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Substratos alternativos ao xaxim e adubação de plantas de orquídea na fase de aclimatização

Alternative substrates to xaxim and fertilization on orchids plantlets acclimatization phase

Resumos

Objetivou-se estudar substratos e adubação em plantas de orquídea da espécie C. loddgesii "Alba" x C. loddgesii "Atibaia". Plantas oriundas de cultivo in vitro foram transplantadas para bandejas coletivas contendo pó de xaxim e aclimatizadas em casa de vegetação. Após seis meses, quando as plantas tinham de 3,0 a 5,0cm de comprimento, foram transferidas para bandejas de plástico com 24 células de 150cm³ cada contendo os substratos brita no 0, casca de arroz carbonizada (CAC), xaxim desfibrado e fibra de piaçava e submetidas a adubações semanais com Biofert Plus® (5,0mL L-1), Dyna-Grow® (2,5mL L-1) e formulação elaborada. Após 12 meses, verificou-se que os melhores substratos para plantas da orquídea C. loddgesii "Alba" x C. loddgesii "Atibaia" são casca de arroz carbonizada e fibra de piaçava, e melhores respostas à adubação são obtidas com o adubo foliar Biofert Plus®.

C. loddgesii "Alba" x C. loddgesii "Atibaia"; substratos; nutrição


This paper was aimed at studing different substrates and fertilization for the development of C. loddgesii 'Alba' x C. loddgesii 'Atibaia' orchid species. Seedlings from in vitro culture were transplanted to plastic trays containing xaxim powder. After 6-months of acclimatization inside a greenhouse, plantles measuring beetwen 3.0 to 5.0cm length were transferred to 24 cell trays with a volume of 150cm³. Four substrates were tested (broken stone number 0, carbonized rice hulls, defibered xaxim and piassava fiber with tree different fertilizations (Biofert Plus®, Dyna Grow® and a specific formulation developed for this work). Pure water was tested as control. After 12-months of growth the best treatments for the acclimatization of in vitro produced C. loddgesii 'Alba' x C. loddgesii 'Atibaia' orchid plantlets were carbonized rice hulls or piassava fiber substrates combined with leaf fertilizer Biofert Plus®.

C. loddgesii 'Alba' x C. loddgesii 'Atibaia'; substrates; fertilization


NOTA

FITOTECNIA

Substratos alternativos ao xaxim e adubação de plantas de orquídea na fase de aclimatização

Alternative substrates to xaxim and fertilization on orchids plantlets acclimatization phase

Aparecida Gomes de Araujo

I; Moacir Pasqual

I,

1 1 Autor para correspondência. ; Leonardo Ferreira Dutra

II; Janice Guedes de Carvalho

III; Gustavo de Araújo Soares

IV

IDepartamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras (UFLA), CP 3037, 37200-000, Lavras, MG, Brasil. E-mail: mpasqual@ufla.br

IIEmbrapa Florestas, CP 319, 83411-000, Colombo, PR, Brasil

IIIDepartamento de Ciências do Solo, UFLA, Lavras, MG, Brasil

IVUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

RESUMO

Objetivou-se estudar substratos e adubação em plantas de orquídea da espécie C. loddgesii “Alba” x C. loddgesii “Atibaia”. Plantas oriundas de cultivo in vitro foram transplantadas para bandejas coletivas contendo pó de xaxim e aclimatizadas em casa de vegetação. Após seis meses, quando as plantas tinham de 3,0 a 5,0cm de comprimento, foram transferidas para bandejas de plástico com 24 células de 150cm3 cada contendo os substratos brita no 0, casca de arroz carbonizada (CAC), xaxim desfibrado e fibra de piaçava e submetidas a adubações semanais com Biofert Plus® (5,0mL L-1), Dyna-Grow® (2,5mL L-1) e formulação elaborada. Após 12 meses, verificou-se que os melhores substratos para plantas da orquídea C. loddgesii “Alba” x C. loddgesii “Atibaia” são casca de arroz carbonizada e fibra de piaçava, e melhores respostas à adubação são obtidas com o adubo foliar Biofert Plus®.

Palavras-chave:C. loddgesii “Alba” x C. loddgesii “Atibaia”, substratos, nutrição.

ABSTRACT

This paper was aimed at studing different substrates and fertilization for the development of C. loddgesii 'Alba' x C. loddgesii 'Atibaia' orchid species. Seedlings from in vitro culture were transplanted to plastic trays containing xaxim powder. After 6-months of acclimatization inside a greenhouse, plantles measuring beetwen 3.0 to 5.0cm length were transferred to 24 cell trays with a volume of 150cm3. Four substrates were tested (broken stone number 0, carbonized rice hulls, defibered xaxim and piassava fiber with tree different fertilizations (Biofert Plus®, Dyna Grow® and a specific formulation developed for this work). Pure water was tested as control. After 12-months of growth the best treatments for the acclimatization of in vitro produced C. loddgesii 'Alba' x C. loddgesii 'Atibaia' orchid plantlets were carbonized rice hulls or piassava fiber substrates combined with leaf fertilizer Biofert Plus®.

