Acessibilidade / Reportar erro

Um estudo sobre as contribuições de um curso de formação continuada a partir das narrativas de professoras que ensinam matemática

GINO. A., S. Um estudo sobre as contribuições de um curso de formação continuada a partir das narrativas de professoras que ensinam matemática. .2013. 254 f. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação,Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte: 2013

O objetivo de Gino, em sua tese, foi o de compreender as contribuições do Curso de Especialização em Educação Matemática do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Docência na Educação Básica - LASEB, tendo como base relatos de professoras que ensinam Matemática no 2º ciclo de formação, da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte. O LASEB teve sua primeira turma no ano de 2006. A partir de 2009, envolveu as áreas de Alfabetização e Letramento; Educação Infantil; Educação Matemática; História da África e Cultura Afro-brasileira e Juventude e Escola. Dentre as disciplinas que oferece, destaca-se a disciplina Análise Crítica da Prática Pedagógica, na qual os professores devem elaborar e aplicar um plano de ação com o intuito de que se possa refletir sobre suas práticas, sobre o processo de ensino e de aprendizagem e os resultados obtidos, bem como sobre sua capacidade de organização, sistematização, planejamento e avaliação do trabalho desenvolvido. A proposta do LASEB centra-se no professor pesquisador e na sua praxis. O curso estudado na investigação de Gino ocorria aos sábados, com encontros de 8 horas, perfazendo um total de 450 horas.

A autora utilizou em sua pesquisa, como fundamento metodológico, a História Oral em sua vertente temática, tendo sido entrevistadas dez professoras que cursaram o LASEB nos anos de 2009 e 2010. Para a primeira entrevista foi elaborado um roteiro com o objetivo de compreender as contribuições do curso. Para a segunda, seis professoras se dispuseram a participar do processo de análise de suas narrativas e das compreensões geradas pela pesquisadora, a partir das narrativas coletadas.

A estrutura da tese é composta de cinco capítulos.

Em Formação Docente e o Ensino de Matemática Gino apresenta a formação sob a perspectiva do professor reflexivo sobre a sua prática (proposta presente no LASEB), não como um fim em si mesma, mas como forma crítica com potencial político epistemológico, em contraposição à generalidade com que a expressão é frequentemente mobilizada em políticas educativas neoliberais. A autora discute formação a partir de autores conceituados na área da Educação e da Educação Matemática, buscando um embasamento teórico-conceitual, principalmente, com ênfase no professor que ensina Matemática e na pesquisa. Contextualiza o LASEB e o trabalho na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte, bem como a proposta de Escola Plural1 1 Proposta que se constituiu em um conjunto de princípios com o objetivo de nortear as diretrizes políticas e pedagógicas para a educação do município de Belo Horizonte. Apresentou, como princípios, o direito à educação; o respeito ao tempo de aprendizagem do aluno, considerando o aluno o centro do processo educativo; a adoção de ciclos de formação; a construção de uma escola inclusiva e democrática; a valorização e a garantia de formação continuada aos professores, entre outros. .

No capítulo Aspectos teórico-metodológicos, a autora afirma sua opção pela teoria crítica e pela utilização da história oral, ressaltando aspectos relacionados à subjetividade e a intencionalidade de se constituir fontes através de narrativas de professoras sobre as contribuições do curso. Essas narrativas, pautadas nas memórias e reflexões dessas professoras sobre suas práticas e sobre os saberes docentes, são trabalhadas pela autora e pelas próprias depoentes no desenvolvimento da pesquisa. Gino relata que, a partir do acompanhamento de alguns momentos de formação do LASEB, encontra um grupo potencial para realizar as entrevistas. A autora justifica seu interesse em realizar a pesquisa com professoras desse segundo ciclo, afirmando que ela própria atua na formação docente para o segundo ciclo da escolaridade, e que percebe, nos alunos, lacunas de aprendizagem no que diz respeito à Matemática, posto que o ciclo anterior tem seu foco no processo de alfabetização. Ressalta-se que as professoras que atuam nos Anos Iniciais da Educação Básica, em sua grande maioria, possuem formação estritamente pedagógica, portanto não apresentam formação específica para trabalhar com Matemática, sendo esse um dos focos a ser problematizado, segundo as intenções do LASEB. Para as entrevistas foi elaborado um roteiro ao qual as colaboradoras puderam ter acesso prévio. As entrevistas foram agendadas conforme disponibilidade das colaboradoras, que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e uma carta de cessão de direitos para posterior utilização da textualização2 2 A textualização é, em História Oral, o registro escrito posterior à transcrição da entrevista, quando algumas alterações e reelaborações - uma edição, portanto - são feitas na versão escrita do depoimento de modo a constituir um documento que será disponibilizado e tido como fonte para a pesquisa. Todo esse processo de edição é feito junto ao colaborador, tentando manter o que se chama de tom vital do entrevistado. Exemplos de textualizações e modos de concebê-la podem ser acessados nos trabalhos disponíveis no site do Grupo História Oral e Educação Matemática - www2.fc.unesp.br/ghoem). na pesquisa. Cabe ressaltar que as entrevistas foram filmadas e as textualizações reordenadas a partir de critérios temáticos impostos pela pesquisadora.

