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DESEMPENHO DE NOVILHAS DA RAÇA HOLANDÊS EM CULTIVARES DE CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum, Schum.) SUBMETIDAS AO PASTEJO

HOLSTEIN HEIFERS AND COWS PERFORMANCE SUBMITTED TO ELEPHANT-GRASS (Pennisetum purpureum. Schum.) CULTIVARS UNDER GRAZING

Resumos

RESUMO Com o objetivo de avaliar as cultivares (cvs.) de capim-elefante: Merckeron Pinda, Mercker-86-México, Porto Rico e Cameroon sob pastejo, conduziu-se este experimento em Santa Maria-RS. Para avaliação foram utilizadas novilhas e vacas em lactação da raça Holandês em pastejo rotativo. Quanto a disponibilidade e a qualidade da forragem verificou-se muita semelhança entre as cvs.; com relação ao desempenho animal as cvs. Merckeron Pinda e Cameroon foram as que apresentaram os melhores resultados.

Pennisetum purpureum; cultivares; pastejo; bovinos de leite


SUMMARY Holstein Friesian milking cows and heifers were used under rotational grazing to evaluate different cultivars (cvs.) elephant-grass; Merckeron Pinda, Mercker-86-México, Porto Rico and Cameroon under grazing conditions in the region of Santa Maria-RS. in relation to the availability and the quality of the forage it was observed that the cvs. are very similar but the best performances in weigh gain were observed for Merckeron Pinda and Cameroon cvs.

Pennisetum purpureum; cultivars; grazing; dairy cattle


DESEMPENHO DE NOVILHAS DA RAÇA HOLANDÊS EM CULTIVARES DE CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum, Schum.) SUBMETIDAS AO PASTEJO1 1 Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 97119-900 Santa Maria, RS. Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS.

HOLSTEIN HEIFERS AND COWS PERFORMANCE SUBMITTED TO ELEPHANT-GRASS (Pennisetum purpureum. Schum.) CULTIVARS UNDER GRAZING

Claudio Ramalho Townsend2 1 Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 97119-900 Santa Maria, RS. Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS. Clair Jorge Olivo3 1 Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 97119-900 Santa Maria, RS. Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS. Claiton Favarim Ruviaro4 1 Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 97119-900 Santa Maria, RS. Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS. Vilceu Niederauer5 1 Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 97119-900 Santa Maria, RS. Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS. Fernando Luiz Ferreira de Quadros6 1 Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 97119-900 Santa Maria, RS. Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS.

RESUMO

Com o objetivo de avaliar as cultivares (cvs.) de capim-elefante: Merckeron Pinda, Mercker-86-México, Porto Rico e Cameroon sob pastejo, conduziu-se este experimento em Santa Maria-RS. Para avaliação foram utilizadas novilhas e vacas em lactação da raça Holandês em pastejo rotativo. Quanto a disponibilidade e a qualidade da forragem verificou-se muita semelhança entre as cvs.; com relação ao desempenho animal as cvs. Merckeron Pinda e Cameroon foram as que apresentaram os melhores resultados.

Palavras-chave: Pennisetum purpureum, cultivares, pastejo, bovinos de leite.

SUMMARY

Holstein Friesian milking cows and heifers were used under rotational grazing to evaluate different cultivars (cvs.) elephant-grass; Merckeron Pinda, Mercker-86-México, Porto Rico and Cameroon under grazing conditions in the region of Santa Maria-RS. in relation to the availability and the quality of the forage it was observed that the cvs. are very similar but the best performances in weigh gain were observed for Merckeron Pinda and Cameroon cvs.

Key words: Pennisetum purpureum, cultivars, grazing, dairy cattle.

INTRODUÇÃO

A capineira tem sido a principal forma de utilização de capim-elefante. A nível de propriedade, normalmente a forragem cortada e oferecida aos animais apresenta baixa qualidade, limitando o desempenho animal, o que leva o produtor a lançar mão da complementação alimentar do rebanho, onerando os custos de produção. Desta forma, a utilização sob pastejo, vem sendo cogitada como alternativa de minimizar os custos, pois quando em pastejo o animal tem a oportunidade de selecionar melhor a forragem consumida, além de eliminar as árduas tarefas de colher, triturar e fornecer a forragem.

Na extensa revisão de literatura sobre capim-elefante, englobando 1779 títulos, realizada por CARVALHO (1985), apenas 26 ou 2,2% referiam-se a utiização sob pastejo, verificando-se maior carência na avaliação de diferentes cvs.; sendo que os resultados obtidos evidenciaram o potencial da espécie nestas condições.

