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Levantamento sorológico da infecção pelo vírus da leucose bovina nos rebanhos leiteiros do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil

Serological survey of the bovine leukosis virus infection in dairy herds of the Rio Grande do Sul State, Brazil

Resumos

O vírus da Leucose Enzoótica Bovina (VLB) causa uma infecção persistente em bovinos, sendo responsável por perdas econômicas significativas para a pecuária bovina. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência da infecção pelo VLB no rebanho leiteiro do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil e estudar alguns aspectos epidemiológicos da infecção. Um total de 39.799 amostras de soro. coletadas em 4.200 propriedades de 172 municípios, distribuídos em 9 regiões geográficas, foram testadas pela técnica de imunodifusão em gel de ágar (IDGA), com antígeno glicoprotéico (glicoproteína gp 51). Os exames sorológicos revelaram 3.645 (9,2%) amostras positivas. No entanto, a prevalência média do Estado, quando foi considerada aproximadamente 1% da população em cada região, foi de 12,0% (1.295/10.357) e 29,1% (385/1.321) das propriedades apresentaram pelo menos um animal positivo. A prevalência da infecção variou de 2,2% (17,8% das propriedades) em Uruguaiana, a 19,6% (57,8% das propriedades) em São Gabriel. Foram observadas taxas de 15,5% (41.8% das propriedades) na grande Porto Alegre; 9,9% (64,4%) em Pelotas: 19,4% (42,9%) em Bagé; 9,2% (36,2%) na grande Santa Rosa; 12.9% (37,8%) em Erexim; 7,1% (26,5%) em Passo Fundo e 8,0% (33,8%) em Santa Maria. Esses resultados demonstram que a infecção pelo VLB esta amplamente distribuída no rebanho leiteiro do Estado. No entanto, os índices de infecção são relativamente baixos se comparados com índices de outros estados e países e são compatíveis com programas de controle e erradicação.

vírus da leucose bovina; sorologia; epidemiologia


Bovine leukosis vírus (BLV) is associated with a persistem infection in cattle that is responsible for serious lasses to the livestock industry. The objective of this study was to determine the prevalence and to analyse some epidemiological aspects of the BLV infection in the dairy herd of the Rio Grande do Sul state. A total of 39.799 blood samples, collected in 4,200 herds from 172 counties, distributed in 9 geographic regions, were tested by the agar-gel immunodiffusion test (AGID) with glycoproteic antigen (glycoprotein gp 51). The sorologic tests showed 3,645 (9.2%) positive; however, the prevalence in the state, when considered about 1% of the population in each region was only, 12.0% (1,295/10,357) and 29.1% (385/1,321) of the herds had at least one seropositive animal. The prevalence ranged from 2.2% (17.8% of the herds) in Uruguaiana to l9.6% (57.85% of the herds) in São Gabriel. Prevalences of 15.5% (41.8% of herds) in the Porto Alegre metropolitan area. 9.9% (64.4%) in Pelotas, 19.4% (42.9%) in Bagé, 9.2% (36.2%) in Santa Rosa, 12.9% (37.8%) in Erexim, 7.1% (26.5%) in Passo Fundo and 8% (33.8%) in Santa Maria were observed. These results show that the BLV infection is widely spread within the Rio Grande do Sul dairy herd. Nevertheless, the overall prevalence is still low if compared to other states and countries and may be compatible with control and eradication efforts.

bovine leukemia virus; serology; survey; epidemiology


LEVANTAMENTO SOROLÓGICO DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA LEUCOSE BOVINA NOS REBANHOS LEITEIROS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

SEROLOGICAL SURVEY OF THE BOVINE LEUKOSIS VIRUS INFECTION IN DAIRY HERDS OF THE RIO GRANDE DO SUL STATE, BRAZIL1 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS.

Mauro Pires Moraes2 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Rudi Weiblen3 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Eduardo Furtado Flores4 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. João Cesar Dias Oliveira5 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Marlon Cezar Rebelatto6 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Marildo Zanini6 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Marta Rabuske7 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Sílvia de Oliveira Hübner7 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS. Neíte Machado Pereira8 1 Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS.

