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A internacionalização da Educação Superior: como o tema é tratado pelo campo da Educação? 1 1 Editor responsável: Helena Sampaio. https://orcid.org/0000-0002-1759-4875 2 2 Normalização, preparação e revisão textual: Giovanna Oliveira e Andreza Silva (Tikinet) - revisao@tikinet.com.br 3 3 Apoio: A pesquisa contou com financiamento da Universidade Federal do Paraná – Tesouro Nacional (UFPRTN) por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).

Resumo

Partindo da premissa de que no início do século XXI houve um importante impulso aos processos de internacionalização da Educação Superior, este trabalho apresenta os resultados de um levantamento bibliográfico a respeito da temática em revistas de excelência na área de Educação. Para tanto, foi selecionado um conjunto de 36 artigos, publicados entre 2014 e 2019, que corresponderam aos descritores utilizados na pesquisa. Da sua análise percebe-se que, apesar de a maioria dos trabalhos poder ser categorizada na perspectiva da política pública da internacionalização da Educação Superior ou da experiência estudantil, há uma grande porosidade no trato da temática, o que dificulta o esforço de síntese.

Palavras-chave
Internacionalização; Educação Superior; Campo da Educação

Abstract

Arguing that the early 21st century saw an important push to higher education internationalization, this study shows the results of a bibliographical review on the topic. To do so, a set of 36 articles, published between 2014 and 2019, in education journals of excellence were selected via specific research descriptors. From our analysis it seems that, although most articles can be categorized either from the perspective of students’ experiences or from a public policy to internationalize higher education, we find great porosity in addressing the theme, which hinders summarization.

Keywords
Internationalization; Higher Education; Educational Studies

Introdução

Desde a promulgação da Carta Constitucional de 1988, há uma tensão entre o reconhecimento de direitos de cidadania – dentre os quais, a educação – e a adoção de uma agenda explicitamente neoliberal, materializada, sobretudo, pela criação do Ministério da Administração e Reforma do Estado (Mare). A exemplo do ocorrido em países europeus, a reforma do Estado intencionava aproximar o mercado público ao privado, tornando-o mais enxuto e, supostamente, mais voltado às demandas do cidadão que, nessa perspectiva, assumiria a condição de consumidor (Bresser-Pereira, 1996Bresser-Pereira, L. C. (1996). Da administração pública burocrática à gerencial. Revista do serviço público, 120(1), 7-40. https://doi.org/10.21874/rsp.v47i1.702
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). Como efeito, as escolas públicas passaram a se organizar em torno do princípio constitucional da gestão democrática ao mesmo tempo em que estratégias e instrumentos de controle e regulação eram implementados por meio da avaliação (D. Oliveira, 2020Oliveira, D. A. (2020). Da promessa de futuro à suspensão do presente: a teoria do capital humano e o Pisa na educação brasileira. Vozes.).

Uma vez que na década de 1990 a ênfase recaiu sobre a reforma do Estado e a imposição de uma agenda gerencialista, a ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT), em 2003, definiu um novo rumo. No campo da Economia há um acalorado debate acerca da natureza desse processo. Sua qualificação comum de neodesenvolvimentismo oculta controvérsias importantes à temática – como pode ser visto em Mercadante (2010)Mercadante, A. (2010). As bases do novo desenvolvimentismo no Brasil: análise do governo Lula (2003-2010). [Tese de doutorado não publicada]. Universidade Estadual de Campinas. e Bresser-Pereira (2010)Bresser-Pereira, L. C. (2010). Globalização e competição. Elsevier.. Para autores como Bresser e Pereira (2010), trata-se de um novo desenvolvimentismo, um discurso e uma estratégia utilizados por países de renda média, como o Brasil, que se ergue entre as concepções neoliberais e o nacional-desenvolvimentismo de meados do século XX. Sob este aspecto, há uma convergência de interesses entre diversos setores da sociedade, que enxergam no Estado a ponta de lança do desenvolvimento econômico. A emergência dessa concepção trouxe, para o campo da educação, a possibilidade do reconhecimento e da incorporação de pautas caras à esfera progressista, ao mesmo tempo que manteve intocados os elementos de accountability já implementados, como as avaliações em larga escala.

No âmbito da Educação Superior, a ampliação do acesso à graduação e um maior investimento na rede federal atestam que a estrutura que opõe uma grande rede privada, responsável por prover o acesso massificado, a uma rede pública, marcada pelo desenvolvimento de pesquisas, manteve-se praticamente inalterada. Cabe destacar que a principal mudança foi de escala, pois o número total de matrículas em cursos de graduação cresceu 90,57% entre 2004 e 2016 passando de 4.223.344 para 8.048.701. O destaque é para a rede federal, que teve um aumento de 110,78% no número de matrículas, saltando de pouco mais de 592 mil matrículas em 2004 para mais de 1, 249 milhões em 2016 (Moreira & Silva, 2020Moreira, C. R. B. S., & Silva, P. V. B. (2020). Ações afirmativas fazem diferença? uma análise dos perfis dos aprovados no vestibular da UFPR (2013-2017). Revista Internacional De Educação Superior, 6, e020001. https://doi.org/10.20396/riesup.v6i0.8654390
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). É nesse contexto que, visando a formação de brasileiros no exterior e a promoção da cooperação internacional, o Programa Ciência Sem Fronteiras4 4 Conforme o site do programa, “Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC. O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no Programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior” (O programa – O que é? – Ciência sem fronteiras (https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/ciencia-sem-fronteiras/apresentacao-1/o-que-e ). é lançado em 2011, por meio do Decreto n. 7.642/2011 (2011)Decreto n. 7.642. (2011, 13 de dezembro). Institui o Programa Ciência sem Fronteiras. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7642.htm
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Contudo, a submissão do governo reeleito de Dilma Rousseff à pauta da austeridade de gastos a partir de 2015, apesar de ter contentado parte do setor financeiro orientado pela retórica predominante da redução do papel do Estado – que vê neste um concorrente a ser abatido –, acabou por agravar a crise econômica que então se instalava. A ação pró-cíclica levou à queda da arrecadação, inviabilizando a continuidade de muitas iniciativas, que passaram por cortes (Fundação Friedrich Ebert, 2016Fundação Friedrich Ebert (2016). Austeridade e retrocesso: finanças públicas e política fiscal no Brasil. FES.).

A crise política que culminou no impedimento de Dilma Rousseff, com a consequente posse de Michel Temer, representou uma ruptura em definitivo com o modelo neodesenvolvimentista, cuja evidência de maior destaque foi a aprovação da Emenda Constitucional n. 95/2016. A partir da posse de Jair Bolsonaro, em 2019, há uma explícita opção pelo aprofundamento das políticas de austeridade fiscal, que se materializaram, sobretudo, nos sucessivos contingenciamentos e cortes no orçamento, em particular para a Educação.

Nesse sentido, se no início da década a temática da internacionalização da Educação Superior emergia atrelada a uma política de Estado, sua permanência enquanto elemento da política educacional sugere a prevalência de uma perspectiva que a concebe como um bem privado, capaz de garantir diferenciação social num contexto de democratização do acesso nas instituições nacionais. Para Azevedo et al., “a busca por agregar atributos ao valor social do diploma impulsiona a internacionalização como estratégia para aqueles grupos sociais que entendem estar perdendo posições ou que pretendem garantir o status de distinção por meio do diploma” (pp. 298).

