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Consórcio sorgo-soja. I. Produção de forragem de cultivares de soja e híbridos de sorgo, consorciadas na linha, em dois sistemas de corte

Sorghum-soybean intercropping. I. Production of forage of sorghum hybrids and soybean cultivars, intercropped on the line, in two cutting systems

Resumos

Visando selecionar cultivares de sorgo e soja de melhor rendimento forrageiro no consórcio, foi conduzido, em 1996/97, um ensaio no Departamento de Agricultura no Campus da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, MG, em um Latossolo Roxo distrófico. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 2x4x4+4 com três repetições, sendo constituído por dois sistemas de corte (um único corte, rente ao solo, de ambas as culturas no estádio R5 da soja e um sistema de dois cortes: o primeiro feito aos 60 dias após a emergência a 30cm do solo e o segundo, após a rebrota das plantas, rente ao solo, na mesma época do corte do primeiro sistema), quatro cultivares de soja (CAC-1, Doko RC, UFV-16 e UFV-17) e quatro híbridos de sorgo forrageiro (AG 2002, AG 2006, BR 601 e CMSXS 756), e mais os quatros cultivares de sorgo em monocultivo. Os diferentes sistemas de corte alteraram significativamente os rendimentos de massa verde, matéria seca e proteína bruta total. A utilização do consórcio proporcionou maior rendimento de proteína bruta total, quando comparado ao monocultivo, sendo que as combinações UFV-16 x AG 2002 e CAC-1 x AG 2006 foram as de maior destaque para o sistema de um corte. No sistema de dois cortes, sobressaíram-se Doko RC x AG 2006 e BR 601 e Doko RC x BR 601. Em condição de monocultivo e consórcio, o híbrido de sorgo que proporcionou maior rendimento de massa verde, matéria seca e proteína bruta total foi o AG 2002.

rebrota; monocultivo; matéria seca


Aiming to select sorghum and soybean cultivars of best forage yield in the intercropping on the line, a trial was conducted in 1996/1997, at the Department of Agriculture on the campus of the Universidade Federal de Lavras, in Lavras, MG, Brazil, on a Distrophic Red Dusky Latosol. The experimental design utilized was that of randomized blocks in factorial scheme 2x4x4+4 with three replications, being made up of two cutting systems (a single cutting, close-cut to the soil, of both crops at the R5 stage of soybean and a two-cutting system: the first done at 60 days after emergence at 30cm from the soil and the second after regrowth of the plants, close-cut to the soil at the same time of the cutting of the first system), four soybean cultivars (CAC-1, Doko RC, UFV-16 and UFV-17) and four hybrids of forage sorghum (AG 2002, AG 2006, BR 601 and CMSXS 756), and four hibrids of sorghum in monoculture. The one cutting system was superior than the two cutting system in relation of green mass and dry matter. The grude protein was superioty in the two cutting system. Use of the intercropping on the line provided greater yield total crude portein as compared with monoculture, being that the combinations UFV-16 and UFV-17 x AG 2002 and CAC-1 x AG 2006 were the ones which stood out the most to the one-cutting system. In the two-cutting system, Doko RC x AG 2006 and BR 601 and UFV-16 x BR 601 stood out. Under monoculture and intercropping on the line condition, the sorghum hybrid which presented the highest yield of green mass, dry matter and total crude protein was AG 2002.

regrowth; monoculture; dry matter


CONSÓRCIO SORGO-SOJA. I. PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE CULTIVARES DE SOJA E HÍBRIDOS DE SORGO, CONSORCIADAS NA LINHA, EM DOIS SISTEMAS DE CORTE1 1 Extraído da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia, do primeiro autor, realizada na Universidade Federal de Lavras (UFL). 2 Engenheiro Agrônom, Pós-graduando do Departamento de Agricultura da UFL, Caixa Postal 37, 37200-000. Lavras, MG. 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). Autor para correspondência. 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). 5 Engenheiro Agrônmo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Zootecnia da UFL, (Bolsista do CNPq).