RESUMO

O vírus da Leucose Enzoótica Bovina (VLB) causa uma infecção persistente em bovinos, sendo responsável por perdas econômicas significativas para a pecuária bovina. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência da infecção pelo VLB no rebanho leiteiro do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil e estudar alguns aspectos epidemiológicos da infecção. Um total de 39.799 amostras de soro. coletadas em 4.200 propriedades de 172 municípios, distribuídos em 9 regiões geográficas, foram testadas pela técnica de imunodifusão em gel de ágar (IDGA), com antígeno glicoprotéico (glicoproteína gp 51). Os exames sorológicos revelaram 3.645 (9,2%) amostras positivas. No entanto, a prevalência média do Estado, quando foi considerada aproximadamente 1% da população em cada região, foi de 12,0% (1.295/10.357) e 29,1% (385/1.321) das propriedades apresentaram pelo menos um animal positivo. A prevalência da infecção variou de 2,2% (17,8% das propriedades) em Uruguaiana, a 19,6% (57,8% das propriedades) em São Gabriel. Foram observadas taxas de 15,5% (41.8% das propriedades) na grande Porto Alegre; 9,9% (64,4%) em Pelotas: 19,4% (42,9%) em Bagé; 9,2% (36,2%) na grande Santa Rosa; 12.9% (37,8%) em Erexim; 7,1% (26,5%) em Passo Fundo e 8,0% (33,8%) em Santa Maria. Esses resultados demonstram que a infecção pelo VLB esta amplamente distribuída no rebanho leiteiro do Estado. No entanto, os índices de infecção são relativamente baixos se comparados com índices de outros estados e países e são compatíveis com programas de controle e erradicação.

Palavras-chave: vírus da leucose bovina, sorologia, epidemiologia.

SUMMARY

Bovine leukosis vírus (BLV) is associated with a persistem infection in cattle that is responsible for serious lasses to the livestock industry. The objective of this study was to determine the prevalence and to analyse some epidemiological aspects of the BLV infection in the dairy herd of the Rio Grande do Sul state. A total of 39.799 blood samples, collected in 4,200 herds from 172 counties, distributed in 9 geographic regions, were tested by the agar-gel immunodiffusion test (AGID) with glycoproteic antigen (glycoprotein gp 51). The sorologic tests showed 3,645 (9.2%) positive; however, the prevalence in the state, when considered about 1% of the population in each region was only, 12.0% (1,295/10,357) and 29.1% (385/1,321) of the herds had at least one seropositive animal. The prevalence ranged from 2.2% (17.8% of the herds) in Uruguaiana to l9.6% (57.85% of the herds) in São Gabriel. Prevalences of 15.5% (41.8% of herds) in the Porto Alegre metropolitan area. 9.9% (64.4%) in Pelotas, 19.4% (42.9%) in Bagé, 9.2% (36.2%) in Santa Rosa, 12.9% (37.8%) in Erexim, 7.1% (26.5%) in Passo Fundo and 8% (33.8%) in Santa Maria were observed. These results show that the BLV infection is widely spread within the Rio Grande do Sul dairy herd. Nevertheless, the overall prevalence is still low if compared to other states and countries and may be compatible with control and eradication efforts.

Key words: bovine leukemia virus, serology, survey, epidemiology.

INTRODUÇÃO

O vírus da Leucose Bovina (VLB) é o agente etiológico de duas manifestações clínicas distintas em bovinos: linfocitose persistente (LP), de caráter benigno e a forma multicêntrica enzoótica de linfossarcoma de animais adultos, que é a neoplasia maligna mais comum no gado leiteiro (FERRER, 1979; MILLER & VAN DER MAATEN, 1982). Em tomo de 30% dos animais infectados pelo VLB desenvolvem a LP, enquanto a ocorrência de linfossarcoma raramente ultrapassa os 5% (FERRER, 1979). O desenvolvimento da LP ou do linfossarcoma, frente à infecção, parece ser geneticamente determinada. Essas duas manifestações têm sido denominadas de Leucose Enzoótica Bovina (LEB) (MARSHAK et al., 1979).