Key words:C. loddgesii 'Alba' x C. loddgesii 'Atibaia', substrates, fertilization.

O xaxim, substrato preferido pela maioria dos orquidófilos brasileiros, é formado pelas raízes adventícias de algumas samambaias das famílias Dicksoniaceae e Cyatheaceae. É considerado excelente para o cultivo de orquídeas, pois retém grande quantidade de água, conservando-se úmido por longo tempo (SILVA, 1986). No Brasil, as plantas fornecedoras de xaxim, como a samambaiaçu (Dicksonia sellowiana Hook), devido ao extrativismo desenfreado, estão na lista de plantas ameaçadas de extinção do IBAMA, visto que essas plantas levam de 15 a 18 anos para atingir o estádio ideal para a extração e, na atualidade, não existe plantio visando à produção comercial (LORENZI & SOUSA, 1996).

Dessa forma, deve-se buscar substratos alternativos, com propriedades próximas às do xaxim e que promovam bom desenvolvimento das plantas. No Brasil, há vários materiais com potencial de uso como substratos; entretanto, a falta de testes e informações limitam sua exploração (BACKES & KÄMPF, 1991). Segundo SILVA (1986), existem inúmeros substratos que podem ser utilizados para o cultivo de orquídeas, como raízes de Polypodium, fibra e raízes de Osmunda regalis (samambaia-real), casca de barbatimão, casca de pínus, fibra de coco e argila expandida. Somam-se a esses, outros substratos com potencial de utilização como casca de arroz carbonizada (CAC), pedra britada e fibra de piaçava.

São escassas as pesquisas com nutrição mineral em orquídeas; entretanto, elas necessitam dos mesmos nutrientes que as demais espécies para o seu desenvolvimento normal. Adubos inorgânicos fortalecem as plantas contra doenças e pragas, auxiliando na produção de flores. A aplicação deve ser feita por meio de pulverização foliar e assim que iniciar a abertura das flores, deve-se suspender a adubação, pois essas poderão ficar manchadas (PAULA & SILVA, 2001).

Objetivou-se testar adubos foliares e substratos no crescimento de plantas de orquídea Cattleya loddgesii “Alba” x Cattleya loddgesii “Atibaia”.

Plântulas oriundas de cultivo in vitro, foram transplantadas para bandejas coletivas contendo pó de xaxim e aclimatizadas em casa de vegetação até sua completa adaptação. Decorridos seis meses, quando tinham de 3,0 a 5,0cm de comprimento, foram transferidas para bandejas de plástico com 24 células de 150cm3 cada contendo os substratos brita no 0, CAC, xaxim desfibrado e fibra de piaçava e submetidas a adubações foliares semanais com Biofert Plus® (8-9-9), Dyna-Grow® (10-5-5) e formulação elaborada [Solução A - Sulfato ferroso amoniacal (0,5g L-1); Solução B- Melaço (0,5g L-1), Uréia (0,4g L-1), ZnSO4 (0,2g L-1), H3BO3 (0,1g L-1), KCl (0,3g L-1), KH2PO4 (0,5g L-1); Solução C- MAP (0,4g L-1), Molibdato de amônio (0,05g L-1), Uréia (0,2g L-1), KCl (0,3g L-1), Melaço (0,5g L-1); Solução C - KCl (0,05g L-1), Ca (NO3)2 4H2O (0,4g L-1), KH2PO4 (0,2g L-1), Uréia (0,2g L-1), Melaço (0,3g L-1), MgSO4 7H2O (0,4g L-1), MnSO4 4H2O (0,1g L-1), CuSO4 5H2O (0,1g L-1)], que foi aplicada na seqüência solução A, B, A, C, A, D... A testemunha constou de pulverização com água destilada. As dosagens utilizadas nas aplicações foliares seguiram a recomendação de cada fabricante. O tempo de permanência das plantas em casa de vegetação foi de 12 meses. Foram feitas três pulverizações utilizando o fungicida Benomyl (2g L-1 do produto comercial Benlate®) e a irrigação foi feita de acordo com as condições de umidade do substrato, baseando-se em avaliação visual.

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 4x4, com quatro repetições e seis plântulas por parcela. Os dados foram comparados por meio do teste de médias de Scott-Knott.