SORGHUM-SOYBEAN INTERCROPPING. I. PRODUCTION OF FORAGE OF SORGHUM HYBRIDS AND SOYBEAN CULTIVARS, INTERCROPPED ON THE LINE, IN TWO CUTTING SYSTEMS

Alessandro Guerra da Silva2 1 Extraído da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia, do primeiro autor, realizada na Universidade Federal de Lavras (UFL). 2 Engenheiro Agrônom, Pós-graduando do Departamento de Agricultura da UFL, Caixa Postal 37, 37200-000. Lavras, MG. 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). Autor para correspondência. 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). 5 Engenheiro Agrônmo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Zootecnia da UFL, (Bolsista do CNPq). Pedro Milanez de Rezende3 1 Extraído da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia, do primeiro autor, realizada na Universidade Federal de Lavras (UFL). 2 Engenheiro Agrônom, Pós-graduando do Departamento de Agricultura da UFL, Caixa Postal 37, 37200-000. Lavras, MG. 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). Autor para correspondência. 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). 5 Engenheiro Agrônmo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Zootecnia da UFL, (Bolsista do CNPq). Luiz Antônio de Bastos Andrade4 1 Extraído da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia, do primeiro autor, realizada na Universidade Federal de Lavras (UFL). 2 Engenheiro Agrônom, Pós-graduando do Departamento de Agricultura da UFL, Caixa Postal 37, 37200-000. Lavras, MG. 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). Autor para correspondência. 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). 5 Engenheiro Agrônmo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Zootecnia da UFL, (Bolsista do CNPq). Antônio Ricardo Evangelista5 1 Extraído da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia, do primeiro autor, realizada na Universidade Federal de Lavras (UFL). 2 Engenheiro Agrônom, Pós-graduando do Departamento de Agricultura da UFL, Caixa Postal 37, 37200-000. Lavras, MG. 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). Autor para correspondência. 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). 5 Engenheiro Agrônmo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Zootecnia da UFL, (Bolsista do CNPq).

RESUMO

Visando selecionar cultivares de sorgo e soja de melhor rendimento forrageiro no consórcio, foi conduzido, em 1996/97, um ensaio no Departamento de Agricultura no Campus da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, MG, em um Latossolo Roxo distrófico. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 2x4x4+4 com três repetições, sendo constituído por dois sistemas de corte (um único corte, rente ao solo, de ambas as culturas no estádio R5 da soja e um sistema de dois cortes: o primeiro feito aos 60 dias após a emergência a 30cm do solo e o segundo, após a rebrota das plantas, rente ao solo, na mesma época do corte do primeiro sistema), quatro cultivares de soja (CAC-1, Doko RC, UFV-16 e UFV-17) e quatro híbridos de sorgo forrageiro (AG 2002, AG 2006, BR 601 e CMSXS 756), e mais os quatros cultivares de sorgo em monocultivo. Os diferentes sistemas de corte alteraram significativamente os rendimentos de massa verde, matéria seca e proteína bruta total. A utilização do consórcio proporcionou maior rendimento de proteína bruta total, quando comparado ao monocultivo, sendo que as combinações UFV-16 x AG 2002 e CAC-1 x AG 2006 foram as de maior destaque para o sistema de um corte. No sistema de dois cortes, sobressaíram-se Doko RC x AG 2006 e BR 601 e Doko RC x BR 601. Em condição de monocultivo e consórcio, o híbrido de sorgo que proporcionou maior rendimento de massa verde, matéria seca e proteína bruta total foi o AG 2002.

Palavras-chave: rebrota, monocultivo, matéria seca.