Ao avaliarem o capim-elefante (cv. Napier) submetido ou não a adubação nitrogenada (100kg/ha/ano), que vinha sendo pastejado através do sistema contínuo ou rotativo, LIMA et al. (1969) não constataram diferença entre os sistemas de pastejo, obtendo, em média, ganhos de 563kg/ha e lotações de 5,5nov./ha, com as parcelas adubadas proporcionando ganhos e lotações 50% superiores aquelas não adubadas.

Comparando o pastejo alto (sobras mantidas com altura entre 40 e 60cm) e o baixo (sobras com altura entre 20 e 30cm) aplicados ao capim-elefante (cv. Napier), pastejado rotativamente por novilhos Gir, SARTINI et al. (1970/71) registraram no período de verão, as lotações de 2,5 e 4,1 nov./ha, ganhos de 218 e 130kg/ha e de 875 e 355g/nov./dia, para o pastejo alto e baixo, respectivamente. Sendo recomendado o pastejo alto para o manejo da cv. Napier.

Nos experimentos conduzidos durante mais de 5 anos, por VICENTE-CHANDLER (1973), o capim-elefante Napier foi submetido ao pastejo rotativo com lotação variável, recebendo adubação sob a fórmula 14-04-10 em aplicações anuais de 675 até 4480kg/ha. Sendo obtidos em média, os ganhos por área de 1240Kg/ano e por animal de 600g/dia com capacidade de carga de 6,2 nov./ha.

LOURENÇO et al. (1978), avaliaram durante três anos o desempenho das pastagens da cv. Napier, pastejadas alternativamente por novilhas Nelore; as quais vinham recebendo adubação nitrogenadas na base de 50, 100 e 150kg/ha/ano, quando em cultivo extreme, e sem adubação quando consorciada com leguminosas. A pastagem que recebia 150kg de N foi a de melhor desempenho, obtendo ganhos de 417kg/ha e de 578g/nov./dia, com carga de 2,1 nov./ha.

Em Coronel Pacheco, MG, VALLE (1986) comparou as formas de utilização de pastagem de capim-elefante como capineira e sob rotativo. Para tanto foram utilizados novilhos cruza nas cargas de 5; 7 e 8UA/ha quando alimentados no cocho, e 3:4 e 5UA/ha durante a estação de chuvas e 1,5; 2,0 e 2,5UA/ha na seca, quando o em pastejo. No período de chuvas foram atingidos ganhos de 126 e 135kg/ha e de 645 e 304g/nov./dia para as formas de utilização sob pastejo e capineira, respectivamete. Já no período seco os animais alimentados no cocho perderam peso, enquanto que os em pastejo ganharam, em média, 430g com as cargas de 2 e 2,5UA/ha.

Muito embora, a utilização de capim-elefante sob pastejo não seja uma novidade, HILLESHEIM (1987) adverte que a espécie vem proporcionando altas produções por área, principalmente, quando associada a fertilização, em função das altas lotações oportunizadas; porém, o desempenho individual não atinge os índices esperados para as melhores forrageiras, o que evidencia a necessidade de elucidar-se o manejo adequado, a fim de transformar o alto potencial produtivo da espécie em produto animal na mesma magnitude.

Os trabalhos conduzidos por VEIGA et al. (1985a/1985b) demonstraram a potencialidade da cv. Anão (Mott) quando pastejada, atingindo, em média, 4610kg/ha de MS disponível, com a forragem pastejada contendo 13% de PB e 71% de DIVMO. Em continuidade as pesquisas, SOLLENBERGER et al. (1988), quantificaram o desempenho animal, como resultados de três anos de avaliações, foram verificados ganhos de 641 kg/ha e de 920g/nov./dia, com capacidade de suporte de 4,5 nov./ha.

A espécie Pennisetum purpureum apresenta um grande número de cvs. ou variedades (em torno de 70), que diferenciam-se quanto à morfologia, ciclo vegetativo, composição química e produtividade (ALCANTARA et al., 1980). Sendo que a grande maioria dos ensaios comparativos entre cvs, foram conduzidos em regime de cortes, indicando quais destas adaptam-se as condições edafoclimáticas de diferentes regiões. No entanto, deve-se ter precauções ao extrapolar-se estes resultados quando a forma de utilização for sob pastejo. Poucos trabalhos procuraram avaliar cvs, nesta condição, podendo-se citar aqueles conduzidos por PACOLA et al. (1977), ZAMBRA et al. (1987), MARASCHIN & NABINGER (1986), DIEFENBACH et al. (1989) e BOTREL et al. (1991); nos quais foram estudados aspectos relacionados à preferência animal, produtividade, composição química, comportamento de características morfológicas, no entanto, não foram avaliados aspectos relacionados ao desempenho animal.