A maioria dos animais adquire a infecção horizontalmente, através do contato entre animais adultos, embora a transmissão transplacentária possa ocorrer eventualmente (PIPER et al., 1979). A morbidade aumenta a partir dos dois anos de idade, quando por questão de manejo, os animais jovens passam a conviver com os adultos portadores (FERRER, 1979). A transmissão pode ocorrer através de medidas que proporcionam a transferência de sangue entre animais, pela premunição contra Anaplasma e Babesia (ROMERO & ROWE, 1981), assim como agulhas contaminadas em vacinações terapêuticas parenterais (EVERMANN et al, 1986), colocação de brincos e descorna (DIGIACOMO et al., 1985; LUCAS et al, 1985), cirurgias, palpações retais (HOPKINS et al., 1988), etc. A transmissão também pode ocorrer através de insetos hematófagos (ROMERO & ROWE, 1981). A possibilidade de transmissão do vírus parece ser maior com sangue de animais com linfocitose persistente (ITOHARA et al, 1985). A difusão da infecção é notadamente mais rápida em regiões tropicais, onde há presença de insetos hematófagos (tabanídeos, mosquitos, mutucas, carrapatos), o que sugere a participação destes insetos na epidemiologia da enfermidade (BECH-NIELSEN et al., 1978). Por outro lado, a transmissão através do contato das mucosas com secreções parece desempenhar um papel secundário na difusão da infecção (MILLER & VAN DER MAATEN, 1979, LUCAS et al., 1993).

A infecção pelo VLB está distribuída mundialmente, e sua prevalência varia amplamente entre os rebanhos, sendo maior em gado leiteiro do que em gado de corte (EVERMANN et al., 1987). Amplas revisões sobre a leucose bovina tem sido publicadas (JOHNSON & KANEENE, 1992, JOHNSON & KANEENE, 1993a, JOHNSON & KANEENE, 1993b, JOHNSON & KANEENE, 1993c, JOHNSON & KANEENE, 1993d, WEIBLEN, 1992). A infecção pelo VLB foi provavelmente introduzida no Brasil através da importação de animais (KANTEK et al, 1983; MODENA et al., 1983), e atualmente difunde-se sobretudo através do comércio de reprodutores (MODENA et al., 1984; FLORES et al, 1988).

Os bovinos, uma vez infectados, permanecem portadores e são fontes de eliminação do vírus por toda a vida. Por isso, a detecção e eliminação dos animais soropositivos constituem-se em pontos fundamentais para o controle da infecção (FERRER, 1979). A imunodifusão em gel de ágar (IDGA) é a prova sorológica mais utilizada em todo o mundo no diagnóstico da infecção pelo VLB (MILLER & VAN DER MAATEN, 1979). Animais identificados como positivos devem ser preferencialmente descartados. Quando o descarte é economicamente inviável, a segregação dos soropositivos em grupos com manejo separado representa uma alternativa para reduzir a difusão da infecção (FLORES et al, 1990, DIGIACOMO, 1992).

O objetivo do presente trabalho foi de determinar a prevalência da infecção pelo vírus da Leucose Enzoótica Bovina no rebanho leiteiro do Estado do Rio Grande do Sul e estudar alguns aspectos epidemiológicos da enfermidade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostras de sangue de 39.799 bovinos leiteiros pertencentes a 4.200 propriedades de 172 municípios, separados em 9 regiões do Estado do Rio Grande do Sul, foram coletadas durante um período de três anos. A distribuição das amostras, de acordo com as respectivas regiões, está apresentada na Figura 1. As amostras de soro foram submetidas à prova de imunodifusão em gel de ágar (IDGA), com antígeno glicoprotéico (MILLER & VAN DER MAATEN, 1982) para a detecção de anticorpos contra o VLB, conforme técnica anteriormente descrita (FLORES et al, 1988).


O cálculo da prevalência média e distribuição por idade, raça e distribuição geográfica da infecção foi realizado com base em aproximadamente 1% do total da população de cada região amostrada em sorteio aleatório, totalizando 10.785 de animais de 1.321 propriedades. A comparação entre freqüências observadas foi analisada pelo teste do X2. Considerou-se positivas as propriedades que apresentaram pelo menos um animal soropositivo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados dos testes sorológicos para o VLB realizados em soro de 39.799 animais de 4.200 rebanhos de 172 municípios, separados por região, estão expressos na Tabela 1.