SUMMARY

Aiming to select sorghum and soybean cultivars of best forage yield in the intercropping on the line, a trial was conducted in 1996/1997, at the Department of Agriculture on the campus of the Universidade Federal de Lavras, in Lavras, MG, Brazil, on a Distrophic Red Dusky Latosol. The experimental design utilized was that of randomized blocks in factorial scheme 2x4x4+4 with three replications, being made up of two cutting systems (a single cutting, close-cut to the soil, of both crops at the R5 stage of soybean and a two-cutting system: the first done at 60 days after emergence at 30cm from the soil and the second after regrowth of the plants, close-cut to the soil at the same time of the cutting of the first system), four soybean cultivars (CAC-1, Doko RC, UFV-16 and UFV-17) and four hybrids of forage sorghum (AG 2002, AG 2006, BR 601 and CMSXS 756), and four hibrids of sorghum in monoculture. The one cutting system was superior than the two cutting system in relation of green mass and dry matter. The grude protein was superioty in the two cutting system. Use of the intercropping on the line provided greater yield total crude portein as compared with monoculture, being that the combinations UFV-16 and UFV-17 x AG 2002 and CAC-1 x AG 2006 were the ones which stood out the most to the one-cutting system. In the two-cutting system, Doko RC x AG 2006 and BR 601 and UFV-16 x BR 601 stood out. Under monoculture and intercropping on the line condition, the sorghum hybrid which presented the highest yield of green mass, dry matter and total crude protein was AG 2002.

Key words: regrowth, monoculture, dry matter.

INTRODUÇÃO

No Brasil, o cultivo de uma ou mais culturas numa mesma área já vem de longos anos, entretanto, apenas recentemente, os pesquisadores têm demonstrado maior interesse por essa prática. Neste contexto, várias opções se apresentam, com um destaque especial para gramíneas e leguminosas, sendo o sistema milho e soja um dos mais importantes (REZENDE, et al. 1992; CARVALHO, 1993 e REZENDE, 1995).

A crescente procura do milho para alimentação humana e animal tem levado os pesquisadores a procurarem formas alternativas para a alimentação de ruminantes. Dentre as diversas espécies de plantas forrageiras, a cultura do sorgo se apresenta como espécie promissora na elaboração de silagens, pois suas características nutritivas, o cultivo e também o rendimento de forragem são muito semelhantes à cultura do milho. Devido a este fato, essa cultura tem sido estudada como sucedânea a do milho, principalmente, nas regiões semi-áridas, onde a mesma possui melhor rendimento.

Admitindo-se que a demanda forrageira em uma propriedade agrícola permanece constante durante todo o ano, a suplementação no período seco seria a alternativa mais viável para a manutenção da produtividade animal, às vezes nem sempre viável economicamente. A prática da ensilagem é considerada técnica fundamental na conservação de forragens, sendo enriquecida pela adição de suplementos produzidos na própria propriedade, proporcionando maior ganho de peso dos animais com custo mais baixo. Neste contexto, a utilização da soja nos sistemas consorciados proporciona alguns benefícios, justificando sua maior utilização no material ensilado (EVANGELISTA, 1986 e SOOD & SHARMA, 1992).

Além das vantagens já relatadas anteriormente, as plantas de soja e sorgo têm comprovado poder de rebrota após o corte, podendo fornecer em conjunto mais forragem por unidade de área em consórcio quando comparado ao monocultivo da gramínea. Após os cortes, as plantas irão rebrotar, podendo essa rebrota ser utilizada novamente na forma de forragem ou de grãos, dependendo da necessidade do agricultor, o mesmo se verificando em função das plantas de sorgo.

O objetivo do trabalho foi selecionar cultivares de sorgo e soja, com alta capacidade de rebrota em condição de consórcio, comparados à produç ão de forragem obtida no monocultivo do sorgo.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi instalado em Lavras - MG (latitude de 21o14'S, longitude 45o00W e altitude de 900m) em Latossolo Roxo distrófico, de textura argilosa fase cerrado (Tabela 1) no campo experimental do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras - UFLA, ano agrícola 1996/97.

