uma concentração de pesquisadores em três universidades, o que provavelmente afeta a distribuição dos grupos de pesquisa entre essas universidades. Nesse sentido, nas três universidades também se encontravam 67% dos grupos de pesquisa cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. Não obstante, é interessante notar que a UFMG perdeu participação nos grupos de pesquisa em Minas Gerais de 2000 a 2008, o mesmo tendo acontecido com o volume de pesquisadores. Em contrapartida, a UFU, nesse mesmo período, contou com aumento na participação tanto nos grupos de pesquisa, quanto no volume de pesquisadores (Tabela 3).

A importância dos dados disponibilizados pelo Diretório reside no fato de apresentarem informações sobre os recursos humanos constituintes de cada grupo (pesquisadores, estudantes e técnicos) às linhas de pesquisa em andamento, aos setores envolvidos, à produção científica e tecnológica, por exemplo. Dessa forma, é possível acompanhar e avaliar a capacidade instalada de pesquisas nas universidades.

Pode-se ainda analisar a heterogeneidade em termos de capacidade de produção de conhecimento das universidades mineiras segundo a grande área predominante dos grupos de pesquisa. Dessa forma, levaram-se em consideração as seguintes áreas: Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciências da Saúde; Ciências Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes. Mais uma vez, nota-se discrepância entre as universidades: a UFMG apresenta a maior quantidade de grupos de pesquisa em todas as áreas apresentadas, exceto na grande área das Ciências Agrárias, cujo predomínio é da UFV, conhecida tradicionalmente pela sua pesquisa rural e agrária (Tabela 4).

Com exceção da pesquisa de Ciências Agrárias, em que a UFV apresenta tradição e também sinergias em razão da própria região onde se localiza, o que também vale para a UFLA, a UFMG constitui ator gerador principal de conhecimento no Sistema Regional de Inovação Mineiro, com características de produção de pesquisa científica multifocada e caráter polivalente, destacando-se as áreas de Engenharia, Saúde e Ciências Biológicas, Exatas e da Terra, pela importância do transbordamento de conhecimento dessas pesquisas, em especial, para o setor produtivo. No caso das Engenharias, há que se enfatizar o papel da UNIFEI como tradicional formadora de recursos humanos e produtora de conhecimento. Na área da Saúde, é possível destacar a UFJF e a UNIFAL.

A distribuição desigual de pesquisadores e grupos de pesquisas entre as universidades mineiras impacta o número de projetos realizados e o investimento realizado por universidade. Em 2008, dos 1.087 projetos realizados, 46% foram feitos pela UFMG, 19% foram realizados pela UFV, e 10%, pela UFLA. As que menos realizaram projetos foram UFSJ, UFTM, UNIFAL e UNIFEI (Tabela 5). Assim, nota-se que a UFMG conta com uma gama de capital humano e físico superior em muito às demais universidades federais mineiras, o que constitui ao mesmo tempo causa e consequência do seu papel de liderança na produção de conhecimento científico em Minas Gerais.

Considerando a liderança da UFMG na produção de conhecimento científico no Estado de Minas Gerais, não deve ser surpresa a maior concentração de recursos em tal instituição. Em 2009 (até setembro), dos mais de R$ 61 milhões de investimentos9 9 Investimentos do CNPq no fomento à pesquisa (ou no auxílio à pesquisa), que incluem recursos para projetos de pesquisa, para a promoção ou participação em congressos científicos, iniciação científica, bolsa de produtividade de pesquisa, bolsa de mestrado, bolsa de doutorado, bolsa de doutorado sanduiche, bolsa de pós-doutorado, bolsa de recém-doutor, bolsa especialista visitante, etc realizados nas universidades federais mineiras, aproximadamente 48% correspondiam àqueles feitos à UFMG, 27%, à UFV, e 12%, à UFLA. O Gráfico 5 mostra a participação dos investimentos realizados às universidades federais mineiras desde 2001 até 2009. Tal aspecto deve se explicar pelo tamanho da universidade, por sua tradição no meio acadêmico, pela sua pluralidade quanto aos segmentos de ensino e pesquisa abrangidos, por sua infraestrutura de pesquisa, bem como pela qualidade e produtividade científica dos seus pesquisadores.


Em consonância com esses dados, não é de se surpreender que a UFMG apresente, historicamente, porcentagem maior de bolsas-ano10 10 O número de bolsas-ano representa a média aritmética do número de mensalidades pagas de janeiro a dezembro: (nº de mensalidades pagas no ano)/(12 meses) = número de bolsas-ano. As bolsas incluem todos os tipos disponibilizados pelo CNPq, como bolsa de produtividade de pesquisa, bolsa de mestrado, bolsa de doutorado, bolsa de doutorado sanduiche, bolsa de pós-doutorado, bolsa de recém-doutor, bolsa especialista visitante, etc. de pesquisa. Em 2001, a UFMG controlava 47% das bolsas-ano mineiras, enquanto em 2008 esse valor caiu para 44%. Há ligeira queda da liderança da UFMG sobre as bolsas de pesquisa; contudo, a UFMG ainda se apresenta em posição de destaque. O Gráfico 6 mostra a tendência da apropriação de bolsas-ano pelas universidades mineiras. Além do fato de a UFMG ser a que mais possui bolsas, chama a atenção a UFVJM, que apresentou em 2008 apenas 24 bolsas, o que corresponde a 0,45% do total (Tabela 6). O provável é que isso se deva à sua criação recente, através da Lei nº 11.173 de 2005.


