EFEITO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NO ENRAIZAMENTO IN VITRO DE KIWI, CV. HAYWARD

THE EFFECT OF INDOLBUTYRIC ACID IN IN VITRO ROOTING OF KIWI, CV. HAYWARD

EFEITO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NO ENRAIZAMENTO IN VITRO DE KIWI, CV. HAYWARD

THE EFFECT OF INDOLBUTYRIC ACID IN IN VITRO ROOTING OF KIWI, CV. HAYWARD

Sérgio Lucemar Bonorino Figueiredo¹ Adriana Graciela Desiré Zecca¹ Jair Costa Nachtighal¹ Gerson Renan de Luces Fortes²

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito de diferentes concentrações de ácido indolbutírico (AIB) no enraizamento in vitro de kiwi (Actinidia deliciosa), cv. Hayward. O material vegetal utilizado foi proveniente da coleção do Laboratório, de onde retiraram-se explantes, da parte aérea, sem ápice caulinar e com um par de folhas. O AIB foi utilizado através da imersão da base das estacas em solução aquosa, nas concentrações de 0, 10, 20 e 40mg/l. Os explantes permaneceram nesta solução nos seguintes tempos: imersão rápida (5 segundos), 1, 2 e 4 horas. Após os tratamentos, as estacas foram colocadas em meio de cultura MS 50%, acrescido de sacarose, mio-inositol e ágar. Verificou-se que o AIB não teve efeito positivo sobre o número de raízes primárias e comprimento da raiz principal. Verificou-se que, nas concentrações mais elevadas (20 e 40mg/l) de AIB e durante a imersão por 4 horas, houve excessiva formação de calos, ocasionando deformação das estacas. Nas condições em que o presente trabalho foi realizado, concluiu-se que não há necessidade de utilização do AIB para o enraizamento in vitro de kiwi, cv. Hayward.

Palavras-chave: Actinidia deliciosa, cultura de tecidos, enraizamento, ácido indolbutírico.

SUMMARY

The aim of this work was to study the effect of different concentrations of indolbutyric acid (IBA) in the in vitro rooting of kiwi (Actinidia deliciosa), cv. Hayward. Axillary shoots with one pair of leaves were used as explants. The base of the shoots were dipped in IBA solution with the following concentrations: 0, 10, 20 and 40mg/l. The explants remained in this solution for 5 seconds, 1, 2 and 4 hours. After being treated, the shoots were cultured in a half strength MS medium, supplied with sucrose, myo-inositol and agar. IBA had no positive effect on the number and length of primary roots. It was observed an excessivo callus formation and deformed shoots of explants treated for 4 hours and with high IBA concentrations. The data demonstrated that IBA was not effective for in vitro rooting of kiwi, cv. Hayward.

Key words: Actinidia deliciosa, tissue culture, rooting, indolbutyric acid.

Devido ao alto teor de vitamina C, cálcio, ferro, fósforo e proteínas, o kiwi (Actinidia deliciosa (Chev.) Liang Ferguson var. deliciosa), tem apresentado demanda crescente, o que exige uma melhoria nas condições de cultivo e nos métodos de multiplicação desta espécie.

Diversos autores têm usado substâncias reguladoras de crescimento na tentativa de melhorar os métodos de micropropagação, principalmente para reduzir a produção de calos e obter raízes funcionais.

Dentre os vários reguladores de crescimento utilizados na micropropagação, o ácido indolbutírico apresenta uso bastante difundido, porém as concentrações, as quais possibilitam os melhores resultados, são bastante variáveis entre os autores. STANDARDI (1983) recomenda a imersão rápida dos explantes em solução autoclavada de ácido indolbutírico (AIB) a 20ppm; WESSELS et al. (1984) encontraram maior desenvolvimento de raízes no meio contendo 100ppm de AIB e MONETTE (1986) recomenda a imersão rápida da base das microestacas em solução de 500ppm deste mesmo regulador de crescimento.

Com o objetivo de verificar o efeito de diferentes concentrações de AIB no enraizamento in vitro do Kiwi, cv. Hayward, foi realizado um experimento no Laboratório de Cultura de Tecidos da EMBRAPA/CPACT - Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado, Pelotas, RS.

Utilizou-se material vegetal de kiwi, cv. Hayward, mantido em condições assépticas de laboratório, de onde retiraram-se explantes, da parte aérea, sem ápice caulinar e com um par de folhas.