Para o cálculo de prevalência média e distribuição por idade e raça, foram utilizadas 10.357 amostras, representativas das diferentes regiões. As taxas de soropositividade observadas foram de 12,0% (1.295/10.357) dos animais e de 29,1% (385/1.321) das propriedades. Os índices observados são inferiores aos 36,6% encontrados por ALENCAR FILHO et al. (1979), no Estado de São Paulo; 54,2% encontrados por ROMERO & ROWE (1981), no Estado do Rio de Janeiro; 20,7% encontrados por KANTEK et al, (1983), no Estado do Paraná e dos 24,4% obtidos por SANTOS et al. (1985), na Zona da Mata em Minas Gerais; e 20,71% encontrados por FLORES et al. (1990), na região central do Rio Grande do Sul. Parte destas variações são provavelmente devido a diferença no tamanho, representatividade e abrangência da amostragem nos diferentes relatos. A maioria dos estudos anteriores utilizou amostras provenientes de regiões específicas ou amostras que foram enviadas ao laboratórios com outras finalidades, muitas delas sem identificação e informações apropriadas, e portanto não podem ser consideradas representativas dos rebanhos em questão. No presente trabalho, as amostras foram coletadas com o objetivo específico de serem testadas para anticorpos contra o VLB. É entendimento dos autores que o presente artigo relata o maior estudo soro-epidemiológico da infecção pelo VLB realizado no Brasil até o presente, em termos de número, representatividade e abrangência de amostras.

A introdução da infecção pelo VLB no rebanho leiteiro do Brasil parece estar ligada a importação de animais positivos de outros países (KANTEK et al., 1983; MODENA et al., 1983). Em um primeiro momento, através da importação de reprodutores de alto valor zootécnico dos Estados Unidos e Canadá, seguida pela introdução maciça de animais provenientes do Uruguai durante a década de 70. Em estudos recentes, FLORES et al (1992) comprovaram que o índice de positividade dos animais importados do Uruguai certamente contribuiu significativamente para a difusão do VLB no país.

Atualmente, animais importados oficialmente são submetidos a testes sorológicos e somente animais soronegativos são admitidos no país. No entanto, a introdução ilegal de animais, principalmente através de fronteiras com países vizinhos, ainda representa uma fonte potencial de difusão da infecção.

Quando analisadas as taxas de infecção, os baixos níveis de positividade observados entre animais jovens são característicos da epidemiologia do VLB. A transmissão transplacentária é relativamente pouco freqüente, sendo que a transmissão ocorre principalmente de forma horizontal entre animais adultos. A difusão da infecção parece ocorrer mais eficientemente em rebanhos tecnificados. A alta concentração de animais e o uso de técnicas que facilitam a transmissão do vírus certamente contribuem para a disseminação do vírus nesses rebanhos. Os estabelecimentos com sistemas tradicionais de criação, que representam uma grande parte das propriedades do Estado do Rio Grande do Sul, geralmente apresentam baixos níveis de positividade (FLORES, 1989).

No presente estudo não foi possível correlacionar o nível de tecnifícação com a prevalência na população estudada. Isto deve-se ao número de técnicos envolvidos no processo de coleta de amostras e a dificuldade de classificação das propriedades quanto a diferentes parâmetros.

Os índices de positividade das faixas etárias 1-2 e 2-3 anos, 5,5% (16/291) e 7,2% (54/752) respectivamente, foram significativamente menores (P<0,05) que os índices de 10,4%(129/1.237), as demais variaram de 10,4% (129/1.237) na faixa de 3-4 anos e 15,0% (41/272) nos animais com mais de 11 anos. Essas observações concordam com as afirmações de Piper et al. (apud JOHNSON & KANEENE, 1992) e FERRER (1979) que observaram as taxas de prevalência e incidência geralmente são maiores em animais após os 24 meses.

