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Caracterização das equipes esportivas LGBT no Brasil: um mapeamento feito a partir de redes sociais on-line

Characterization of LGBT sports teams in Brazil: mapping from online social networks

Resumo

Introdução:

Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) são indivíduos mais propensos a terem experiências negativas nos ambientes convencionais de esporte. Diante disso, equipes e times esportivos LGBT foram criados para que seus membros encontrassem um espaço de lazer seguro e acolhedor para prática esportiva.

Objetivo:

O objetivo do estudo foi mapear e caracterizar as equipes esportivas LGBT que existem no Brasil dentro da rede social Instagram e analisar os conteúdos publicados por elas em seus perfis oficiais.

Método:

Foi feito um mapeamento das equipes esportivas LGBT com perfil na rede social e análise temática das imagens publicadas.

Resultados:

Foram mapeados 103 perfis de equipes esportivas LGBT, dos quais 90 foram analisados. A maioria das equipes está localizada nas capitais e regiões metropolitanas das regiões Sul e Sudeste. Em relação à temática das análises postadas, os dados mostraram que as publicações das equipes focavam em atividades pertinentes ao esporte, a eventos sociais e ativismo político.

Conclusão:

As equipes esportivas LGBT possuem um repertório de ação mais amplo que a prática esportiva. Elas são espaços de socialização, formação de vínculos pessoais e contribuem para a promoção da saúde de seus membros.

Palavras-Chave:
Pessoas LGBT; Associativismo; Participação social

Abstract

Introduction:

Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender (LGBT) individuals are more tolerant of having negative experiences in the cultural environments of sport. In view of this, LGBT sports teams and teams were created so that their members could find a safe and welcoming leisure space to practice sports.

Objective:

The study aimed to map and characterize the LGBT sports team in Brazil within the Instagram social network and to analyze the contents published by them in their official profiles.

Method:

A mapping of LGBT sports teams with a profile on the social network and thematic analysis of the published images were carried out.

Results:

103 profiles of LGBT sports teams were mapped, of which 90 were analyzed. Most associations are in the capitals and metropolitan regions of the South and Southeast regions. Regarding the theme of the posted analyses, the data appreciated that the publications of the associations focused on activities of the associations relevant to sport, social events and political activism.

Conclusion:

LGBT sports teams have a broader repertoire of action than sports. They are spaces for socialization, formation of personal bonds and obedience to promote the health of their members.

Keywords:
LGBT people; Associativism; Social participation

Introdução

Os movimentos de questionamento da ordem estabelecida, iniciados na década de 1960, incluindo os que reivindicavam o reconhecimento de pautas ligadas com a sexualidade, também influenciaram o esporte e as formas de praticá-lo. Uma dessa mudanças foi o surgimento de equipes, times e campeonatos esportivos voltados as pessoas lésbicas, gays, bissexuais e yransexuais (LGBT) (CAMARGO, 2016CAMARGO, W. X. Insurgent dilemmas on sports: Dissonant sport practices. Movimento, [s. l.], v. 22, n. 4, p. 1337-1350, 2016. Disponível em: https://www.scopus.com/inward/record.uri?eid=2-s2.0-85008556192&partnerID=40&md5=bc4d26512f9d225e4f7840ccee443596.).

Na França, essas equipes começam a surgir na década de 1980 (FÉREZ; ELLING; LIOTARD, 2009FÉREZ, S.; ELLING, A.; LIOTARD, P. Sport homosexuel et mouvement social: la mise en scène du corps gay et lesbien. Nouvelles Questions Féministes, [s. l.], v. 28, n. 1, p. 84, 2009.). Da mesma forma que o campeonato conhecido como “Gay Games” (ou “Jogos Gays”) também surge em meados de 1980 (CAMARGO, 2016CAMARGO, W. X. Insurgent dilemmas on sports: Dissonant sport practices. Movimento, [s. l.], v. 22, n. 4, p. 1337-1350, 2016. Disponível em: https://www.scopus.com/inward/record.uri?eid=2-s2.0-85008556192&partnerID=40&md5=bc4d26512f9d225e4f7840ccee443596.). Paralelamente, nos Estados Unidos, são as maiores instituições comunitárias destinadas ao público LGBT (PRONGER, 2000PRONGER, B. Masculinities, gender relations, and sport. In: MCKAY, J.; MESSNER, M. A.; SABO, D. (orgs.). Masculinities, Gender Relations, and Sport. 1. ed. California: Sage Publications, 2000.), sendo que algumas possuem milhares de membros (PLACE; BEGGS, 2011PLACE, G.; BEGGS, B. Motivation Factors for Participation in GLBT Sports League. Journal of Homosexuality, [s. l.], v. 58, n. 10, p. 1409-1420, 2011.).

Os times LGBT aqui caracterizados podem fazer parte de uma modalidade de práticas que colocam o esporte como Camargo e Altmann (2021CAMARGO, W. X. de; ALTMANN, H. Deslocamentos políticos e de gênero no esporte. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021., p. 5) caracterizam de “[...] espaço de expressão de novas subjetividades e (re)configurações corporais”, bem como um local de busca pelo direito e oportunidade de participação. Isso porque são espaços que ressignificam, por exemplo, o sentido de praticar esporte e pertencer a uma equipe (PISANI; PINTO, 2021aPISANI, M. da S.; PINTO, M. R. Expressões e corporalidades de mulheres cis e homens trans no ambiente futebolístico. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021a.).

Segundo Camargo (2021CAMARGO, W. X. de. Gêneros em disputa: a LiGay Nacional de Futebol Society e o espaço de acontecimento. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.), esses times aparecem como forma de resistência e empoderamento, como consequência de preconceitos e exclusões sofridas nos espaços esportivos convencionais. Isso porque são espaços que ressignificam, por exemplo, o sentido de praticar esporte e pertencer a uma equipe (PISANI; PINTO, 2021aPISANI, M. da S.; PINTO, M. R. Expressões e corporalidades de mulheres cis e homens trans no ambiente futebolístico. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021a.).