O número de brasileiros fazendo graduação no exterior vinha aumentando nos últimos anos, de acordo com pesquisas da Selo Belta, da Associação das Agências Brasileiras de Intercâmbio. Em 2015 foram 41,8 mil estudantes, em 2016 o número subiu para 62,8 mil, em 2017 foram 36,6 mil, chegando a 50,4 mil estudantes que buscaram se graduar no exterior em 2018 (Belta, 2018Belta (2018, 18 de abril). Pela primeira vez, Brasil ultrapassa 302 mil estudantes no exterior, revela pesquisa da Belta. http://www.belta.org.br/pela-primeira-vez-brasil-ultrapassa-302-mil-estudantes-no-exterior-revela-pesquisa-da-belta/
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; Molina, 2019Molina, N. (2019, 8 de junho). Busca de graduação no exterior cresce 37,7%; e 1/3 dos interessados é de SP. Estadão. https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,busca-de-graduacao-no-exterior-cresce-37-7-e-13-dos-interessados-e-de-sp,70002862119
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; Martins & Correa, 2020Martins, E., & Correa, S. (2020a, 7 de fevereiro). Cresce em 40% número de brasileiros que estudam no exterior. Revista Época. https://epoca.globo.com/sociedade/cresce-em-40-numero-de-brasileiros-que-estudam-no-exterior-24234800
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). Além disso, esta modalidade de intercâmbio, que era a sétima mais procurada em 2016, passou para a quarta posição em 2018. O custo dos programas e cursos “(…) faz com que a demanda se concentre em estudantes da classe A” (Belta, 2017Belta (2017, 27 de setembro). Para fugir da crise número de brasileiros em graduação no exterior aumenta 50%. http://www.belta.org.br/para-fugir-da-crise-numero-de-brasileiros-em-graduacao-no-exterior-aumenta-50/
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). Ainda de acordo com a Selo Belta (2018)Belta (2018, 18 de abril). Pela primeira vez, Brasil ultrapassa 302 mil estudantes no exterior, revela pesquisa da Belta. http://www.belta.org.br/pela-primeira-vez-brasil-ultrapassa-302-mil-estudantes-no-exterior-revela-pesquisa-da-belta/
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, entre os destinos mais procurados em 2016 destacam-se: Canadá, Estados Unidos, Austrália, Irlanda e Reino Unido. Em reportagem publicada no Estadão, Laila Parada Worby, gerente de empresa internacional de consultoria Crimson Education Brasil, explica que o contexto político-econômico do Brasil é muito mencionado por quem os procura, pois “alguns pais acreditam que esses cortes [de verba pelo governo federal] vão prejudicar muito o ensino no país” (Molina, 2019Molina, N. (2019, 8 de junho). Busca de graduação no exterior cresce 37,7%; e 1/3 dos interessados é de SP. Estadão. https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,busca-de-graduacao-no-exterior-cresce-37-7-e-13-dos-interessados-e-de-sp,70002862119
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).

Diante do que foi sintetizado acima, buscou-se investigar de que maneira as pesquisas no campo da Educação vêm se debruçando sobre o fenômeno da internacionalização da Educação Superior, em particular aquelas publicadas em periódicos avaliados pelo sistema Qualis Capes. Para tanto, recorreu-se aos artigos publicados em revistas indexadas e disponíveis no Portal de Periódicos da Capes entre os anos de 2014 e 2019. Dessa forma, procurou-se verificar se as pesquisas publicadas estão em sintonia com os movimentos da política institucional. O artigo encontra-se dividido em quatro seções, contando esta introdução. Serão apresentados, primeiramente, os procedimentos metodológicos utilizados no decurso da pesquisa. Em sequência, a análise dos resultados, na seção intitulada “Como os artigos abordam a internacionalização da Educação Superior”. O texto é arrematado por um conjunto de considerações finais.

Procedimentos metodológicos

O procedimento de coleta compreendeu duas fases. Primeiramente, foram definidos os descritores: “Internacionalização”; “Educação Superior” ou “Ensino Superior”. Esses termos foram usados de forma combinada na pesquisa e consideraram-se os artigos com pelo menos dois descritores, aparecendo no título, resumo ou palavras-chave. Os demais foram excluídos da pesquisa.

No Portal de Periódicos da Capes, buscando pelos termos “internacionalização” e “educação superior”, filtrando o período de 2014 a 20195 5 Embora o recorte temporal do levantamento bibliográfico se encerre no ano de 2019, por sugestão dos revisores do texto, a quem as autoras agradecem, foi realizado o levantamento relativo aos artigos publicados em 2020, fazendo uso da mesma metodologia. Foram encontrados 11 artigos, sendo seis deles Qualis A1 (Khomyakov et al., 2020; Leal et al., 2020; Lima & Stallivieri, 2020; Mattos et al., 2020; Neves & Barbosa, 2020; Veiga & Magalhães, 2020), dois artigos Qualis B1, dois artigos Qualis B2 e um artigo Qualis B4. O conjunto de artigos encontrado não alterou os resultados gerais da pesquisa, então optou-se pela manutenção do recorte temporal original. , o número de artigos encontrados foi de 209. Já, com o uso dos termos “internacionalização” e “ensino superior” foram encontrados 338 resultados. A fim de otimizar a pesquisa, foram utilizados os operadores booleanos6 6 Os operadores booleanos atuam como palavras que informam ao sistema de busca como combinar os termos de sua pesquisa. São eles: AND, OR e NOT e significam, respectivamente, E, OU e NÃO e, a fim de facilitar a visualização da busca, é importante que estes sejam escritos em letra maiúscula. , visto que muitos dos artigos resultantes da pesquisa por “internacionalização e educação superior” são encontrados quando os descritores combinados são “internacionalização e ensino superior”. Sendo assim, na busca foi utilizada a expressão: “internacionalização” AND (“educação superior” OR “ensino superior”).

Com a expressão apresentada chegou-se a 412 artigos. Entretanto, vários deles apareceram duas vezes em português e em inglês. A grande maioria dos achados correspondia a apenas um dos descritores e diversos tratavam de temas não relacionados à internacionalização da educação superior; por esse motivo, foram descartados do levantamento.

Figura 1
Etapas da pesquisa do estado do conhecimento

É importante ressaltar que esse resultado se refere a artigos em português, inglês, espanhol e francês que apareceram após a pesquisa dos termos-chave em português. No entanto, se os termos fossem pesquisados em inglês, possivelmente o universo de resultados seria maior.

Conforme se observa na Figura 1, passou-se, então, à segunda etapa de refinamento dos resultados. O critério utilizado foi o sistema Qualis da Capes. O parâmetro usado foi o da classificação do quadriênio 2013-2016, considerando a classificação dos periódicos na área de Educação. Os periódicos não classificados, ou que não têm avaliação nessa área, foram desconsiderados e, com isso, chegamos a um total de 147 artigos. Verificou-se que o termo “internacionalização” aparecia no resumo de vários artigos, no entanto, em alguns casos, o foco deles não era este tema. Desse modo, a opção foi manter na amostra apenas os artigos que contivessem como descritor “internacionalização” e que tratassem desse assunto no âmbito da Educação Superior. Com isso, chegamos ao total de 101 artigos. A Tabela 1, a seguir, apresenta os estratos de avaliação do Qualis e a quantidade de artigos em cada um deles.

Tabela 1
Evolução temporal das publicações por estratos de periódicos

Considerando o grande número de artigos, optou-se por excluir aqueles publicados em revistas estrato B1 e inferiores, restando os publicados em revistas de excelência na área de Educação, totalizando 17 artigos Qualis A1 e 19 artigos Qualis A2.

Conforme pode se observar na Tabela 2, a produção encontra-se relativamente dispersa em 14 periódicos diferentes. A Revista de estrato A1 com mais publicações foi a Avaliação, com cinco artigos. Já entre as revistas estrato A2, a que mais publicou no período foi a Educação (Porto Alegre), com um total de 10 artigos (nove deles compondo um dossiê sobre o tema publicado em 2017). Destes, três artigos foram publicados em inglês e dois em espanhol.