Uma proxy para verificar a produção de conhecimento dentro da universidade federal pode ser conseguida pela produção bibliográfica. Dessa forma, tem-se que, no período de 2005-2008, as universidades federais de Minas Gerais publicaram 36.891 (em valores acumulados) artigos científicos em âmbito nacional, enquanto, em âmbito internacional, foram publicados, em valores acumulados, 26.532 artigos (Tabela 7). Não surpreendentemente, o melhor desempenho em termos de produção de conhecimento científico foi o da UFMG, com 33% de todos os artigos publicados em periódicos indexados nacionalmente, seguido pela UFV, com 28%, e pela UFLA, com 13%. Em se tratando de artigos publicados em periódicos indexados internacionalmente, tem-se praticamente o mesmo quadro, ou seja, a UFMG lidera mais uma vez: esta contou com 48% dos artigos públicos, seguida da UFV, com 17%, e da UFU, com 10% (Gráfico 7).


5_ Considerações finais

Buscamos, neste artigo, inicialmente, apresentar que o conhecimento tem se tornado fator de competitividade e elemento sine qua non tanto para a capacidade inovativa quanto para a capacidade de desenvolvimento. Características sociais, políticas, culturais e institucionais têm papel ativo em moldar o ambiente inovativo, e muitos são os agentes que devem ser levados em consideração. Um desses atores é a universidade, entendida neste artigo como aquela instituição cujo papel social é formar uma população mais "iluminada" e produzir conhecimento científico (Nowotny et al., 2001). O enfoque dado, portanto, foi sobre o papel das universidades em gerar conhecimento científico, já que outros agentes podem se apropriar dele e conseguir inovar. Esse processo, no entanto, pode não ocorrer de forma direta, ou seja, podem existir dificuldades tangentes à formação de links universidade-empresa relacionadas tanto às características do conhecimento, entendido como bem semipúblico intangível, quanto aos problemas de sua apropriabilidade.

Com base nesse referencial teórico, foi apresentado um retrato da alocação de recursos públicos nas universidades federais mineiras a fim de ter maior conhecimento de um dos players do Sistema Mineiro de Inovação. Buscou-se, portanto, mapear algumas características das universidades federais mineiras, a fim de contribuir para o amplo debate a respeito da forma eficiente de alocação de recursos públicos voltados para o ensino de nível superior e para a pesquisa acadêmica.

Mediante tal caracterização, mostrou-se que há diferenças substanciais entre as universidades federais mineiras, no que tange ao número de cursos, número de alunos, número de vagas, número de docentes, qualificação dos docentes, número de bolsas de pesquisa, volume investido em pesquisa e volume de produção científica. A UFMG apresentou-se como líder de produção científica em Minas Gerais. Isso levanta várias questões as quais não são respondidas neste artigo, por não ter sido, a princípio, sua preocupação, mas dará oportunidades a novas pesquisas: seria mais/menos produtivo descentralizar a UFMG, criando outros campi em outras regiões do Estado, como já ocorre em Montes Claros? A possível desconcentração (não) geraria transbordamentos de conhecimento para regiões periféricas de Minas? A difusão do conhecimento pode ser maior por meio da difusão de pessoas qualificadas, em vez da difusão de universidades? Seria vantajoso aproximar as unidades produtoras de conhecimento da população ou concentrar a produção de conhecimento e posteriormente descentralizar pessoas?

A presença de um agente capaz de produzir conhecimento científico de alto nível em diferentes setores, como é o caso da UFMG, além de ser importante para o Sistema Nacional de Inovação, pode auxiliar as demais instituições de ensino superior através do aproveitamento do conhecimento produzido pela UFMG em suas pesquisas, que são muitas vezes voltadas para as necessidades regionais. A própria "especialização" de algumas universidades em determinados segmentos de geração de ensino e conhecimento pode ser vista como uma busca pela forma eficiente de prover ensino e conhecimento científico à sociedade, uma vez que procuram operar em segmentos que não estejam totalmente abastecidos pelo líder e cuja demanda da sociedade e do setor produtivo continuem crescentes.

A partir desse ponto, é possível perguntar: seria eficiente que essas universidades "menores" buscassem prover maior número e variedade de cursos de ensino superior e pesquisa científica fora da sua especialidade? Até que ponto seria eficiente deixar de alocar recursos em uma instituição que já possui know-how em diversas áreas de pesquisa para alocá-los em instituições neófitas em determinados setores?

Enfim, são muitas as questões que surgem quando se olha mais de perto a alocação dos recursos públicos voltados para o ensino de nível superior e para a pesquisa acadêmica. Trata-se de questionamentos importantes, já que os recursos voltados para a educação e a pesquisa acadêmica, no Brasil, são escassos e devem ser direcionados da melhor forma possível.

