Acessibilidade / Reportar erro

O estresse na pesquisa epidemiológica: o desgaste dos modelos de explicação coletiva do processo saúde-doença

Stress in Epidemilogical research: the wear of collecive models of explanation of the health-illness process.

Le stress dans la recherche épidémiologique: l'érosion des modèles d'explication collective du processus santé-maladie.

Resumos

São enfocadas as dificuldades do instrumento epidemiológico em lidar com as questões postas pelos problemas contemporâneos de saúde, nos quais o conceito de estresse encontra ampla difusão. Assim, apresenta-se uma discussão sobre o arcabouço teórico-conceitual da teoria do estresse e seus desdobramentos. Além disso, são assinaladas as limitações do método e dos modelos epidemiológicos disponíveis ao abordarem: 1. Manifestações cuja previsibilidade não é delimitável; 2. Fenômenos que se encontram em níveis hierárquicos distintos. Nestes casos a teorização subjacente à noção de risco, utilizada para explicar o adoecer referido ao nível individual mostra-se insuficiente. À complexidade do pProcesso saúde-doença demanda outro paradigma epistêmico que permita ao sujeito da ciência epidemiológica desenvolver outras formas de demarcar e compreender seu objeto.


The article focuses on the difficulties the epidemiological instrument faces when dealing wih questions posed by contemporary health problems, in which the concept of stress finds broad diffusion. Thus there is a discus-sion about the theoretical-concepual framework of the theory of stress and its developments. Besides, the text points out the limitation of the method and of the available epidemiological models when they talk about: 1 - manifesta-tions whose predicability cannot be delimited; 2 - phenomena placed in different hierarchic leveis. In such cases, the theorization underlying the noion of risk, used to explain sikliness at the individual levei proves to be insufficient. The complexity of the health'illness process demands another epistemological paradigm which allaws the subjec of the epidemiological research develop other ways of demarcating and understanding its object.


Cet article met en lumiére les difficultés des instruments épidémiologiques face aux questions possées par les problèmes contemporains de santé et parmi eux spécialement celui du stress. Le texte s'occupe aussi de Panalyse de la théorie du stress, les limites méthodologiques des modèles épidémiologiques et les possibilités de cons-truction d'un nouveau paradigme épistémologique pour l'épidémiologie.


O estresse na pesquisa epidemiológica: o desgaste dos modelos de explicação coletiva do processo saúde-doença

Stress in Epidemilogical research: the wear of collecive models of explanation of the health-illness process.

Le stress dans la recherche épidémiologique: l'érosion des modèles d'explication collective du processus santé-maladie.

Luis David Castiel

Professor Assistente do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro.

RESUMO

São enfocadas as dificuldades do instrumento epidemiológico em lidar com as questões postas pelos problemas contemporâneos de saúde, nos quais o conceito de estresse encontra ampla difusão. Assim, apresenta-se uma discussão sobre o arcabouço teórico-conceitual da teoria do estresse e seus desdobramentos. Além disso, são assinaladas as limitações do método e dos modelos epidemiológicos disponíveis ao abordarem: 1. Manifestações cuja previsibilidade não é delimitável; 2. Fenômenos que se encontram em níveis hierárquicos distintos. Nestes casos a teorização subjacente à noção de risco, utilizada para explicar o adoecer referido ao nível individual mostra-se insuficiente. À complexidade do pProcesso saúde-doença demanda outro paradigma epistêmico que permita ao sujeito da ciência epidemiológica desenvolver outras formas de demarcar e compreender seu objeto.

ABSTRACT

The article focuses on the difficulties the epidemiological instrument faces when dealing wih questions posed by contemporary health problems, in which the concept of stress finds broad diffusion. Thus there is a discus-sion about the theoretical-concepual framework of the theory of stress and its developments.

Besides, the text points out the limitation of the method and of the available epidemiological models when they talk about: 1 — manifesta-tions whose predicability cannot be delimited; 2 — phenomena placed in different hierarchic leveis. In such cases, the theorization underlying the noion of risk, used to explain sikliness at the individual levei proves to be insufficient. The complexity of the health'illness process demands another epistemological paradigm which allaws the subjec of the epidemiological research develop other ways of demarcating and understanding its object.

RESUME

Cet article met en lumiére les difficultés des instruments épidémiologiques face aux questions possées par les problèmes contemporains de santé et parmi eux spécialement celui du stress.

