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Dificuldades de Alunos na Resolução de Problemas: análise a partir de propostas de ensino em dissertações

Students’ Difficulties in Problem-Solving: analysis from teaching proposals in master’s degree dissertations

Resumo

O objetivo do artigo foi responder à seguinte questão: que dificuldades dos alunos da Educação Básica são evidenciadas em propostas de ensino que utilizaram a resolução de problemas para aplicação de conteúdos matemáticos e, a partir dessas dificuldades, que compreensão se revela sobre o processo de ensino? Na modalidade de pesquisa bibliográfica, selecionamos seis dissertações de mestrado. Após a descrição das propostas de ensino, analisamos as dificuldades dos alunos no processo de resolução de problemas. Os resultados mostraram que a maior parte das dificuldades encontra-se na compreensão de problemas, justamente pela má formação de conceitos matemáticos e pelo desconhecimento sobre o significado de palavras. Verificamos, também, dificuldades no uso de fórmulas e na operação com algoritmos matemáticos. Para superar tais dificuldades, compreende-se que o processo de ensino com resolução de problemas deve evitar seguir uma simples retomada/revisão de conteúdos. Concluímos que é preciso incorporar uma abordagem de formação de conceitos e procedimentos matemáticos.

Ensino de Matemática; Conceitos Matemáticos; Procedimentos Matemáticos; Pesquisa Bibliográfica

Abstract

The objective of the article was to answer the following question: ‘What are students’ difficulties in Basic Education evidenced in teaching proposals that used problem-solving to apply mathematical content and, from these difficulties, what understandings are revealed about the teaching process?’ In the bibliographical research modality, we selected six master’s degree dissertations. After describing the teaching proposals, we analyzed the students’ difficulties in the problem-solving process. The results showed that most of the difficulties are in understanding problems, precisely because of the poor formation of mathematical concepts and the lack of knowledge about the meaning of words. We also verified difficulties in using formulas and operating with mathematical algorithms. To overcome such difficulties, it is understood that the process of teaching with problem-solving should avoid following a simple content resumption/revision. We conclude that it is necessary to incorporate an approach of formation of mathematical concepts and procedures.

Mathematics Teaching; Mathematical Concepts; Mathematical Procedures; Bibliographic Research

1 Introdução

Conforme indicado nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática do Ensino Fundamental – PCN ( BRASIL, 1998BRASIL. Secretaria de ensino fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: SEF/MEC, 1998. ), as estratégias didáticas a serem adotadas no ensino devem focar a aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Para tal, recomenda-se abordar a resolução de problemas. Na visão de Echeverría (1998)ECHEVERRÍA, M. P. P. A solução de problemas em matemática. In: POZO, J. I. (org.). A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p. 43-65. , resolvendo problemas os alunos podem aprender Matemática, bem como podem aprender a como resolver problemas.

No caso da aprendizagem de Matemática, os PCN ( BRASIL, 1998BRASIL. Secretaria de ensino fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: SEF/MEC, 1998. ) indicam que o ponto de partida no ensino de um conteúdo matemático deve ser o problema e não a sua definição matemática, indicação essa adotada em vários estudos, tais como Fi e Degner (2012)FI, C. D.; DEGNER, K. M. Teaching through problem solving. Mathematics Teacher, Reston, v.105, n. 6, p. 455-459, feb. 2012. , Vieira, Paulo e Allevato (2013), Vale (2013)VALE, I. Padrões em contextos figurativos: um caminho para a generalização em matemática. Revista Eletrônica de Educação Matemática, Florianópolis, v. 8, n. 2, p. 64-81, 2013. e Sousa e Proença (2019)SOUSA, A. C.; PROENÇA, M. C. Uma proposta de ensino de equação de 1.º grau com uma incógnita via resolução de problemas. Revista Prática Docente, Cuiabá, v. 4, n. 2, p. 431-451, 2019. . Nesse sentido, os alunos podem ser envolvidos na aprendizagem do processo de resolução de problemas, por exemplo, em etapas que incluem, de forma geral, a compreensão do problema, a busca de uma estratégia, a execução dessa estratégia e a verificação da resposta ( POLYA, 1994POLYA, G. A arte de resolver problemas: um novo enfoque do método matemático. Tradução e adaptação de Heitor Lisboa de Araújo. Rio de Janeiro: Interciência, 1994. ; BRITO, 2010BRITO, M. R. F. Alguns aspectos teóricos e conceituais da solução de problemas matemáticos. In: BRITO, M. R. F. (org.). 2. ed. Solução de problemas e a matemática escolar. Campinas: Alínea, 2010. p. 13-53. ; PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. ).

Após atingir os objetivos pretendidos nas aulas por meio do uso do problema como ponto de partida, o foco passa a ser o estudo do novo conteúdo. Apesar de Schroeder e Lester Jr. (1989) apontarem que, após o conteúdo ser estudado, o uso de problemas se apresenta mais como tarefas de aplicações, também salientam que isso pode ser algo constitutivo do continuum de aprender a resolver problemas. Dessa forma, a aprendizagem dos alunos pode ser observada e avaliada na perspectiva do processo de resolução de problemas ao serem levados a resolver novas situações que podem ser constituídas de contextos do cotidiano, da História da Matemática e de áreas como da Física e Biologia ( PROENÇA, 2021PROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: uma proposta de organização do ensino para a aprendizagem de conceitos matemáticos. Revista de Educação Matemática, São Paulo, v. 18, p. e021008, 2021. ).

No entanto, há indícios de que essa aprendizagem ocorre superficialmente. Pesquisas que buscaram analisar, a partir da aplicação de provas e de entrevistas, como alunos da Educação Básica resolvem problemas matemáticos que envolvem conteúdos já estudados mostraram que eles encontram dificuldades em todas as etapas de resolução de problemas, em especial na etapa de compreensão de problemas ( TAMBYCHIK; MEERAH, 2010TAMBYCHIK, T.; MEERAH, T. S. M. Student’s Difficulties in Mathematics Problem-Solving: what do they say? Procedia Social and Behavioral Sciences, Singapura, v. 8, p. 142-151, 2010. ; SEIFI; HAGHVERDI; AZIZMOHAMADI, 2012SEIFI, M.; HAGHVERDI, M.; AZIZMOHAMADI, F. Recognition of students’ difficulties in solving mathematical word problems from the viewpoint of teachers. Journal of Basic and Applied Scientific Research, Cairo, v. 2, n. 3, p. 2923-2928, 2012. ; SOUSA; MENDES, 2017SOUSA, C.; MENDES, F. Aprender a resolver problemas no 2º ano do ensino básico. Bolema, Rio Claro, v. 31, p. 243-265, 2017. ; KUNENE; SEPENG 2017KUNENE, N.; SEPENG, P. Rural Learners’ Views and Perceptions about Their Experiences in Word Problem Solving. Journal of Social Sciences, Londres, v. 50, n. 1-3, p. 133-140, 2017. ; STEFANI; TRAVASSOS; PROENÇA, 2018STEFANI, A.; TRAVASSOS, W. B.; PROENCA, M. C. Resolução de Problemas Matemáticos: metanálise de dissertações sobre as dificuldades de alunos de 6º e 8º anos do ensino fundamental. Perspectivas da Educação Matemática, Campo Grande, v. 11, p. 418-437, 2018. ; STEFANI; PROENÇA, 2019STEFANI, A.; PROENCA, M. C. Análise das dificuldades de alunos dos anos finais do ensino fundamental na resolução de problemas de perímetro e área. Revista Paranaense de Educação Matemática, Campo Mourão, v.8, p. 97 - 118, 2019. ; AGUSFIANUDDIN; HERMAN; TURMUDI, 2020AGUSFIANUDDIN, A.; HERMAN, T.; TURMUDI, T. Identifying students’ difficulties in mathematics word problem solving in elementary school. International Journal of Advanced Science and Technology, Camberra, v. 50, n. 7, p. 238-250, 2020. ; PROENÇA et al. , 2020PROENÇA, M. C.; MAIA-AFONSO, E. J. Resolução de problemas: análise de propostas de ensino em dissertações de mestrado profissional. Revista Paranaense de Educação Matemática, Campo Mourão, v.09, n.18, p.180-201, jan./jun. 2020. ).