A semeadura foi realizada em 22/10/96, utilizando-se quatro cultivares de soja (CAC-1, Doko RC, UFV-16 e UFV-17) com ótimo desempenho na região, consorciadas na linha com quatro híbridos de sorgo forrageiro (AG 2002 e AG 2006 híbridos mais plantados na região e BR 601 e CMSXS 756 lançamentos recentes). Esses materiais foram avaliados em todas as combinações possíveis em dois sistemas de corte, sendo as épocas de corte determinadas em função da cultura da soja. No primeiro sistema, as plantas de ambas espécies foram cortadas uma única vez rente ao solo, quando as plantas de soja atingiram o estádio R5 (início da formação da semente) de acordo com FEHR & CAVINESS (1977). No segundo sistema, ambas as culturas foram cortadas duas vezes, sendo o primeiro corte realizado à altura de 30cm do colo das plantas aos 60 dias após emergência e o segundo corte, após a rebrota, rente ao solo, na mesma época do corte do primeiro sistema (estádio R5).

O delineamento experimental empregado foi o de blocos casualizados com três repetições em esquema fatorial 2x4x4+4 constituído pelos dois sistemas de corte, quatro cultivares de soja e sorgo. Adicionalmente, foi conduzido outro ensaio contíguo em blocos casualizados com três repetições para o monocultivo de sorgo, sendo que, neste caso, os cortes foram realizados uma única vez, rente ao solo, no estádio de grãos farináceos.

Tanto no monocultivo como no consórcio, as parcelas de sorgo foram constituídas por três linhas espaçadas de 0,8m com 5,0m de comprimento, sendo considerada como área útil apenas a fileira central (4,0m2). Para a cultura da soja, foi utilizado o sistema de consórcio na linha do sorgo, utilizando também uma linha como área útil. O desbaste foi realizado aos 25 dias após a emergência das plântulas, procurando-se manter 12 plantas por metro linear para a cultura do sorgo e soja (150.000 plantas/ha) no consórcio e também no monocultivo de sorgo.

Para o sorgo, em condição de consórcio e monocultivo, a calagem e adubação seguiram as recomendações feitas pela COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERIAS (1989), utilizando-se o correspondente a 20kg de N, 120kg de P2O5 e 120kg de K2O/ha. Aos 30 e 45 dias após emergência das plântulas de sorgo, aplicaram-se 60kg de N/ha em cobertura. No caso do consórcio, a cultura da soja não foi adubada, utilizando-se apenas a adubação recomendada para o sorgo forrageiro nas mesmas dosagens do monocultivo de sorgo.

Antes da semeadura, foi feita a inoculação das sementes de soja com Bradyrhizobium japonicum, utilizando o inoculante turfoso Nitral na proporção de 200g de inoculante para 50kg de sementes. As parcelas foram mantidas livres de invasoras sendo realizadas duas capinas manuais.

O corte das plantas de soja e sorgo foi realizado manualmente com o auxílio de roçadeira costal motorizada nas épocas já relatadas anteriormente. Os materiais foram pesados, separando-se o sorgo da soja, sendo analisado o rendimento de massa verde (kg/ha), matéria seca (determinado a partir de amostra de 200g de massa verde em estufa a 65oC até peso constante e convertido em kg/ha) e de proteína bruta determinada na mesma amostra usada na matéria seca, utilizando metodologia descrita por MALAVOLTA et al. (1989) e transformando, posteriormente, os dados para kg/ha.