Le texte s'occupe aussi de Panalyse de la théorie du stress, les limites méthodologiques des modèles épidémiologiques et les possibilités de cons-truction d'un nouveau paradigme épistémologique pour l'épidémiologie.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

1 ALMEIDA Fo. N., Epidemiologia sem números. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1989.

2 SELYE H., "A Syndrome produced by diverse nervous agents". Nature ns 148, 1936.

3 WEBSTER'S, New WorldDictionary of theAmerican Language. Verbetestress. New York, Collins, 1974.

4 WEBSTER'S., op. cit.

5 FERREIRA A. B. H., Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Verbete "estresse". Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1975.

6 CANNON W. B., llodily Changes in Pain, Hunger, Fear and Rage.Secoad ed. New York. D. Appleton & Co., 1920.

7 MELLO Fo. J„ Concepçãopsicossomática: visão atual. Rio de Janeiro, Ed. Tempo Brasileiro, 1986.

8 SELYE H., op. cit.

9. HINIKLE JR. L.E. "Stress and Disease: the concept after 50 years" Soc. Sci. Med. vol.25 n.6,1987.

10. MOREIRA M. D. & MELLO Fo. J."Psicoimunologia Hoje" in: rsu'n"nm,m Alegre, Ed. Artes Médicas.

11 BECK A., Cognitive Therapy andEmotionalDisorders. Int. Univ. Press, New York, 1976.

12. MOREIRA M.D. & MELLO Fo. J., op. cito

13. HINKLE JR. L. E., op. cito

14. HINKLE JR. L. E., op. cito

15. CASSEL J., Psychosocial ProcessesandStress: Theoretical Formulation. Int. J. Hlth. Serv. 4(3),1974.

16. HINKLE JR. L. E., "The concept of stress in Biological and Social Sciences." Sei. Med. Man nº 1, 1973.

17. MOREIRA M.D. & MELLO Fo . l., "Psicoimunologia Hoje", op. cito

18. Manual de diagnóstico e estatística de distúrbios mentais. São Paulo, Ed. Manole, 1989Links ] Arial, Helvetica, sans-serif">.

19. Manual de diagnóstico e estatística de distúrbios mentais, op. cito

20. Manual de diagnóstico e estatística de distúrbios mentais, op. cito

21. SUSSER M., "The Epidemiology of Life Stress" in: SUSSER M., Epidemiology, Health and Society. Selected Papers. Londres, Oxford University Press, 1987.

22. KASL, "Stress and Health". Ann. Rev. Publ. Hlth. n." 5,1984.

23. KASL, op. cito

24. SUSSER M., "The Epidemiology of Life Stress", op. cito

25. KASL, op. cito

26. KASL, op. cito

27. FEINSTEIN A., Epidemilogic analyses ofcausation: The UnlearnedScientific Lessons of Randomized Trials. J. Clin. Epidemiol. Vol. 42 n2 6, 1989.

28. FEINSTEIN A., op. cito

29. BREILH J., GRANDA E., CAMPAA A., YEPEZ J., PÁEz R., COST ALES P., Deterioro de la Vida. Corporación Ed. Nacional. CEAS. Quito, 1990.

30. BREILH J., GRANDA E., CAMPAA A., YEPEZ 1., PÁEz R., COSTALES P., op. cito

31. JEAMMET P., REYNAUD M., CONSOU S., Manual de psicologia médica. Ed. Masson. São Paulo, 1989.

32. DEJOURS c., O corpo entre a biologia e a psicanálise. Artes Médicas. Porto Alegre, 1988.

33. JEAMMET P., REYNAUD M., CONSOU S., op. cito

34. BENOIT P., Psicanálise e medicina. Ed.Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 1989.

35. DEJOURS c., o corpo entre a biologia e a psicanálise. Artes Médicas. Porto Alegre, 1988.

36. BENOIT P., Psicanálise e medicina, op. cito

37. UEXKULL T. v., La Médecine Psychosomatique. Gallimard. Paris, 1966.

38. ROSE G., "Indivíduos enfermos y Poblaciones enfermas" in: Boletin Epidemiológico O.P.S. v. 6, n. 3,1985.

39. EASTWOOD M. R., "Epidemiological Studies" in: Psychosomatic Medicine. Int'l J. Psychiatry in Med. Vol. 6 (1/2), 1975.