No caso dessas pesquisas, não há indicações de que os alunos tiveram um ensino baseado na resolução de problemas, sendo assim, não pudemos ter acesso às suas dificuldades no uso de conteúdos matemáticos que foram estudados. O que encontramos na literatura foram estudos bibliográficos que analisaram o uso de problemas em sala de aula, abordados em propostas de ensino de resolução de problemas, de modo que, em geral, há muito de, simplesmente, relembrar conteúdos, de introduzir conteúdos básicos que eram necessários e de apresentar “problemas” para os alunos em suas dúvidas sobre o conteúdo ( PROENÇA; MAIA, 2018PROENÇA, M. C.; MAIA, E. J. O ensino de matemática por meio da resolução de problemas: análises de propostas desenvolvidas no Ensino Médio. Educação Matemática em Revista, Brasília, v. 23, n. 57, p. 92-112, jan./mar. 2018. ; PROENÇA, 2018aPROENÇA, M. C. O ensino de matemática por meio da resolução de problemas: metanálise de propostas nos 6º e 7º anos do ensino fundamental. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 496-517, 2018a. ; PROENÇA; MAIA-AFONSO, 2020PROENÇA, M. C.; MAIA-AFONSO, E. J. Resolução de problemas: análise de propostas de ensino em dissertações de mestrado profissional. Revista Paranaense de Educação Matemática, Campo Mourão, v.09, n.18, p.180-201, jan./jun. 2020. ).

Assim, identificamos a necessidade de um estudo com foco nas dificuldades de alunos diante do uso da resolução de problemas em sala de aula, de modo que se possa revelar se isso tem relação com o ensino realizado. Portanto, nossa motivação para o presente artigo decorreu do seguinte questionamento: Que dificuldades dos alunos da Educação Básica são evidenciadas em propostas de ensino que utilizaram a resolução de problemas para aplicação de conteúdos matemáticos e, a partir dessas dificuldades, que compreensão se revela sobre o processo de ensino? Após apresentarmos nossas descrições sobre propostas de ensino em resolução de problemas, buscamos responder nossa questão de pesquisa pela análise das dificuldades dos alunos evidenciadas em tais propostas. Com isso, tecemos considerações sobre a influência de tais propostas nessas dificuldades.

2 Resolução de problemas no ensino de Matemática

Os autores Schroeder e Lester Jr. (1989) apresentaram três abordagens da resolução de problemas no ensino de Matemática que refletiam as maneiras adotadas para o uso de problemas em sala de aula. Essas abordagens são: ensinar sobre resolução de problemas, ensinar via resolução de problemas e ensinar para resolução de problemas. Vamos explicitar apenas os ensinos via e para resolução de problemas, porque ambos apresentam uma relação entre problemas e introdução do conteúdo, o que dará clareza à perspectiva que adotamos.

Ensinar via resolução de problemas. De acordo com Schroeder e Lester Jr. (1989, p. 33, tradução nossa), nesta abordagem, “o ensino de um tópico matemático começa com uma situação-problema que expressa aspectos-chave desse tópico e técnicas matemáticas são desenvolvidas como respostas razoáveis para problemas razoáveis”. Para os autores, essa abordagem tem potencial para desenvolver os conhecimentos matemáticos dos alunos, uma vez que os leva a estabelecer relações entre os seus conhecimentos prévios e as ideias matemáticas presentes na situação-problema. Essa perspectiva é a adotada nos PCN ( BRASIL, 1998BRASIL. Secretaria de ensino fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: SEF/MEC, 1998. ), que defendem que o ponto de partida deve ser a situação-problema, e não a definição. A importância dessa defesa pode ser vista, de acordo com Schoenfeld (1985)SCHOENFELD, A. H. Mathematical problem solving. Orlando: Academic Press, 1985. , como uma postura que coloca o aluno na condição de conceber a tarefa como problema, uma vez que possivelmente terá um impasse intelectual quando tentar resolvê-la, pois isso não corresponde a uma aplicação imediata da definição. Dessa forma, isso vai ao encontro da ideia de que para ser um problema a pessoa “precisa encontrar alguma dificuldade que a obrigue a questionar-se sobre qual seria o caminho que precisaria seguir para alcançar a meta” ( ECHEVERRÍA, 1998ECHEVERRÍA, M. P. P. A solução de problemas em matemática. In: POZO, J. I. (org.). A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p. 43-65. , p. 48). Isto é, “[...] a pessoa precisa mobilizar conceitos, princípios e procedimentos matemáticos aprendidos anteriormente para chegar a resposta” ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , p. 17).

Ensinar para resolução de problemas. Essa abordagem implica na ideia de envolver os alunos na resolução de problemas após o estudo de conteúdos, ou seja, para que apliquem o que aprenderam ou acabaram de aprender nos “problemas” que lhes são postos. O principal objetivo do professor é utilizar “problemas”, o que indica que “[...] a única razão para aprender matemática é ser capaz de usar o conhecimento obtido para resolver problemas ” (SCHROEDER; LESTER JR., 1989, p. 32, tradução nossa, grifos nossos). Essa razão assumida na aprendizagem da Matemática, segundo Schroeder e Lester Jr. (1989, p. 34, tradução nossa, grifo dos autores), é uma abordagem limitante, porque a “resolução de problemas é vista como uma atividade em que os alunos somente se engajam depois da introdução de um novo conceito ou para seguir uma habilidade de cálculo ou um algoritmo”.

No que se refere a adotar o ensinar via resolução de problemas em sala de aula, o uso do problema como ponto de partida possibilita aos alunos buscar um caminho para obter a solução. Esse caminho é construído pelo aluno ao “[...] combinar, na estrutura cognitiva, os conceitos, princípios, procedimentos, técnicas, habilidades e conhecimentos previamente adquiridos que são necessários para encontrar a solução com uma nova situação que demanda uma re-organização conceitual cognitiva” ( BRITO, 2010BRITO, M. R. F. Alguns aspectos teóricos e conceituais da solução de problemas matemáticos. In: BRITO, M. R. F. (org.). 2. ed. Solução de problemas e a matemática escolar. Campinas: Alínea, 2010. p. 13-53. , p. 19).