As análises estatísticas foram realizadas para as caracterí sticas citadas anteriormente, utilizando-se o somatório das duas culturas (sorgo + soja). Para diferenciação das médias obtidas nos fatores de variação significativos sorgo, corte x sorgo e entre monocultivo, utilizou-se o teste de Duncan 5%, e para o corte e consórcio versus monocultivo, teste F 5%. Foi ainda realizada comparação das médias obtidas no consórcio com a utilização de um e dois cortes com o monocultivo do sorgo, utilizando-se o teste "t" de contraste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Rendimento de Massa Verde e Matéria Seca Total

De acordo com a análise de variância, para massa verde total, verificou-se efeito significativo para os sistemas de corte, híbridos de sorgo, interação corte x sorgo, contraste consórcio versus monocultivo. No caso da matéria seca, ocorreu efeito significativo de todas variáveis citadas anteriormente, acrescido do monocultivo (Tabela 2).

Levando-se em conta a média dos dois sistemas de corte para o rendimento de massa verde total (Tabela 3), verifica-se um acréscimo de 9,98% (3.305 kg/ha) a favor do sistema de um corte, o mesmo se verificando em relação à matéria seca total (Tabela 4), sendo esse valor mais elevado 41,35% (3.547kg/ha). Esse aumento, quando comparado com o rendimento de massa verde total foi maior porque no sistema de dois cortes as culturas de soja e sorgo possuíam um alto grau de umidade em sua forragem, principalmente no segundo corte deste sistema. Isso se deve ao fato de ter levado em consideração no momento dos cortes, o estágio em que a soja se encontrava (R5) sendo que os híbridos de sorgo, a exceção do CMSXS 756, encontravam-se no início da fase de grãos leitosos. Em conseqüência, o valor médio de matéria seca observado neste sistema foi 25,90%, ao passo que no sistema de um corte, este valor foi de 33,28%, representando excelente teor para se fazer silagem de boa qualidade, sendo o principal responsável pelo aumento verificado (Tabelas 3 e 4).

O rendimento total de massa verde em consórcio, quando comparado ao monocultivo do sorgo, proporcionou um aumento de 8,0% (2.577kg/ha) em favor do consórcio, o mesmo não se verificando em relação à matéria seca. Neste caso, o monocultivo proporcionou um aumento de 13,94% (1.443kg/ha) em relação ao consórcio. Os resultados obtidos, para a matéria seca, são perfeitamente admissíveis uma vez que os cortes no sistema consorciado foram realizados em função da soja e, no monocultivo, em funçã o do sorgo, sendo este, realizado no estádio de grãos farináceos, que segundo FARIA (1986) é a época de maior acumulo de matéria seca na cultura. De uma maneira geral, a contribuição do consórcio para massa verde e matéria seca foi considerada pequena. Esse resultado pode ser justificado pelo fato de o sorgo consorciado ter recebido a mesma adubação do monocultivo e, nessa situação, a soja poderia exercer certa competição com a gramínea na busca de nutrientes. Dadas as explicações acima, é de se esperar que algumas combinações consorciadas apresentassem rendimentos superiores aos respectivos híbridos em monocultivo. Observando-se a tabela 3, verifica-se para massa verde total, apesar de não significativo (teste 't'), que todas combinações com o híbrido AG 2002, independente do sistema de corte empregado, apresentaram rendimentos inferiores ao monocultivo (5.6500kg/ha). Já no caso do AG 2006 e BR 601, verifica-se o contrário, ou seja, todas combinações consorciadas foram superiores, embora não significativas ao rendimento observado com os híbridos em monocultivo, exceto as combinações Doko RC e CAC-1 x BR 601 que no sistema de um e dois cortes apresentaram rendimentos de (33.541 e 31.000kg/ha) inferiores ao obtido no monocultivo 35.500kg/ha. Resultado semelhante foi observado com o híbrido CMSXS 756. Nesse caso, como o híbrido apresentou pior desempenho , tanto no monocultivo quanto no consórcio, possibilitou à soja maior desempenho provocando aumentos em todas combinações consorciadas e algumas até significativas como ocorreu com a combinação Doko RC x CMSXS 756 no sistema de um e dois cortes.