O bullying homofóbico e a exposição frequente à linguagem homofóbica é comum no meio esportivo, com esportistas de minorias sexuais descritos como se sentindo excluídos do restante do grupo (BAIOCCO et al., 2018BAIOCCO, R. et al. Sports as a risk environment: Homophobia and bullying in a sample of gay and heterosexual men. Journal of Gay & Lesbian Mental Health, [s. l.], v. 22, n. 4, p. 385-411, 2018.; DENISON et al., 2021DENISON, E. et al. Relationships between attitudes and norms with homophobic language use in male team sports. Journal of Science and Medicine in Sport, [s. l.], v. 24, n. 5, p. 499-504, 2021.). Por exemplo, as músicas de torcidas e os xingamentos nos espaços esportivos normalmente possuem conotações machistas, homofóbicas e misóginas (BANDEIRA, 2019BANDEIRA, G. A. Uma história do torcer no presente: elitização, racismo e heterossexismo no currículo de masculinidade dos torcedores de futebol. 1. ed. Curitiba: Appris, 2019. v. 1), acontecendo também em times universitários (MORETTI-PIRES, 2017MORETTI-PIRES, R. O. Domesticando corpos, construindo médicos: das relações de gênero a uma sociologia da profissão. 2017. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.).

Portanto, o surgimento desses times se dá pela exclusão e preconceito que as pessoas LGBT sofrem nos espaços convencionais de práticas esportivas (MATTHEWS; CHANNON, 2019MATTHEWS, C. R.; CHANNON, A. The ‘Male Preserve’ Thesis, Sporting Culture, and Men’s Power. In: L. GOTTZÉN, U.; MELLSTRÖM; SHEFER, T. (org.). The Routledge handbook of masculinity studies. Routledge: Abingdon, 2019.). As pesquisas tradicionalmente descobriram que a homofobia é uma característica definidora das experiências de pessoas LGBT em ambientes esportivos (SYMONS et al., 2010SYMONS, C. et al. Come out to play: The sports experiences of lesbian, gay, bisexual and transgender (LGBT) people in Victoria. [s. l.], 2010.).

Pesquisadores também documentaram os efeitos prejudiciais da homofobia nos espaços esportivos, onde atletas LGBT experimentaram uma série de pressões sociais e problemas psicológicos, incluindo depressão, diminuição no desempenho acadêmico e abuso de substâncias (ANDERSON; MAGRATH; BULLINGHAM, 2016ANDERSON, E.; MAGRATH, R.; BULLINGHAM, R. Out in Sport. [S. l.]: Routledge, 2016.; SYMONS; O’SULLIVAN; POLMAN, 2017SYMONS, C. M.; O’SULLIVAN, G. A.; POLMAN, R. The impacts of discriminatory experiences on lesbian, gay and bisexual people in sport. Annals of Leisure Research, [s. l.], v. 20, n. 4, p. 467-489, 2017.).

Nesse contexto homofóbico do esporte, muitas pessoas LGBT acabam sendo excluídas ou permanecem nesses espaços escondendo sua orientação sexual na tentativa de evitar preconceito e rejeição, caracterizando-se como um espaço hostil para esse público (CALZO et al., 2014CALZO, J. P. et al. Physical Activity Disparities in Heterosexual and Sexual Minority Youth Ages 12–22 Years Old: Roles of Childhood Gender Nonconformity and Athletic Self-Esteem. Annals of Behavioral Medicine, [s. l.], v. 47, n. 1, p. 17–27, 2014.; KNOESTER; ALLISON, 2021KNOESTER, C.; ALLISON, R. Sexuality, Sports-Related Mistreatment, and U.S. Adults’ Sports Involvement. Leisure Sciences, [s. l.], p. 1–23, 2021.).

Portanto, os maus tratos que os LGBT sofrem no espaço esportivo faz com que eles tenham níveis mais baixos de envolvimento esportivo quando comparado com os heterossexuais (KNOESTER; ALLISON, 2021KNOESTER, C.; ALLISON, R. Sexuality, Sports-Related Mistreatment, and U.S. Adults’ Sports Involvement. Leisure Sciences, [s. l.], p. 1–23, 2021.). Isso impede que as pessoas LGBT tenham acesso ao esporte e aos benefícios que eles trazem para a promoção a saúde, tanto do ponto de vista físico quanto no social (INSTITUTE OF MEDICINE, 2011INSTITUTE OF MEDICINE. The Health of Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender People. Washington, D.C.: National Academies Press, 2011.).

Os times de futebol para homens gays, por exemplo, configuram esportistas amadores que reivindicam o esporte, mesmo não se enquadrando exatamente no modelo hegemônico do “jogador de futebol”, que é o homem heterossexual e cisgênero. Esses times permitem quebrar as regras de gênero, pois nesses espaços há corpos barbados desfilando feminilidade, flertes entre pessoas do mesmo sexo e a ostentação de símbolos LGBT (CAMARGO, 2021CAMARGO, W. X. de. Gêneros em disputa: a LiGay Nacional de Futebol Society e o espaço de acontecimento. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.).

Nesse ponto, é importante trazer o que Camargo (2016CAMARGO, W. X. Insurgent dilemmas on sports: Dissonant sport practices. Movimento, [s. l.], v. 22, n. 4, p. 1337-1350, 2016. Disponível em: https://www.scopus.com/inward/record.uri?eid=2-s2.0-85008556192&partnerID=40&md5=bc4d26512f9d225e4f7840ccee443596., p. 1.339) encontra nas etnografias em times LGBT e denomina de “práticas esportivas dissonantes” que são “[...] manifestações atléticas que não se enquadrariam nos moldes de reprodutibilidade técnica dos gestos corporais do universo esportivo convencional e que, mesmo assim, obtêm resultados”.