Dessa forma, esse caminho construído pelo aluno pode (deve) ser relacionado ao conteúdo matemático que se quer ensinar, o que, na perspectiva de Proença (2018b)PROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , significa que o professor deve buscar articular as estratégias dos alunos ao novo conteúdo. Toda essa construção está relacionada ao envolvimento cognitivo dos alunos no processo de resolução de problemas, processo esse que pode ser explicado em quatro etapas, as quais Proença (2018b)PROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. apresentou como referência, a saber: representação, planejamento, execução, monitoramento.

Na etapa de representação , a pessoa busca compreender o problema a partir do contexto da situação e por meio da mobilização de seus conhecimentos linguístico (da língua materna), semântico (matemáticos) e esquemático (tipo de conteúdo). Se esses conhecimentos estiverem bem formados, é possível uma representação adequada do problema.

O conhecimento linguístico refere-se ao conhecimento da língua em que o problema foi escrito, ou seja, da língua materna (no caso desta pesquisa, consideramos a língua portuguesa). Trata-se, assim, dos significados e terminologias e das expressões cotidianas presentes no enunciado, que evidenciam quais foram as ações realizadas, bem como quem as realizou ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. ). O conhecimento semântico é o conhecimento que envolve os significados dos termos matemáticos, isto é, diz respeito ao conhecimento sobre os “[...] termos matemáticos que aparecem no problema e também sobre as relações que se estabelecem entre esses termos” ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , p. 27). Por fim, o conhecimento esquemático é o conhecimento sobre a natureza do problema. No caso de problemas de Matemática, trata-se de reconhecer sua essência matemática, ou seja, de identificar se envolve álgebra, geometria ou aritmética ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. ), no sentido de saber se é sobre função, sobre área ou perímetro, sobre frações etc. Dessa forma, esse conhecimento sobre o esquema do problema também implica em identificar o que é relevante ou não para solucioná-lo.

Se esses três conhecimentos estiverem bem formados, é possível que ocorra uma representação adequada do problema. Nesse sentido, uma representação adequada permite à pessoa “[...] perceber se faltam informações no problema (informações incompletas) ou mesmo se há dados que não ajudam ou não precisam ser levados em consideração na busca da solução (informações supérfluas)” ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , p. 28).

Na etapa de planejamento , a pessoa deve apresentar sua forma/caminho de resolver o problema, ou seja, uma estratégia vinculada à representação do problema. Construir uma estratégia:

[...] segue o uso de conhecimentos lógico-verbais, viso-pictóricos (desenhos, figuras, diagramas) ou ambos. Assim, essa etapa ajuda a evidenciar as habilidades da pessoa para, por exemplo, pensar com símbolos matemáticos, generalizar de forma rápida e abreviar o processo de raciocínio matemático ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , p. 28).

Entre essas estratégias, podemos mencionar aquelas que utilizam procedimentos conhecidos, como os algoritmos, e aquelas que usam procedimentos do tipo heurísticos, por exemplo, utilizar casos particulares e fazer diagramas, conforme indicou Schoenfeld (1985)SCHOENFELD, A. H. Mathematical problem solving. Orlando: Academic Press, 1985. . Na etapa de execução , “[...] a pessoa precisa executar a estratégia proposta. Implica em executar os cálculos matemáticos necessários, bem como desenhar os elementos viso-pictóricos [aqueles referentes aos desenhos/imagens/diagramas]” ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , p. 28). Entendemos que essa etapa revela o quão formados estão, na estrutura cognitiva de uma pessoa, os seus conhecimentos de procedimentos algorítmicos, de técnicas e de fazer desenhos.

Por fim, é na etapa de monitoramento que a pessoa deve (deveria) ter capacidade para realizar o seguinte: a) a partir da pergunta e do contexto do problema, verificar a racionalidade da resposta; b) em qualquer momento da busca da solução, rever o processo de resolução seguido ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. ). Essas atitudes podem ser desenvolvidas se o professor questionar tanto uma resposta que não esteja conforme o contexto envolvido quanto se o caminho seguido garante que a resposta encontrada condiz com uma solução ao problema.

Por outro lado, no caso de um professor adotar em sala de aula o ensinar para resolução de problemas , o foco será, certamente, levar os alunos a aplicar nos “problemas” o conteúdo que acabaram de aprender. Neste caso, o único caminho de busca da solução está no uso do próprio conteúdo, de modo que, como explicado por Schroeder e Lester Jr. (1989), nesta abordagem de ensino, aprender Matemática será os alunos conseguirem fazer uso do conhecimento para resolver problemas, o que coloca a responsabilidade apenas nos alunos.

Nesse sentido, sendo o caminho de resolução conhecido, o trabalho em sala de aula pode direcionar os alunos a apenas utilizarem conhecimentos procedimentais, apenas fazer “[...] uso direto de uma fórmula ou regra conhecidas – quando isso ocorre, a situação tende a se configurar como um exercício” ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , p. 17-18), isto é, os alunos associam a resolução de problemas à ideia de exercitação. Ao contrário disso, concordamos com Echeverría e Pozo (1998ECHEVERRÍA, M. P. P.; POZO, J. I. Aprender a resolver problemas e resolver problemas para aprender. In: POZO, J. I. (org.). A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p. 13-42. , p. 17), que enfatizam que “[...] é importante que nas atividades de sala de aula a distinção entre exercícios e problemas esteja bem definida e, principalmente, que fique claro para o aluno que as tarefas exigem algo mais de sua parte do que o simples exercício repetitivo”.

Diante disso, entendemos que no ensinar para resolução de problemas é importante que os “problemas” correspondam a situações contextualizadas, pois o uso de um contexto ajuda os alunos a darem sentido ao conteúdo matemático a ser aprendido. Por isso, concordamos com Ponte e Quaresma (2012PONTE, J. P.; QUARESMA, M. O papel do contexto nas tarefas matemáticas. Interacções, Santarém, v. 8, n. 22, p. 196-216, 2012. , p. 199) ao definirem contexto como sendo “[...] o universo conceptual associado a cada tarefa, que pode remeter para um campo da vida quotidiana, do qual o aluno pode ter maior ou menor experiência pessoal”.

Desta forma, conforme a conclusão do estudo de Nikmah, Juandi e Prabawanto (2019), abordar problemas em diferentes contextos permite que os alunos reflitam sobre a resolução de problemas matemáticos e não a encarem apenas como uma execução automática. Nessa mesma vertente, o estudo de Scheibling-Sève, Pasquinelli e Sander (2020) enfatizou que o uso de problemas-palavra (envolvendo o mundo real) constitui-se como possibilidade para desenvolver o conhecimento conceitual dos alunos.