No caso de matéria seca total, uma vez que ocorreu efeito significativo do monocultivo sobre o consórcio, o aparecimento de combinações consorciadas de valor superior ao monocultivo foram mais restritas. Esse fato foi observado com as combinações UFV-17 x AG 2002, Doko RC x AG 2006 e CAC-1, UFV-17 x BR 601. Com o híbrido CMSXS 756, os resultados foram semelhantes aos observados com a massa verde, tendo sido observados valores de combinaçõ es consorciadas superiores ao monocultivo, independente do sistema de corte utilizado e, em alguns casos, até significativas como ocorreu com as combinações de soja CAC-1 e Doko RC no sistema de um corte e dois cortes respectivamente. Os resultados de matéria seca total obtidos neste ensaio são menores que os encontrados por OLIVEIRA (1989) que obteve rendimentos de 14,8t/ha com o sorgo BR 601 a 18,6t/ha com o CMS 649. É importante ressaltar que no estudo citado o consórcio foi realizado na entrelinha, sendo utilizada densidade maior de plantas, o que contribuiu para obten&cc edil;ão de rendimentos mais elevados. Aumento no cultivo consorciado foi constatado por REZENDE (1995) que observou acréscimos de 6,25% no rendimento de matéria seca do milho e soja consorciados em relação ao monocultivo desta gramínea.

Para o rendimento de massa verde e matéria seca total, a interação corte x sorgo, depois de desdobrada, indicou diferenças significativas entre os cortes apenas para o híbrido AG 2002 no rendimento de massa verde total acrescido dos híbridos AG 2006 e BR 601 para matéria seca total, quando se compara o efeito de corte dentro de cada híbrido de sorgo. Por outro lado, estudando o efeito dos híbridos de sorgo dentro de cada sistema de corte, verifica-se uma performance superior com o híbrido AG 2002 apenas no sistema de um corte, com um rendimento de massa verde e matéria seca total de 53,031kg/ha e 16.860kg/ha, respectivamente. No sistema de dois cortes, esses resultados não foram observados, tendo os híbridos AG 2002, AG 2006 e BR 601 apresentado rendimento semelhantes (Tabelas 3 e 4). Em ambos os sistemas de corte, o híbrido CMSXS apresentou rendimento inferior aos demais.

Com relação ao monocultivo, a performance dos híbridos foi a mesma do consórcio, com destaque especial para o híbrido AG 2002 que mostrou um rendimento de massa verde de 56.500kg/ha, seguido dos híbridos BR 601 e AG 2006, o mesmo se verificando em relação à matéria seca. Resultados semelhantes foram observados por outros pesquisadores (PEREIRA et al., 1993 e COSTA & AZEVEDO, 1996). Os resultados referentes à cultura do sorgo obtidos neste trabalho evidenciam que não há necessidade de se conduzir um programa específico de melhoramento para os híbridos utilizados visando à produção de forragem no sistema consorciado pois, como já discutido anteriormente, houve uma estabilidade na performance dos mesmos, em ambos os sistemas de cultivo, pois o híbrido de maior rendimento no monocultivo foi o mesmo do consórcio (Tabelas 3 e 4).

Os baixos rendimentos observados para o híbrido CMSXS 756 em condição de monocultivo 5708 e 3176kg/ha para massa verde e matéria seca respectivamente, devem-se a sua má adaptação na região em decorrência de menor porte, precocidade e alta exigência em fertilidade. Conforme pode-se observar, em média foi o híbrido que apresentou maior teor de matéria seca, 55,64%, mas de baixo rendimento forrageiro.

Rendimento de Proteína Bruta Total

Essa característica foi influenciada significativamente pelas fontes de variação corte, híbridos de sorgo, entre monocultivo e pelo contraste consórcio versus monocultivo (Tabela 2).

