Acessibilidade / Reportar erro

Estudos e pesquisas do e sobre o corpo: a produção da Pro-Posições (1990-2018)1 1 Normalização, preparação e revisão textual: Leda Farah (farahledamaria@gmail.com) e Vera Bonilha(verabonilha@yahoo.com.br) 2 2 Texto integrante do dossiê especial: “Pro-Posições 30 anos”, organizado pelo Prof. Dr. André Luiz Paulilo.Editor Associado responsável: Prof. Dr. André Luiz Paulilo.

Resumo

Os estudos e as pesquisas do e sobre o corpo muito recentemente se tornaram objeto de investigação das ciências humanas e também do campo da educação. Este artigo tem como objetivo apresentar a produção da revista Pro-Posições, relacionada aos estudos e às pesquisas sobre esse tema, desenvolvidas a partir de distintas abordagens e perspectivas teóricas, desde a sua criação em 1990 até 2018. Esta produção foi repertoriada por meio de buscas nos campos título, resumo e palavras-chave, utilizando-se dos seguintes descritores: corpo; cuerpo; educação física; ginástic; gímnic; dança; esport; lazer; recrea. Foi possível identificar um conjunto significativo de 105 publicações que abrangem artigos, apresentações, resenhas e outros textos, contemplando as diferentes seções da revista. Isso também demonstra ser este um periódico sintonizado com temas emergentes, originais e/ou pouco considerados, podendo ser reconhecido como uma publicação da área da educação fortemente aberta ao diálogo amplo e qualificado.

Palavras-chave
Pro-Posições; corpo; educação física; dança; lazer e recreação

Abstract

Studies and research of and about the body have very recently become subject of investigation in the human sciences and also in the field of education. This article aims to present the production of the journal Pro-Posições, related to studies and research on this topic, developed from different approaches and theoretical frameworks, from 1990 to 2018. This production was searched by title, abstract, and keywords, using the following descriptors: corpo (body); cuerpo (body); educação física (physical education); ginástic (gymnastic); gímnic (gymn); dança (dance); esport (sport); lazer (leisure); recrea (recreation). It was possible to identify a significant set of 105 publications covering articles, presentations, reviews, and other texts, which are part of the different sections of the journal. This shows that this journal is tuned to emerging, original, and/or little-considered topics, and it can be recognized as a publication of the education area that is strongly open to broad and qualified dialogue.

Keywords
Pro-Posições; body; physical education; dance; leisure, and recreation

Introdução

A revista Pro-Posições, criada em 1990 como um periódico do campo da educação em suas variadas e múltiplas interfaces, é uma publicação quadrimestral de editoria da Faculdade de Educação da Unicamp.

No ano de 2009, quando a revista completou 20 anos de existência, Agueda Bernardete Bittencourt e Elizabeth Mercuri (2009)Bittencourt, A. B., & Mercuri, E. (2009, setembro/dezembro). Entre capas e letras, embates e crenças. 20 anos de Pro-Posições. Pro-Posições, 20(3[60]), 161-178. Retrieved in Jan. 10, 2019, fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072009000300011
fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?scri...
escreveram o artigo “Entre capas e letras, embates e crenças - 20 anos de Pro-Posições”, no qual se propuseram a

compreender ou imaginar – pelos traços deixados em quase 60 números, a partir de diferenças e oposições que colocam frente a frente revistas e editores – a história de uma revista, cujo lugar no mundo acadêmico foi conquistado e consolidado ao longo de duas décadas. (p. 162)

Passados dez anos dessa publicação, constatamos que a história cuidadosamente narrada pelas autoras foi ganhando novos contornos e, em sua trajetória, a Pro-Posições continua assumindo um lugar de destaque dentre os periódicos da área da educação que ampliaram significativamente as temáticas publicadas. A Pro-Posições é uma revista sintonizada com temas emergentes, originais e/ou pouco considerados, entre os quais podemos incluir estudos e pesquisas do e sobre o corpo, que, muito embora apenas muito recentemente se tenham tornado objeto de investigação das ciências humanas e do campo da educação, têm estado presentes nas publicações da revista, em distintas abordagens e perspectivas teóricas, que apresentaremos neste artigo.

De acordo com Góis Junior, Soares e Terra (2015)Góis Junior, E., Soares, C. L., & Terra, V. D. S. (2015, outubro/dezembro). Corpo-máquina: diálogos entre discursos científicos e a ginástica. Movimento, 21(4), 973-984. Retrieved in Jan. 10, 2019, from https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/52754
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
, deve-se à Escola dos Analles a eleição do corpo como um objeto da história no campo das ciências humanas.

Isso porque essa maneira de fazer história em que o corpo ganha estatuto de objeto é própria da Escola dos Analles e das fronteiras e interações que estabelecem os intelectuais que a ela se filiam, da necessidade que sugerem de aproximação com as outras Ciências Sociais, com a Educação, Filosofia, Psicanálise e a Arte. Essa compreensão é tributária de pensadores como o etnólogo Marcel Mauss (1936) que, com seu clássico estudo sobre as técnicas corporais, tratou o corpo como arquivo simbólico das sociedades, dos seus modos de se educar e de viver, do habitus; de Norbert Elias (1994; 1995)Elias, N. (1994). O processo civilizador: uma história dos costumes (Vol. 1, 2a ed.). Rio de Janeiro: Zahar. e seus estudos sobre os processos civilizatórios publicados a partir de 1939, nos quais historiciza a economia psíquica a partir do aporte da Sociologia e da Psicanálise; de historiadores como Marc Bloch (1987; 2001), que na década de 1940 afirmava que era necessário farejar a carne humana e pensar os seres humanos por detrás de toda a vida social e que uma “... história mais digna de tal nome do que os tímidos ensaios a que nossas possibilidades nos limitam hoje teria em consideração as aventuras do corpo ...” (2001, p. 91); de Michel Foucault (1980, 1998, 2003, 2008), que nos anos 1970 produziu inúmeros estudos sobre a centralidade do corpo na medicina, no poder sobre o crpo e sobre a vida, no biopoder e na biopolítica. (pp. 974-975)