Assim, nessa abordagem de ensino, pode-se conceber a ideia de avaliar os alunos no processo de resolução de problemas (nas quatro etapas), o que poderá revelar suas dificuldades no uso de conceitos e procedimentos matemáticos. Na visão de Proença (2021)PROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: uma proposta de organização do ensino para a aprendizagem de conceitos matemáticos. Revista de Educação Matemática, São Paulo, v. 18, p. e021008, 2021. , nessa abordagem de ensino, o professor pode/deve avaliar seus alunos na perspectiva da resolução de problemas (quatro etapas), o que ajuda a evidenciar dificuldades de formação conceitual, bem como dificuldades que podem aparecer na relação entre conceito matemático e o contexto envolvido que os alunos tentam estabelecer. Nesse sentido, assim como Echeverría e Pozo (1998)ECHEVERRÍA, M. P. P.; POZO, J. I. Aprender a resolver problemas e resolver problemas para aprender. In: POZO, J. I. (org.). A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p. 13-42. tratam a busca da solução de problemas como algo que envolve propor estratégias e não apenas como aplicação de conteúdo, também pode-se conceber a ideia de que as aprendizagens anteriores “[...] constituem um meio ou recurso instrumental necessário, mas não suficiente, para alcançar a solução” ( ECHEVERRÍA; POZO, 1998ECHEVERRÍA, M. P. P.; POZO, J. I. Aprender a resolver problemas e resolver problemas para aprender. In: POZO, J. I. (org.). A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p. 13-42. , p. 17).

3 Procedimentos metodológicos

A modalidade de investigação adotada foi a pesquisa bibliográfica , que, segundo Gil (2012, p. 50), é aquela que “[...] é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Porém, Gil (2012, p. 61) esclarece que “[...] existem muitas outras fontes de interesse para a realização de pesquisas, tais como: obras de referência, teses e dissertações, periódicos científicos, anais de encontros científicos e periódicos de indexação e resumo”.

No caso de teses e dissertações, Gil (2012, p. 64) apontou que “fontes dessa natureza podem ser muito importantes para a pesquisa, pois muitas delas são constituídas de relatórios de investigações científicas originais ou acuradas revisões bibliográficas”. Assim, para o presente artigo, buscamos dissertações de mestrado acadêmico e de teses de doutorado e seguimos as etapas de obtenção do material e de leitura do material (exploratória, seletiva, analítica e interpretativa), apontadas por Gil (2012).

Etapa de obtenção do material. A busca de dissertações e teses, em fevereiro de 2020, foi feita por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD)1 1 https://bdtd.ibict.br/vufind da plataforma Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Consideramos como critérios de busca quatro grupos de palavras-chave: a) problemas, ensino e matemática; b) resolução de problemas, ensino e matemática; c) solução de problemas, ensino e matemática; d) situações problema, ensino e matemática. Para cada grupo, adotamos a busca em todos os campos (título, autor, assunto, resumo português e inglês, editor, ano de defesa) e, por fim, consideramos pesquisas desde 2010.

Após a inserção de cada grupo de palavras-chave e do ano inicial, realizamos seleções iniciais com critérios de inclusão e exclusão dos trabalhos, a saber: Seleção 1 (S1) – Cada grupo de palavras-chave foi inserido na plataforma, gerando um resultado inicial; Seleção 2 (S2) – Foram selecionados os trabalhos que tivessem no título qualquer um dos seguintes termos: problemas, resolução de problemas, solução de problemas, ou situações problema; Seleção 3 (S3) – Foram selecionadas apenas as dissertações de mestrado acadêmico e as teses de doutorado; Seleção 4 (S4) – Alguns trabalhos apareceram nos resultados de busca de mais de um grupo de palavras-chave, por isso excluímos as repetições, ficando com uma quantidade menor de trabalhos; Seleção 5 (S5) – Selecionamos os trabalhos cujos títulos indicavam foco no ensino de Matemática, descartando aqueles de outras áreas, como de Física, Química e Engenharias.

Etapa de leitura do material. Primeiramente, as dissertações e teses foram selecionadas a partir de uma leitura exploratória , “[...] pois nem tudo será importante para alcançar os propósitos da pesquisa. [...] Nesta etapa, o que convém é entrar em contato com a obra em sua totalidade, lendo sumário, o prefácio, a introdução, as “orelhas”, algumas passagens esparsas do seu texto” (GIL, 2012, p. 75).

Assim, foi feita uma última seleção para obter o corpus de nossa pesquisa: Seleção 6 (S6), a partir da leitura dos resumos e/ou da metodologia, selecionamos as pesquisas que propuseram ensino de conteúdos de Matemática a partir da resolução de problemas, sendo excluídos os trabalhos que: a) apenas apresentaram propostas elaboradas para serem utilizadas por professores (05 excluídos): b) pesquisas do tipo exploratórias para analisar dificuldades ou conhecimentos na resolução de problemas (34 excluídos); c) pesquisa de análise de livros didáticos (05 excluídos); d) os realizados no ensino superior (04 excluídos).

As pesquisas que propuseram um ensino a partir da resolução de problemas foram divididas em três tipos: 1) uso do problema como ponto de partida para introduzir o conteúdo (PPP) (5 pesquisas); 2) uso do problema como ponto de partida mais uso de problemas para aplicação do conteúdo (PPP + PAC) (8 pesquisas); 3) uso de problemas para aplicação do conteúdo (PAC) (6 pesquisas). Para formar nosso corpus , entre os três tipos, escolhemos as pesquisas sobre uso de problemas para aplicação de conteúdo (PAC) porque tivemos interesse em analisar, após o conteúdo matemático já ter sido estudado pelos alunos, as dificuldades que ainda persistiam ao resolverem problemas .

O Quadro 1 , a seguir, mostra as palavras-chave e as etapas de seleções realizadas até a obtenção do corpus de pesquisa.

Quadro 1
– Resultados obtidos em cada seleção de pesquisas

Desse modo, as pesquisas selecionadas foram seis dissertações de mestrado acadêmico (Apêndice 1), realizadas pelos seguintes autores: Vieira (2013)VIEIRA, S. M. S. Registros Semióticos em Porcentagem: análise da produção de alunos na resolução de problemas triparticionados. 2013. 205 f. Dissertação (Mestrado em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. , Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. , Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. , Silva (2015)SILVA, V. S. Proposição e exploração de problemas no cotidiano da sala de aula de Matemática. 2015. 132f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. , Silva (2016)SILVA, S. V. P. Ideias/significados da multiplicação e divisão: o processo de aprendizagem via resolução, exploração e proposição de problemas por alunos do 5º ano do ensino fundamental. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016. e Kuntz (2019)KUNTZ, E. R. A Matemática Financeira no Ensino Médio como fator de fomento da Educação Financeira: resolução de problemas e letramento financeiro em um contexto crítico. 2019. 157 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019. . Ainda nessa etapa de leitura do material , já com o corpus definido, procedemos às leituras posteriores.

Etapa de leitura do material. As seis dissertações passaram por nossa “[...] leitura seletiva , ou seja, uma leitura mais aprofundada das partes que realmente interessam” (GIL, 2012, p. 75, grifo do autor). Fizemos a leitura seletiva das propostas de ensino, desenvolvidas na Educação Básica, bem como dos resultados e conclusões apontados. Dessa forma, pudemos constituir dados para nossa pesquisa, a saber: a) descrições das propostas de ensino; b) trechos (citações diretas) que destacam as dificuldades dos alunos ao resolverem problemas , ao longo do desenvolvimento das propostas de ensino; c) trechos (citações diretas) da visão dos autores das dissertações sobre o conhecimento dos alunos ao longo das resoluções.