Ao contrário do que ocorreu com o rendimento de massa verde e matéria seca total, para a proteína bruta total a contribuição do consórcio é relevante. Neste sistema, em média, o consórcio superou o monocultivo em 61,43% (427kg/ha). Dentro do sistema consorciado, levando em consideração a média dos dois sistemas, constata-se superioridade do sistema de dois cortes de 13,92% (146kg/ha) em relação ao primeiro sistema, devido, em grande parte, ao maior rendimento da cultivar Doko RC que apresentou a maior rebrota dentre as cultivares de soja, contribuindo, dessa forma, para o maior rendimento de proteína bruta no sistema de dois cortes (Tabela 5). Destaca-se, mais uma vez, a importância do consórcio da leguminosa na adição de proteína à forragem, melhorando seu valor nutritivo, fato esse constatado por vários autores (EVANGELISTA, 1986; OLIVEIRA, 1989; LIMA, 1992 e SOOD & SHARMA, 1992).

No sistema de um corte, todas as combinações de consórcio superaram o monocultivo dos respectivos híbridos de sorgo, à exceção da combinaçã o AG 2002 x CAC-1 que no sistema de um corte apresentou rendimento inferior (938kg/ha), porém não significativo em relação ao monocultivo desse híbrido (1.021kg/ha). Nesse sistema, os maiores rendimentos significativos foram verificados com as combinações UFV-16 x AG 2002 (1.392kg/ha) e CAC-1 x AG 2006 (1.261kg/ha) que superaram o monocultivo dos respectivos híbridos em 36,33% (371kg/ha) e 42,48% (376kg/ha).

No sistema de dois cortes, todas combinações de consórcio superaram o monocultivo dos híbridos de sorgo. Aumentos significativos somente não foram obtidos com o híbrido AG 2002 e com a utilização do híbrido AG 2006 x UFV-16. Os maiores rendimentos foram obtidos com as combinações Doko RC com os hí bridos AG 2006 (1.538kg/ha) e BR 601 (1.480kg/ha), superando os respectivos monocultivos em 73,79% (653kg/ha) e 128,04% (831kg/ha) e também em 50,64% (517kg/ha) e 44,96% (459kg/ha), em relação ao monocultivo do AG 2002 de maior rendimento (Tabela 5).

Em monocultivo, o híbrido AG 2002 destaca-se novamente com um rendimento de 1.021kg/ha, seguido pelo AG 2006 (885kg/ha), BR 601 (649kg/ha) que não diferiram entre si e pelo CMSXS 756 (227kg/ha). Pereira et al. (1993) obtiveram rendimentos de 1,08t/ha de proteína bruta para o híbrido AG 2002 e 1,34t/ha para o AG 2004, sendo superiores aos rendimentos obtidos neste ensaio.

CONCLUSÕES

O sistema de um corte é superior ao de dois cortes em termos de rendimentos de massa verde e matéria seca. No caso da proteína bruta total, a superioridade é observada em favor do sistema de dois cortes.

A utilização do consórcio proporcionou maior rendimento de proteína bruta total quando comparado ao monocultivo. As combinações UFV-16 x AG 2002 e CAC-1 x AG 2006 são as de maior destaque para o sistema de um corte. No sistema de dois cortes, sobressairam-se Doko RC x AG 2006 e DOKO RC x BR 601.

Em condição de monocultivo e consórcio, o híbrido de sorgo que proporciona maior rendimento de massa verde, matéria seca e proteína bruta total é o AG 2002.

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  • 1
    Extraído da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia, do primeiro autor, realizada na Universidade Federal de Lavras (UFL).
    2
    Engenheiro Agrônom, Pós-graduando do Departamento de Agricultura da UFL, Caixa Postal 37, 37200-000. Lavras, MG.
    3
    Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq). Autor para correspondência.
    4
    Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Agricultura da UFL, (Bolsista do CNPq).
    5
    Engenheiro Agrônmo, Doutor, Professor Titular do Departamento de Zootecnia da UFL, (Bolsista do CNPq).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Ago 2006
    • Data do Fascículo
      Dez 2000
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