Trata-se, portanto, de um movimento do pensamento que contribuiu para a consolidação de estudos e pesquisas do e sobre o corpo5 5 É importante situar um conjunto de autores e autoras que vêm se dedicando aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo, dentre os quais citamos as seguintes referências: Alain Ehrenberg (1991); Alain Corbin, Jean-Jacques Courtine e Georges Vigarello (2005); Alexandre Fernandez Vaz (1999, 2011, 2016a, 2016b); Ana Cristina Richter, Cristina Silveira Santos e Alexandre Fernandez Vaz (2018); Ana Márcia Silva (2001); Bernard Andrieu e Gilles Boëtsch (2008); Cadernos Cedes (1999); Carmen Lúcia Soares (2003, 2011, 2014); Communications (2007); Denise Bernuzzi de Sant’Anna (1994, 2003, 2005, 2011a, 2011b, 2014, 2016); Georges Vigarello (1978, 1988, 1996, 2004, 2010, 2014), Mari del Priore e Marcia Amantino (2011); Norbert Elias (1994). como objeto das ciências humanas e da educação. Há, então, um objeto múltiplo, polissêmico, complexo, que possibilita trazer para o centro do debate educacional distintas dimensões da vida em sociedade.

Considerar o corpo como um objeto do campo da educação torna necessário aproximá-lo ou mesmo fundi-lo a campos diversos que lhe fornecem outras perspectivas de aproximação e lhe servem de esclarecimento. Assim, pensar em seus itinerários demonstra a existência de lugares nos quais, em uma dada conjuntura e em condições mais precisas e possíveis de análise, eclodem interesses inéditos por esse objeto – o corpo –, interesses que triunfam sobre outros preexistentes, apoderando-se de áreas até então negligenciadas da esfera social. Parece igualmente legítimo descrever e perscrutar essas preocupações meticulosas, perenizadas em torno da saúde, da prevenção, da educação em múltiplas esferas e que foram reunidas sob a forma corrente de educação física (Vigarello, 1988Vigarello, G. (1988). Une histoire culturelle du sport: Techniques d’hier... et d’aujourd’hui. Paris: Robert Laffont.), mas também de ginástica, de dança, de esporte, de lazer e de recreação.

Nosso artigo, portanto, tem como objetivo apresentar a produção da revista Pro-Posições, relacionada aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo, desde a sua criação em 1990 até 2018. Esta produção foi repertoriada por meio de buscas nos campos título, resumo e palavras-chave,6 6 De 1990 até o número 1 de 1993, os artigos da Pro-Posições não continham resumo e palavras-chave, portanto nossas buscas levaram em consideração os títulos. A partir do número 2 de 1993, a revista passou a apresentar resumos e palavras-chave nos artigos. utilizando descritores, selecionados por serem correlatos à temática, tais como: corpo; cuerpo; educação física; ginástic; gímnic; dança; esport; lazer; recrea.7 7 Para a realização do processo de busca das produções, contamos coma colaboração de Henrique Nunes Marinho e Viviane da Luz Oliveira, graduandos da Unicamp que participaram do programa Bolsa Auxílio Social (BAS) do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp, sob orientação de Eliana Ayoub. Contamos, ainda, com o auxílio de Marília Del Ponte de Assis, que fez doutorado sob orientação de Eliana Ayoub, para a conferência das tabelas apresentadas neste artigo. Encontramos algumas dificuldades ao realizar as buscas nos arquivos digitalizados da revista, entre os anos de 1990 e 1999, pois eles estão num formato que não permite o acesso às palavras dos textos por meio de comandos de busca. De 2000 a 2003, a maior parte dos arquivos permite esse acesso e, a partir de 2004, não tivemos mais essa limitação.

A nossa opção por pesquisar os títulos, os resumos e as palavras-chave possibilitou a realização de um amplo levantamento, e foi este o critério para organizarmos as produções em tabelas, que serão apresentadas mais adiante. Algumas resenhas selecionadas nestas tabelas nem sempre trazem no título os descritores, mas foram incluídas porque fazem parte de dossiês dedicados aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo ou referem-se a obras relacionadas à temática. No entanto, o número de produções da revista que abordamos estudos e as pesquisas sobre esse tema é ainda maior do que as listadas nas tabelas deste artigo, uma vez que em muitas delas esta temática aparece secundariamente. Isso pôde ser constatado quando utilizamos os descritores “corpo” ou “cuerpo” e encontramos várias publicações que os mencionam ao longo do texto,8 8 Deparamo-nos com mais de 190 produções nas quais aparecem os descritores “corpo” ou “cuerpo” no decorrer dos textos. embora não os tragam nos campos elegidos para nossas buscas.9 9 Como mencionamos anteriormente, essa busca não pôde ser feita nas publicações em arquivos cujo formato impede a utilização do comando de busca.

De acordo o critério de pesquisa estabelecido, pudemos identificar um conjunto significativo de 105 publicações entre os anos de 1992 e 2018, que abrangem artigos, apresentações, resenhas e outros textos10 10 A Revista Pro-Posições publica artigos inéditos, ensaios, resenhas, documentos e textos oriundos de publicações fora de catálogo em suas diferentes seções: “Dossiê”, “Artigos”, “Diverso e Prosa”, “Leituras e Resenhas” (http://www.scielo.br/revistas/pp/pinstruc.htm), contemplando as diferentes seções da revista.

Isso demonstra que o periódico esteve/está sintonizado com temáticas emergentes, originais e/ou pouco tratadas na área da educação, como é o caso do tema aqui abordado. O material compilado evidencia que a Pro-Posições acolheu em suas páginas, desde seus primeiros anos de circulação, estudos e pesquisas do e sobre o corpo a partir de diferentes perspectivas, conforme veremos a seguir pelos assuntos reunidos em cada uma das décadas de sua existência.

Da criação a 1999: corpo, dança e educação física

Desde sua criação e na primeira década, 19 produções remetem aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo: 12 artigos, 06 resenhas e 01 apresentação.