Tabela 2
Revistas Qualis A1 e A2 com publicações sobre internacionalização da Educação Superior

Na Figura 2 pode-se verificar as palavras-chave dos artigos analisados e os termos que apareceram com mais frequência, destacados em negrito: mobilidade acadêmica internacional e intercâmbio acadêmico. Algumas variações do descritor “internacionalização” foram: internacionalização da educação superior, internacionalização da educação e internacionalização do ensino superior. Entre as variações do descritor “mobilidade” apareceram: mobilidade acadêmica e mobilidade acadêmica internacional.

No que se refere ao conteúdo das publicações, destacam-se dois eixos principais: artigos que se debruçam sobre o aluno em mobilidade, suas experiências, motivações, desafios e a questão da língua na mobilidade; e artigos que analisam e discutem políticas públicas voltadas à internacionalização e aspectos relacionados. A linha pontilhada que envolve os eixos temáticos visa demonstrar abertura, pois os artigos não se fecham num tema e podem abordar questões de outro grupo temático. Também, apareceram estudos do tipo estado do conhecimento e artigos que refletem sobre a internacionalização a partir de lentes teóricas específicas.

Figura 2
Descritores dos artigos

Como os artigos abordam a internacionalização da Educação Superior

Como pôde ser visto na Figura 2, a escala de análise dos artigos é variável: a questão pode ser tratada a partir da experiência dos estudantes (A. Oliveira & Freitas, 2016Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2016). Motivações para mobilidade acadêmica internacional: a visão de alunos e professores universitários. Educação em Revista, 32(3), 217-246. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698148237
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, 2017; Costa, 2018Costa, G. S. (2018). Língua e cultura no ensino de inglês como língua estrangeira: uma experiência sociocultural de alguns estudantes de intercâmbio do Instituto Federal do Piauí. RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 13(1), 381-393. https://doi.org/10.21723/riaee.nesp1.v13.2018.11427
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; Cunha et al., 2017Cunha, M. I. (2017). Qualidade da educação superior e a tensão entre democratização e internacionalização na universidade brasileira. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 817-832. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300013
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; Sena et al., 2014Sena, A. P., Matos, F. R. N., Machado, D. Q., & Sena, A. M. C. (2014). Internacionalização da educação superior: um estudo com alunos intercambistas de uma instituição de ensino superior do Brasil. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 22(122), 1-25. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.v22.1512
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), dos docentes (A. Oliveira & Freitas, 2016Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2016). Motivações para mobilidade acadêmica internacional: a visão de alunos e professores universitários. Educação em Revista, 32(3), 217-246. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698148237
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, 2017Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2017). Relações interculturais na vida universitária: experiências de mobilidade internacional de docentes e discentes. Revista Brasileira de Educação, 22(70), 744-801. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782017227039
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; Pinto et al. 2018Pinto, M. M., Rocha, M. A. M., & Volpato, G. (2018). Internacionalização da educação superior: docentes brasileiros em espaço africano. Perspectiva, 36(2), 650-663. http://dx.doi.org/10.5007/2175-795X.2018v36n2p650
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) e também pode ser abordada do ponto de vista da Instituição de Ensino Superior (IES) ou do Estado, tendo como foco as políticas públicas para internacionalização (Davis et al., 2016Davis, R., Sumozas, R., & Paiva, F. M. (2016). A internacionalização para as Ciências Humanas no Brasil. Revista Educação em Questão, 54(41), 12-32. https://doi.org/10.21680/1981-1802.2016v54n41ID10156
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; Maués & Bastos, 2016Maués, O. C., & Bastos, R. S. (2016). As políticas de educação superior na esteira dos organismos internacionais. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, 32(3), 699-717. http://dx.doi.org/10.21573/vol32n32016.68570
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, 2017; Vieira et al., 2018Vieira, G. V, Finardi, K. R., & Piccin, G. F. O. (2018). Internacionalizando-se: os desafios para os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 13(1), 394-410.). Alguns abordam o tema a partir das experiências, estratégias de uma ou mais instituições (Sousa, 2017Sousa, J. V. (2017). Internacionalização da Educação Superior como indicador do Sinaes: de qual qualidade estamos falando? Educação, 40(3), 343-354. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28979
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; Santos, 2017Santos, E. (2017). Internacionalização da educação superior nos marcos da integração regional da América Latina: o caso da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. ECCOS: Revista Científica, 42, 57-84.), já outros artigos refletem mais amplamente acerca da questão, extrapolando os limites do território brasileiro (Aupetit, 2017Aupetit, S. D. (2017). Vincular la internacionalización con las prioridades de desarrollo de las instituciones de Educación Superior: una urgencia inaplazable. Educação, 40(3), 324-332. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28975
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
; Morgan & Guilherme, 2017Morgan, W. J., & Guilherme, A. A. (2017). Internationalization of Higher Education: some reflections on Russia and China. Educação, 40(3), 315-323. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28799
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; Morosini, Somers et al., 2017; Racy & Silva, 2017Racy, J. C., & Silva, E. A. (2017). Indústria e universidade: a cooperação internacional e institucional e o protagonismo da mobilidade estudantil nos sistemas de inovação da Alemanha. Educação e Pesquisa, 43(2), 569-584. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201608146243
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; Segrera, 2016Segrera, F. L. (2016). Educación Superior Comparada: Tendencias Mundiales y de América Latina y Caribe. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 21(1), 13-32. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772016000100002
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). No entanto, a grande maioria dos estudos tinha como foco a internacionalização da Educação Superior no Brasil como um todo ou estudos de caso em IES brasileiras (Aroni, 2017Aroni, A. (2017). 50 anos da Reforma Universitária de 1968: a reforma que não acabou. Revista Brasileira de História da Educação, 17(3), 219-243.; Cunha, 2017Cunha, M. I., Volpato, G., Rocha, M. A. M., & Pinto, M. M. (2017). Estudantes africanos em universidades brasileiras: os desafios da internacionalização “às avessas” no cotidiano universitário. Educação, 40(3), 469-480. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.24240
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; Luce et al., 2016Luce, M. B, Fagundes, C. V., & Mediel, O. G. (2016). Internacionalização da educação superior: a dimensão intercultural e o suporte institucional na avaliação da mobilidade acadêmica. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 21(2), 317-339. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772016000200002
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; Miranda & Stallivieri, 2017Miranda, J. A. A., & Stallivieri, L. (2017). Para uma política pública de internacionalização para o ensino superior no Brasil. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 589-613. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300002
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; Morosini & Nascimento, 2017Morosini, M. C., & Nascimento, L. M. (2017). Internacionalização da educação superior no Brasil: a produção recente em teses e dissertações. Educação em Revista, 33, 1-27. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698155071
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, Ramos, 2018Ramos, M. Y. (2018). Internacionalização da pós-graduação no Brasil: lógica e mecanismos. Educação e Pesquisa, 44, 1-22. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201706161579
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; Santos, 2017Santos, E. (2017). Internacionalização da educação superior nos marcos da integração regional da América Latina: o caso da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. ECCOS: Revista Científica, 42, 57-84.). Além disso, alguns artigos debatiam a temática com foco essencialmente teórico e conceitual (Araújo & Silva, 2015Araújo, E. R., & Silva, S. (2015). Temos de fazer um cavalo de Troia: elementos para compreender a internacionalização da investigação e do ensino superior. Revista Brasileira de Educação, 20(60), 77-98. https://doi.org/10.1590/S1413-24782015206005
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201520...
; Azevedo et al., 2017Azevedo, M. L. N.; Catani, A. M., & Hey, A. P. (2017). Circulação das ideias e internacionalização da Educação Superior: inferências a partir da teoria dos campos de Pierre Bourdieu. Educação, 40(3), 296-304. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28980
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
; Leal & Moraes, 2018Leal, F. G., & Moraes, M. C. B. (2018). Decolonialidade como epistemologia para o campo teórico da internacionalização da Educação Superior. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 26(87), 1-29. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.26.3026
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3026...
; Martinez, 2019Martinez, C. A. F. (2019). ¿Por qué Chile? Un análisis post crítico sobre los discursos de escala en la movilidad académica internacional. Educação, 42(1), 117-126. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2019.1.30148
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2019....
).