Índices significativamente maiores (P<0,05) de prevalência foram observados nas raças Jersey com 14,2% (105/738), animais sem raça definida com 13,2% (234/1.775) e Holandês com 12,9% (747/5.797). As demais raças amostradas eram Charolês, Gir. Pardo Suíça e Normanda. Essas observações podem ser explicadas por diferentes fatores epidemiológicos que influenciam na difusão da infecção, tais como concentração de animais, manejo, etc. Por exemplo, as raças Charolês e Gir servem à condições de criações semi-intensivas ou extensivas, sendo aproveitadas no manejo leiteiro apenas em determinadas épocas de exploração.

O presente estudo foi realizado com o objetivo de determinar-se a prevalência da infecção pelo VLB no rebanho leiteiro do Rio Grande do Sul. Os resultados obtidos revelam uma ampla distribuição da infecção em todas as regiões estudadas, com consideráveis variações entre as regiões e as propriedades. Os índices de infecção detectados parecem ser compatíveis com programas de controle e erradicação, se comparados com índices observados em outros países. O fato da infecção ser inaparente na maioria das vezes, contribui para uma relativa falta de interesse por parte dos produtores. No entanto, a crescente conscientização dos técnicos e produtores certamente contribuirá para uma mudança de atitude em relação a infecção pelo VLB. Nesse sentido, a participação de pesquisadores e técnicos ligados a saúde animal, na iniciativa privada ou em unidades governamentais, parece ser fundamental.

Os índices de infecção observados neste estudo permitem a adoção de medidas de controle e erradicação. Propriedades com baixas taxas de infecção poderiam utilizar o método de descarte, enquanto propriedades com um número maior de animais infectados poderiam adotar a segregação e manejos separados (FLORES et al., 1990; DIGIACOMO, 1992). Atualmente, o setor de Virologia de UFSM esta realizando um trabalho de avaliação do impacto de medidas profiláticas na difusão do VLB em rebanhos altamente controlados. Os resultados deste estudos serão úteis na medida que serão divulgados e distribuídos a técnicos envolvidos em assistência veterinária a rebanhos leiteiros do Estado. É fundamental que todos os animais de reposição sejam testados e testes periódicos devem ser executados para monitorar-se a taxa de soroconversão.

Além do controle voluntário a nível de propriedade, é indispensável que as autoridades sanitárias tomem providências no sentido de criar e fazer cumprir uma legislação relativa a enfermidade, impedindo que animais positivos participem e sejam comercializados em exposições ou feiras, permitindo a importação somente de animais sorologicamente negativos e estimulando a adoção de medidas de controle a nível de propriedade.

Portanto, é imprescindível que providências sejam tomadas no sentido de esclarecer os proprietários e tentar introduzir programas de controle. Os índices relativamente baixos observados permitem adoção de medidas de controle e, oportunamente, podem levar a instituição de programas de erradicação da infecção no Estado, a exemplo do que vem ocorrendo em países da Europa.

AGRADECIMENTOS

Os autores do presente trabalho agradecem encarecidamente a todos os Médicos Veterinários e técnicos que colaboram na colheita e remessa das amostras ao Laboratório.

2 Médico Veterinário, aluno do Curso de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Departamento de Microbiologia e Parasitologia (DMP), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97119-900, Santa Maria, RS, Brasil. FAX (055)226-1975, E-mail: moraespm@super.ufsm.br. Autor para correspondência.

3 Médico Veterinário, Professor Titular, MSc, PhD, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP) e DMP, UFSM, Pesquisador do CNPq.

4 Médico Veterinário, Msc, Professor Adjunto, DMVP e DMP, UFSM.

5 Médico Veterinário, bolsista de aperfeiçoamento do CNPq.

6 Bolsista de Iniciação Científica do CNPq.

7 Médico Veterinário, bolsista de Aperfeiçoamento do CNPq.

8 Médico Veterinário, MSc, DMP, UFSM.

Recebido para publicação em 18.10.95. Aprovado em 10.01.96.

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  • 1
    Projeto parcialmente financiado pelo CNPq e FAPERGS.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      25 Set 2008
    • Data do Fascículo
      Ago 1996

    Histórico

    • Recebido
      18 Out 1995
    • Aceito
      10 Jan 1996
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