40. BATESON G., Mente eNatureza. Ed. Francisco Alves. Rio de Janeiro, 1986.

41. BATESON G. op. cit.

42. BATESON G. op. cit.

43. BATESON G .op. cit.

44. SILVA G. R., "Avaliação Perspectivas da Epidemiologia no Brasil" Anais do le Congresso Brasileiro de Epidemiologia. Abrasco. Rio de Janeiro, 1990.

45. SCHRAMM F. R. & CASTIEL L D. A crise na epidemiologia: a complexidade do processo saúde-doença. Aceito para o Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Belo Horizonte, 1992.

46. ALMEIDA Fo. N., Avanços conceituais em epidemiologia. Conferência pronunciada em 30 de agosto de 1991. Escola Nacional de Saúde Pública. Fiocruz.

47. SUSSER M., Causal Thinking in theHealth Sciences. Oxford Univ. Press. Londres, 1973.

48. SUSSER M., "Epidemiology Today: A Thought-Tormented World" in lnt. J. Epidemiol. V. 18 nº 3, 1989.

49. KOOPMAN J. & WEED D., Epigenesis Theory: A mathematical model relating causal concepts of pathogenesis in individuals to disease patterns in populations.Amer. J. Epidemiol. V. 132 nº 2, 1990.

50. ROTHMANN K., ModernEpidemiology. Little Brown. Boston, 1986.

51. SCHRAMM F. R. & CASTIEL L. D., A crise na epidemiologia: a complexidade do processo saúde-doença. op. cito

52. SUSSER M., "Epidemiology Today: A Thought-Tormented World", op. cit.

53. ROTHMANN K., ModernEpidemiology, op. cit.

54. BUCK C.,"Popper's philosphy for epidemiologisls".lnt. J. Epidemiol. V. 4, 1975.

55. WEED D., "Ao epidemiologic application of Popper's method." J. Epidemiol. Comm. Health. V. 39, 1985.

56. MACLURE M., "Popperian Refutation in Epidemiology".Am. J. Epidemiai. V.121. n" 3,1985.

57. WEED L., "On the Logic Causal Inference". Am. J. Epidemiai. V. 123 n" 6, 1986.

58. SUSSER M., "Falsification, verification and causal inference in Epidemiology: Reconsiderations in lhe light ofSir Karl Popper's philosophy". in: SUSSERM., Epidemiology, Health& Society. Selected Papers. Oxford Univ. Press, Londres, 1987.

59. PEARCE N. & CRAWFORD-BROWN D., "Critical Discussion in Epidemiology: Problems with the Popperian Approach ". J. Clin. Epidemiol. V. 32, 1989.

60. SUSSER M., "Epidemiology Today: A Thought-Tormented World" in Int. J. Epidemiol. V. 18 n. 3, 1989.

61. ALMEIDA Fo., "Paradigmas em epidemiologia" in Anais do 1º Congresso Brasileiro de Epidemiologia. Abrasco. Rio de Janeiro, 1990.