Dos 36 artigos analisados, três tratavam de estudos do tipo estado do conhecimento e um de revisão sistemática de artigos produzidos sobre o tema.

Morosini e Nascimento (2017)Morosini, M. C., & Nascimento, L. M. (2017). Internacionalização da educação superior no Brasil: a produção recente em teses e dissertações. Educação em Revista, 33, 1-27. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698155071
https://doi.org/10.1590/0102-4698155071...
analisaram a produção de teses e dissertações sobre a internacionalização da Educação Superior entre 2011 e 2014 concluindo que a os estudos sobre esse assunto, naquele momento, no Brasil ainda eram poucos. Além disso, as autoras contribuíram para a construção de categorias para entendimento desta produção, sendo elas as dimensões global/regional, nacional e institucional. Mais dois trabalhos com foco em teses e dissertações foram publicados, um de Dalla Corte (2017)Dalla Corte, M. G. (2017). Um estudo acerca dos contextos emergentes nos cursos de licenciatura no Brasil: em destaque a internacionalização. Educação, 40(3), 357-367. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.29023
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
, acerca da internacionalização nos cursos de licenciatura, e o outro de Morosini e Dalla Corte (2018)Morosini, M. C., & Corte, M. G. (2018). Teses e realidades no contexto da internacionalização da educação superior no Brasil. Revista Educação em Questão, 56(47), 97-120. https://doi.org/10.21680/1981-1802.2018v56n47ID14000
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2018v...
, apontando as tendências da internacionalização. Dal-Soto et al. (2016)Dal-Soto, F., Alves, J. N., & Souza, Y. S. (2016). A produção científica sobre internacionalização da educação superior na web of science: características gerais e metodológicas. Educação em Revista, 32(4), 229-249. https://dx.doi.org/10.1590/0102-4698153246
https://doi.org/10.1590/0102-4698153246...
classificaram a produção de artigos sobre o tema, no período de 2004 a 2013, de acordo com a metodologia e características gerais daquelas publicações.

Vários artigos debateram a mobilidade acadêmica. O intercâmbio para o exterior tem grande apelo nos programas de pós-graduação de excelência no Brasil, pois a partir dele é possível que se criem relações com pesquisadores de outros países que podem colaborar com pesquisas brasileiras e vice-versa (Ramos, 2018Ramos, M. Y. (2018). Internacionalização da pós-graduação no Brasil: lógica e mecanismos. Educação e Pesquisa, 44, 1-22. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201706161579
https://doi.org/10.1590/S1517-9702201706...
).

Luce et al. (2016)Luce, M. B, Fagundes, C. V., & Mediel, O. G. (2016). Internacionalização da educação superior: a dimensão intercultural e o suporte institucional na avaliação da mobilidade acadêmica. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 21(2), 317-339. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772016000200002
https://doi.org/10.1590/S1414-4077201600...
realizaram um estudo sobre a dimensão intercultural na mobilidade acadêmica, com alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considerando aspectos como língua e participação em eventos estudantis e da região. Já A. Oliveira e Freitas (2016Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2016). Motivações para mobilidade acadêmica internacional: a visão de alunos e professores universitários. Educação em Revista, 32(3), 217-246. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698148237
https://doi.org/10.1590/0102-4698148237...
, 2017)Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2017). Relações interculturais na vida universitária: experiências de mobilidade internacional de docentes e discentes. Revista Brasileira de Educação, 22(70), 744-801. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782017227039
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201722...
abordaram as motivações para mobilidade e as experiências dos discentes e docentes – desafios, aspectos facilitadores e ganhos alcançados. A partir das considerações de Bourdieu e das experiências interculturais construídas no intercâmbio, as autoras concluem que é possível que os estudantes desenvolvam um capital simbólico que “caracteriza-se pelo enriquecimento cultural, intelectual e pessoal do indivíduo, que se vê transformado no seu senso de identidade e nos seus valores e suas atitudes socioculturais” (A. Oliveira & Freitas, 2017Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2017). Relações interculturais na vida universitária: experiências de mobilidade internacional de docentes e discentes. Revista Brasileira de Educação, 22(70), 744-801. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782017227039
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201722...
, pp. 794). As ideias de Pierre Bourdieu também são usadas por Azevedo et al. (2017)Azevedo, M. L. N.; Catani, A. M., & Hey, A. P. (2017). Circulação das ideias e internacionalização da Educação Superior: inferências a partir da teoria dos campos de Pierre Bourdieu. Educação, 40(3), 296-304. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28980
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
, que problematizam a internacionalização da educação superior a partir da teoria do autor sobre os campos sociais:

(…) não seria ousado afirmar que a assim denominada internacionalização da educação superior é, na prática, a constituição de um campo internacional de educação superior. Caracterizado como um espaço de lutas e disputas pelo capital específico do campo, é ocupado por atores sociais em posições de dominantes e dominados, que expressam inclinações advindas do papel das trocas internacionais nas sociedades diferenciadas contemporâneas, a exemplo das tendências nacionalistas e imperialistas, desenvolvimentistas e “dependentistas” etc. Em suma, a constituição de um campo internacional da educação superior implica necessariamente em falar de desnacionalizações e disputas por soberanias (gerais e específicas).

(Azevedo et al., 2017Azevedo, M. L. N.; Catani, A. M., & Hey, A. P. (2017). Circulação das ideias e internacionalização da Educação Superior: inferências a partir da teoria dos campos de Pierre Bourdieu. Educação, 40(3), 296-304. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28980
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
, pp. 301)

No que diz respeito à experiência proporcionada pela mobilidade aos alunos intercambistas, ela é considerada ótima e boa, entretanto, uma grande dificuldade é a comunicação, pois no início da mobilidade a maioria dos indivíduos não se considera fluente no idioma do país para o qual viajaram (Sena et al., 2014Sena, A. P., Matos, F. R. N., Machado, D. Q., & Sena, A. M. C. (2014). Internacionalização da educação superior: um estudo com alunos intercambistas de uma instituição de ensino superior do Brasil. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 22(122), 1-25. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.v22.1512
https://doi.org/10.14507/epaa.v22.1512...
). A língua é um desafio até mesmo para intercambistas vindos de países onde a língua oficial também é o português, como apontou Cunha et al. (2017)Cunha, M. I. (2017). Qualidade da educação superior e a tensão entre democratização e internacionalização na universidade brasileira. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 817-832. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300013
https://doi.org/10.1590/s1414-4077201700...
em sua pesquisa com angolanos em mobilidade no Brasil. Nesse caso, além das variações linguísticas, outras dificuldades apontadas foram o racismo e a aprendizagem por meio de pesquisa e extensão. Já entre as motivações, estão principalmente a qualidade do ensino brasileiro, a possibilidade de conhecer uma nova cultura e a valorização do diploma estrangeiro no país de origem destes alunos (Cunha et al., 2017Cunha, M. I., Volpato, G., Rocha, M. A. M., & Pinto, M. M. (2017). Estudantes africanos em universidades brasileiras: os desafios da internacionalização “às avessas” no cotidiano universitário. Educação, 40(3), 469-480. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.24240
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
).