Em seguida, fizemos a “[...] leitura analítica , que tem por finalidade ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de forma que possibilitem a obtenção de respostas da pesquisa” (GIL, 2012, p. 75, grifo do autor). A leitura analítica permitiu-nos analisar os dados. Para isso, seguimos a sugestão de Bardin (2010)BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. ed. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2010. de Análise de Conteúdo que, com base na técnica de exploração do material , promove categorização e subcategorização para delimitar as unidades de registro (trechos extraídos), uma vez que, segundo Bardin (2010BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. ed. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2010. , p. 15), “enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre os dois polos do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade”. Logo após as descrições das propostas de ensino ( Quadro 2 ), apresentamos a seção de análise que mostra as dificuldades dos alunos, delimitadas em categorias de análise, quais sejam, as quatro etapas de resolução de problemas – representação, planejamento, execução, monitoramento – discutidas por Proença (2018b)PROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , e distribuídas, respectivamente, nos Quadros 3 , 4 , 5 e 6 .

Quadro 2
– Descrições das propostas de ensino contidas nas dissertações

Quadro 3
– Dificuldades dos alunos na etapa de representação .

Quadro 4
– Dificuldades dos alunos na etapa de planejamento .

Quadro 5
– Dificuldades dos alunos na etapa de execução

Quadro 6
–Dificuldades dos alunos na etapa de monitoramento

Ao longo das análises, fizemos a leitura interpretativa , proposta por Gil (2012), relacionando os dados ao nosso entendimento do ponto de vista teórico e de pesquisas. Essa etapa também é conhecida como tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação , indicado por Bardin (2010)BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. ed. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2010. .

4 Descrição das propostas de ensino

O Quadro 2 , abaixo, traz descrições das propostas de ensino, segundo nossa interpretação. Destacamos, em negrito, pontos para elucidar a forma geral dessas propostas de ensino, referentes a três aspectos: o fato de que os conteúdos foram (deveriam ter sido) estudados pelos alunos, a natureza e o uso dos “problemas”, e a retomada dos conteúdos.

Tendo em vista essas descrições sobre a forma como se deu a resolução de problemas nas propostas de ensino, sintetizamos os três aspectos a serem considerados: 1) Os conteúdos foram (deveriam ter sido) estudados pelos alunos; 2) A natureza e o uso dos “problemas”; 3) Sobre a retomada dos conteúdos.

1) Os conteúdos foram (deveriam ter sido) estudados pelos alunos. Conforme indicam os dados do Quadro 2 , em todas as propostas de ensino há menção de que os conteúdos matemáticos foram estudados pelos alunos. Para ilustrar, mencionamos os casos de Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. e Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. , que levaram os participantes a fazer uso dos conteúdos envolvidos, atitude que pode ser constatada também pelo fato de não realizarem a etapa de formalização desses conteúdos, como visto no Quadro 2 , o que revela que o foco foi de aplicação e fixação de tais conteúdos. Apenas no caso de Silva (2016)SILVA, S. V. P. Ideias/significados da multiplicação e divisão: o processo de aprendizagem via resolução, exploração e proposição de problemas por alunos do 5º ano do ensino fundamental. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016. há a indicação do uso do conteúdo na resolução de problemas, revelando que isso já deveria ter ocorrido, pois a autora subentendeu que no estudo do conteúdo “[...] os alunos já apresentem algum domínio sobre a resolução de problemas que envolvem as diversas ideias/significados da multiplicação e divisão ” ( SILVA, 2016SILVA, S. V. P. Ideias/significados da multiplicação e divisão: o processo de aprendizagem via resolução, exploração e proposição de problemas por alunos do 5º ano do ensino fundamental. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016. , p. 43, grifo nosso).

2) A natureza e o uso dos “problemas”. De forma geral, identificamos que: a) a natureza dos “problemas”, utilizados pelos autores é do tipo contextualizado, evidenciando a busca de uma relação entre os conteúdos matemáticos e diversos contextos sociais; b) apesar de importante, o uso dos “problemas” nas aulas revelou atitudes direcionadas à aplicação do que foi aprendido em situações entendidas como problemas, o que, segundo Schroeder e Lester Jr. (1989), corresponde a uma ideia de ensinar para resolução de problemas. De forma específica, as propostas de Vieira (2013)VIEIRA, S. M. S. Registros Semióticos em Porcentagem: análise da produção de alunos na resolução de problemas triparticionados. 2013. 205 f. Dissertação (Mestrado em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. , Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. , Silva (2015)SILVA, V. S. Proposição e exploração de problemas no cotidiano da sala de aula de Matemática. 2015. 132f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. e Silva (2016)SILVA, S. V. P. Ideias/significados da multiplicação e divisão: o processo de aprendizagem via resolução, exploração e proposição de problemas por alunos do 5º ano do ensino fundamental. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016. adotaram de antemão que as situações utilizadas correspondiam a problemas, sendo que no caso de Vieira (2013)VIEIRA, S. M. S. Registros Semióticos em Porcentagem: análise da produção de alunos na resolução de problemas triparticionados. 2013. 205 f. Dissertação (Mestrado em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. algumas eram denominadas de questões. O que pode ser observado quando Vieira (2013)VIEIRA, S. M. S. Registros Semióticos em Porcentagem: análise da produção de alunos na resolução de problemas triparticionados. 2013. 205 f. Dissertação (Mestrado em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. aponta o uso de problemas triparticionados, quando Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. afirma que selecionou os problemas matemáticos do livro didático, quando Silva (2015)SILVA, V. S. Proposição e exploração de problemas no cotidiano da sala de aula de Matemática. 2015. 132f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. tem como foco, além de resolver, levar os alunos a explorarem e a proporem problemas, e quando Silva (2016)SILVA, S. V. P. Ideias/significados da multiplicação e divisão: o processo de aprendizagem via resolução, exploração e proposição de problemas por alunos do 5º ano do ensino fundamental. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016. destaca que os alunos puderam criar o hábito de resolver problemas. No caso das propostas de Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. e Kuntz (2019)KUNTZ, E. R. A Matemática Financeira no Ensino Médio como fator de fomento da Educação Financeira: resolução de problemas e letramento financeiro em um contexto crítico. 2019. 157 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019. , verificamos que esses autores utilizaram a ideia de atividades para apresentar as situações trabalhadas, porém ambos deixaram claro que entendiam que se tratava de problemas, portanto, voltado à resolução de problemas.

Por fim, gostaríamos de destacar que Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. e Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. se basearam nas etapas do roteiro de ensino de Allevato e Onuchic (2009)ALLEVATO, N. S. G.; ONUCHIC, L. R. Ensinando matemática na sala de aula através da resolução de problemas. Boletim GEPEM, Rio de Janeiro, ano 33, n. 55, p. 133-156, jul./dez. 2009. e Onuchic e Allevato (2011)ONUCHIC, L. R.; ALLEVATO, N. S. G. Pesquisa em Resolução de Problemas: caminhos, avanços e novas perspectivas. Bolema, Rio Claro, v. 25, n. 41, p. 73-98, dez. 2011. , respectivamente. Esse referencial é coerente com a ideia de que o “problema” deve ser o ponto de partida, bem como com todo processo de formalização do novo conteúdo. No entanto, Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. e Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. , apesar de evidenciarem seguir essa ideia, utilizaram os “problemas” para tratar dos conteúdos já estudados pelos alunos, o que neste artigo foi considerado ensino para resolução de problemas.