Desta forma, este experimento, teve por objetivo avaliar diferentes cvs. de capim-elefante nos aspectos de produção e qualidade, bem como, no desempenho animal sob condições de pastejo.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido junto às dependências dos Setores de Bovinocultura de Leite e Forragicultura do Departamento de Zootecnia/UFSM. As cvs. de capim elefante Merckeron Pinda, Mercker-86-México, Porto Rico e Cameroon foram submetidas ao pastejo rotativo, durante três ciclos: sendo o primeiro (I) de 27.11 a 19.12.90; o segundo (II) de 04 a 25.01.91; e o terceiro (III) de 08 a 29.03.91.

O solo da área experimental, de 3,2ha, pertence a Unidade de Mapeamento Santa Maria, classificado como Brunizen hidromórfico, o qual foi corrigido (5t/ha de calcário dolomítico) e adubado (500kg/ha de fórmula 5-20-20 no plantio, 100kg/ha - 3 aplicações, após pastejos). As cvs. foram estabelecidas em parcelas de 0,7ha, mantendo-se o espaçamento de 1,2m entre sulcos e de 0,5m nestes, as quais foram subdivididas, com auxílio de cerca elétrica, em três potreiros de 2100m2.

Adotou-se o sistema de pastejo rotativo (7 dias de ocupação e 32 a 56 de descanso) com lotação variável, procurando-se manter a oferta de forragem na faixa de 4 a 6% do peso vivo (PV) durante o pastejo I e de 6 a 8% nos pastejos II e III. Interrompeu-se os pastejos quando as sobras em pé apresentavam, aproximadamente, 60cm de altura com 30% de tecido foliar remanescente.

Os animais experimentais faziam, parte do rebanho do Setor de Bovinocultura de Leite (Departamento de Zootecnia, UFSM), sendo todos da raça Holandês malhala de preto. Como animais de prova foram utilizadas 16 novilhas com peso vivo médio inicial de 286kg e idade entre 9 e 28 meses, mantidas exclusivamente em regime de pasto, as quais foram pesadas no início e final dos pastejos experimentais, durante três dias consecutivos, em torno das 15h, e sendo a média das três pesagens considerado o peso vivo inicial e final, respectivamente. Nos períodos compreendidos entre os pastejos foram manejados sob diferentes tipos de pastagens, sendo adaptadas ao capim-elefante nas 72h precedentes ao início dos pastejos experimentais. Vacas em lactação, com produção média de 12Kg/dia, suplementadas com ração concentrada (18% PB) na razão de 1:3, foram utilizadas como animais reguladores, mantidas na pastagem experimental no período compreendido entre a ordenha da tarde e da manhã.

A disponibilidade de MS/ha, foi estimada por dupla amostragem, correlacionando-se 5 amostras ao acaso de 1m2, cortadas a 20cm da superfície do solo, com 30 avaliações visuais, tomadas por dois avaliadores.

Aproximadamente às 48 e 72h após o início dos pastejos, coletou-se manualmente, amostras do extrato da forragem que vinha sendo consumida pelos animais, procurando-se simular o pastejo. Sobre estas determinou-se os teores de MS, MO, cinzas e PB, de acordo com as recomendações da AOAC (1984), bem como, os coeficientes de digestibilidade in vitro das matérias seca (DIVMS) e orgânica (DIVMO), pelo método de TILLEY & TERRY (1963).

O delineamento experimental empregado foi o de blocos ao acaso, com quatro tratamentos (cvs.), três repetições (potreiros, como critério de bloqueamento) subdividido no tempo (pastejo); sendo os animais experimentais as unidades de observação. Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente através da análise de variância e teste F, com as médias comparadas pelo teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A disponibilidade de MS (Tabela 1), média das cvs, durante os pastejos, oscilou entre 9539kg/ha (Porto Rico) e 6805kg/ha (Cameroon), não constatando-se diferença (P>0,05) entre estas, no entanto, houve diferença entre as médias dos pastejos, com a disponibilidade do pastejo III superando as do I e II. O que pode ser explicado pelos intervalos entre pastejos, que foi de 32 dias entre o pastejo I e II e de 56 entre o II e III, VEIGA et al. (1985a) constataram que a disponibilidade média aumentou de 4287 para 7042kg de MS/ha, quando o intervalo entre pastejos passou de 32 para 56 dias, com a cv. Anão (Mott) submetida a diferentes pressões de pastejo.