No entanto, os times esportivos LGBT devem ser pensados para além do mundo futebolístico do homem gay. Existe uma grande variedade de times para esse público em diferentes modalidades esportivas. A literatura tem mostrado times LGBT de rúgbi, futebol e futsal para homens trans (SILVESTRIN; VAZ, 2021SILVESTRIN, J. P.; VAZ, A. F. Transmasculinidades no esporte: entre corpos e práticas dissonantes. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.) e times de futebol para mulheres lésbicas (PISANI; PINTO, 2021bPISANI, M. da S.; PINTO, M. R. Expressões e corporalidades de mulheres cis e homens trans no ambiente futebolístico. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021b.), entre outros.

Neste artigo, entenderemos como pessoas LGBT todas aquelas caracterizadas como Minorias Sexuais e de Gênero, segundo os Descritores em Saúde: “[...] orientação sexual ou identidade de gênero e o desenvolvimento reprodutivo são considerados fora das normas culturais, sociais ou fisiológicas”. Fazem parte dessa população, por exemplo, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais e assexuais (DECS, 2017DECS. Descritores em Ciências da Saúde: Sexual and Gender Minorities. São Paulo: BIREME / OPAS / OMS, 2017.).

Diante do exposto, este artigo tem o objetivo de mapear e caracterizar as equipes esportivas LGBT que existem no Brasil dentro da rede social Instagram e analisar os conteúdos publicados por elas em seus perfis oficiais.

Método

Os dados apresentados neste artigo sustentam-se em duas diligências metodológicas: um mapeamento das equipes esportivas LGBT e uma análise dos temas das postagens que compartilhadas por elas em seus históricos (feeds) na rede social Instagram.

Optou-se por essa rede por ela ser a quinta maior do mundo em termos de usuários e por ter maior popularidade entre os mais jovens, sendo uma plataforma de compartilhamento de fotos e vídeos (TANKOVSKA, 2021TANKOVSKA, H. Instagram - Statistics & Facts. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.statista.com/topics/1882/instagram/. Acesso em: 1 jun. 2021.
https://www.statista.com/topics/1882/ins...
). Além disso, o Instagram possui larga adesão das instituições esportivas, atletas e torcedores (IBOPE REPUCOM, 2020IBOPE REPUCOM. Ranking digital 2020 das confederações esportivas brasileiras. [S. l.], 2020. Disponível em: https://www.iboperepucom.com/br/noticias/ibope-repucom-lanca-ranking-digital-2020-das-confederacoes-esportivas-brasileiras/. Acesso em: 1 jun. 2021.
https://www.iboperepucom.com/br/noticias...
).

No Brasil, em 2021, a base de usuários do Instagram chega perto de 83,3 milhões de usuários. Quanto à faixa etária, mais de 60% dos usuários tinham menos de 35 anos, sendo que as faixas que mais utilizavam a plataforma eram a de 25 a 34 anos (31,1%), seguida pela de 18 a 24 anos (24,1%) (DEGENHARD, 2021DEGENHARD, J. Forecast of the number of Instagram users in Brazil from 2017 to 2025 (in millions). [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.statista.com/forecasts/1138772/instagram-users-in-brazil. Acesso em: 1 jun. 2021.
https://www.statista.com/forecasts/11387...
; NAVARRO, 2021NAVARRO, J. G. Distribution of Instagram users in Brazil as of January 2021, by age group. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.statista.com/statistics/866268/instagram-user-share-brazil-age/. Acesso em: 1 jun. 2021.
https://www.statista.com/statistics/8662...
).

Para a coleta de dados, foram utilizadas as seguintes estratégias: 1) entrou-se em um dos perfis oficiais do Instagram de uma das equipes, considerada pelos pesquisadores como a mais conhecida; 2) a partir dos usuários seguidos pelo perfil escolhido, foram localizadas outras equipes esportivas LGBT e coletados os dados sobre elas (incluindo o número de seguidores), os quais foram colocados em uma planilha digital; 3) das equipes encontradas, selecionou-se a que tinha mais seguidores para repetir os passos que foram feitos com o perfil da primeira equipe; 4) os passos foram repetidos até o saturamento dos dados, isso é, até não aparecer novas equipes.

Como ponto de partida, utilizou-se o perfil oficial do grupo Unicorns de São Paulo (SP). Essa escolha se justifica pela razão desse grupo ser o que mais está presente na mídia e por organizar um dos maiores eventos esportivos LGBT da América Latina. Dessa forma, partiu-se do pressuposto que o grupo teria o maior número de seguidores nas redes sociais, fato que foi confirmado ao final do levantamento.

A coleta de dados se deu entre os dias 15 e 20 de janeiro de 2021. Com nova checagem em junho de 2021 para ver mudança de cenário, o que não houve.

O perfil do Unicorns no primeiro dia da pesquisa contava com mais de 18 mil seguidores, ao mesmo tempo que seguia um pouco mais de 450 perfis. Diante dessa diferença numérica entre “seguidores” e “seguindo”, optou-se por verificar apenas os perfis que a equipe seguia.

A busca por equipes esportivas LGBT no perfil do Unicorns terminou com 37 encontradas, das quais os Beescats do Rio de Janeiro (RJ) era a com o maior número de seguidores. Portanto, a próxima etapa da pesquisa se deu verificando os perfis seguidos pelo Beescats.

É importante destacar que na descrição dos usuários nas redes sociais foram buscadas por palavras, tais como: “LGBT”, “LGBTQ+”, “diversidade”, “preconceito”, “orgulho” ou qualquer outra frase ou símbolo, por exemplo, a bandeira do arco-íris, que desse a entender a proposta inclusiva da equipe. Essa etapa surgiu para diferenciá-las de outras equipes esportivas que apareciam como “seguindo” pelos Unicorns, mas que não se classificavam como direcionadas para o público LGBT. Ocorrência que foi percebida também com os outros perfis. Durante a pesquisa, não foram encontradas equipes com perfis fechados, todos eram públicos.