As primeiras publicações ocorreram em 1992 (v. 3, n. 2, maio/ago.), sendo um artigo e uma resenha. A última publicação do período foi em 1998 (v. 9, n. 2, maio/ago.), com um número temático da revista totalmente dedicado à dança, organizado por Isabel A. Marques (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/1963), contendo um editorial, oito artigos e uma resenha. Foram abordados nesse número temas como: corpo;dança contemporânea e educação;dança voltada para meninos e meninas; dança inserida na cultura jovem e na escola; relações entre dança, gênero e uma pedagogia feminista e crítica; dança moderna americana;problemática do ensino da dança, suas técnicas e suas correntes estéticas na relação com o currículo escolar; dança no âmbito da educação somática; e, ainda, dança e dança-teatro de Pina Bausch.

Embora tenhamos duas produções sobre outros temas, como a violência no corpo do trabalhador e esquema corporal da criança, nesse período predomina a dança, já que o número temático da revista era totalmente dedicado a esse assunto, somando-se a mais alguns artigos de demanda espontânea a ele correlatos.

Ainda nessa década, encontramos algumas resenhas de livros sobre educação física escolar; educação psicomotora; história da educação física; e história das práticas higiênicas.

Na Tabela 1, a seguir, trazemos os títulos11 11 Observamos que alguns títulos do sumário estão diferentes do título dos artigos completos, especialmente no número temático de Dança publicado em 1998. Essa diferença também ocorre posteriormente em outros números da revista. Em nossas tabelas, optamos por adotar os títulos que constam nos links dos artigos completos. e os(as) autores(as), assim como os dados das publicações e os links de acesso aos textos.

Tabela 1
Publicações de estudos e pesquisas do e sobre o corpo na revista Pro-Posições no período de 1990 a 1999

Neste cenário inicial, verificamos, portanto, um interesse pelos estudos e pelas pesquisas do e sobre o corpo, bem como um acolhimento a eles, que, como veremos mais adiante, se intensificou nos anos seguintes.

Dos anos 2000 a 2009: a consolidação de estudos e pesquisas do e sobre o corpo

Em sua segunda década de existência, a Pro-Posições seguiu com os estudos e as pesquisas do e sobre corpo circunscritos em torno da dança e da educação física, ao mesmo tempo em que ampliou em direção a temas correlatos, como é o caso do lazer e da recreação. Para além dessa expansão temática, a revista passou a delimitar com mais acuidade e profundidade problemáticas de investigação, tendo os estudos e as pesquisas do tema como centralidade e uma forte interlocução com as ciências humanas. Nesse sentido, podemos afirmar a consolidação dessa temática no conjunto de textos publicados nessa década.

Houve, nesse período, um total de 40 produções, sendo 32 artigos, 05 resenhas, 01 apresentação de dossiê e 02 textos na seção “Diversos e Prosas”.12 12 Esta seção aparecia com o nome no plural - “Diversos e Prosas”. A partir de 2008, passou a ser nominada no singular “Diverso e Prosa”.

Foi nessa década que a revista consolidou sua seção “Dossiê”, tendo sido o primeiro deles, denominado “Educação especial e políticas inclusivas”, organizado por Maria Teresa Egler Mantoan e Regina Maria de Souza (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2120), publicado no ano de 2001 (v. 12, n. 2-3, jul./nov.).

Dois anos mais tarde, em 2003 (v. 14, n. 2, maio/ago.), o dossiê “A visibilidade do corpo”, organizado por Carmen Lúcia Soares (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2205), composto por uma apresentação e nove artigos, inaugurou uma discussão a respeito de temáticas que versam sobre a historicidade do corpo;os sinais da morte;a alimentação como espetáculo; a interface entre medicina, higiene e educação; a indústria cultural e o debate sobre o corpo na sociedade contemporânea; as pedagogias do corpo e da saúde; as intervenções estéticas no corpo; corpo e sexualidade; e corpo e natureza.

Apesar de essa fase ter se iniciado “timidamente”, com apenas uma publicação em 2000, nenhuma em 2001 e duas em 2002, a partir de 2003, assistimos ao adensamento das produções relativas aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo, como explicitamos anteriormente, e registramos publicações em todos os anos subsequentes. Na década anterior, por quatro anos – 1990, 1991, 1994 e 1999 – não apareceram tais produções.

De 2000 a 2009, a Pro-Posições publicou, ainda, os seguintes temas: corpo e gestualidade infantil no cinema; imagens da infância nos parques; erotização dos corpos infantis; lugar do corpo em jogos teatrais; debate sobre o corpo numa perspectiva filosófica e estética e de sua virtualização no mundo contemporâneo; compreensão das possibilidades e formas de memória inscritas no corpo e na linguagem; currículo e corpo; as práticas corporais esportivas; uma história dos uniformes escolares; e o corpo feminino e imagens da mulher na Revista Educação Física (1932 a 1945).

As modificações corporais como o uso depiercings, escarificações, tatuagens e implantes estéticos; a estatuária grega e os pressupostos estéticos e higiênicos do corpo; o corpo clownesco; a dança em diferentes abordagens; as linguagens da ginástica e da dança; as relações entre saúde, gênero e sexualidade, foram temáticas igualmente contempladas nas diferentes produções.

No que se refere à educação física, de modo mais específico, encontramos artigos relacionados às práticas avaliativas e às ações didáticas em suas aulas, assim como a orientações legais no âmbito do ensino médio e à formação profissional nessa área.

A respeito de lazer e recreação, foram publicados artigos que analisam as políticas públicas desse setor na relação com a escola e o esporte; as representações dos excluídos no lazer, no trabalho e na família; o lazer da criança no mundo rural em sua ligação com a escola; e a recreação operária entre 1920 e 1940.

Quanto às resenhas, encontramos temas relacionados à ginástica; à educação física escolar; ao campo das artes – englobando estudos sobre a dança, o ritmo e a música; sobre o corpo no âmbito das ciências humanas e educação. Observamos, igualmente, a circulação de novas temáticas, que não tinham sido abordadas nas resenhas da primeira década.