A disponibilidade de MS/ha obtida com as cvs. Marckeron Pinda, Mercker-86-México e Porto Rico, em média, de 4646kg no pastejo I e de 3782kg no II, aproximam-se das estimativas obtidas por MARASCHIN & NABINGER (1986), quando estas cvs. foram pastejadas a intervalos de 42 dias, durante a estação de crescimento; no entanto, os 2970Kg de MS/ha obtidos com a cv. Cameroon, foram inferiores aos 6805kg verificados no experimento.

O extrato da forragem pastejada apresentou, em média, 10% de PB, com coeficientes de digestibilidade in vitro de 60%, tanto para MS, como para MO; sendo que as amostragens tomadas após 48h do início dos pastejos, tenderam em apresentar qualidade superior aquelas colhidas após 72h. Com a cv. Anão, VEIGA et al. (1985b) constataram que a forragem pastejada, colhida manualmente, apresentava em média, 12,7% de PB e 71% de DIVMO. No experimento realizado por ROCHA (1987), durante a estação seca, a extrusa da forragem pastejada continha 9,7% de PB com 54% DIVMS. Nos levantamentos realizados por DERESZ & MOZZER (1990) as amostragens em pastejo simulado continham 14,4% de PB com 67% DIVMO.

O valor nutritivo da forragem pastejada das cvs., manteve-se equilibrado, sendo constatada diferença (P<0,05) somente para a DIMVO das amostragens colhidas 72h do início dos pastejos, com cv. Merckeron Pinda superando a Cameroon, não diferindo das demais.

As cvs. em estudo, no experimento sob condições de pastejo, conduzido por MARASCHIN & NABINGER (1985), apresentaram teores de PB de 9% (Mercker-86-México, Porto Rico e Cameroon) e de 10% (Merckeron Pinda) com DIVMO de 63% (Cameroon), 65% (Merckeron Pinda e Porto Rico) e 67% (Mercker-86-México).

Durante os pastejos os coeficientes de digestibilidade da forragem consumida mantiveram-se próximos de 60%, com teores de PB que passaram de 7.4%, no pastejo I para, aproximadamente, 10,5% durante os pastejos II e III. O que de certa forma explica os ganhos de peso crescentes obtidos com as novilhas "testers", fato associado ao aumento de oferta de forragem de 4 a 6% do PV, no I pastejo, para 6 a 8% no II e III.

HILLESHEIM (1987) obteve resposta semelhante com cv. Napier, durante três ciclos de pastejo de 40 dias, constatando que o extrato de forragem que vinha sendo pastejado por novilhas leiteiras, manteve-se, em média, com 64,5% de DIVMS, com a PB passando de 11%, no 1° ciclo, para, aproximadamente, 15% no 29 e 3° ciclos.

Como observa-se na Tabela 2, o desempenho individual (g/dia) das novilhas que pastejaram a cv. Merckeron Pinda foi superior ao atingido pelas que pastejaram a Mercker-86-México, não diferindo do alcançado por aquelas mantidas nas cvs. Cameroon e Porto Rico.

Os ganhos médios diários obtidos pelas novilhas "testers" foram crescentes no decorrer dos pastejos experimentais, passando de 794g, no início, para 1175g, no final. Há de considerar-se a provável ocorrência de ganho compensatório, pois nos intervalos entre pastejos, quando as novilhas foram manejadas em diferentes pastagens, perderam, em média, 29g/dia entre o I e II ciclo (32 dias), ganhando somente 161 g/dia entre o II e III (56 dias). No entanto, o valor nutritivo de forragem consumida apresentou melhora, bem como, a oferta e a disponibilidade de forragem foram aumentadas durante o decorrer do experimento.

O desempenho individual das novilhas "testers" foram bastante significativos, quando comparados aos resultados obtidos em outros experimentos (LIMA et al., 1968; SARTINE et al., 1970,71; VICENTE-CHANDLER, 1973; LOURENÇO et al., 1978; e VALLE. 1986) com ganhos médios, de aproximadamente, 600g/dia, inferiores as 940g obtidas no presente trabalho.

Ao comparar-se os resultados de desempenho animal sob condições de pastejo, deve-se considerar que estes são resultantes da interação dos diversos fatores que interagem no sistema de pastejo, dentre os quais, destacam-se aqueles controláveis pelo homem, tais como; carga animal, método de pastejo; e aqueles inerentes ao animal. Nos trabalhos citados anteriormente, os critérios utilizados para determinar a carga animal empregada não foram bem elucidados, bem como, os animais experimentais eram, na grande maioria, Zebuínos ou suas cruzas.