3) A retomada dos conteúdos. Na implementação das propostas de ensino, buscamos identificar se houve retomada dos conteúdos ao longo da resolução dos “problemas”. Observamos que Vieira (2013)VIEIRA, S. M. S. Registros Semióticos em Porcentagem: análise da produção de alunos na resolução de problemas triparticionados. 2013. 205 f. Dissertação (Mestrado em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. , Silva (2015)SILVA, V. S. Proposição e exploração de problemas no cotidiano da sala de aula de Matemática. 2015. 132f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. e Kuntz (2019)KUNTZ, E. R. A Matemática Financeira no Ensino Médio como fator de fomento da Educação Financeira: resolução de problemas e letramento financeiro em um contexto crítico. 2019. 157 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019. fizeram uma retomada de conteúdos em alguns momentos. No caso de Vieira (2013)VIEIRA, S. M. S. Registros Semióticos em Porcentagem: análise da produção de alunos na resolução de problemas triparticionados. 2013. 205 f. Dissertação (Mestrado em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. , verificamos que isso ocorreu já após a primeira aplicação de “problemas”, quando retomou noções gerais sobre o conteúdo de porcentagem. Em Silva (2015)SILVA, V. S. Proposição e exploração de problemas no cotidiano da sala de aula de Matemática. 2015. 132f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. , isso ocorreu na quarta unidade didática, que pretendia abordar o conteúdo de função modular. Para tanto, a autora iniciou o estudo apresentando o que era função modular, módulo, bem como trazendo exemplos; e na quinta unidade didática, ao retomar o tema da potenciação para iniciar o estudo de função exponencial. Nesse caso de Silva (2015)SILVA, V. S. Proposição e exploração de problemas no cotidiano da sala de aula de Matemática. 2015. 132f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. , sua atitude indica um evidente ensino de aplicação, que situamos na perspectiva de ensinar para resolução de problemas, de Schroeder e Lester Jr. (1989). Por último, Kuntz (2019)KUNTZ, E. R. A Matemática Financeira no Ensino Médio como fator de fomento da Educação Financeira: resolução de problemas e letramento financeiro em um contexto crítico. 2019. 157 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019. promoveu um processo de institucionalização, ou seja, após os alunos resolverem cada atividade de “problema”, buscou apresentar/formalizar os conteúdos. Identificamos que, ao contrário disso, Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. , Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. e Silva (2016)SILVA, S. V. P. Ideias/significados da multiplicação e divisão: o processo de aprendizagem via resolução, exploração e proposição de problemas por alunos do 5º ano do ensino fundamental. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016. seguiram um rumo em que os alunos apenas se dedicaram a resolver problemas , a partir do uso dos conteúdos aprendidos anteriormente em sua escolarização, de modo que havia um debate em sala de aula, de forma coletiva, a cada um dos problemas resolvidos , sempre seguido das explicações do(a) professor(a). No caso de Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. , chama a atenção o fato de a autora destacar: “Também não foi possível chegar a uma formalização dos conteúdos aos alunos” ( AZEVEDO, 2014AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. , p. 92, grifo nosso).

Após analisar, a partir desses três aspectos, o trabalho feito em sala de aula para abordar os conteúdos pelo uso de “problemas” e, assim, envolver os alunos na “resolução de problemas”, passamos a apresentar resultados sobre as dificuldades desses alunos no processo de resolução de problemas.

5 As dificuldades dos alunos ao “resolverem problemas”

Nesta seção, apresentamos as dificuldades mais evidentes dos alunos, segundo nossa interpretação, constatadas ao longo das leituras das propostas de ensino. Os Quadros 3 , 4 , 5 e 6 , a seguir, mostram as dificuldades dos alunos nas etapas de representação, planejamento, execução e monitoramento, respectivamente.

Observa-se no Quadro 3 que, na etapa de representação , encontramos 10 referências a dificuldades. Verificamos que em todas as propostas de ensino, exceto a de Silva (2016)SILVA, S. V. P. Ideias/significados da multiplicação e divisão: o processo de aprendizagem via resolução, exploração e proposição de problemas por alunos do 5º ano do ensino fundamental. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2016. , os alunos apresentaram dificuldades no uso do conhecimento semântico (5 pesquisas), referente a diferenciar e utilizar conceitos matemáticos como porcentagem, área, perímetro, todo (inteiro), dobro, metade, números pares e ímpares, taxa, trimestre e semestre, líquido e bruto. No caso do uso de conhecimentos esquemáticos , relacionado a reconhecer o conteúdo de Matemática contemplado no “problema” e que poderia ser utilizado na sua resolução, verificamos dificuldades em três propostas de ensino, sendo uma em cada: cálculo de área ao invés de perímetro e vice-versa; tentativas de uso da divisão e da multiplicação sem sucesso; não diferenciação entre função modular e função quadrática. Por fim, em termos do conhecimento linguístico , verificamos apenas duas dificuldades, evidenciadas em duas propostas de ensino.

Dificuldades relacionadas à compreensão de problemas também foram investigadas em pesquisas internacionais, como a de Tambychik e Meerah (2010)TAMBYCHIK, T.; MEERAH, T. S. M. Student’s Difficulties in Mathematics Problem-Solving: what do they say? Procedia Social and Behavioral Sciences, Singapura, v. 8, p. 142-151, 2010. e a de Kunene e Sepeng (2017)KUNENE, N.; SEPENG, P. Rural Learners’ Views and Perceptions about Their Experiences in Word Problem Solving. Journal of Social Sciences, Londres, v. 50, n. 1-3, p. 133-140, 2017. . A pesquisa de Tambychik e Meerah (2010)TAMBYCHIK, T.; MEERAH, T. S. M. Student’s Difficulties in Mathematics Problem-Solving: what do they say? Procedia Social and Behavioral Sciences, Singapura, v. 8, p. 142-151, 2010. , feita com 107 alunos de 14 anos, do Ensino Fundamental, mostrou que eles enfrentavam dificuldades em relação a suas habilidades cognitivas de aprendizagem para realizar conexões entre as informações contidas nos problemas. Já o estudo de Kunene e Sepeng (2017)KUNENE, N.; SEPENG, P. Rural Learners’ Views and Perceptions about Their Experiences in Word Problem Solving. Journal of Social Sciences, Londres, v. 50, n. 1-3, p. 133-140, 2017. mostrou que o desempenho de oito alunos da 6ª série foi influenciado pelas suas capacidades de usar corretamente a linguagem matemática, de compreender de forma adequada textos e terminologias, de entender as operações contidas no texto e de ter clareza sobre os conceitos, bem como sobre o vocabulário utilizado no problema.

