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Editorial

EDITORIAL

Uma amostra da variedade de perspectivas teórico-metodológicas que atravessam o campo da Psicologia Social está presente nos trabalhos que introduzem e também no que fecha este número de Psicologia USP, cuja composição abarca ainda pesquisas inspiradas por questões inseridas no contexto da Psicologia Escolar e no âmbito da investigação em Psicanálise.

O primeiro trabalho traça os contornos das contribuições específicas que a Psicologia Social tem a oferecer para a área de Ciências Humanas na contemporaneidade, recortando como objeto de interesse justamente a operação da articulação entre o psicológico e o social implicada na temática da integração psicossocial, na perspectiva da radicalidade da leitura freudiana que se funda tanto na imbricação inevitável entre o psicológico e o social como entre a ontogênese e a filogênese.

O campo das políticas públicas é o alvo de interesse do próximo estudo, que tem por objetivo examinar as concepções teóricas que fundamentam as análises de políticas públicas bem como apresentar os modelos principais que são utilizados no Brasil , por meio do exame do papel da subjetividade nos processos de decisão e nos embates pelo poder, à luz dos instrumentos teóricos fornecidos pela Psicossociologia. O próximo ensaio se insere na área de estudos voltada à construção da Psicologia no Brasil do ponto de vista da atuação política de suas associações profissionais, tendo como objeto de investigação as práticas e histórias de duas entidades representativas da categoria dos psicólogos, que são o Conselho Regional de Psicologia e o Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo, no período entre o regime militar e o processo de redemocratização do país.

O referencial histórico-cultural fundamenta as pesquisas que convergem para os dois artigos subsequentes. O primeiro examina a questão das emoções humanas, objeto de interesse de Vigotski desde os primórdios de suas investigações, em função da crítica que ele efetua das concepções de James-Lange a esse respeito e enfatiza o papel fundamental atribuído por ele a essa temática no encaminhamento futuro da ciência psicológica. O artigo seguinte trata da formação e atuação do psicólogo escolar, articulando-as especificamente às questões pertinentes à Educação Inclusiva e apresenta as contribuições da psicologia histórico-cultural nesse contexto, a partir dos fundamentos que dão suporte à teorização de Vigotski.

O próximo artigo se insere na área de Orientação Profissional e se remete a uma revisão da literatura para examinar a produção de conhecimento relativa a um componente fundamental desse processo de orientação, que é a Informação Profissional, destacando como os procedimentos tradicionais se aliam às novas Tecnologias da Informação e Comunicação no sentido de seu desenvolvimento.

O conjunto dos três trabalhos subsequentes circula no campo de interesses das pesquisas em Psicanálise. O primeiro recorta a conceituação do complexo de Édipo como objeto de investigação, traçando um percurso que parte das formulações freudianas originais para demonstrar não só as inovações radicais implicadas nas teorizações de Lacan e Winnicott como em que medida ambas se aproximam e se afastam entre si. O pensamento de Merleau-Ponty é convocado pelo próximo artigo, que tematiza a discussão que ele efetua de um caso de Binswanger, por meio de sua concepção de sintoma como elaboração de uma forma de vida, de modo a explicitar como a análise que o filósofo empreende sobre a Psicanálise o leva a negar o inconsciente, um conceito nuclear da metapsicologia freudiana.O terceiro trabalho desse conjunto se situa no campo de reflexões voltado à experiência estética e aborda a vertente psicanalítica da psicologia do ego, especialmente as contribuições de Ernst Kris, no sentido de investigar os desdobramentos da sublimação como um dos destinos pulsionais , no âmbito da articulação entre Arte e Psicanálise.

Bisa Bia Bisa Bel e Atrás da Porta, obras de Ana Maria Machado e Ruth Rocha, eminentes autoras de literatura infantil, circunscrevem o objeto de investigação do ensaio que fecha este número, cuja análise da personagem "avó" nos remete ao lugar proeminente que ela ocupa na rede intergeracional, desde que, com sua potência como veículo de transmissão da cultura e da tradição, se faz ninho fértil de heranças simbólicas, elemento fundamental na intrincada rede constitutiva da subjetividade.

Ana Maria Loffredo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Abr 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2012
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