Foi produzida uma tabela com todas as equipes esportivas encontradas no Instagram contendo a cidade, o estado, a descrição, o número de publicações, o número de seguidores, o número de perfis que a equipe segue, data da primeira publicação, data da última publicação, modalidade de esportes praticados, patrocinadores e o repertório temático publicado nos feeds do usuário. Após essa etapa, foram excluídos os perfis com menos de três fotos publicadas e sem stories e aqueles nos quais a última publicação foi do ano de 2018 para baixo. Nesse momento, é importante explicar que o Instagram permite que o usuário publique em dois espaços principais.

O primeiro, no qual os dados dessa pesquisa foram coletados, é o chamado “feed”, espaço na rede social onde ficam as postagens principais publicadas pelo usuário. O segundo, chamado de “stories”, objetiva postagens mais informais que se excluem automaticamente após um dia, embora possam ser mantidas permanentemente caso os usuários optem por isso. As fotos publicadas no Instagram são os próprios usuários que compartilham. Dessa forma, tem-se uma espontaneidade das publicações.

As temáticas das fotos publicadas foram divididas em quatro categorias: 1) a atividades intrínsecas ao esporte, aquelas vinculadas à prática esportiva por si só; 2) eventos sociais, publicações com os membros reunidos em atividades fora do contexto esportivo; 3) político, publicações que abordavam temas políticos e de ativismo; 4) temas da saúde; publicações diretamente relacionadas com campanhas de saúde (Figura 1). Essas categorias foram divididas em subcategorias conforme exposta na Tabela 1.

Gráfico 1
Distribuição de equipes esportivas LGBT por estado (2021)
Tabela 1
Categoria, definição, subcategoria e exemplo das imagens analisadas

Nesse ponto, é importante destacar que para esse mapeamento não houve interação ou intervenção do pesquisador com os membros das equipes ou com os perfis delas na rede social nem a exposição de informações de qualquer pessoa envolvida no estudo.

Resultados

A partir do levantamento realizado, em janeiro de 2021, foram identificados 103 perfis em redes sociais espalhados pelo Brasil com a configuração de equipes ou times esportivos LGBT. Nossa amostra final incluiu um total de 90 perfis, representando 87,37% de todos os perfis de equipes esportivas LGBT. Dos 103 iniciais, 5 foram excluídos por terem menos de 3 postagens e 8 foram excluídos por postagens mais antigas que 2019.

Quanto à localização geográfica distribuída por região, observou-se que a maioria delas estavam na Região Sudeste (46 – 51,11%), seguido pela Região Sul (26 – 28,89%), depois pela Região Nordeste (10 – 11,11%), Centro-Oeste (5 – 5,56%), por último na Região Norte (3 – 3,33%). Aqui é importante apontar que as regiões Sudeste e Sul concentram 80% (72) das equipes.

Em relação à distribuição por estado, verificou-se que São Paulo (29 - 32,22%), Rio Grande do Sul (13 – 14,44%), Rio de Janeiro (8 – 8,89%) e Paraná (8 – 8,89%) foram os que mais apresentaram equipes. Os quatro estados juntos somam 58 equipes, o que representa 64,4 % do delas.

Observou-se também que as capitais estaduais concentram 76,67% (69), cidades que não são capitais, mas que pertencem a regiões metropolitanas reúnem 6,67% (6), enquanto cidades do interior representam 16,67% (15) das equipes, ou seja, os grandes centros concentram 75 (83,3%). Encontramos equipes esportivas LGBT em 15, dos 27 estados brasileiros.

Em relação ao número de postagens, a média foi de 236 postagens, sendo que a equipe que mais postou compartilhou 1144 fotos e a que menos compartilhou 6 fotos. No que se refere à data das últimas postagens, 10 delas postaram pela última vez em 2019, 20 delas em 2020 e 60 delas fizeram sua última postagem até junho de 2021. As 90 equipes juntas publicaram 21.247 postagens. O Gráfico 2 representa o número de postagens das 90 equipes pesquisadas.

Gráfico 2
Número de postagens por times LGBT (2021)

Quanto ao Gráfico 2, é importante destacar que das quatro equipes consideradas outliers, três delas possuem patrocínio. No mesmo sentido, destaca-se que oito equipes postaram conteúdo demonstrando que possuem patrocínio, seis delas estão entre as sete que mais postaram conteúdo.

Em relação à temática das postagens, conforme as categorias estabelecidas neste artigo, 77 (85,56%) das equipes fizeram postagem de conteúdos intrínsecos ao esporte, 70 (77,78%) delas postaram assuntos relacionados ao ativismo político, 40 (44,4%) delas postaram eventos sociais e 30 (33,3%) postaram assuntos relacionados à saúde.

No que tange às publicações da categoria intrínsecas ao esporte, 29 (32%) publicaram propagandas de jogos futuros, isso é, de jogos que estariam participando nos próximos dias. 18 (20%) publicaram participações em campeonatos. 14 (15,56%) publicaram fotos com troféus e/ou medalhas. 30 (33,3%) publicaram fotos apresentando os jogadores dos times. 11 (12,2%) publicou o logo do time.

Quanto à categoria social, os subitens que mais apareceram foram: 13 (14,4%) postagem parabenizando aniversariantes dos membros dos times, 35 (38,8%) confraternizações em confraternizações diversas, 9 (10%) em festas organizadas pela equipe e 19 (21,1%) postou convites para as pessoas participarem do time.

Quanto à categoria política, as principais postagens foram: 22 (24,4%) sobre questões étnico-raciais, 17 (18,89%) do time com a bandeira LGBT, 48 (53,3%) reafirmando o orgulho de serem LGBT, 9 (10%) informações respectivas sobre a história do movimento LGBT, 16 (17,78%) com o símbolo do time com a palavra “antifascista”.