62. GLEICK J., Caos. A criação de uma nova ciência. Ed. Campus. Rio de Janeiro, 1990.

63. PIAGET J. & GARCIA R., Psicogênese e história das ciências. Ed. D. Quixote. Lisboa, 1987.

64. PIAGET J. GARCIA Psicogênese e hislória das ciéncias, op. cit.

65. PIAGET J. & GARCIA R., Psicogênese e história das ciências, op. cito

66. SPERBER D., "Anthropology and Psychology: Towards an Epidemiology of Representations". Man n°20(1),19S5.

67. SCIIRAMM R. & CASllEL L. D., A crise /la epidemiologia: a complexidade do processo saúde-doença. op. cit.

68. SCHRAMM F. R. & CASTIEL L. D., A crise na epidemiologia: fJ complexidade do processo saúde-doença. op. cit.

  • 1 ALMEIDA Fo. N., Epidemiologia sem números. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1989.
  • 2 SELYE H., "A Syndrome produced by diverse nervous agents". Nature ns 148, 1936.
  • 3 WEBSTER'S, New WorldDictionary of theAmerican Language. Verbetestress. New York, Collins, 1974.
  • 4 WEBSTER'S., op. cit. 5 FERREIRA A. B. H., Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Verbete "estresse". Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1975.
  • 6 CANNON W. B., llodily Changes in Pain, Hunger, Fear and Rage.Secoad ed. New York. D. Appleton & Co., 1920.
  • 7 MELLO Fo. Jâ Concepçãopsicossomática: visão atual. Rio de Janeiro, Ed. Tempo Brasileiro, 1986.
  • 9. HINIKLE JR. L.E. "Stress and Disease: the concept after 50 years" Soc. Sci. Med. vol.25 n.6,1987.
  • 11 BECK A., Cognitive Therapy andEmotionalDisorders. Int. Univ. Press, New York, 1976.
  • 15. CASSEL J., Psychosocial ProcessesandStress: Theoretical Formulation. Int. J. Hlth. Serv. 4(3),1974.
  • 16. HINKLE JR. L. E., "The concept of stress in Biological and Social Sciences." Sei. Med. Man nÂş 1, 1973.
  • 18. Manual de diagnóstico e estatística de distúrbios mentais. São Paulo, Ed. Manole, 1989
  • 21. SUSSER M., "The Epidemiology of Life Stress" in: SUSSER M., Epidemiology, Health and Society. Selected Papers. Londres, Oxford University Press, 1987.
  • 22. KASL, "Stress and Health". Ann. Rev. Publ. Hlth. n." 5,1984.
  • 27. FEINSTEIN A., Epidemilogic analyses ofcausation: The UnlearnedScientific Lessons of Randomized Trials. J. Clin. Epidemiol. Vol. 42 n2 6, 1989.
  • 29. BREILH J., GRANDA E., CAMPAA A., YEPEZ J., PÁEz R., COST ALES P., Deterioro de la Vida. Corporación Ed. Nacional. CEAS. Quito, 1990.
  • 31. JEAMMET P., REYNAUD M., CONSOU S., Manual de psicologia médica. Ed. Masson. São Paulo, 1989.
  • 32. DEJOURS c., O corpo entre a biologia e a psicanálise. Artes Médicas. Porto Alegre, 1988.
  • 34. BENOIT P., Psicanálise e medicina. Ed.Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 1989.
  • 35. DEJOURS c., o corpo entre a biologia e a psicanálise. Artes Médicas. Porto Alegre, 1988.
  • 38. ROSE G., "Indivíduos enfermos y Poblaciones enfermas" in: Boletin Epidemiológico O.P.S. v. 6, n. 3,1985.
  • 39. EASTWOOD M. R., "Epidemiological Studies" in: Psychosomatic Medicine. Int'l J. Psychiatry in Med. Vol. 6 (1/2), 1975.
  • 45. SCHRAMM F. R. & CASTIEL L D. A crise na epidemiologia: a complexidade do processo saúde-doença. Aceito para o Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Belo Horizonte, 1992.
  • 46. ALMEIDA Fo. N., Avanços conceituais em epidemiologia. Conferência pronunciada em 30 de agosto de 1991. Escola Nacional de Saúde Pública. Fiocruz.
  • 47. SUSSER M., Causal Thinking in theHealth Sciences. Oxford Univ. Press. Londres, 1973.
  • 48. SUSSER M., "Epidemiology Today: A Thought-Tormented World" in lnt. J. Epidemiol. V. 18 nÂş 3, 1989.
  • 49. KOOPMAN J. & WEED D., Epigenesis Theory: A mathematical model relating causal concepts of pathogenesis in individuals to disease patterns in populations.Amer. J. Epidemiol. V. 132 nÂş 2, 1990.
  • 50. ROTHMANN K., ModernEpidemiology. Little Brown. Boston, 1986.
  • 59. PEARCE N. & CRAWFORD-BROWN D., "Critical Discussion in Epidemiology: Problems with the Popperian Approach ". J. Clin. Epidemiol. V. 32, 1989.
  • 60. SUSSER M., "Epidemiology Today: A Thought-Tormented World" in Int. J. Epidemiol. V. 18 n. 3, 1989.
  • 61. ALMEIDA Fo., "Paradigmas em epidemiologia" in Anais do 1Âş Congresso Brasileiro de Epidemiologia. Abrasco. Rio de Janeiro, 1990.
  • 62. GLEICK J., Caos. A criação de uma nova ciência. Ed. Campus. Rio de Janeiro, 1990.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Out 2011
  • Data do Fascículo
    1993
PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro - UERJ, Rua São Francisco Xavier, 524 - sala 6013-E- Maracanã. 20550-013 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil, Tel.: (21) 2334-0504 - ramal 268, Web: https://www.ims.uerj.br/publicacoes/physis/ - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: publicacoes@ims.uerj.br