Outro ponto a mencionar diz respeito às publicações na seção “Diversos e Prosas”, inaugurada nesse período. Novamente a dança entra em cena, com a tradução das partes I a IV do livro A dança moderna, de John Martin (publicado em 1933).

Assim como fizemos anteriormente, apresentamos a seguir a Tabela 2 com os dados das produções.

Tabela 2
Publicações de estudos e pesquisas do e sobre o corpo na revista Pro-Posições no período de 2000 a 2009

O que nos chama a atenção nesse período é o aumento significativo das publicações, de 19 para 40, mais que o dobro, comparativamente à década anterior.

Se, por um lado, essa expansão mostra o próprio movimento de consolidação da revista como um periódico importante no âmbito da educação e áreas afins, como afirmam Bittencourt e Mercuri (2009)Bittencourt, A. B., & Mercuri, E. (2009, setembro/dezembro). Entre capas e letras, embates e crenças. 20 anos de Pro-Posições. Pro-Posições, 20(3[60]), 161-178. Retrieved in Jan. 10, 2019, fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072009000300011
fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?scri...
, por outro, traz indícios de que a Pro-Posições passou a ser considerada por autores(as) oriundos(as) de diferentes campos e instituições como um importante espaço acadêmico para as discussões em torno das temáticas relacionadas aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo.

Dos anos 2010 a 2018: um diálogo amplo e qualificado do tema

Na última década em análise, incluindo todos os anos do período, temos 46 publicações acerca dos estudos e das pesquisas do e sobre o corpo, dentre as quais são 39 artigos, 01 resenha, 02 apresentações de dossiê e 04 textos na seção “Diverso e Prosa”.

Logo no início da década, em 2010 (v. 21, n. 2, maio/ago.), foi publicado um dossiê concernente aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo em suas relações com a arte, intitulado “Entrelugares do corpo e da arte”, organizado por Márcia Strazzacappa, Ana Angélica Albano e Eliana Ayoub (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720100002& lng= pt&nrm=iso). Nesse dossiê composto por oito artigos, aparecem assuntos que abrangem discussões a respeito das relações entre corpo e palavra; do corpo entre a ciência e a tecnologia; do corpo, gesto e expressão em Merleau-Ponty; das relações entre dança, corpo e desenho; e da educação somática e suas relações com a dança. Interessante constatar que esse dossiê retoma alguns temas que foram retratados em 1998, no número temático dedicado à dança, agora com outras delimitações. Embora os dois últimos artigos do dossiê – “Jung e a arte” e “Com a cabeça nas nuvens”– não tragam nenhum dos descritores utilizados em nossas buscas nos campos do título, do resumo ou das palavras-chave, eles estão sendo aqui considerados, uma vez que compõem a temática geral do dossiê.

No ano seguinte, o dossiê intitulado “Pedagogias, Racionalidades e Representações do/sobre o corpo (XIX-XX)”, organizado por Luciano Mendes de Faria Filho (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720110003&lng= pt&nrm=iso), traz novos temas em seis artigos que versam sobre a vestimenta esportiva em sua historicidade; a história da educação física escolar como lugar de cultivo dos corpos; o corpo e a história da educação em Afrânio Peixoto; as representações do corpo infantil em livros didáticos mexicanos; os significados da saúde e da doença nos corpos femininos no século XIX; e, ainda, sobre as práticas corporais em Juiz de Fora na imprensa da cidade. Podemos identificar que tais discussões se relacionam com as que fazem parte do dossiê “A visibilidade do corpo”, publicado em 2003.

Dentre os outros 25 textos publicados na seção “Artigos” ou em outros dossiês, encontramos aqueles que versam sobre o contexto escolar e a formação docente, abordando temas como mimesis e educação do corpo na escola; heterotopia nas aulas de educação física; educação física e sociabilidade na escola; avaliação na educação física escolar; atividades culturais e esportivas e a vida escolar dos estudantes; teoria histórico-cultural no contexto da educação física; saberes docentes e formação continuada em educação física; formação de professores; corpo e processos formativos identitários.

Outros artigos discutem temáticas como a educação corporal pela natureza; a educação dos sentidos e suas implicações pedagógicas; a exposição dos corpos; a homofobia e o sexismo; o corpo travesti, gênero e sexualidade; corporeidade, deficiência e ação comunicativa; as diferentes abordagens filosóficas e sociológicas na relação com os estudos do corpo; a formação moral de jovens em clubes sociais/esportivos de prestígio; e os usos corporais e as hierarquias simbólicas.

Corpo e teatro; corpo e cinema; corpo e poesia; corpo e infância; cultura corporal e educação infantil; dança e educação da feminilidade; dança na cultura popular brasileira; e avaliação em dança em festivais universitários da educação física, são, igualmente, temas tratados nos artigos deste período.

Neste percurso, constatamos, ainda, um artigo que aborda a educação bancária e uma pedagogia libertadora sobre o corpo dos educadores, com base na obra de Paulo Freire, a qual se torna cada vez mais imprescindível nesses tempos tão sombrios que vive a sociedade brasileira e, em particular, a educação.

Temos também a resenha de um livro que discute sexualidade e teoria queer e quatro textos na seção “Diverso e Prosa” (incluindo duas traduções), dois deles com assuntos já tematizados em outros números como música e educação em Jaques-Dalcroze, e outros dois que propõem reflexões sobre a percepção social do corpo com base nos estudos de Pierre Bourdieu.

Segue a Tabela 3 com as informações a respeito das publicações do período.

Tabela 3
Publicações de estudos e pesquisas do e sobre o corpo na revista Pro-Posições no período de 2010 a 2018

Nesta década, notamos, mais uma vez, um aumento do número de produções concernentes aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo, com 06 publicações a mais do que na década anterior, passando de 40 para 46. Nesse contexto, ressaltamos a importância da publicação de 02 dossiês em torno desse tema. Apenas no que diz respeito às resenhas, observamos uma queda significativa de 05 para 01. No entanto, assim como tivemos a publicação de 07 artigos a mais, também ocorreu um aumento do número de textos publicados na seção “Diverso e Prosa”, de 02 para 04.