Destaca-se aqui que 9 (10%) postaram uma foto com a frase “Ele não”. Tal expressão foi utilizada como contrária a eleição do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, nas eleições de 2018. Salienta-se que Bolsonaro fez falas homofóbicas durante a sua campanha para a presidente e em vários outros momentos de sua carreira política (MORETTI-PIRES; STURARI, 2021MORETTI-PIRES, R. O.; STURARI, V. de S. Máscaras sobre os olhos: uma análise das tomadas de posição de Jair Bolsonaro na construção identitária de liderança negacionista. In: SOUZA, M. (org.). Desigualdade, diferença, política; análises interdisciplinares em tempos de pandemia. 1. ed. Curitiba: Editora Appris, 2021. v. 1, p. 17-40.).

Apenas 11 (12,2%) mencionaram especificamente o nome de algum político famoso, tendo sido eles a Marielle Franco, vereadora assinada no Rio de Janeiro, Fernando Haddad, candidato à presidência pelo PT nas eleições de 2018, e Fabiano Contarato, delegado da Polícia Civil e senador federal pelo Espírito Santo assumidamente gay.

Ainda na categoria política, incluímos as postagens que mencionavam a visibilidade de grupos específicos da população LGBT, sendo que 30 (33,3%) postaram sobre visibilidade trans, 9 (10%) sobre visibilidade lésbica, 7 (7,78%) sobre visibilidade bissexual. Não foram encontradas postagens sobre visibilidade gay.

Além disso, 16 (17,78%) postaram reportagens do time na mídia. Consideramos como ativismo político essa subcategoria, pois todas as reportagens se davam pelo fato de serem equipes esportivas LGBT, reforçando o trabalho delas quanto à luta contra o preconceito.

No que tange à saúde, destacaram-se as postagens relativas a informações sobre a prevenção de ISTs, com essa temática aparecendo em postagens de 17 (18,89%) equipes. As campanhas incentivadas pelo Ministério da Saúde, tais como setembro Amarelo (10 – 11,1%), Outubro Rosa (5 – 5,56%) e Novembro Azul (10 – 11,11%) também apareceram.

Essas campanhas mensais foram publicadas por 18 (20%) das equipes. A doação de sangue por homossexuais apareceu em postagens de 5 (5,56%) equipes. Apenas foi encontrada uma única postagem em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).

Discussão

Os dados encontrados no nosso estudo sugerem que a concentração das equipes esportivas LGBT está nas capitais e grandes centros urbanos do país. Além do fato de que essas cidades possuem muitos habitantes, o que por si só já poderia justificar a concentração das equipes nesses locais, tem-se que essas cidades possuem um histórico de formação de grupos, redes e movimentos sociais LGBT mais antigos, como mostrado por estudos famosos de Green (2019GREEN, J. N. Além do carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século XX. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2019.), Barbosa da Silva (2005BARBOSA DA SILVA, J. F. Homossexualismo em São Paulo: Estudo de um grupo minoritário. In: GREEN, J. N.; TRINDADE, R. (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2005.), MacRae (2005MACRAE, E. Em defesa dos guetos. In: GREEN, J.; TRINDADE, R. (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2005.), França (2012FRANÇA, I. L. Consumindo lugares, consumindo nos lugares: homossexualidade, consumo e subjetividades na cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012.), Simões e Facchini (2009SIMÕES, J. A.; FACCHINI, R. Do movimento homossexual ao LGBT. 1. ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2009.) e França (2012FRANÇA, I. L. Consumindo lugares, consumindo nos lugares: homossexualidade, consumo e subjetividades na cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012.).

Contudo, times LGBT podem existir em outras cidades do interior do país, entretanto eles não se sentem seguros para se exporem em redes sociais, mantendo suas atividades mais escondidas e discretas. Por esse ângulo, entendemos, conforme aponta Santos e Teixeira Filho (2014SANTOS, D. K. dos; TEIXEIRA FILHO, F. S. Cartografias do Armário: estratégias do desejo em uma cidade do interior paulista. Bagoas - Estudos gays: gêneros e sexualidades, São Paulo, v. 8, n. 11, p. 50, 2014.), que nas cidades menores do interior as práticas homoeróticas são mais vigiadas e cerceadas pelos moradores locais.

É preciso destacar que, no Brasil, o primeiro campeonato para times LGBT foi de futebol para o público gay, a Champions LiGay, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 2017, tendo participado dele oito equipes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O evento fez muito sucesso e os dirigentes dos times pioneiros, o Unicorns e o BeesCats, começaram a ensinar outras pessoas a montar e gerenciar times LGBT (CAMARGO, 2021CAMARGO, W. X. de. Gêneros em disputa: a LiGay Nacional de Futebol Society e o espaço de acontecimento. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.).

Desde então, outras edições do Champions LiGay aconteceram mais ou menos a cada seis meses. Entre essas edições, aconteceram reinvindicações de outras minorias sexuais que acusavam discriminações e demandavam seus espaços no esporte, nesse caso, particularmente no futebol. Dessa forma, com o passar das edições e a popularização do campeonato, pode se perceber a maior participação de diferentes classes sociais, de pessoas trans, binários ou não-binaries e maior quantidade de jogadores pretos e pardos (CAMARGO, 2021CAMARGO, W. X. de. Gêneros em disputa: a LiGay Nacional de Futebol Society e o espaço de acontecimento. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.).

Nesse sentido, para além das questões de sexualidade, Brito (2021BRITO, L. T. de. Da masculinidade hegemônica à masculinidade queer/cuir/kuir: disputas no esporte. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.) destaca que diferentes interseccionalidades, como de raça, classe, geração e deficiência vem buscando visibilidade nos espaços esportivos. O contexto do esporte contemporâneo brasileiro tem sido questionado pela masculinidade queer/cuir/kuir, que entende o masculino para além daquela binária, cis e classista.

A categoria intrínseca ao esporte, pela própria natureza dos times, já era para ser esperado que fosse a com mais publicações. No entanto, as postagens feitas no Instagram sugerem outros repertórios de ações das equipes esportivas, destacando-se principalmente a categoria política e as campanhas de saúde.