No caso de um Sistema de Ensino Superior Confessional Internacional, a internacionalização, além de ser impulsionada por questões acadêmicas, econômicas e socioculturais, também é motivada por razões específicas que podem estar relacionadas à especificidade do sistema, seu caráter confessional e denominacional (Muckenberger & Miura, 2015Muckenberger, E., & Miura, I. K. (2015). Motivações para a internacionalização do ensino superior: um estudo de casos múltiplos em um sistema de ensino superior confessional internacional. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 23(66), 1-26.
https://doi.org/10.14507/epaa.v23.1932...
).

Para Robson (2017)Robson, S. (2017). Internationalization at home: internationalizing the university experience of staff and students. Educação, 40(3), 368-374. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.29012
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
, a internacionalização das universidades deve começar “at home”, ou seja, devem existir estratégias dentro das universidades – por exemplo, a internacionalização dos currículos – para que alunos que tiveram experiências de mobilidade consigam, ao retornar, aproveitar tal experiência no pós-mobilidade; e, além disso, desenvolver competências interculturais também com os alunos que não tiveram a oportunidade de estudar em outro país.

Para Miranda e Stallivieri (2017)Miranda, J. A. A., & Stallivieri, L. (2017). Para uma política pública de internacionalização para o ensino superior no Brasil. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 589-613. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300002
https://doi.org/10.1590/s1414-4077201700...
, o Brasil necessita de um documento em que sejam explicitadas as delimitações de uma política pública para a internacionalização da educação superior. Maués e Bastos (2017)Maués, O. C., & Bastos, R. S. (2017). Políticas de internacionalização da Educação Superior: o contexto brasileiro. Educação, 40(3), 333-342. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28999
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
também escreveram sobre políticas de internacionalização da educação superior no Brasil, mas focando na análise de estratégias já existentes de mobilidade de estudantes e professores. Para os autores

(…) é importante que se continue a implementar políticas públicas para que o ensino superior se internacionalize, numa concepção de interculturalidade, de solidariedade e de repartição. Mas para tal, é preciso considerar a importância do conhecimento como um vetor fundamental para a libertação humana e não como uma força produtiva a serviço do mercado

(Maués & Bastos, 2017Maués, O. C., & Bastos, R. S. (2017). Políticas de internacionalização da Educação Superior: o contexto brasileiro. Educação, 40(3), 333-342. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28999
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
, pp. 341).

Como já mencionado, há artigos que se debruçam sobre as políticas de internacionalização da Educação Superior em outros países: na Alemanha, os alunos estrangeiros são atraídos para estudar no país, formando quadros para atuar na indústria e fazer esse setor mais inovador, a fim de manter a competitividade frente a países como Estados Unidos da América (EUA) e China (Racy & Silva, 2017Racy, J. C., & Silva, E. A. (2017). Indústria e universidade: a cooperação internacional e institucional e o protagonismo da mobilidade estudantil nos sistemas de inovação da Alemanha. Educação e Pesquisa, 43(2), 569-584. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201608146243
https://doi.org/10.1590/S1517-9702201608...
).

A partir do entendimento de que a internacionalização entre países Norte-Sul é desigual, tendendo a ser uma relação verticalizada, Leal e Moraes (2018)Leal, F. G., & Moraes, M. C. B. (2018). Decolonialidade como epistemologia para o campo teórico da internacionalização da Educação Superior. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 26(87), 1-29. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.26.3026
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3026...
debatem acerca da decolonialidade como uma perspectiva para estudos sobre a internacionalização da Educação Superior e propõem pesquisas com foco na cooperação Sul-Sul. Rubin-Oliveira e Wielewicki (2019)Rubin-Oliveira, M., & Wielewicki, H. G. (2019). Concepts, policies and actions of internationalization of Higher Education: reflections on the expertise of a North American University. Revista Brasileira de Educação, 24, 1-19. http://dx.doi.org/10.1590/s1413-24782019240032
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também fizeram um estudo a partir de uma visão decolonial. Os autores analisaram concepções sobre a internacionalização na Universidade de Geórgia – localizada em Athens, EUA – e a percepção acerca das políticas e ações com foco nesta temática.

Araújo e Silva (2015)Araújo, E. R., & Silva, S. (2015). Temos de fazer um cavalo de Troia: elementos para compreender a internacionalização da investigação e do ensino superior. Revista Brasileira de Educação, 20(60), 77-98. https://doi.org/10.1590/S1413-24782015206005
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201520...
identificam o predomínio de discursos positivos acerca da internacionalização entre reitores, vice-reitores e diretores de centros de investigação em Portugal. Segundo Cunha (2017)Cunha, M. I., Volpato, G., Rocha, M. A. M., & Pinto, M. M. (2017). Estudantes africanos em universidades brasileiras: os desafios da internacionalização “às avessas” no cotidiano universitário. Educação, 40(3), 469-480. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.24240
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
, uma das referências para a qualidade da Educação Superior brasileira é a democratização, a qual mostra-se em conflito com a internacionalização. Acerca disso, o autor afirma que:

(…) [a democratização] aponta para a inclusão de uma população estudantil de primeira geração, em que muitos dos seus integrantes trabalham e estudam, são provenientes de camadas médias da população e, em alguns casos, ingressam através de cotas étnicas ou cotas de escolas públicas, distantes dos padrões anteriores da meritocracia. (…) [a internacionalização] parece apontar para exigências meritocráticas, envolvendo carreiras de complexidade mais alta, trajetórias estudantis com maiores oportunidades culturais incluindo o domínio de idiomas e disponibilidade de condições para afastar-se do trabalho, entre outras condições.

(Cunha, 2017Cunha, M. I. (2017). Qualidade da educação superior e a tensão entre democratização e internacionalização na universidade brasileira. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 817-832. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300013
https://doi.org/10.1590/s1414-4077201700...
, pp. 819)

Nesta perspectiva, a internacionalização é promotora de desigualdade, pois a oportunidade de intercâmbio não acontece para todos os alunos e nem para todas as áreas do conhecimento. Um exemplo é a área da Educação, subárea das Ciências Humanas. Davis et al. (2016)Davis, R., Sumozas, R., & Paiva, F. M. (2016). A internacionalização para as Ciências Humanas no Brasil. Revista Educação em Questão, 54(41), 12-32. https://doi.org/10.21680/1981-1802.2016v54n41ID10156
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2016v...
, analisando o investimento em internacionalização por áreas e o número de bolsas de mobilidade oferecidas, observaram que o campo da Educação é pouco internacionalizado.

Aroni (2017)Aroni, A. (2017). 50 anos da Reforma Universitária de 1968: a reforma que não acabou. Revista Brasileira de História da Educação, 17(3), 219-243. delineou um breve histórico da Educação Superior brasileira, desde a Reforma Universitária de 1968, até ações governamentais mais recentes como o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e a publicação de rankings internacionais. Para o autor, há um certo apelo à internacionalização em vista da adesão da agenda das reformas da Educação Superior à globalização. Já segundo Finardi e Guimarães,

(…) apesar de representarem importantes medidas de qualidade do ensino superior, é necessário ter cautela ao usar rankings internacionais para capturar a realidade nacional…, [pois] (…) os rankings internacionais são propostos com um viés que beneficia os países do Norte e aqueles que falam ou ensinam inglês como segunda língua…

(Finardi & Guimarães, 2017Finardi, K. R., & Guimarães, F. F. (2017) Internacionalização, rankings e publicações em inglês: a situação do Brasil na atualidade. Estudos em Avaliação Educacional, 28(68), 600-626. http://dx.doi.org/10.18222/eae.v28i68.4564
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, pp. 622)

Bianchetti e Magalhães (2015, pp. 244)Bianchetti, L., & Magalhães, A. M. (2015). Declaração de Bolonha e internacionalização da educação superior: protagonismo dos reitores e autonomia universitária em questão. Avaliação, 20(1), 225-249. fizeram uma reflexão acerca da Declaração de Bolonha e o papel dos reitores neste processo. Tal iniciativa, que ocorreu na Europa, teve papel fundamental no que os autores descrevem como “(…) o fim de uma determinada universidade (…)” – a universidade autônoma –, pois no continente europeu não é possível ficar de fora do acordo de Bolonha, o que faz com que interesses externos se sobressaiam aos de cada instituição de ensino.