Evidenciamos, uma vez mais, a variedade de temáticas nas produções desse período, o que nos permite reconhecer a presença de assuntos recorrentes que aparecem desde as primeiras publicações e identificar o surgimento de novos temas. Tais temáticas, dado o seu ineditismo, auxiliam-nos a compreender e imaginar possíveis rompimentos de fronteiras que, por caminhos nem sempre óbvios, os estudos e as pesquisas do e sobre o corpo podem produzir no diálogo entre diferentes campos do conhecimento. Diante disso, podemos afirmar que essa última década certamente assinalou o processo de consolidação das publicações do e sobre o corpo na revista Pro-Posições.

Considerações finais

Os 105 textos selecionados em nossa pesquisa e que constam das tabelas organizadas por décadas mostram tão somente uma parte do que a Pro-Posições vem publicando em relação aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo. Como já ponderamos anteriormente, esse número de publicações torna-se ainda mais expressivo, quando alargamos nossas buscas, utilizando os descritores “corpo” ou “cuerpo” ao longo dos textos, não nos limitando aos campos título, resumo e palavras-chave. Nesse caso, foram identificados 195 títulos,13 13 De 1990 a 1999, temos um total de 18 produções: 06 publicações com resumos de dissertações e teses contendo 31 resumos concernentes aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo (de 1990 ao primeiro número de 1997, a revista publicou resumos de dissertações e teses); 01 apresentação e 06 artigos na seção “Cinevisões” (essa seção foi criada na revista número 1 de 1998 e permaneceu ativa até o primeiro número de 1999); 03 artigos; 02 resenhas. De 2000 a 2009, temos um total de 103 produções: 86 artigos (sendo 54 deles na seção “Dossiê”); 05 apresentações de dossiê; 01 ensaio; 08 resenhas; 03 textos na seção “Diverso e prosa”. De 2010 a 2018, temos um total de 74 produções: 61 artigos (sendo 21 deles na seção “Dossiê”); 03 apresentações de dossiê; 08 resenhas; 02 textos na seção “Diverso e Prosa”. dentre aqueles que apenas mencionam “corpo” no texto e aqueles que aprofundam as discussões em torno desse tema.14 14 Nesse contexto, chamam a atenção alguns números da revista em que os descritores “corpo” ou “cuerpo” aparecem no decorrer dos textos. Em 2002 (v. 13, n. 3, set./dez.), no dossiê “Reflexões sobre a violência na sociedade contemporânea”, organizado por Maria Inês Rosa (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2170), temos 06 dos 10 artigos que o compõem. Em 2003 (v. 14, n. 3, set./dez.), aparecem em 05 (01 consta na tabela) dos 08 artigos do dossiê “Educação infantil e gênero”, organizado por Ana Lúcia Goulart de Faria (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2221). O dossiê “Temas e tendências na perspectiva histórico-cultural”, organizado por Luci Banks Leite (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2361) e publicado em 2006 (v. 17, n. 2, maio/ago.), traz em 05 artigos (01 mencionado na tabela) dentre o total de 07. Já em 2007 (v. 18, n. 2, maio/ago.), no dossiê “Em multiplicidades nomeia-se currículo”, organizado por Antonio Carlos Rodrigues de Amorim (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2437), temos 06 textos (01 apresentação e 05 artigos) dentre os 09 que fazem parte do dossiê. Em 2008 (v. 19, n. 2, maio/ago.),foi publicado o dossiê “Educação, Gênero e Sexualidade”, organizado por Joaquim Brasil Fontes (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720080002&lng=pt&nrm=iso), no qual todos os 07 artigos possuem os descritores “corpo” ou “cuerpo” no decorrer dos textos (02 estão na tabela). No ano de 2013 (v. 24, n. 3, set./dez., http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720130003&lng=pt&nrm=iso), aparecem em 08 artigos (01 consta na tabela), sendo 03 dentre os 05 do dossiê (Dossiê “Bebês e Crianças Bem Pequenas em Contextos Coletivos de Educação”, organizado por Ana Cristina Coll Delgado e Altino José Martins Filho) e todos os 05 textos da seção “Artigos”, além de 02 das 03 resenhas. Por fim, na última publicação de 2018 (v. 29, n. 3, set./dez., http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720180003&lng=pt&nrm=iso), temos quase a metade das publicações, 12 (05 citados na tabela) dentre 28 artigos. Esses são apenas alguns exemplos da abrangência e da diversidade dos estudos e das pesquisas do e sobre o corpo contemplados na Pro-Posições. Portanto, estamos diante de um volume de 300 publicações, presentes nas 88 edições da revista (até dezembro de 2018), de um total de 1.265 textos publicados (entre artigos, editoriais, resenhas e outros) nesses 30 anos de existência da Pro-Posições.

Considerando este expressivo volume de publicações, abrangendo uma pluralidade de perspectivas teóricas e metodológicas em torno dos estudos e das pesquisas do e sobre o corpo, reconhecemos a Pro-Posições como um periódico da área da educação fortemente aberto ao diálogo amplo e qualificado, que contempla temas emergentes e originais.

Bittencourt e Mercuri (2009)Bittencourt, A. B., & Mercuri, E. (2009, setembro/dezembro). Entre capas e letras, embates e crenças. 20 anos de Pro-Posições. Pro-Posições, 20(3[60]), 161-178. Retrieved in Jan. 10, 2019, fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072009000300011
fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?scri...
, ao analisarem os complexos sistemas de avaliação e ranqueamento de periódicos, enfatizam que “enfrentar o risco de inovar, de acolher textos e temas estranhos pode ser um antídoto contra a massificação da cultura acadêmica” (p. 178). Seguramente, a Pro-Posições vem lançando mão deste “antídoto” nesses seus 30 anos de existência, e pensamos que, justamente por isso, ela tem se configurado como uma revista de destaque no cenário da educação e das áreas correlatas.