VILELA et al. (1972) ao submeterem a pastagem de capim-elefante (Mineiro) ao pastejo rotativo (7 dias de ocupação e 28 de descanso), com carga, de aproximadamente, 3 novilhos/ha, constataram que os animais taurinos obtiveram ganhos superiores aos zebuínos (Nelore e Gir), com as novilhas da raça Holandês ganhando, em média, 800g/dia, em certos períodos, sendo superiores a 1Kg.

Os resultados de três anos de avaliações conduzidas na Flórida, por SOLLEMBERGER (1988), com a cv. Anão submetida ao pastejo por novilhos, aproxima-se do obtidos no experimento, com os animais obtendo ganhos de 891 a 1091 g/dia e lotações de, aproximadamente. 5 novilhos/ha.

A cv. Cameroon foi a que obteve a maior capacidade de carga animal (6,3UA/ha/dia), superando (P<0,05) a verificada com a Porto Rico (4,9UA/ha/dia), as quais não diferiram daquelas obtidas com as cvs. Merckeron Pinda e Mercker-86-México (Tabela 2).

Como era de se esperar, houve uma correlação altamente significativa de 88% entre a disponibilidade de MS total e a carga animal. Já que esta foi estimada com base na disponibilidade; a carga animal correlacionou-se significativamente em 62% com o desempenho individual das novilhas. Esses resultados apontam para o acerto no manejo da pastagem que foi adotado.

Embora não se tenha estabelecido uma pressão de pastejo fixa a ser atingida, procurou-se mante-la em níveis que não limitasse o consumo animal. Quando calculou-se a pressão de pastejo, considerando-se: a forragem desaparecida (diferença entre a disponibilidade e as sobras em pé) acrescida da taxa de acumulação diária, durante os intervalos de descanso; e a lotação empregada. Constatou-se que a pressão de pastejo foi. em média, de 7,3% (kg de MS/100kg de PV/dia), esse valor encontra-se na faixa de 6 a 8%, na qual o consumo não é limitado e dá-se oportunidade aos animais de exerceram maior seletividade, além de minimizar as perdas, conforme verificou HILLESHEIM (1987) com a cv. Napier submetida a diferentes pressões de pastejo, alta (4%), média (8%) e baixa (12%).

CONCLUSÕES

As disponibilidades estimadas foram semelhantes entre as cvs, avaliadas, sendo que a média de 6052kg de MS/ha aponta o potencial produtivo destas em condições de pastejo;

O valor nutritivo da forragem pastejada manteve-se equilibrada entre as cvs., apresentando, em média, 10% de PB e digestibilidade in vitro de 60% para MS e MO, valores bastante promissores para a utiização em pastejo;

Os ganhos médios de 940g/dia e a carga animal de 5,5UA/ha/dia, revelam a potencialidade das cvs, quando submetidas ao pastejo, com as cvs. Merckeron Pinda e Cameroon obtendo os melhores resultados, com relação a esses parâmetros.

AGRADECIMENTOS

Á indústria de Calcários FIDA de Irmãos Cioccari, Caçapava do Sul - RS pela doação, transporte e distribuição do corretivo utilizada na área experimental.

Aos Professores José Henrique da Silva, Luis Maria Bonnecarrére Sanchez e Maria Beatriz Gonçalves Pires pela colaboração e orientação prestadas em suas áreas de conhecimento.

2Zootecnista, MS, Bolsista da FAPERGS.

3Zootecnista, MS, Professor Assistente do Departamento de Zootecnia, UFSM.

4Engenheiro Agrônomo, Aluno do Curso de Pós-graduação em Zootecnia.UFSM.

5Médico Veterinário, MS, Extensionista EMATER, PR.

6Engenheiro Agrônomo, MS, Professor Assistente do Departamento de Zootecnia, UFSM.

Recebido para publicação em 19.08.93. Aprovado em14.12.93.

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  • 1
    Parte da Dissertação de Mestrado, apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 97119-900 Santa Maria, RS. Trabalho parcialmente financiado pela FAPERGS.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Ago 2014
    • Data do Fascículo
      1994

    Histórico

    • Recebido
      19 Ago 1993
    • Aceito
      14 Dez 1993
    Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Rurais , 97105-900 Santa Maria RS Brazil , Tel.: +55 55 3220-8698 , Fax: +55 55 3220-8695 - Santa Maria - RS - Brazil
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