Nossos achados mostram ainda que as equipes integram os membros para atividades além daquelas relacionadas ao esporte. Mesmo que menos da metade delas tenham postados conteúdos em atividades sociais fora daquelas esperadas em ambientes de práticas esportivas, não significa que as outras não tenham feito esses tipos de atividade. Assim, os achados apoiam pesquisas que descobriram que as equipes esportivas LGBT reforçam a conectividade social das pessoas que participam delas, posto que o vínculo delas vai além das atividades esportivas praticadas ali, extrapolando para o convívio na vida cotidiana daquelas pessoas. Como apontado por Silvestrin e Vaz (2021SILVESTRIN, J. P.; VAZ, A. F. Transmasculinidades no esporte: entre corpos e práticas dissonantes. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.), ao analisarem equipes com pessoas transmasculinas, “não é só o esporte” é um espaço de socialização de corporalidade dissonantes.

Vale destacar que os próprios times esportivos LGBT por si só já oferecem oportunidades de lazer organizadas, onde os participantes podem fazer amigos e interagir com outras pessoas com as quais possuem algo em comum, facilitando as oportunidades de vínculo fora delas. Tal fato já tem sido destacado em outros estudos com esse tipo de equipes, os quais as colocam como espaços seguros onde as pessoas LGBT possuem a sensação de pertencimento e apoio (BARBOSA; RIBEIRO; LIECHTY, 2020BARBOSA, C.; RIBEIRO, N. F.; LIECHTY, T. “I’m Being told on Sunday Mornings that There’s Nothing Wrong with Me”: Lesbian’s Experiences in an LGBTQ-Oriented Religious Leisure Space. Leisure Sciences, [s. l.], v. 42, n. 2, p. 224-242, 2020.).

E ainda, isso pode apoiar estudos que demonstram que as pessoas LGBT procuram frequentar espaços onde elas se sintam seguras, livres da homofobia, e não por interesses pessoais, influenciando como eles se constroem enquanto comunidade e redes de apoio social (TAYLOR, 2007TAYLOR, Y. ‘If Your Face Doesn’t Fit…’: The Misrecognition of Working-Class Lesbians in Scene Space. Leisure Studies, [s. l.], v. 26, n. 2, p. 161–178, 2007.).

Nessa questão, o estudo de Pisani e Pinto, (2021bPISANI, M. da S.; PINTO, M. R. Expressões e corporalidades de mulheres cis e homens trans no ambiente futebolístico. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021b.) mostrou que estar em uma equipe de futebol de homens transmasculinos ocupa lugar importante na vida de seus participantes, que podem estar em diferentes estágios da transição, pois oferece a possibilidade efetiva de que essas pessoas se reúnam em rodas de conversa para compartilharem informações sobre, por exemplo, retificação de documentos e uso de testosterona.

No mesmo sentido, o estudo feito por Silvestrin e Vaz (2021SILVESTRIN, J. P.; VAZ, A. F. Transmasculinidades no esporte: entre corpos e práticas dissonantes. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.) com jogadores homens transmasculinos de times futebol, futsal e rúgbi LGBT, mostrou que ali se formam importantes espaços de socialização das corporalidades dissonantes. O estudo mostra também que, além do espaço esportivo, o time abre outras formas e canais de diálogo com a sociedade que até então eram improváveis, posto que seus participantes são frequentemente chamados para participar de programas de televisão, rádios e podcasts, bem como conversas e oficinas em espaços formativos do tipo escolas e centros culturais.

A importância das redes sociais na vida das pessoas LGBT se dá pelo apoio de pares recebidos por quem participa delas, tendo influência direta na sua saúde física, psicológica e social (HUNTER; BOYLE, 2020HUNTER, D. J.; BOYLE, K. A healthier way to meet people: the experiences of LGBT people exercising with a peer group. British Journal of Nursing, [s. l.], v. 29, n. 18, p. 1068-1073, 2020.). Quanto maior o tamanho da rede social de uma pessoa LGBT, mais influentes são os fatores que reduzem o efeito da discriminação, tendo como consequência a melhora na saúde e bem-estar (LEAHY; CHOPIK, 2020LEAHY, K. E.; CHOPIK, W. J. The Effect of Social Network Size and Composition on the Link Between Discrimination and Health Among Sexual Minorities. Journal of Aging and Health, [s. l.], v. 32, n. 9, p. 1214-1221, 2020.).

Entretanto, pesquisas anteriores demonstraram que as pessoas LGBT possuem dificuldades maiores para conhecer pessoas e formar redes sociais, devido ao preconceito e à homofobia (ESCOBAR-VIERA et al., 2020ESCOBAR-VIERA, C. et al. “I Don’t Feel Like the Odd One”: Utilizing Content Analysis to Compare the Effects of Social Media Use on Well-Being Among Sexual Minority and Nonminority US Young Adults. American Journal of Health Promotion, [s. l.], v. 34, n. 3, p. 285-293, 2020.). Isso pode acontecer porque a heterossexualidade é sempre reforçada em espaços públicos (KIVEL; KLEIBER, 2000KIVEL, B. D.; KLEIBER, D. Leisure in the Identity Formation of Lesbian/Gay Youth: Personal, but Not Social. Leisure Sciences, [s. l.], v. 22, n. 4, p. 215-232, 2000.; SALO et al., 2010SALO, E. et al. Living Our Lives on the Edge: Power, Space and Sexual Orientation in Cape Town Townships, South Africa. Sexuality Research and Social Policy, [s. l.], v. 7, n. 4, p. 298-309, 2010.), e mais ainda nos esportivos (PRONGER, 2000PRONGER, B. Masculinities, gender relations, and sport. In: MCKAY, J.; MESSNER, M. A.; SABO, D. (orgs.). Masculinities, Gender Relations, and Sport. 1. ed. California: Sage Publications, 2000.). Assim, as pessoas LGBT precisam monitorar seus comportamentos e trejeitos para não sofrerem violências homofóbicas (MYRDAHL, 2011MYRDAHL, T. M. Lesbian visibility and the politics of covering in women’s basketball game spaces. Leisure Studies, [s. l.], v. 30, n. 2, p. 139–156, 2011.).