Por fim, imaginamos que realizar um levantamento dessa natureza em outras revistas importantes da área da educação poderá trazer informações comparativas relevantes que nos possibilitem compreender ainda mais profundamente os impactos e as repercussões da Pro-Posições no que concerne aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo em diálogo com a educação e as ciências humanas.

  • 1
    Normalização, preparação e revisão textual: Leda Farah (farahledamaria@gmail.com) e Vera Bonilha(verabonilha@yahoo.com.br)
  • 2
    Texto integrante do dossiê especial: “Pro-Posições 30 anos”, organizado pelo Prof. Dr. André Luiz Paulilo.Editor Associado responsável: Prof. Dr. André Luiz Paulilo.
  • 5
    É importante situar um conjunto de autores e autoras que vêm se dedicando aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo, dentre os quais citamos as seguintes referências: Alain Ehrenberg (1991)Ehrenberg, A. (1991). Le culte de la performance.Paris: Hachette.; Alain Corbin, Jean-Jacques Courtine e Georges Vigarello (2005)Corbin, A., Courtine, J-J., & Vigarello, G. (Dir.). (2005). Histoire du corps (Vol. 3). Paris: Seuil.; Alexandre Fernandez Vaz (1999Vaz, A. F. (1999, agosto). Treinar o corpo, dominar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal. Cadernos Cedes,19(48), 89-108. Retrieved in Jan. 10, 2019, from: http://livroseducacaofisica.br.tripod.com/Treinar%20o%20corpo.pdf
    http://livroseducacaofisica.br.tripod.co...
    , 2011Vaz, A. F. (2011). Memória e progresso: sobre a presença do corpo na arqueologia da modernidade em Walter Benjamin. In C. L. Soares (Org.), Corpo e História (4a ed., pp. 43-60). Campinas: Autores Associados., 2016aVaz, A. F. (2016a). Corpo, natureza, experiência: aspectos da crítica romântica em Walter Benjamin. In C. L. Soares (Org.), Uma educação pela natureza: a vida ao ar livre, o corpo e a ordem urbana (pp. 47-67). Campinas: Autores Associados., 2016b)Vaz, A. F. (2016b). Esporte: encontro entre corpo, técnica e tecnologia. Cadernos de Formação RBCE, 7, 88-96. Retrieved in Jan. 10, 2019, from http://revista.cbce.org.br/index.php/cadernos/article/view/2242
    http://revista.cbce.org.br/index.php/cad...
    ; Ana Cristina Richter, Cristina Silveira Santos e Alexandre Fernandez Vaz (2018); Ana Márcia Silva (2001)Silva, A. M. (2001). Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da gestação de um novo arquétipo da felicidade. Campinas/Florianópolis: Autores Associados e Editora da UFSC.; Bernard Andrieu e Gilles Boëtsch (2008)Andrieu, B., & Boëtsch, G. (Dir.). (2008). Dictionnaire du Corps (2a ed.). Paris: Editionsdu CNRS.; Cadernos Cedes (1999)Cadernos Cedes. (1999, agosto). Corpo e educação. 19(48). Retrieved in Jan. 10, 2019, from https://www.cedes.unicamp.br/publicacoes/edicao/282
    https://www.cedes.unicamp.br/publicacoes...
    ; Carmen Lúcia Soares (2003Soares, C. L. (2003, maio/agosto). Dossiê: A visibilidade do corpo. Pro-Posições,14(2). Retrieved in Jan. 10, 2019, from https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2205
    https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/la...
    , 2011Soares, C. L. (2011). Corpo e História (4a ed.). Campinas: Autores Associados., 2014)Soares, C. L. (2014). Educação do corpo (verbete). In F. J. González, & Fensterseifer, P. E. (Orgs.), Dicionário Crítico de Educação Física (3a ed. rev. e ampl., pp. 219-225) Ijuí, RS: Editora UNIJUÍ.; Communications (2007)Communications (2007). Corps et techniques. (81). Retrieved in Jan. 10, 2019, from http://www.seuil.com/ouvrage/communications-n-81-corps-et-techniques-collectif/9782020917643
    http://www.seuil.com/ouvrage/communicati...
    ; Denise Bernuzzi de Sant’Anna (1994Sant’Anna, D. B. de. (1994). O prazer justificado. História e Lazer (São Paulo, 1969-1979). São Paulo: Marco Zero., 2003Sant’Anna, D. B. de. (2003). Políticas do corpo. São Paulo: Estação Liberdade., 2005Sant’Anna, D. B. de. (2005). Do culto à performance à cultura da cortesia. In A. M. Silva,& I. R. Damiani (Orgs.), Práticas corporais (Vol. 1, pp. 65-75). Florianópolis: Nauemblu Ciência e Arte., 2011aSant’Anna, D. B. de. (2011a). Corpos de passagem.Ensaios sobre a subjetividade contemporânea (3a ed.). São Paulo: Estação Liberdade., 2011bSant’Anna, D. B. de. (2011b). É possível realizar uma história do corpo. In C. L. Soares (Org.), Corpo e História (4a ed., pp. 3-24). Campinas: Autores Associados., 2014Sant’Anna, D. B. de. (2014). História da beleza no Brasil. São Paulo: Contexto., 2016)Sant’Anna, D. B. de. (2016). O corpo e a cidade das águas: São Paulo (1840-1910). In C. L. Soares (Org.), Uma educação pela natureza: a vida ao ar livre, o corpo e a ordem urbana (pp. 157-179). Campinas: Autores Associados.; Georges Vigarello (1978Vigarello, G. (1978). Le corps redressé: Histoire d’um pouvoir pédagogique. Paris: Jean-Pierre Delarge., 1988Vigarello, G. (1988). Une histoire culturelle du sport: Techniques d’hier... et d’aujourd’hui. Paris: Robert Laffont., 1996Vigarello, G. (1996). O limpo e o sujo: uma história da higiene corporal. São Paulo: Martins Fontes., 2004Vigarello, G. (2004). L’histoire de la beauté. Paris: Seuil., 2010Vigarello, G. (2010). Les métamorphoses du gras: Histoire de l’obésité. Paris: Seuil., 2014)Vigarello, G. (2014). Le sentiment de soi: Histoire de la perception du corps. Paris: Seuil., Mari del Priore e Marcia Amantino (2011)Priore, M. del, & Amantino, M. (Org.). (2011). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora da Unesp.; Norbert Elias (1994)Elias, N. (1994). O processo civilizador: uma história dos costumes (Vol. 1, 2a ed.). Rio de Janeiro: Zahar..