Em um artigo fortemente crítico acerca da internacionalização da Educação Superior, Maués e Bastos (2016, pp. 713)Maués, O. C., & Bastos, R. S. (2016). As políticas de educação superior na esteira dos organismos internacionais. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, 32(3), 699-717. http://dx.doi.org/10.21573/vol32n32016.68570
https://doi.org/10.21573/vol32n32016.685...
escrevem que a internacionalização da educação forma “(…) pessoas voltadas aos interesses do mercado (…)”, num contexto em que a educação é vista como um serviço subalterno ao capitalismo.

Martinez (2019)Martinez, C. A. F. (2019). ¿Por qué Chile? Un análisis post crítico sobre los discursos de escala en la movilidad académica internacional. Educação, 42(1), 117-126. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2019.1.30148
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usa diversos conceitos geográficos para refletir sobre a mobilidade acadêmica e os discursos acerca dela – que em sua maioria atribuem valores aos espaços, hierarquizando-os dentro do que poderia ser denominado geopolítica acadêmica. Essa ideia de geopolítica do conhecimento também é abordada por Santos (2017)Santos, E. (2017). Internacionalização da educação superior nos marcos da integração regional da América Latina: o caso da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. ECCOS: Revista Científica, 42, 57-84. a partir do caso da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

A falta de políticas voltadas à internacionalização aparece como uma dificuldade na área de pesquisa dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil (IFs). Os IFs têm interesse em internacionalizar-se, mas além da falta de políticas, a língua e os recentes cortes no financiamento da Educação são apontados como desafios a serem superados (Vieira et al., 2018Vieira, G. V, Finardi, K. R., & Piccin, G. F. O. (2018). Internacionalizando-se: os desafios para os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 13(1), 394-410.). Sobre a língua, Finardi e Guimarães (2017)Finardi, K. R., & Guimarães, F. F. (2017) Internacionalização, rankings e publicações em inglês: a situação do Brasil na atualidade. Estudos em Avaliação Educacional, 28(68), 600-626. http://dx.doi.org/10.18222/eae.v28i68.4564
https://doi.org/10.18222/eae.v28i68.4564...
ressaltam que “(…) a baixa proficiência em línguas estrangeiras, e particularmente em inglês, é um sério entrave ao desenvolvimento da internacionalização do ensino superior brasileiro” (pp. 622).

Pinto et al. (2018)Pinto, M. M., Rocha, M. A. M., & Volpato, G. (2018). Internacionalização da educação superior: docentes brasileiros em espaço africano. Perspectiva, 36(2), 650-663. http://dx.doi.org/10.5007/2175-795X.2018v36n2p650
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buscaram compreender a experiência de docentes que lecionaram em outros países de língua portuguesa. A dificuldade da internacionalização ocorrer de modo decolonial em relações horizontais se mostrou presente para os professores, que se mostravam preocupados “com o risco de repetirem práticas colonizadoras com os estudantes africanos” (Pinto et al., 2018Pinto, M. M., Rocha, M. A. M., & Volpato, G. (2018). Internacionalização da educação superior: docentes brasileiros em espaço africano. Perspectiva, 36(2), 650-663. http://dx.doi.org/10.5007/2175-795X.2018v36n2p650
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2018v3...
, pp. 658). Discursos coloniais também estão presentes na mídia portuguesa em matérias sobre internacionalização (Seixas, 2016Seixas, E. C. (2016). Interseções entre lusofonia e educação na imprensa portuguesa: uma análise crítica. Athenea Digital, 16(1), 159-188. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1328
https://doi.org/10.5565/rev/athenea.1328...
). Segundo Seixas (2016)Seixas, E. C. (2016). Interseções entre lusofonia e educação na imprensa portuguesa: uma análise crítica. Athenea Digital, 16(1), 159-188. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1328
https://doi.org/10.5565/rev/athenea.1328...
, Portugal vê em outros países lusófonos uma oportunidade de se firmar no mercado da Educação Superior.

Na experiência de mobilidade, saber a gramática e a pronúncia de um idioma diverso não é suficiente, como aponta Costa (2018)Costa, G. S. (2018). Língua e cultura no ensino de inglês como língua estrangeira: uma experiência sociocultural de alguns estudantes de intercâmbio do Instituto Federal do Piauí. RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 13(1), 381-393. https://doi.org/10.21723/riaee.nesp1.v13.2018.11427
https://doi.org/10.21723/riaee.nesp1.v13...
em uma pesquisa realizada com alunos que participaram do Programa Ciência sem Fronteiras. Além de ter conhecimento no que tange às regras gramaticais e pronúncia, é importante conhecer sobre a cultura do outro país, hábitos e diferenças no sentido de algumas palavras de um país para outro, uma vez que tais variações podem gerar situações constrangedoras.

Dos 17 artigos publicados em periódicos Qualis A1: em seis deles, apesar da sua leitura permitir depreender a realização de uma abordagem qualitativa, os autores não explicitaram o viés metodológico; em outros dois, foi feita análise de documentos; em um, o recurso utilizado foi pesquisa bibliográfica e levantamento de dados; outro dos trabalhos contemplou o estudo de casos múltiplos, por meio de entrevistas e do procedimento de análise de conteúdo; outros dois foram classificados como ensaio.

Os demais 11 artigos publicados em periódicos A1 são, segundo a descrição de seus autores, estudos qualitativos genéricos, que recorrem ao uso de questionário semiestruturado e análise a partir do método de análise de conglomerados. Destes, seis trabalhos foram apresentados como pesquisa qualitativa de caráter exploratório e apenas um deles utilizou como metodologia a observação de participante e entrevistas, sendo os dados tratados por meio da análise de conteúdo; outros dois trabalhos lançaram mão de entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo. Por fim, os percursos metodológicos apresentados em cada um dos últimos sete trabalhos foram: entrevistas semiestruturadas, observações e análise documental; análise documental e questionário; questionários estruturados e processamento dos dados feito a partir de matrizes de coocorrência; investigação realizada a partir de princípios de estado do conhecimento; abordagem quantitativa-qualitativa com viés descritivo; pesquisa qualitativa com base em pesquisa bibliográfica e documental; e abordagem qualitativa não especificando sua metodologia..

Entre os 19 artigos publicados em periódicos do extrato A2, dois se apresentaram como pesquisas de estado do conhecimento. Todos os trabalhos afirmaram assumir uma abordagem qualitativa. A pesquisa bibliográfica ou documental apareceu em cinco artigos: um deles também utilizou pesquisa de campo; um analisou jornais; em dois deles os autores fizeram uso de entrevistas; um outro afirmou utilizar questionário e entrevista semiestruturada; e em três trabalhos o recurso foi o uso de questionários. Nos outros cinco artigos, os autores não descreveram nenhuma metodologia.