Na sequência de seu texto vêm as textualizações, que a autora apresenta como fragmentos das narrativas e cujos títulos exibem os nomes das entrevistadas3 3 Na primeira textualização, denominada Professora Simone, a entrevistada fala, por exemplo, sobre assuntos como a participação no curso (LASEB) representar uma maneira de contribuir com a prática pedagógica; de ser essa iniciativa uma forma de aperfeiçoar-se em Matemática; sobre não ter formação específica nessa área e apresentar dificuldades advindas da formação estritamente pedagógica; de sua busca por formas diferenciadas de ensinar. Mostra interesse no conteúdo divisão; ressalta que modificou seu modo de ver os alunos, situando-os, agora, como sujeitos de seu próprio conhecimento; fala da necessidade de distanciar-se da prática para melhor refletir sobre ela; percebe que, muitas vezes, no coletivo da escola, o trabalho do professor é solitário. Trata, ainda, da limitação do trabalho do professor frente às políticas neoliberais; dos inúmeros controles do processo educacional; de um currículo oculto; da sala de aula como laboratório; e da qualidade do curso e dos professores do LASEB. Na segunda textualização, intitulada Professora Érica, evidenciam-se assuntos relativos à procura do curso como necessidade de aperfeiçoamento na área, avanço salarial e gratuidade; sobre a percepção de que há diferentes formas de ensinar; sobre uma diferenciação entre saber o conteúdo e saber ensiná-lo; da sensibilidade para compreender o pensamento do aluno; da importância do tema tratamento da informação; e assume um projeto ensino-ação como forma de aprendizagem dos alunos e do professor. Professora Vanilda, a terceira entrevistada, relata o seu interesse em aprender. Enfatiza questões sobre como trabalhar de forma diferenciada e questiona-se sobre como ensinar se não se sabe o conteúdo. Fala de seu gosto pela matemática e afirma a necessidade de haver um maior número de aulas no curso para um melhor aprendizado dos conteúdos e da metodologia nessa área. Na quarta textualização, Professora Sônia, a depoente aborda assuntos como a sua dificuldade em matemática; as tentativas de interação entre os colegas de diferentes escolas; afirma que os saberes não se consolidaram pelo curso (LASEB) ser rápido; realça o trabalho com o tema tratamento da informação, a interdisciplinaridade, a elaboração do projeto ensino-ação, a importância da pesquisa, a relação teoria e prática, a competência dos professores do curso, a organização dos grupos de trabalho, sua disponibilidade, e sobre a importância de um horário para estudos. Professora Cristina, a quinta colaboradora, conta sobre o seu gosto pela matemática; sobre não estar satisfeita com a abordagem dada, no LASEB, ao tópico geometria; sobre a importância da formação continuada; o encantamento com as aulas na Universidade; o trabalho com o tema tratamento da informação no plano ensino-ação; fala, ainda, sobre a socialização do conhecimento aprendido com os colegas da escola; sobre a aprendizagem da matemática para a vida dos alunos; sobre tecnologia; sobre o comportamento dos alunos e a inclusão, entre outros assuntos. Na sexta textualização, Professora Vanessa, a entrevistada relata sobre sua busca de embasamento teórico, realçando a necessidade de socialização de experiências entre as colegas professoras; fala do professor pesquisador; das novas formas de ver e trabalhar a matemática; sobre o trabalho com o tema tratamento da informação; a nova postura profissional frente aos alunos e ao trabalho, a discussão da prática pedagógica no curso, as diferentes maneiras de ensinar e de aprender, da pesquisa como metodologia de ensino e de aprendizagem, da falta de discussão dos conteúdos das avaliações sistêmicas e dos referenciais curriculares da rede. Professora Ângela, por sua vez, expõe a importância da pesquisa, do trabalho com a subtração, realizado com seus alunos que têm dificuldades de várias naturezas; da utilização de materiais manipulativos, da necessidade de retomar conteúdos e da postura do professor; da integração entre teoria e prática; da importância da socialização de experiências; de se colocar no lugar do aluno; de estar sempre estudando. Na oitava textualização, Professora Maria Inês, sobressaem assuntos relacionados ao desempenho dos alunos em matemática; ao professor e ao ensino desde o primeiro ciclo até os anos finais da educação básica; da falta de formação e metodologia próprias para o trabalho com a matemática; da prioridade da alfabetização; da disseminação do que aprendeu no curso para outros professores. Este depoimento se diferencia dos demais porque a professora apresenta um olhar de coordenadora. Na nona textualização, Maria Aparecida, enfatiza sua expectativa de que o curso acrescentasse algo à sua prática; conta sobre o trabalho com o sistema de numeração decimal; fala sobre a defasagem em matemática com que os alunos chegam ao 2º ciclo; da necessidade do professor não restringir seu trabalho só à pratica; e, dentre outros temas, defende que é preciso fazer adaptações conforme cada turma. Na décima e última textualização, a da entrevista da Professora Eliane, ouvimos seu relato sobre ter procurado o curso para atualizar-se e do decorrente aumento salarial; relata sobre a importância da disciplina para uma boa aula e afirma que, geralmente, esse assunto não é abordado nos cursos. Trata, ainda, do conhecimento sobre o aluno, das várias possibilidades que o trabalho com a matemática oferece, da maneira diferenciada de se trabalhar, da falta de preparo dos professores para trabalhar com a inclusão, da indisciplina dos alunos, da falta de motivação nas aulas. Eliane espera que cursos de formação ouçam os professores quando eles falam sobre o que querem aprender e sobre quais são as suas angústias. . A cada uma das dez narrativas antecede um esboço do cenário em que a depoente se situa: sua formação, sua idade, seu tempo de serviço.