  • 6
    De 1990 até o número 1 de 1993, os artigos da Pro-Posições não continham resumo e palavras-chave, portanto nossas buscas levaram em consideração os títulos. A partir do número 2 de 1993, a revista passou a apresentar resumos e palavras-chave nos artigos.
  • 7
    Para a realização do processo de busca das produções, contamos coma colaboração de Henrique Nunes Marinho e Viviane da Luz Oliveira, graduandos da Unicamp que participaram do programa Bolsa Auxílio Social (BAS) do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp, sob orientação de Eliana Ayoub. Contamos, ainda, com o auxílio de Marília Del Ponte de Assis, que fez doutorado sob orientação de Eliana Ayoub, para a conferência das tabelas apresentadas neste artigo.
  • 8
    Deparamo-nos com mais de 190 produções nas quais aparecem os descritores “corpo” ou “cuerpo” no decorrer dos textos.
  • 9
    Como mencionamos anteriormente, essa busca não pôde ser feita nas publicações em arquivos cujo formato impede a utilização do comando de busca.
  • 10
    A Revista Pro-Posições publica artigos inéditos, ensaios, resenhas, documentos e textos oriundos de publicações fora de catálogo em suas diferentes seções: “Dossiê”, “Artigos”, “Diverso e Prosa”, “Leituras e Resenhas”
  • 11
    Observamos que alguns títulos do sumário estão diferentes do título dos artigos completos, especialmente no número temático de Dança publicado em 1998. Essa diferença também ocorre posteriormente em outros números da revista. Em nossas tabelas, optamos por adotar os títulos que constam nos links dos artigos completos.
  • 12
    Esta seção aparecia com o nome no plural - “Diversos e Prosas”. A partir de 2008, passou a ser nominada no singular “Diverso e Prosa”.
  • 13
    De 1990 a 1999, temos um total de 18 produções: 06 publicações com resumos de dissertações e teses contendo 31 resumos concernentes aos estudos e às pesquisas do e sobre o corpo (de 1990 ao primeiro número de 1997, a revista publicou resumos de dissertações e teses); 01 apresentação e 06 artigos na seção “Cinevisões” (essa seção foi criada na revista número 1 de 1998 e permaneceu ativa até o primeiro número de 1999); 03 artigos; 02 resenhas. De 2000 a 2009, temos um total de 103 produções: 86 artigos (sendo 54 deles na seção “Dossiê”); 05 apresentações de dossiê; 01 ensaio; 08 resenhas; 03 textos na seção “Diverso e prosa”. De 2010 a 2018, temos um total de 74 produções: 61 artigos (sendo 21 deles na seção “Dossiê”); 03 apresentações de dossiê; 08 resenhas; 02 textos na seção “Diverso e Prosa”.
  • 14
    Nesse contexto, chamam a atenção alguns números da revista em que os descritores “corpo” ou “cuerpo” aparecem no decorrer dos textos. Em 2002 (v. 13, n. 3, set./dez.), no dossiê “Reflexões sobre a violência na sociedade contemporânea”, organizado por Maria Inês Rosa (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2170), temos 06 dos 10 artigos que o compõem. Em 2003 (v. 14, n. 3, set./dez.), aparecem em 05 (01 consta na tabela) dos 08 artigos do dossiê “Educação infantil e gênero”, organizado por Ana Lúcia Goulart de Faria (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2221). O dossiê “Temas e tendências na perspectiva histórico-cultural”, organizado por Luci Banks Leite (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2361) e publicado em 2006 (v. 17, n. 2, maio/ago.), traz em 05 artigos (01 mencionado na tabela) dentre o total de 07. Já em 2007 (v. 18, n. 2, maio/ago.), no dossiê “Em multiplicidades nomeia-se currículo”, organizado por Antonio Carlos Rodrigues de Amorim (https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2437), temos 06 textos (01 apresentação e 05 artigos) dentre os 09 que fazem parte do dossiê. Em 2008 (v. 19, n. 2, maio/ago.),foi publicado o dossiê “Educação, Gênero e Sexualidade”, organizado por Joaquim Brasil Fontes (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720080002&lng=pt&nrm=iso), no qual todos os 07 artigos possuem os descritores “corpo” ou “cuerpo” no decorrer dos textos (02 estão na tabela). No ano de 2013 (v. 24, n. 3, set./dez., http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720130003&lng=pt&nrm=iso), aparecem em 08 artigos (01 consta na tabela), sendo 03 dentre os 05 do dossiê (Dossiê “Bebês e Crianças Bem Pequenas em Contextos Coletivos de Educação”, organizado por Ana Cristina Coll Delgado e Altino José Martins Filho) e todos os 05 textos da seção “Artigos”, além de 02 das 03 resenhas. Por fim, na última publicação de 2018 (v. 29, n. 3, set./dez., http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-730720180003&lng=pt&nrm=iso), temos quase a metade das publicações, 12 (05 citados na tabela) dentre 28 artigos. Esses são apenas alguns exemplos da abrangência e da diversidade dos estudos e das pesquisas do e sobre o corpo contemplados na Pro-Posições.