O AIB foi aplicado pela imersão da base das estacas, com 2 a 3cm de comprimento, em solução aquosa, nas concentrações de zero; 10; 20 e 40mg/l. Os explantes permaneceram nesta solução nos seguintes tempos: imersão rápida (5 segundos), 1, 2 e 4 horas. Após o tratamento, as estacas foram inoculadas em meio de cultura MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) a 50% da concentração de macro e micronutrientes, acrescido de sacarose (20g/l), mio-inositol (100mg/l) e ágar (0,7%). Foram utilizados frascos cilíndricos com capacidade de 250ml, contendo 40ml de meio e fechado com papel laminado. Após o plantio, os frascos foram transferidos para a sala de cultura, com temperatura de 23 ± 2°C, fotoperíodo de 16 horas e com aproximadamente 2000 lux de iluminação.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com 16 tratamentos e 5 repetições. Cada repetição foi composta por três explantes.

Verificou-se que o AIB reduziu o número de raízes primárias e comprimento da raiz principal. Isto possivelmente se deve a quantidades de auxinas sintetizadas pelas folhas suficientes para promoverem o enraizamento. Estes resultados diferem daqueles descritos por STANDARDI (1983), WESSELS et al. (1984) e MONETTE (1986), que utilizaram o AIB para indução do enraizamento.

O AIB, assim como outras auxinas, favorece a emissão de raízes; porém, quando em concentrações elevadas, provoca a inibição do desenvolvimento radicular (SALISBURY & ROSS, 1969). Isto pode explicar a queda do número de raízes primárias e do comprimento da raiz principal à medida em que se aumentou as doses de AIB.

Quanto à percentagem de explantes com calo na base, notou-se um comportamento diferenciado das concentrações de AIB nos tempos de imersão rápida (5 segundos) e por quatro horas, não havendo resposta significativa nos demais tempos estudados. Nos explantes submetidos à imersão rápida, a percentagem de explantes com formação de calo na base foi decrescente nas concentrações de zero a 20mg/l de AIB, aumentando, a partir daí, até a concentração de 40mg/l. Verificou-se que, nas concentrações mais elevadas de AIB e durante a imersão por 4 horas, houve uma excessiva formação de calo, ocasionando total deformação das estacas. PEDROSO et al. (1992), trabalhando com a cv. Hayward, também verificaram que o uso de reguladores de crescimento no meio de cultura provocou o aparecimento excessivo de calo na base, ausência de raízes e aparecimento de formas aberrantes nos cultivos subsequentes.

Nas condições em que o presente trabalho foi conduzido, verificou-se que não há necessidade de utilização do AIB para o enraizamento in vitro do kiwi, cv. Hayward.

²Engenheiro Agrônomo, Pesquisador, Doutor. EMBRAPA/CPACT, Caixa Postal 403,96001-970 - Pelotas, RS, autor para correspondência.

Recebido para publicação em 22.02.94. Aprovado em 30.08.94

• MONETTE, P.L. Micropropagation of kiwi using nonaxenic shoot tips. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, Dordrecht, v.6, n.1, p.73-82, 1986.
• MURASHIGE, T., SKOOG, F.I. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobbaco tissue culture. Physiology Plantarum, Copenhagen, v. 15, p. 473-497, 1962.
• PEDROSO, M.C., OLIVEIRA, M.M., PAIS. M.S.S. Micropropagation and simultaneous rooting of ctinidia deliciosa var. deliciosa "Hayward". HortScience, Alexandria, v. 27, n. 5, p. 443-445, 1992.
• SALISBURY, F.B., ROSS, C.W. Plant Physiology Lancaster: Wads Worth Publishing Company. 1969. 761 p.
• STANDARDI, A. La micropropagazione nella moltiplicazione dell'actinidia. Frutticoltura, Bolzano, v. 45, n. 2, p. 17-22,1983.
• WESSELS, E., NELL, D.D., STADEN, D.F.A.VON. In vitro propagation of Actinidia chinensis PI. cv. Hayward. Deciduous Fruit Grower, Bellville, v. 34, n. 12, p. 453-457,1984.

¹

Engenheiro Agrônomo, aluno do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, FAEM/UFPel, Caixa Postal 354, 96010-900 - Pelotas, RS.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  25 Ago 2014
• Data do Fascículo
  Dez 1994

Histórico

• Recebido
  22 Fev 1994
• Aceito
  30 Ago 1994