No quarto capítulo, Entrelaçando Olhares: Construindo Caminhos para a Análise, procurou-se evidenciar o percurso percorrido para analisar as narrativas, visando a identificar as contribuições do LASEB para a formação das professoras entrevistadas. A pesquisadora tenta reunir todas as colaboradoras para um exercício de análise das narrativas em um grupo focal. Porém, devido a vários motivos, percebe que o melhor a fazer é uma segunda entrevista. Inicialmente, as colaboradoras realizam uma análise de suas próprias narrativas, reconhecendo-se nelas. Em um segundo momento, ressignificam a primeira análise, aquela feita pela pesquisadora sobre as suas narrativas. Seis professoras participaram da segunda entrevista. Gino apresenta, nesse capítulo, textos com essas primeiras impressões sobre as narrativas das professoras, e as textualizações desses encontros em que as professoras expressaram suas compreensões sobre as considerações da pesquisadora.

Em Singularidades e Regularidades nas Narrativas das Professoras, o quinto capítulo, a autora busca perceber, nas narrativas, o que cada depoimento diz em sua singularidade, considerado separadamente, e o que ele nos revela no diálogo com os outros depoimentos. Dentre as singularidades, Gino destaca palavras-chave nas narrativas das professoras colaboradoras:

Ângela e "o retomar", Cristina e "a inclusão", Eliane e "a questão da disciplina na escola", Érica e "a aprendizagem", Maria Aparecida e "a satisfação em ensinar Matemática", Maria Inês e "a intervenção", Simone e "a preocupação com as consequências das avaliações", Sônia e "a trajetória rumo ao conhecimento matemático", Vanessa e "a análise da própria prática", Vanilda e "o saber Matemática" (GINO, 2013, p. 206, grifos da autora)

A partir dessas palavras e temas que, segundo a pesquisadora, sobressaem nos relatos das professoras, ela elabora um quarto texto, no qual realiza, ao mesmo tempo, uma segunda análise, considerando tanto suas primeiras impressões e compreensões sobre as primeiras narrativas quanto as textualizações da segunda entrevista.

Das regularidades originam-se quatro eixos estruturantes: "1. Aproximações e afastamentos em relação à Matemática 2. Formação acadêmica prévia, formação vivencial, formação no LASEB. 3. Avaliação 4. Pesquisa e aprendizagem" (GINO, 2013, p.181).