Artigo recebido em março de 2010;aprovado em janeiro de 2011.

Os autores gostariam de agradecer às contribuições anônimas dos pareceristas da Revista 'Nova Economia' da FACE/UFMG, os quais fizeram uma avaliação criteriosa da primeira versão deste artigo.

NOTA: Os pensamentos e ideias expressos neste trabalho não refletem necessariamente aqueles do IBGE ou do SEBRAE e são de inteira responsabilidade dos autores.

E-mail de contato dos autorestuliochiarini@yahoo.com.br, karina.pvieira@gmail.com, paola_zorzin@hotmail.com

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  • TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2006.
  • 1
    O conhecimento pode ser classificado de acordo com a sua natureza: conhecimento codificado (explícito) ou tácito (implícito). O primeiro pode ser facilmente transmitido por meio de infraestruturas informacionais, ou seja, pode ser transferido de maneira relativamente fácil através de longas distâncias e para além das fronteiras nacionais e organizacionais, a um custo relativamente baixo. Já o conhecimento tácito ou conhecimento
    embedded (aquele contido nas rotinas), ao contrário do primeiro, não pode ser facilmente disseminado objetivamente, uma vez que normalmente não é exposto de maneira explícita (documentada) e, portanto, não pode ser facilmente transformado em informação (Tigre, 2006, p.104).
  • 2
    O conhecimento torna-se elemento tão importante que parte substancial da economia gira ao redor de atividades que o promovam, justificando-se, portanto, o uso das expressões como "Economia do Conhecimento" (
    knowledge-based economy), "Sociedade do Conhecimento" e "Era do Conhecimento" para caracterizar uma dinâmica fortemente ancorada em atividades intensivas na geração/difusão de conhecimento. O termo foi cunhado para demonstrar que o conhecimento é central para o desenvolvimento econômico (OECD, 1996; OECD, 1997; Foray; Lundvall, 1998; Lastres; Ferraz, 1999; Cimoli; Constantino, 2000; Boekema;
    et al., 2000; Foray, 2004; Lundvall, 2008a; Lundvall, 2008b). Smith (2002) questiona o termo
    knowledge-based economy, pois para ele o conhecimento sempre foi importante no escopo da economia capitalista. Foi igualmente importante no século XIX, por exemplo.
  • 3
    Segundo Davenport e Prusak (
    apud Reis, 2008), os principais atritos seriam: falta de confiança mútua, diferenças culturais, falta de tempo e de locais de encontro, falta de capacidade de absorção pelos recipientes, crença de que o conhecimento é prerrogativa de determinados grupos, síndrome do
    not invented here, intolerância com erros ou necessidade de ajuda, entre outros.
  • 4
    Universidades privadas correspondem ao somatório das universidades particulares e Comunitária/Confessional/Filantrópica.
  • 5
    Universidades públicas correspondem ao somatório das universidades federais, estaduais e municipais.
  • 6
    Em português
    knowledgeability pode ser traduzido como "cognoscibilidade", ou seja, capacidade de entendimento.
  • 7
    Em geral há dupla (tripla ou mais) contagem no número de inscritos tendo em vista que o estudante que participa de mais de um vestibular (ou outro processo de seleção) foi computado mais de uma vez.
  • 8
    De acordo com informações do CNPq,
    pesquisador não é sinônimo de
    professor, já que, no Diretório dos Grupos de Pesquisa, o termo
    pesquisador é usado para os membros graduados ou pós-graduados da equipe de pesquisa, diretamente envolvidos com a realização de projetos e com a produção científica, tecnológica e artística do grupo, podendo o
    pesquisador ser de outra instituição diferente da do líder do grupo. Caso haja alguém matriculado em um curso de graduação ou pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado), ele passa a ser incluído como
    estudante, desde que seu orientador seja um pesquisador do grupo em questão. Estagiários pós-doutorais, por sua vez, são considerados como
    pesquisadores do grupo.
  • 9
    Investimentos do CNPq no fomento à pesquisa (ou no auxílio à pesquisa), que incluem recursos para projetos de pesquisa, para a promoção ou participação em congressos científicos, iniciação científica, bolsa de produtividade de pesquisa, bolsa de mestrado, bolsa de doutorado, bolsa de doutorado sanduiche, bolsa de pós-doutorado, bolsa de recém-doutor, bolsa especialista visitante, etc
  • 10
    O número de bolsas-ano representa a média aritmética do número de mensalidades pagas de janeiro a dezembro: (nº de mensalidades pagas no ano)/(12 meses) = número de bolsas-ano. As bolsas incluem todos os tipos disponibilizados pelo CNPq, como bolsa de produtividade de pesquisa, bolsa de mestrado, bolsa de doutorado, bolsa de doutorado sanduiche, bolsa de pós-doutorado, bolsa de recém-doutor, bolsa especialista visitante, etc.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Dez 2012
    • Data do Fascículo
      Ago 2012

    Histórico

    • Recebido
      Mar 2010
    • Aceito
      Jan 2011
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