Maior número de folhas foi observado quando foram utilizadas a brita e a fibra de piaçava como substrato e as plantas adubadas com Biofert Plus®. A adubação com o Dyna-Grow® promoveu melhor resultado quando se utilizou a fibra de piaçava e o xaxim desfibrado. As plantas adubadas com a formulação elaborada e a testemunha obtiveram as mesmas respostas, independentemente do substrato utilizado. O Biofert Plus® proporcionou maior número de folhas quando as plantas foram cultivadas em brita, fibra de piaçava e CAC, em relação aos demais. As plantas cultivadas no xaxim desfibrado não apresentaram diferenças entre os diferentes adubos, assim como a testemunha (Tabela 1).

A adubação com Biofert Plus® proporcionou maior número de raízes, matéria fresca de plantas e comprimento da parte aérea em relação às demais formulações e à testemunha (Tabela 2).

Tanto a fibra de piaçava quanto a CAC proporcionaram maior comprimento de raízes e da parte aérea (Tabela 3).

Os melhores resultados verificados quando as plantas foram adubadas com Biofert Plus® podem ser devidos ao fato de este ter uma composição mais equilibrada em relação às demais formulações. Sua forma líquida e composição balanceada permitem a imediata absorção pelas folhas e raízes (Adubo líquido Biofert-250 mL).

Com relação aos substratos, os melhores resultados foram encontrados quando se utilizou a fibra de piaçava ou CAC. A baixa retenção de água propiciada por esses substratos, em função de sua alta porosidade, com boa relação entre água e ar, impede o apodrecimento das raízes, permitindo melhor desenvolvimento das plantas. CAC possui valor de pH próximo à neutralidade, é rica em minerais, CTC baixa, possibilitando assim maior quantidade de nutrientes em solução. Além disso, tem sido descrita como excelente condicionador de substratos (KÄMPF, 2000). Segundo KÄMPF & JUNG (1991), é um resíduo facilmente disponível e produzido em alta quantidade no Rio Grande do Sul. A fibra de piaçava tem boa durabilidade e, ao mesmo tempo, baixo nível de desintegração, pouco fornecimento de nutrientes e baixa capacidade de retenção de água. É recomendada para orquídeas que não requerem muita umidade, como as Cattleyas. Em contrapartida, a brita, apesar de ter baixa retenção de água, não favorece o crescimento radicular, principalmente por ser muito compacta, prejudicando o crescimento e promovendo a formação de raízes anormais (achatadas), enquanto o xaxim desfibrado possui alta capacidade em reter água, o que favorece o apodrecimento de raízes.

Pesquisando substratos alternativos para Oncidium sarcodes e Schomburgkia crispa, REGO et al. (2000) e, para Oncidium baueri e Maxillaria consangüínea, FARIA et al. (2001) concluíram que o xaxim pode ser perfeitamente substituído por outros substratos.

Em função dos resultados obtidos, visando à substituição do xaxim desfibrado, pode-se utilizar CAC ou fibra de piaçava na aclimatização de orquídeas da espécie Cattleya loddgesii “Alba” x Cattleya loddgesii “Atibaia” oriundas da micropropagação e adubadas com o adubo foliar Biofert Plus®.

Recebido para publicação 31.08.05

Aprovado em 30.08.06

  • Adubo líquido Biofert- 250 mL Capturado em 20 jan. 2004. On line. Disponível na internet: http://www.bonsaibrasil.com.br/index.php?area=descricao&secao=insumo&vid=92
  • BACKES, M.A.; KÄMPF, A.N. Substrato à base de composto de lixo urbano para a produção de plantas ornamentais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.26, n.5, p.753-758, 1991.
  • FARIA, R.T. et al. Performance of differents genotypes of brazilian orchid cultivation in alternatives substrates. Brazilian Archives of Biology and Tecnology, v.44, n.4, p.337-342, 2001.
  • KÄMPF, A.N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KÄMPF, A.N.; FERMINO, M.H. (Ed). Substrato para plantas - a base da produção vegetal em recipientes Porto Alegre: Genesis, 2000. p.139-145.
  • KÄMPF, A.N.; JUNG, M. The use of carbonized rice hulls as an horticultural substrate. Acta Horticulturae, v.294, p.271-281, 1991.
  • LORENZI, H.; SOUSA, H.M. Plantas ornamentais no Brasil Nova Odessa: Plantarum, 1996. v.1, 650p.
  • PAULA, C.C.; SILVA, H.M.P. Cultivo prático de orquídeas 2.ed. Viçosa: UFV, 2001. 63p.
  • REGO, L.V. et al. Desenvolvimento vegetativo de genótipos de orquídeas brasileiras em substratos alternativos ao xaxim. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, v.6, n.1-2, p.75-79, 2000.
  • SILVA, W. O cultivo de orquídeas no Brasil Campinas, SP: Nobel, 1986. 96p.
  • 1
    Autor para correspondência.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      25 Jun 2007
    • Data do Fascículo
      Abr 2007

    Histórico

    • Aceito
      30 Ago 2006
    • Recebido
      31 Ago 2005
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