Nesses eixos são abordados assuntos relacionados às contribuições do LASEB, uma avaliação dessa iniciativa, suas limitações, pontos positivos, negativos e suas possibilidades e potencialidades. Destacam-se, entre os assuntos abordados, a busca, pelas professoras, de aprender matemática no LASEB; a fragilidade da formação inicial; as expectativas não atendidas devido ao pouco tempo de atividade; a lacunaridade no conhecimento sobre matemática em relação aos professores que têm formação específica na área; a família como um importante componente na formação vivencial, nos âmbitos pessoal e profissional; as condições dos alunos; a elaboração do trabalho de conclusão do curso, de difícil aplicação na prática; a crítica quanto ao oferecimento aos sábados; e a postura crítica e reflexiva sobre a prática; e alguns dos fatores que levaram as professoras a cursar o LASEB - dentre eles a gratuidade, a possibilidade de aumento salarial e a credibilidade da instituição promotora, a UFMG.

Nas Considerações Finais, Gino constata que o programa contribuiu positivamente para a formação das professoras entrevistadas, e que as narrativas evidenciaram uma pluralidade de perspectivas frente ao curso de formação. Uma fragilidade, relativa à falta de aprofundamento do conhecimento matemático, foi evidenciada. As professoras entrevistadas, reitera-se, não possuíam graduação em matemática. A pesquisadora destaca a importância da História Oral para a compreensão das contribuições do LASEB e seu potencial para a formação continuada das professoras. Questiona-se, finalmente, sobre como deveria ser um curso de formação docente que articula o conhecimento matemático às metodologias de ensino, especialmente para os professores que ensinam matemática nos anos iniciais da Educação Básica.

Concluindo, pode-se dizer que Gino elabora todo seu texto em linguagem clara e objetiva, com grande riqueza de detalhes, o que motiva o leitor. A tese traz algumas contribuições essenciais para a Educação Matemática, principalmente por implementar, junto à História Oral, uma estratégia de compartilhar análises iniciais com as depoentes, uma iniciativa ainda pouco exercitada. Desse processo, resultam novas narrativas, novas impressões e novas compreensões de seu objeto bem como para a metodologia empregada. A tese, portanto, possibilita reflexões sobre o potencial da História Oral no âmbito da formação continuada de professores e, além disso, sobre como essa estratégia pode ser mobilizada para a avaliação de um curso específico, fugindo das técnicas mais usuais que têm caracterizado a avaliação de cursos voltados à formação docente, o que mostra a potencialidade, a possibilidade e a necessidade de outros estudos.