Referências

  • Andrieu, B., & Boëtsch, G. (Dir.). (2008). Dictionnaire du Corps (2a ed.). Paris: Editionsdu CNRS.
  • Bittencourt, A. B., & Mercuri, E. (2009, setembro/dezembro). Entre capas e letras, embates e crenças. 20 anos de Pro-Posições. Pro-Posições, 20(3[60]), 161-178. Retrieved in Jan. 10, 2019, fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072009000300011
    » fromhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072009000300011
  • Cadernos Cedes. (1999, agosto). Corpo e educação 19(48). Retrieved in Jan. 10, 2019, from https://www.cedes.unicamp.br/publicacoes/edicao/282
    » https://www.cedes.unicamp.br/publicacoes/edicao/282
  • Communications (2007). Corps et techniques (81). Retrieved in Jan. 10, 2019, from http://www.seuil.com/ouvrage/communications-n-81-corps-et-techniques-collectif/9782020917643
    » http://www.seuil.com/ouvrage/communications-n-81-corps-et-techniques-collectif/9782020917643
  • Corbin, A., Courtine, J-J., & Vigarello, G. (Dir.). (2005). Histoire du corps (Vol. 3). Paris: Seuil.
  • Ehrenberg, A. (1991). Le culte de la performanceParis: Hachette.
  • Elias, N. (1994). O processo civilizador: uma história dos costumes (Vol. 1, 2a ed.). Rio de Janeiro: Zahar.
  • Góis Junior, E., Soares, C. L., & Terra, V. D. S. (2015, outubro/dezembro). Corpo-máquina: diálogos entre discursos científicos e a ginástica. Movimento, 21(4), 973-984. Retrieved in Jan. 10, 2019, from https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/52754
    » https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/52754
  • Priore, M. del, & Amantino, M. (Org.). (2011). História do corpo no Brasil São Paulo: Editora da Unesp.
  • Richter, A. C., Santos, C. S., & Vaz, A. F. (2018). Concepções de corpo nos indicadores da qualidade na Educação Infantil (MEC-2009). Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 26(121), 1-20. Retrieved in Jan. 10, 2019, from http://dx.doi.org/10.14507/epaa.26.3361
    » https://doi.org/10.14507/epaa.26.3361
  • Sant’Anna, D. B. de. (1994). O prazer justificado História e Lazer (São Paulo, 1969-1979) São Paulo: Marco Zero.
  • Sant’Anna, D. B. de. (2003). Políticas do corpo São Paulo: Estação Liberdade.
  • Sant’Anna, D. B. de. (2005). Do culto à performance à cultura da cortesia. In A. M. Silva,& I. R. Damiani (Orgs.), Práticas corporais (Vol. 1, pp. 65-75). Florianópolis: Nauemblu Ciência e Arte.
  • Sant’Anna, D. B. de. (2011a). Corpos de passagemEnsaios sobre a subjetividade contemporânea (3a ed.). São Paulo: Estação Liberdade.
  • Sant’Anna, D. B. de. (2011b). É possível realizar uma história do corpo. In C. L. Soares (Org.), Corpo e História (4a ed., pp. 3-24). Campinas: Autores Associados.
  • Sant’Anna, D. B. de. (2014). História da beleza no Brasil São Paulo: Contexto.
  • Sant’Anna, D. B. de. (2016). O corpo e a cidade das águas: São Paulo (1840-1910). In C. L. Soares (Org.), Uma educação pela natureza: a vida ao ar livre, o corpo e a ordem urbana (pp. 157-179). Campinas: Autores Associados.
  • Silva, A. M. (2001). Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da gestação de um novo arquétipo da felicidade Campinas/Florianópolis: Autores Associados e Editora da UFSC.
  • Soares, C. L. (2003, maio/agosto). Dossiê: A visibilidade do corpo. Pro-Posições,14(2). Retrieved in Jan. 10, 2019, from https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2205
    » https://www.fe.unicamp.br/publicacoes/lancamentos/2205
  • Soares, C. L. (2011). Corpo e História (4a ed.). Campinas: Autores Associados.
  • Soares, C. L. (2014). Educação do corpo (verbete). In F. J. González, & Fensterseifer, P. E. (Orgs.), Dicionário Crítico de Educação Física (3a ed. rev. e ampl., pp. 219-225) Ijuí, RS: Editora UNIJUÍ.
  • Vaz, A. F. (1999, agosto). Treinar o corpo, dominar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal. Cadernos Cedes,19(48), 89-108. Retrieved in Jan. 10, 2019, from: http://livroseducacaofisica.br.tripod.com/Treinar%20o%20corpo.pdf
    » http://livroseducacaofisica.br.tripod.com/Treinar%20o%20corpo.pdf
  • Vaz, A. F. (2011). Memória e progresso: sobre a presença do corpo na arqueologia da modernidade em Walter Benjamin. In C. L. Soares (Org.), Corpo e História (4a ed., pp. 43-60). Campinas: Autores Associados.
  • Vaz, A. F. (2016a). Corpo, natureza, experiência: aspectos da crítica romântica em Walter Benjamin. In C. L. Soares (Org.), Uma educação pela natureza: a vida ao ar livre, o corpo e a ordem urbana (pp. 47-67). Campinas: Autores Associados.
  • Vaz, A. F. (2016b). Esporte: encontro entre corpo, técnica e tecnologia. Cadernos de Formação RBCE, 7, 88-96. Retrieved in Jan. 10, 2019, from http://revista.cbce.org.br/index.php/cadernos/article/view/2242
    » http://revista.cbce.org.br/index.php/cadernos/article/view/2242
  • Vigarello, G. (1978). Le corps redressé: Histoire d’um pouvoir pédagogique Paris: Jean-Pierre Delarge.
  • Vigarello, G. (1988). Une histoire culturelle du sport: Techniques d’hier... et d’aujourd’hui Paris: Robert Laffont.
  • Vigarello, G. (1996). O limpo e o sujo: uma história da higiene corporal São Paulo: Martins Fontes.
  • Vigarello, G. (2004). L’histoire de la beauté Paris: Seuil.
  • Vigarello, G. (2010). Les métamorphoses du gras: Histoire de l’obésité Paris: Seuil.
  • Vigarello, G. (2014). Le sentiment de soi: Histoire de la perception du corps Paris: Seuil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Nov 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    17 Jun 2018
  • Revisado
    27 Ago 2019
  • Aceito
    30 Ago 2019
UNICAMP - Faculdade de Educação Av Bertrand Russel, 801, 13083-865 - Campinas SP/ Brasil, Tel.: (55 19) 3521-6707 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: proposic@unicamp.br