Por isso, a importância dos times esportivos LGBT vai além da prática esportiva. O espaço de convivência e lazer que ali existe facilita com que seus membros ampliem as suas redes sociais. Para explicar a importância dessas redes sociais, Moris (2018) sugere o conceito de “capital gay”. Para o autor, trata-se de formas únicas de capital cultural, social e simbólico disponíveis em espaços amigáveis e pró-LGBT.

Essa forma de capital, embora sofra interferência de outros fatores como classe e gênero, é construído e ampliado com o pertencimento a uma rede social na qual exista o compartilhamento da cultura LGBT e onde essa sua condição seja vista como uma forma de prestígio social (MORRIS, 2018MORRIS, M. “Gay capital” in gay student friendship networks. Journal of Social and Personal Relationships, [s. l.], v. 35, n. 9, p. 1183-1204, 2018.).

Caudwell e Browne (2012CAUDWELL, J.; BROWNE, K. Sexualities, Spaces and Leisure Studies. 1st ed. London: Routledge, 2012.) afirmaram que o lazer é fundamental para a compreensão de identidades, vidas e comunidades sexuais e de gênero contemporâneas. Essas identidades, vidas e comunidades são inerentemente especializadas. Tal conceito pode confirmar que as redes sociais das pessoas LGBT são por si só atos políticos, pois consolidam o que significa pertencer a esse grupo, sendo responsáveis pela criação, transformação e reprodução da cultura interna ao grupo (NARDI, 1999NARDI, P. M. Gay men’s friendships: Invincible communities. [S. l.]: University of Chicago Press, 1999.). Além do mais, quando uma pessoa de minoria sexual é exposta a cultura LGBT, ela cria uma visão positiva de si mesma (WILLIAMS-SAVIN, 2013WILLIAMS-SAVIN, R. ...And Then I Became Gay. [S. l.]: Routledge, 2013.).

Perante o exposto, a pesquisa de Place e Beggs (2011PLACE, G.; BEGGS, B. Motivation Factors for Participation in GLBT Sports League. Journal of Homosexuality, [s. l.], v. 58, n. 10, p. 1409-1420, 2011.), ao investigar os motivos pelos quais as pessoas LGBT participavam de equipes esportivas específicas para elas, mostrou que a principal razão era a oportunidade de conhecer novas pessoas, sendo que a prática esportiva em si não era o principal objetivo de quem estava associado nelas. Da mesma forma, Gaston e Dixon (2019GASTON, L.; DIXON, L. A want or a need? Exploring the role of grassroots gay rugby teams in the context of inclusive masculinity. Journal of Gender Studies, [s. l.], p. 1-13, 2019.), constataram que essas equipes eram espaços seguros para as pessoas LGBT praticarem esportes e um local onde conexões pessoais são criadas.

Um dado que chama a atenção é que 77 (85%) dos times pesquisado neste estudo postaram algum tipo de conteúdo com caráter político ou de ativismo. Diante disso, sugere-se que as equipes possuem outros enfoques além do esporte. Considerando que os membros dessas equipes estão se reunindo para praticar esporte por conta do preconceito que sofrem nos espaços tradicionais esportivos, e de serem formadas majoritariamente por pessoas LGBT, o que mais se destaca é a presença de ativismo político presente em seus perfis.

É importante acrescentar que mesmo que nem todos os perfis dos grupos tenham feito postagens de fotos e imagens diretas nessa categoria, por questões explicadas no método desse artigo, foi constatado que todas elas se posicionaram como sendo LGBT na descrição de seus perfis. O simples posicionamento de ser uma equipe voltada ao público LGBT já é por si só um ato político.

Assim, conforme observado nas publicações nas redes sociais das equipes, nosso estudo sugere que as equipes exercem um grande ativismo político, variando entre questões étnicas-raciais, passando por publicações antifascistas, até chegar nas questões de visibilidade dos segmentos que compõe o grupo LGBT e reafirmação do orgulho de pertencer a esse grupo.

As pautas de minorias também incluíram questões de visibilidade das pessoas LGBT. Dentro desse grupo, teve destaque o número expressivo de publicações relativas aos direitos e respeito às pessoas transexuais. Isso é importante, pois as pessoas transgêneros sofrem marginalizações pelas normas criadas dentro da comunidade LGBT, permanecendo como um grupo subrepresentado nas pautas das minorias sexuais.

As discussões sobre pessoas trans no esporte sempre geram polêmicas. No entanto, as opiniões feitas por atletas e torcedores na maioria das vezes são feitas sem sustentação teórica, mas baseadas em preconceitos contra essas pessoas. Os dirigentes de órgão esportivos quando questionados sobre essas questões normalmente respondem que equipes de especialistas estão discutindo a temática, todavia é preciso lidar com a presença delas agora nos meios esportivos (SILVESTRIN; VAZ, 2021SILVESTRIN, J. P.; VAZ, A. F. Transmasculinidades no esporte: entre corpos e práticas dissonantes. Revista Estudos Feministas, [s. l.], v. 29, n. 2, 2021.).

Houve um número importante de publicações políticas partidárias, entretanto apenas uma equipe declarou apoio a algum candidato específico. A maioria das publicações dentro dessa subcategoria foram contra o fascismo e contrários ao presidente da República Jair Messias Bolsonaro.