  • 1
    Proposta que se constituiu em um conjunto de princípios com o objetivo de nortear as diretrizes políticas e pedagógicas para a educação do município de Belo Horizonte. Apresentou, como princípios, o direito à educação; o respeito ao tempo de aprendizagem do aluno, considerando o aluno o centro do processo educativo; a adoção de ciclos de formação; a construção de uma escola inclusiva e democrática; a valorização e a garantia de formação continuada aos professores, entre outros.
  • 2
    A textualização é, em História Oral, o registro escrito posterior à transcrição da entrevista, quando algumas alterações e reelaborações - uma edição, portanto - são feitas na versão escrita do depoimento de modo a constituir um documento que será disponibilizado e tido como fonte para a pesquisa. Todo esse processo de edição é feito junto ao colaborador, tentando manter o que se chama de tom vital do entrevistado. Exemplos de textualizações e modos de concebê-la podem ser acessados nos trabalhos disponíveis no site do Grupo História Oral e Educação Matemática - www2.fc.unesp.br/ghoem).
  • 3
    Na primeira textualização, denominada Professora Simone, a entrevistada fala, por exemplo, sobre assuntos como a participação no curso (LASEB) representar uma maneira de contribuir com a prática pedagógica; de ser essa iniciativa uma forma de aperfeiçoar-se em Matemática; sobre não ter formação específica nessa área e apresentar dificuldades advindas da formação estritamente pedagógica; de sua busca por formas diferenciadas de ensinar. Mostra interesse no conteúdo divisão; ressalta que modificou seu modo de ver os alunos, situando-os, agora, como sujeitos de seu próprio conhecimento; fala da necessidade de distanciar-se da prática para melhor refletir sobre ela; percebe que, muitas vezes, no coletivo da escola, o trabalho do professor é solitário. Trata, ainda, da limitação do trabalho do professor frente às políticas neoliberais; dos inúmeros controles do processo educacional; de um currículo oculto; da sala de aula como laboratório; e da qualidade do curso e dos professores do LASEB. Na segunda textualização, intitulada Professora Érica, evidenciam-se assuntos relativos à procura do curso como necessidade de aperfeiçoamento na área, avanço salarial e gratuidade; sobre a percepção de que há diferentes formas de ensinar; sobre uma diferenciação entre saber o conteúdo e saber ensiná-lo; da sensibilidade para compreender o pensamento do aluno; da importância do tema tratamento da informação; e assume um projeto ensino-ação como forma de aprendizagem dos alunos e do professor. Professora Vanilda, a terceira entrevistada, relata o seu interesse em aprender. Enfatiza questões sobre como trabalhar de forma diferenciada e questiona-se sobre como ensinar se não se sabe o conteúdo. Fala de seu gosto pela matemática e afirma a necessidade de haver um maior número de aulas no curso para um melhor aprendizado dos conteúdos e da metodologia nessa área. Na quarta textualização, Professora Sônia, a depoente aborda assuntos como a sua dificuldade em matemática; as tentativas de interação entre os colegas de diferentes escolas; afirma que os saberes não se consolidaram pelo curso (LASEB) ser rápido; realça o trabalho com o tema tratamento da informação, a interdisciplinaridade, a elaboração do projeto ensino-ação, a importância da pesquisa, a relação teoria e prática, a competência dos professores do curso, a organização dos grupos de trabalho, sua disponibilidade, e sobre a importância de um horário para estudos. Professora Cristina, a quinta colaboradora, conta sobre o seu gosto pela matemática; sobre não estar satisfeita com a abordagem dada, no LASEB, ao tópico geometria; sobre a importância da formação continuada; o encantamento com as aulas na Universidade; o trabalho com o tema tratamento da informação no plano ensino-ação; fala, ainda, sobre a socialização do conhecimento aprendido com os colegas da escola; sobre a aprendizagem da matemática para a vida dos alunos; sobre tecnologia; sobre o comportamento dos alunos e a inclusão, entre outros assuntos. Na sexta textualização, Professora Vanessa, a entrevistada relata sobre sua busca de embasamento teórico, realçando a necessidade de socialização de experiências entre as colegas professoras; fala do professor pesquisador; das novas formas de ver e trabalhar a matemática; sobre o trabalho com o tema tratamento da informação; a nova postura profissional frente aos alunos e ao trabalho, a discussão da prática pedagógica no curso, as diferentes maneiras de ensinar e de aprender, da pesquisa como metodologia de ensino e de aprendizagem, da falta de discussão dos conteúdos das avaliações sistêmicas e dos referenciais curriculares da rede. Professora Ângela, por sua vez, expõe a importância da pesquisa, do trabalho com a subtração, realizado com seus alunos que têm dificuldades de várias naturezas; da utilização de materiais manipulativos, da necessidade de retomar conteúdos e da postura do professor; da integração entre teoria e prática; da importância da socialização de experiências; de se colocar no lugar do aluno; de estar sempre estudando. Na oitava textualização, Professora Maria Inês, sobressaem assuntos relacionados ao desempenho dos alunos em matemática; ao professor e ao ensino desde o primeiro ciclo até os anos finais da educação básica; da falta de formação e metodologia próprias para o trabalho com a matemática; da prioridade da alfabetização; da disseminação do que aprendeu no curso para outros professores. Este depoimento se diferencia dos demais porque a professora apresenta um olhar de coordenadora. Na nona textualização, Maria Aparecida, enfatiza sua expectativa de que o curso acrescentasse algo à sua prática; conta sobre o trabalho com o sistema de numeração decimal; fala sobre a defasagem em matemática com que os alunos chegam ao 2º ciclo; da necessidade do professor não restringir seu trabalho só à pratica; e, dentre outros temas, defende que é preciso fazer adaptações conforme cada turma. Na décima e última textualização, a da entrevista da Professora Eliane, ouvimos seu relato sobre ter procurado o curso para atualizar-se e do decorrente aumento salarial; relata sobre a importância da disciplina para uma boa aula e afirma que, geralmente, esse assunto não é abordado nos cursos. Trata, ainda, do conhecimento sobre o aluno, das várias possibilidades que o trabalho com a matemática oferece, da maneira diferenciada de se trabalhar, da falta de preparo dos professores para trabalhar com a inclusão, da indisciplina dos alunos, da falta de motivação nas aulas. Eliane espera que cursos de formação ouçam os professores quando eles falam sobre o que querem aprender e sobre quais são as suas angústias.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2015
UNESP - Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Pesquisa, Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática Avenida 24-A, 1515, Caixa Postal 178, 13506-900 Rio Claro - SP Brasil - Rio Claro - SP - Brazil
E-mail: bolema.contato@gmail.com