De maneira geral, a maioria dos artigos converge para um conjunto restrito de autores estrangeiros que tratam da temática. Há aqueles que assumem o conceito de internacionalização da Educação Superior conforme definido por J. Knight, que coloca como condição a incorporação de aspectos internacionais, interculturais e globais no ensino, na pesquisa e na gestão das IES, assumindo a possibilidade de análise nesses diferentes níveis (A. Oliveira & Freitas, 2017Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2017). Relações interculturais na vida universitária: experiências de mobilidade internacional de docentes e discentes. Revista Brasileira de Educação, 22(70), 744-801. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782017227039
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201722...
; Araújo & Silva, 2015Araújo, E. R., & Silva, S. (2015). Temos de fazer um cavalo de Troia: elementos para compreender a internacionalização da investigação e do ensino superior. Revista Brasileira de Educação, 20(60), 77-98. https://doi.org/10.1590/S1413-24782015206005
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201520...
; Finardi & Guimarães, 2017Finardi, K. R., & Guimarães, F. F. (2017) Internacionalização, rankings e publicações em inglês: a situação do Brasil na atualidade. Estudos em Avaliação Educacional, 28(68), 600-626. http://dx.doi.org/10.18222/eae.v28i68.4564
https://doi.org/10.18222/eae.v28i68.4564...
; Miranda & Stallivieri, 2017Miranda, J. A. A., & Stallivieri, L. (2017). Para uma política pública de internacionalização para o ensino superior no Brasil. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 589-613. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300002
https://doi.org/10.1590/s1414-4077201700...
; Morosini & Nascimento, 2017Morosini, M. C., & Nascimento, L. M. (2017). Internacionalização da educação superior no Brasil: a produção recente em teses e dissertações. Educação em Revista, 33, 1-27. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698155071
https://doi.org/10.1590/0102-4698155071...
). Outras definições sobre o assunto, desenvolvidas por outros autores estrangeiros – que, embora nem sempre tenham sido assumidas como instrumental das pesquisas – são igualmente citadas nos trabalhos.

A compreensão do fenômeno da internacionalização e seus significados, tal como desenvolvida por Hans de Wit, é abordada com frequência (Araújo & Silva, 2015Araújo, E. R., & Silva, S. (2015). Temos de fazer um cavalo de Troia: elementos para compreender a internacionalização da investigação e do ensino superior. Revista Brasileira de Educação, 20(60), 77-98. https://doi.org/10.1590/S1413-24782015206005
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201520...
; Cunha et al., 2017Cunha, M. I. (2017). Qualidade da educação superior e a tensão entre democratização e internacionalização na universidade brasileira. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 817-832. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300013
https://doi.org/10.1590/s1414-4077201700...
; Dal-Soto et al., 2016Dal-Soto, F., Alves, J. N., & Souza, Y. S. (2016). A produção científica sobre internacionalização da educação superior na web of science: características gerais e metodológicas. Educação em Revista, 32(4), 229-249. https://dx.doi.org/10.1590/0102-4698153246
https://doi.org/10.1590/0102-4698153246...
; Davis et al., 2016Davis, R., Sumozas, R., & Paiva, F. M. (2016). A internacionalização para as Ciências Humanas no Brasil. Revista Educação em Questão, 54(41), 12-32. https://doi.org/10.21680/1981-1802.2016v54n41ID10156
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2016v...
; Leal & Moraes, 2018Leal, F. G., & Moraes, M. C. B. (2018). Decolonialidade como epistemologia para o campo teórico da internacionalização da Educação Superior. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 26(87), 1-29. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.26.3026
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3026...
; Luce et al., 2016Luce, M. B, Fagundes, C. V., & Mediel, O. G. (2016). Internacionalização da educação superior: a dimensão intercultural e o suporte institucional na avaliação da mobilidade acadêmica. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 21(2), 317-339. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772016000200002
https://doi.org/10.1590/S1414-4077201600...
; Morosini & Nascimento, 2017Morosini, M. C., & Nascimento, L. M. (2017). Internacionalização da educação superior no Brasil: a produção recente em teses e dissertações. Educação em Revista, 33, 1-27. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698155071
https://doi.org/10.1590/0102-4698155071...
; Sena et al., 2014Sena, A. P., Matos, F. R. N., Machado, D. Q., & Sena, A. M. C. (2014). Internacionalização da educação superior: um estudo com alunos intercambistas de uma instituição de ensino superior do Brasil. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 22(122), 1-25. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.v22.1512
https://doi.org/10.14507/epaa.v22.1512...
). A identificação de uma confusão entre os termos internacionalização e globalização, segundo a visão de P. Altbach, também é recorrente (A. Oliveira & Freitas, 2016Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2016). Motivações para mobilidade acadêmica internacional: a visão de alunos e professores universitários. Educação em Revista, 32(3), 217-246. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698148237
https://doi.org/10.1590/0102-4698148237...
; Cunha et al., 2017Cunha, M. I., Volpato, G., Rocha, M. A. M., & Pinto, M. M. (2017). Estudantes africanos em universidades brasileiras: os desafios da internacionalização “às avessas” no cotidiano universitário. Educação, 40(3), 469-480. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.24240
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
; Leal & Moraes, 2018Leal, F. G., & Moraes, M. C. B. (2018). Decolonialidade como epistemologia para o campo teórico da internacionalização da Educação Superior. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 26(87), 1-29. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.26.3026
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3026...
; Luce et al., 2016Luce, M. B, Fagundes, C. V., & Mediel, O. G. (2016). Internacionalização da educação superior: a dimensão intercultural e o suporte institucional na avaliação da mobilidade acadêmica. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 21(2), 317-339. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772016000200002
https://doi.org/10.1590/S1414-4077201600...
; Miranda & Stallivieri, 2017Miranda, J. A. A., & Stallivieri, L. (2017). Para uma política pública de internacionalização para o ensino superior no Brasil. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 22(3), 589-613. https://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772017000300002
https://doi.org/10.1590/s1414-4077201700...
; Muckenberger & Miura, 2015Muckenberger, E., & Miura, I. K. (2015). Motivações para a internacionalização do ensino superior: um estudo de casos múltiplos em um sistema de ensino superior confessional internacional. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 23(66), 1-26.
https://doi.org/10.14507/epaa.v23.1932...
; Rubin-Oliveira & Wiclewicki, 2019Rubin-Oliveira, M., & Wielewicki, H. G. (2019). Concepts, policies and actions of internationalization of Higher Education: reflections on the expertise of a North American University. Revista Brasileira de Educação, 24, 1-19. http://dx.doi.org/10.1590/s1413-24782019240032
https://doi.org/10.1590/s1413-2478201924...
; Sousa, 2017Sousa, J. V. (2017). Internacionalização da Educação Superior como indicador do Sinaes: de qual qualidade estamos falando? Educação, 40(3), 343-354. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28979
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
). Já a noção de que os processos de internacionalização constituem uma resposta da Educação Superior aos desafios impostos pela globalização, ideia desenvolvida por M. Van der Wende, é encontrada em Davis et al. (2016)Davis, R., Sumozas, R., & Paiva, F. M. (2016). A internacionalização para as Ciências Humanas no Brasil. Revista Educação em Questão, 54(41), 12-32. https://doi.org/10.21680/1981-1802.2016v54n41ID10156
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2016v...
e Robson (2017)Robson, S. (2017). Internationalization at home: internationalizing the university experience of staff and students. Educação, 40(3), 368-374. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.29012
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
.