De modo geral, as dificuldades de compreensão de problemas podem ser reveladas justamente no trabalho com situações contextualizadas, como as utilizadas nas propostas de ensino aqui analisadas. Em contexto internacional, os estudos de Nikmah, Juandi e Prabawanto (2019) e Scheibling-Sève, Pasquinelli e Sander (2020) mostraram, respectivamente, que 34 alunos de Ensino Médio de uma escola da Indonésia apresentaram dificuldades para obter o modelo algébrico de problemas no contexto do Desenvolvimento Sustentável, e que 83% (n=182) de alunos de quatro escolas de Paris não conseguiram identificar a propriedade distributiva como estrutura conceitual comum em problemas-palavras (do mundo real).

Conforme se observa no Quadro 4 , na etapa de planejamento , encontramos sete exemplos de dificuldades. Verificamos que a maior ocorrência de dificuldades foi no uso de fórmula matemática (4 pesquisas) para compor a estratégia de resolução, em relação ao cálculo de áreas, à identificação e ao uso corretos de divisor e dividendo, a perceber e estabelecer o uso correto do tipo de função, a erros em algoritmos e a não saber calcular descontos. Já nas estratégias heurísticas (2 pesquisas) e no uso de gráfico (1 pesquisa), percebe-se que as dificuldades estavam na relação entre os contextos e a linguagem matemática, o que possivelmente também ocorreu em algumas das dificuldades constatadas no uso de fórmula matemática , como no caso do cálculo de área e na escolha de funções como estratégia de resolução.

Tais dificuldades na etapa de planejamento podem ter origem, segundo estudo de Barroso e Ortiz (2007)BARROSO, J. J.; ORTIZ, I. R. R. Dificultades de aprendizaje e intervención psicopedagógica en la resolución de problemas matemáticos. Revista de Educación, Madrid, n. 342, p. 257-286, ene./abr. 2007. , no comprometimento do desenvolvimento de componentes afetivos dos alunos devido ao uso exacerbado de regras/fórmulas sem sua devida reflexão. Tal uso pode prejudicar os alunos na elaboração/proposição de estratégias de resolução. Uma consequência disso pode ser verificada na pesquisa de Seifi, Haghverdi e Azizmohamadi (2012)SEIFI, M.; HAGHVERDI, M.; AZIZMOHAMADI, F. Recognition of students’ difficulties in solving mathematical word problems from the viewpoint of teachers. Journal of Basic and Applied Scientific Research, Cairo, v. 2, n. 3, p. 2923-2928, 2012. , realizada com 52 professores de escolas do Ensino Médio de Arak, no Irã, que mostrou que 31% dos professores indicaram a incapacidade do aluno de elaborar um plano para resolver o problema como um dos principais motivos das dificuldades na resolução, perdendo apenas para as dificuldades na compreensão do problema, apontada por 51% dos professores como principal fator.

Observa-se no Quadro 5 que, na etapa de execução , encontramos seis dificuldades. Verificamos que o uso de algoritmos (3 pesquisas), de técnicas (2 pesquisas) e de desenhos (1 pesquisa) revelou dificuldades dos alunos nas operações aritméticas, em contagem, em cálculo de porcentagem e em saber utilizar desenhos. O que chama a atenção é que as pesquisas de Silva (2015)SILVA, V. S. Proposição e exploração de problemas no cotidiano da sala de aula de Matemática. 2015. 132f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. e Kuntz (2019)KUNTZ, E. R. A Matemática Financeira no Ensino Médio como fator de fomento da Educação Financeira: resolução de problemas e letramento financeiro em um contexto crítico. 2019. 157 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019. tinham como participantes alunos do Ensino Médio, que, espera-se, não deveriam apresentar dificuldades para operar com cálculos matemáticos. No caso da pesquisa de Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. , também chama a atenção o fato de alunos que estavam no final do 5º ano do Ensino Fundamental revelarem dificuldades em operar com adição, subtração, multiplicação e divisão.

Observa-se no Quadro 6 que, na etapa de monitoramento , encontramos três dificuldades, apenas nas pesquisas de Azevedo (2014)AZEVEDO, M. F. Uma investigação sobre a utilização de materiais didáticos manipuláveis e a resolução de problemas no ensino e na aprendizagem de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2014. 348 f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2014. e Piva (2014)PIVA, R. Estratégias Mobilizadas na Resolução de Problemas Matemáticos de Divisão por Alunos da Sala de Aula de Articulação da 2º Fase do 2º Ciclo do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Várzea Grande - MT. 2014. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014. . O que se verifica nesses resultados é que possivelmente os alunos não se atentaram à relação entre o contexto e suas resoluções, pois não houve um ato de avaliar a resposta (2 pesquisas), verificando se estava de acordo com a pergunta e seu contexto, nem uma atitude de rever a resolução (1 pesquisa), também com base no contexto envolvido, para verificar se estava adequada.

Sobre a iniciativa de avaliar a resposta, isso pode estar relacionado tanto ao aluno quanto à postura do professor. Um exemplo é o estudo de Sousa e Mendes (2017)SOUSA, C.; MENDES, F. Aprender a resolver problemas no 2º ano do ensino básico. Bolema, Rio Claro, v. 31, p. 243-265, 2017. , que mostrou que o participante de sua pesquisa, aluno do 2º ano do Ensino Fundamental, não examinou a solução de quatro dos seis problemas de subtração propostos, ato que, segundo as autoras, “[...] pode estar relacionado com o facto de os alunos não se questionarem ou não serem questionados sobre a solução obtida, pensando de imediato que o primeiro resultado é a resposta correta” ( SOUSA; MENDES, 2017SOUSA, C.; MENDES, F. Aprender a resolver problemas no 2º ano do ensino básico. Bolema, Rio Claro, v. 31, p. 243-265, 2017. , p. 263). Especificamente sobre a postura do professor, o estudo de Agusfianuddin, Herman e Turmudi (2020) mostrou que 86 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental de escolas estaduais da cidade de Bandung, na Indonésia, apresentaram como principal dificuldade entender o propósito da pergunta dos problemas propostos, devido à linguagem utilizada e à longa extensão das perguntas. De modo geral, esse resultado chama a atenção para o fato de que as dificuldades dos alunos na etapa de monitoramento podem estar relacionadas à estrutura dos problemas abordados pelos professores em sala de aula.

6 Considerações finais

Neste artigo, buscamos responder à seguinte questão de pesquisa: Que dificuldades dos alunos da Educação Básica são evidenciadas em propostas de ensino que utilizaram a resolução de problemas para aplicação de conteúdos matemáticos e, a partir dessas dificuldades, que compreensão se revela sobre o processo de ensino? Para tal, o corpus consistiu em seis dissertações que desenvolveram uma proposta de ensino para alunos da Educação Básica, em que os “problemas” foram utilizados após os alunos terem estudado os conteúdos envolvidos.