A publicações relacionadas com a saúde, as que mais tiveram publicações foram relativas às campanhas/meses de conscientização a alguns agravos em saúde: o Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio; o Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama; e o Novembro Azul, de prevenção ao câncer da próstata. Nesse ponto, destacamos a campanha Setembro Amarelo, pois além de ter sido a mais postada, também é uma questão de saúde diretamente ligada à população LGBT, uma vez que a população LGBT possui maiores taxas de ansiedade, depressão, automutilação e tendências ao suicídio (BAÉRE; ZANELLO, 2018BAÉRE, F. de; ZANELLO, V. O gênero no comportamento suicida: Uma leitura epidemiológica dos dados do Distrito Federal. Estud. psicol. (Natal), [s. l.], v. 23, n. 2, p. 168-178, 2018.; FULGINITI et al., 2021FULGINITI, A. et al. Sexual Minority Stress, Mental Health Symptoms, and Suicidality among LGBTQ Youth Accessing Crisis Services. Journal of Youth and Adolescence, [s. l.], v. 50, n. 5, p. 893-905, 2021.; INDERBINEN et al., 2021INDERBINEN, M. et al. Relationship of Internalized Transnegativity and Protective Factors with Depression, Anxiety, Non-suicidal Self-Injury and Suicidal Tendency in Trans Populations: A Systematic Review. Frontiers in Psychiatry, [s. l.], v. 12, 2021.; MEYER et al., 2021MEYER, I. H. et al. Minority stress, distress, and suicide attempts in three cohorts of sexual minority adults: A U.S. probability sample. PlosONE, [s. l.], v. 16, n. 3, p. e0246827, 2021.; OLIVEIRA; VEDANA, 2020OLIVEIRA, E. T. de; VEDANA, K. G. G. Suicídio e depressão na população LGBT: postagens publicadas em blogs pessoais. SMAD Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição em Português), [s. l.], v. 16, n. 4, p. 32–38, 2020.).

Entretanto, chama atenção, na categoria “saúde”, o número baixo de publicações que envolvem questões relativas às ISTs. Poucas divulgaram material de prevenção, sendo que todos se relacionavam com a prevenção da aids, seja pelo uso da PREP ou pelo uso da camisinha. Muitos estudos criticam a relação que é feita entre as minorias sexuais, principalmente os gays, e as ISTs. De fato, muitas das pesquisas realizadas com esse público na área da saúde possuem o centramento em HIV/aids (DESCHAMPS; SINGER; BOYLAN, 2017DESCHAMPS, D.; SINGER, B.; BOYLAN, J. F. LGBTQ Stats: Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, and Queer People by the Numbers. New York: The New Press, 2017.). Tal situação cria a estigmatização dessas pessoas como essencialmente portadoras de alguma IST (CERQUEIRA-SANTOS et al., 2010CERQUEIRA-SANTOS, E. et al. Percepção de usuários gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, transexuais e travestis do Sistema Único de Saúde. Revista interamericana de psicologia/interamerican journal of psychology, [s. l.], v. 44, n. 2, p. 235-245, 2010.; RAIMONDI et al., 2019RAIMONDI, G. A. et al. Corpos (Não) Controlados: Efeitos dos Discursos sobre Sexualidades em uma Escola Médica Brasileira. Revista Brasileira de Educação Médica, [s. l.], v. 43, n. 3, p. 16-26, 2019.).

Outro ponto que chama a atenção nas postagens em relação à categoria saúde, é a praticamente ausência de publicações sobre os benefícios do esporte, dicas de treino ou de alimentação saudável, categorias esperadas para grupos esportivos. Foram localizadas apenas duas postagens com essas temáticas. Tal fato reforça nossa hipótese de que, além do esporte em si, existem outros motivos pelos quais as pessoas participam dessas equipes.

Em nosso estudo identificamos também que pode haver uma relação entre o número de postagens e o fato de a equipe ou time esportivo estar sendo patrocinada. Isso significa que o patrocínio interfere no número de postagem que as equipes fazem nas redes sociais. Uma possível explicação para isso talvez seja o chamado “Pink Money”, que é o termo utilizado para denominar o dinheiro movimentado por pessoas LGBT através do seu perfil de consumo e o potencial lucrativo que esse público oferece às empresas (ARMELIN; PEREIRA, 2020ARMELIN, D. A.; PEREIRA, L. B. A percepção da população LGBTQ+ da geração Z de São Paulo/SP sobre o posicionamento de uma marca de snacks. South American Development Society Journal, [s. l.], v. 6, n. 17, p. 01, 2020.).

É importante destacar que a ajuda financeira às equipes tem sua importância para a continuidade das ações que elas desenvolvem. Entretanto, tendo em vista os aspectos de ativismo político, é necessário que esses apoios de empresas não venham a sobrepor os aspectos de lutas pelas pautas LGBT que as equipes têm desenvolvido.

Conclusão

O mapeamento das equipes esportivas LGBT mostrou que elas se localizam principalmente em capitais e grandes centros urbanos, com concentração principalmente nas regiões Sul e Sudeste. As equipes esportivas LGBT possuem ações que vão além das práticas esportivas intrínsecas a elas.

Este trabalho fica limitado pela pouca atenção que o tema tem ganhado nas pesquisas acadêmicas sobre pessoas LGBT, dessa forma a escassez de artigos publicados dificulta a realização de um trabalho comparativo, que poderia trazer mais compreensão ao fenômeno estudado. Além disso, as equipes esportivas LGBT estão concentradas em grandes centros urbanos e capitais, com um escopo relativamente limitado de cidades e estados, o que sem dúvida influenciou os tipos de postagens e publicações analisadas. Ademais, nossa análise apresentou limitações, uma vez que utilizou uma única rede social para fazer o mapeamento dessas equipes, podendo ter deixado de fora outras equipes que não possuem perfil nela.

Os levantamentos deste estudo sugerem, ainda, a necessidade de esforços para identificar equipes esportivas na Região Norte e pelo interior do país. Outra dimensão que fica por explorar em trabalhos futuros é um inquérito por questionário sobre as características sociodemográficas dos membros dessas equipes. Com o objetivo de obter uma caracterização mais completa dessas organizações, sugerem-se questionários sobre elas. Também são importantes pesquisas de caráter qualitativo, tais como estudos de caso de equipes.

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Apêndice


Organização dos Dados das Associações Esportivas LGBT por Região e Estado
Editor responsável: Rogerio Azize

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    19 Ago 2022
  • Aceito
    06 Abr 2023
  • Revisado
    20 Fev 2023
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