Do conjunto analisado, 14 trabalhos não definem a internacionalização da Educação Superior, embora alguns incorporem referenciais estrangeiros importantes para o campo. Nesse sentido, Leal e Morais (2017)Leal, F. G., & Moraes, M. C. B. (2018). Decolonialidade como epistemologia para o campo teórico da internacionalização da Educação Superior. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 26(87), 1-29. http://dx.doi.org/10.14507/epaa.26.3026
https://doi.org/10.14507/epaa.26.3026...
, Luce et al. (2016)Luce, M. B, Fagundes, C. V., & Mediel, O. G. (2016). Internacionalização da educação superior: a dimensão intercultural e o suporte institucional na avaliação da mobilidade acadêmica. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 21(2), 317-339. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772016000200002
https://doi.org/10.1590/S1414-4077201600...
, Maués e Bastos (2017)Maués, O. C., & Bastos, R. S. (2017). Políticas de internacionalização da Educação Superior: o contexto brasileiro. Educação, 40(3), 333-342. http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.28999
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017....
, Morosini e Dalla Corte (2018)Morosini, M. C., & Corte, M. G. (2018). Teses e realidades no contexto da internacionalização da educação superior no Brasil. Revista Educação em Questão, 56(47), 97-120. https://doi.org/10.21680/1981-1802.2018v56n47ID14000
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2018v...
e A. Oliveira e Freitas (2017)Oliveira, A. L., & Freitas, M. E. (2017). Relações interculturais na vida universitária: experiências de mobilidade internacional de docentes e discentes. Revista Brasileira de Educação, 22(70), 744-801. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782017227039
https://doi.org/10.1590/S1413-2478201722...
são exemplos bastante expressivos, ou seja, realizam um potente esforço de síntese de definições, sem, contudo, tomar para si ou definir um conceito que sirva de referencial analítico. Isso não constitui um problema quando o trabalho pretende justamente identificar tendências para o campo.

Considerações finais

Na amostra considerada para este estudo, percebe-se que o termo “internacionalização da Educação Superior” é polissêmico, incorporando tanto análises de impacto sobre indivíduos – estudos que foram aqui classificados como focados no estudante – quanto análises de impacto institucionais – aqui denominadas como estudos com foco nas políticas públicas. Tal polissemia se expressa, também, na diversidade de preocupações que movem os pesquisadores: nas pesquisas com foco nos estudantes, há questões relacionadas às dificuldades por eles enfrentadas nos processos de mobilidade acadêmica internacional, em especial as relativas ao domínio da língua e à inserção cultural. Considera-se não apenas a situação de estudantes brasileiros que vão ao exterior, mas também de estudantes estrangeiros no Brasil.

Por outro lado, as pesquisas com foco nas políticas públicas são mais abrangentes, incorporando preocupações que vão desde o papel das Instituições de Ensino Superior e do Estado nesse processo, até as relações com a globalização e o mercado e as tensões entre democratização e meritocracia. Não existe consenso sobre o valor atribuído a essas iniciativas, o que indica o conflito envolvendo o tema. Há pesquisas que analisam o fenômeno como um dado, buscando identificar suas repercussões sobre a Educação Superior. Existem, também, aqueles estudos que adotam uma postura de adesão à agenda de internacionalização, um imperativo que potencialmente pode promover uma maior circulação do conhecimento e induzir o desenvolvimento do país. Por fim, têm-se as pesquisas que denunciam o caráter excludente e hierarquizador das iniciativas de internacionalização da Educação Superior, uma vez que estas podem subalternizar a produção acadêmica nacional às dos países estrangeiros.

O reconhecimento dessa multiplicidade de recortes e perspectivas praticamente inviabiliza uma única síntese, contudo aponta para possibilidades de pesquisa. Uma questão que precisa ser reconhecida como um elemento a ser considerado é o impacto da ruptura vivenciada no Brasil a partir de 2016, que teve como consequência a suspensão das políticas de internacionalização da Educação Superior. O absenteísmo do Estado brasileiro na condução de uma política consistente para a Educação Superior em geral e para a internacionalização em particular pode estar provocando um fenômeno de abandono das IES brasileiras pela classe média – uma reação ao fato de que as instituições nacionais se tornaram menos elitizadas – em favor de uma distinção simbólica decorrente de uma formação no exterior. Esta é, salvo melhor juízo, uma potencial e interessante agenda de pesquisa.

  • 2
    Normalização, preparação e revisão textual: Giovanna Oliveira e Andreza Silva (Tikinet) - revisao@tikinet.com.br
  • 3
    Apoio: A pesquisa contou com financiamento da Universidade Federal do Paraná – Tesouro Nacional (UFPRTN) por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).
  • 4
    Conforme o site do programa, “Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.
    O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no Programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior” (O programa – O que é? – Ciência sem fronteiras (https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/ciencia-sem-fronteiras/apresentacao-1/o-que-e ).
  • 5
    Embora o recorte temporal do levantamento bibliográfico se encerre no ano de 2019, por sugestão dos revisores do texto, a quem as autoras agradecem, foi realizado o levantamento relativo aos artigos publicados em 2020, fazendo uso da mesma metodologia. Foram encontrados 11 artigos, sendo seis deles Qualis A1 (Khomyakov et al., 2020Khomyakov, M., Dwyer, T., & Weller, W. (2020). Internacionalização da educação superior: excelência ou construção de redes? Do que os países do BRICS precisam mais? Sociologias, 22(54), 120-143. http://doi.org/10.1590/15174522-99066
    https://doi.org/10.1590/15174522-99066...
    ; Leal et al., 2020Leal, F., Moraes, M. C. B., & Oregioni, M. S. (2020). Questionando o discurso e a prática de internacionalização da educação superior predominantes na América Latina. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 28(132), 1-26. https://doi.org/10.14507/epaa.28.3904
    https://doi.org/10.14507/epaa.28.3904...
    ; Lima & Stallivieri, 2020Lima, A. F. Jr., & Stallivieri, L. (2020). Programas de mobilidade acadêmica internacional como instrumentos de promoção do desenvolvimento internacional: O caso do PEC-PG. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 28(174), 1-34. https://doi.org/10.14507/epaa.28.5178
    https://doi.org/10.14507/epaa.28.5178...
    ; Mattos et al., 2020Mattos, L. K., Flach, L., & Melo, P. A. (2020). Políticas educacionais de bolsas para o ensino superior, internacionalização e avaliação da pós-graduação brasileira: Um estudo com regressão em painel. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 28(85), 1-28. https://doi.org/10.14507/epaa.28.4738
    https://doi.org/10.14507/epaa.28.4738...
    ; Neves & Barbosa, 2020Neves, C. E. B., & Barbosa, M. L. O. (2020). Internacionalização da educação superior no Brasil: avanços, obstáculos e desafios. Sociologias, 22(54), 144-175. http://doi.org/10.1590/15174522-99656
    https://doi.org/10.1590/15174522-99656...
    ; Veiga & Magalhães, 2020Veiga, A., & Magalhães, A. (2020). Challenges for research in higher education: the case of internationalization between the explanandum and the explanans. Sociologias, 22(54), 46-63. http://dx.doi.org/10.1590/15174522-97866
    https://doi.org/10.1590/15174522-97866...
    ), dois artigos Qualis B1, dois artigos Qualis B2 e um artigo Qualis B4. O conjunto de artigos encontrado não alterou os resultados gerais da pesquisa, então optou-se pela manutenção do recorte temporal original.
  • 6
    Os operadores booleanos atuam como palavras que informam ao sistema de busca como combinar os termos de sua pesquisa. São eles: AND, OR e NOT e significam, respectivamente, E, OU e NÃO e, a fim de facilitar a visualização da busca, é importante que estes sejam escritos em letra maiúscula.

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Editor responsável: Helena Sampaio. https://orcid.org/0000-0002-1759-4875

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    19 Jan 2021
  • Revisado
    10 Dez 2021
  • Aceito
    03 Jan 2022
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