Os resultados indicam que os alunos da Educação Básica apresentam dificuldades nas quatro etapas do processo de resolução de problemas, a saber: representação (frequência 10), planejamento (frequência 7), execução (frequência 6) e monitoramento (frequência 3). A maior parte das dificuldades ocorreu na etapa de representação, o que corrobora os achados das pesquisas, anteriormente mencionadas, de Tambychik e Meerah (2010)TAMBYCHIK, T.; MEERAH, T. S. M. Student’s Difficulties in Mathematics Problem-Solving: what do they say? Procedia Social and Behavioral Sciences, Singapura, v. 8, p. 142-151, 2010. , Stefani, Travassos e Proença (2018), Stefani e Proença (2019), Agusfianuddin, Herman e Turmudi (2020) e Proença et al. (2020), de modo que novamente se identifica maior incidência de dificuldades na compreensão de problemas.

De forma específica, as subcategorias de análise mostram que as dificuldades dos alunos estão no uso de conhecimentos semânticos (em 5 pesquisas), no uso de fórmulas matemáticas (conhecimento estratégico) para compor a estratégia de resolução (em 4 pesquisas) e no uso do conhecimento esquemático e no operar os algoritmos (conhecimento procedimental) (em 3 pesquisas, cada).

Na visão dos PCN ( BRASIL, 1998BRASIL. Secretaria de ensino fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: SEF/MEC, 1998. ), Brito (2010)BRITO, M. R. F. Alguns aspectos teóricos e conceituais da solução de problemas matemáticos. In: BRITO, M. R. F. (org.). 2. ed. Solução de problemas e a matemática escolar. Campinas: Alínea, 2010. p. 13-53. e Proença (2018b)PROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. , podemos apontar que essas dificuldades estão atreladas à mobilização de conhecimentos conceituais e procedimentais, necessários à resolução de problemas: a) o uso de conhecimentos semânticos e de conhecimentos esquemáticos estão relacionados à mobilização de conhecimentos conceituais, uma vez que envolvem, respectivamente, conhecer os conceitos matemáticos que aparecem de forma explícita ou em palavras nos enunciados dos “problemas” e identificar o(s) conceito(s) matemático(s) envolvido(s) que caracteriza(m) ou indica(m) a natureza de determinado “problema”; b) o uso de algoritmos está relacionado à mobilização de conhecimentos procedimentais, uma vez que se trata de procedimentos a serem seguidos para desenvolver as fórmulas matemáticas.

Sobre as propostas de ensino, as descrições revelaram que essas dificuldades ocorreram em meio ao trabalho destinado a abordar a resolução de problemas: a) que prezou pela apresentação ou o estudo prévio pelos alunos dos conteúdos envolvidos para depois tratar de “resolução de problemas”; b) que envolveu, na totalidade, o uso de situações contextualizadas; c) que revelou a atitude de retomada/revisão dos conteúdos que estavam a ser aplicados tanto pelas dificuldades dos alunos quanto pela iniciativa/necessidade do professor em revisá-las. Esse trabalho com resolução de problemas após o estudo dos conteúdos que mostrou a atitude de apenas retomá-los/revisá-los já havia sido apontado nos estudos de Proença e Maia (2018)PROENÇA, M. C.; MAIA, E. J. O ensino de matemática por meio da resolução de problemas: análises de propostas desenvolvidas no Ensino Médio. Educação Matemática em Revista, Brasília, v. 23, n. 57, p. 92-112, jan./mar. 2018. , Proença (2018a)PROENÇA, M. C. O ensino de matemática por meio da resolução de problemas: metanálise de propostas nos 6º e 7º anos do ensino fundamental. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 496-517, 2018a. e Proença e Maia-Afonso (2020)PROENÇA, M. C.; MAIA-AFONSO, E. J. Resolução de problemas: análise de propostas de ensino em dissertações de mestrado profissional. Revista Paranaense de Educação Matemática, Campo Mourão, v.09, n.18, p.180-201, jan./jun. 2020. .

Contudo, foi possível perceber que as dificuldades dos alunos para aplicar conteúdos matemáticos na “resolução de problemas” estão relacionadas ao uso de conhecimentos semânticos, estratégicos e procedimentais. De outra forma, trata-se de dificuldades de mobilização de conceitos e procedimentos matemáticos que deveriam estar bem formados e que, consequentemente, geraram dificuldades para seguir no processo de resolução de problemas. Diante dessas dificuldades, a compreensão sobre o processo de ensino que se revela é que as posturas didáticas adotadas, baseadas em retomar e/ou revisar conteúdos, conduziram os alunos a simplesmente “resolver problemas”, o que, na visão de Schroeder e Lester Jr. (1989), acaba por limitar a aprendizagem a apenas usar/aplicar conhecimentos.

Como implicações do estudo, podemos apontar que as dificuldades dos alunos, sobretudo, no uso de conhecimentos semânticos, estratégicos e procedimentais que são necessários à resolução de problemas ( PROENÇA, 2018bPROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: encaminhamentos para o ensino e a aprendizagem de Matemática em sala de aula. Maringá: EdUEM, 2018b. ) são decorrentes da má formação de conceitos e de procedimentos matemáticos. Uma vez que os alunos já haviam estudado os conteúdos e foram, em seguida, envolvidos diretamente na aplicação desses conteúdos para resolver os “problemas”, os resultados evidenciam que a preocupação no ensino era a de que os alunos conseguissem aplicá-los ao invés de focar na construção dos conhecimentos conceituais e procedimentais.

No entanto, o trabalho com resolução de problemas deveria focar, conforme explicou Proença (2021)PROENÇA, M. C. Resolução de Problemas: uma proposta de organização do ensino para a aprendizagem de conceitos matemáticos. Revista de Educação Matemática, São Paulo, v. 18, p. e021008, 2021. , em avaliar/analisar os alunos na perspectiva da resolução de problemas, evidenciando tanto a compreensão de conceitos e procedimentos matemáticos envolvidos quanto a compreensão do processo (etapas) de resolução de problemas. O que constatamos foi que a análise das seis dissertações, as quais trataram da resolução de problemas após o ensino dos conteúdos, revela que aparentemente há um ensino que se baseia no uso de “problemas” como se fossem atividades a serem resolvidas na função de exercícios. Consequentemente, quando os alunos revelaram dificuldades no uso de seus conhecimentos matemáticos, saná-las decorreu das atitudes pedagógicas voltadas em maioria a retomar/revisar conteúdos.

Diante dessas considerações, podemos indicar que é necessário que os conceitos e procedimentos matemáticos não sejam apenas apresentados aos alunos como se eles por si só conseguissem abstraí-los e, assim, conseguissem aplicá-los na “resolução de problemas”. Nesse sentido, pesquisas que tenham interesse no uso do “problema para aplicação do conteúdo” (PAC), como feito nas seis dissertações aqui analisadas, poderiam adequar a abordagem de resolução de problemas em meio à construção de conhecimentos matemáticos conceituais e procedimentais. Assim, pesquisas como a do tipo “problema como ponto de partida mais uso de problemas para aplicação do conteúdo” (PPP + PAC), evidenciadas na nossa seleção/delimitação para o corpus , também poderiam levar em consideração essa construção. Portanto, estudos futuros podem ser feitos com propostas de ensino que visem abordar a formação dos conceitos e procedimentos envolvidos antes e durante o trabalho na perspectiva da resolução de problemas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2022

Histórico

  • Recebido
    07 Maio 2020
  • Aceito
    02 Nov 2021
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