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Produção de cordeiros em pastejo contínuo de azevém anual submetido à adubação nitrogenada

Production of lambs under continuous ryegrass grazing subjected to nitrogen

Resumos

Neste trabalho, avaliou-se o efeito da adubação nitrogenada do pasto de azevém (Lolium multiflorum Lam.) sobre a produção de cordeiros de corte mantidos em pastejo contínuo. O pasto foi implantado em plantio direto, em área de integração lavoura-pecuária. A adubação de fundação foi realizada com 60kg P2O5 ha-1 e 60kg K²O ha-1. Os tratamentos corresponderam às doses 0; 75; 150 e 225kg de N ha-1, na forma de ureia (45% de N), em cobertura, 35 dias após o plantio. O período de avaliação foi de 84 dias. A oferta de forragem foi influenciada de forma quadrática pelas doses de N, com menor disponibilidade para 182,75kg de N ha-1; no entanto, a oferta de lâminas foliares não foi influenciada pelas doses de N (3,8kg de massa de forragem de folhas/100kg de PV), nem o ganho de peso médio diário, com média 0,133kg de PV an-1 dia-1. Para carga animal e ganho de peso por área as doses de N proporcionaram aumento de 3,0kg de PV ha-1 e 1,1kg de PV ha-1, respectivamente por kg de N aplicado. A adubação nitrogenada proporcionou aumentos na carga animal, o que resulta no aumento de kg de carne produzidos nesse sistema.

carga animal; ganho de peso; integração lavoura-pecuária; ovinos; ureia


It was evaluated the effect of nitrogen fertilization in ryegrass pasture (Lolium multiflorum Lam.) on the production of meat lamb under continuous grazing. Ryegrass pasture was established under no-tillage cropping in area of animal-crop integration system. The fertilization was held with 60kg of P2O5 ha-1 and 60kg of K²O ha-1. The treatments corresponded to the doses 0; 75; 150 e 225kg of N ha-1, in the urea form (45% de N) in single application, 35 days after seeding. The evaluation period was of 84 days. The forage was influenced quadratic ally by N rates, with minimum point at 182.75kg of N ha-1. However, the supply of leaf blades (LFM) was not influenced by doses of N (3.8kg LFM 100kg-1 live weight) or by the average daily weight gain, averaging 0.133 kg of LW an day. For stocking rate and live weight gain per area the doses of N increased 3.0 kg of LW-1 ha-1 and 1.1kg of LW ha-1, respectively for each kg of N applied. Nitrogen fertilization provides increases in animal productivity which results in increase kg of meat produced in this system.

stocking rate; weight gain; animal-crop integration system; lambs; urea


ARTIGOS CIENTÍFICOS

PRODUÇÃO ANIMAL

Produção de cordeiros em pastejo contínuo de azevém anual submetido à adubação nitrogenada

Production of lambs under continuous ryegrass grazing subjected to nitrogen

Luiz Giovani de PellegriniI,1 1 Autor para correspondência. ; Alda Lúcia Gomes MonteiroII; Mikael NeumannIII; Aníbal de MoraesII; Amadeu Bona FilhoII; Marcelo Beltrão MolentoIV; Ana Carolina Ribeiro Sanquetta de PellegrinV

ISetor de Zootecnia, Instituto Federal Farroupilha (IFF), Campus Júlio de Castilhos, Júlio de Castilhos, RS, Brasil. Endereço para correspondência: Av. Ângelo Bolson, 456, Ap. 301, 97070-000, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: depellegrini@yahoo.com.br

IIPrograma de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil

IIIPrograma de Pós-graduação em Produção Vegetal, Universidade Estadual do Centro-oeste (UNICENTRO), Guarapuava, PR, Brasil

IVPrograma de Pós-graduação em Medicina Veterinária, UFPR, Curitiba, PR, Brasil

VPrograma de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil

RESUMO

Neste trabalho, avaliou-se o efeito da adubação nitrogenada do pasto de azevém (Lolium multiflorum Lam.) sobre a produção de cordeiros de corte mantidos em pastejo contínuo. O pasto foi implantado em plantio direto, em área de integração lavoura-pecuária. A adubação de fundação foi realizada com 60kg P2O5 ha-1 e 60kg K2O ha-1. Os tratamentos corresponderam às doses 0; 75; 150 e 225kg de N ha-1, na forma de ureia (45% de N), em cobertura, 35 dias após o plantio. O período de avaliação foi de 84 dias. A oferta de forragem foi influenciada de forma quadrática pelas doses de N, com menor disponibilidade para 182,75kg de N ha-1; no entanto, a oferta de lâminas foliares não foi influenciada pelas doses de N (3,8kg de massa de forragem de folhas/100kg de PV), nem o ganho de peso médio diário, com média 0,133kg de PV an-1 dia-1. Para carga animal e ganho de peso por área as doses de N proporcionaram aumento de 3,0kg de PV ha-1 e 1,1kg de PV ha-1, respectivamente por kg de N aplicado. A adubação nitrogenada proporcionou aumentos na carga animal, o que resulta no aumento de kg de carne produzidos nesse sistema.

Palavras-chave: carga animal, ganho de peso, integração lavoura-pecuária, ovinos, ureia.

ABSTRACT

It was evaluated the effect of nitrogen fertilization in ryegrass pasture (Lolium multiflorum Lam.) on the production of meat lamb under continuous grazing. Ryegrass pasture was established under no-tillage cropping in area of animal-crop integration system. The fertilization was held with 60kg of P2O5 ha-1 and 60kg of K2O ha-1. The treatments corresponded to the doses 0; 75; 150 e 225kg of N ha-1, in the urea form (45% de N) in single application, 35 days after seeding. The evaluation period was of 84 days. The forage was influenced quadratic ally by N rates, with minimum point at 182.75kg of N ha-1. However, the supply of leaf blades (LFM) was not influenced by doses of N (3.8kg LFM 100kg-1 live weight) or by the average daily weight gain, averaging 0.133 kg of LW an day. For stocking rate and live weight gain per area the doses of N increased 3.0 kg of LW-1 ha-1 and 1.1kg of LW ha-1, respectively for each kg of N applied. Nitrogen fertilization provides increases in animal productivity which results in increase kg of meat produced in this system.

Key words: stocking rate, weight gain, animal-crop integration system, lambs, urea.

INTRODUÇÃO

A produção de carne ovina é uma alternativa para diversificação da produção e da rentabilidade das propriedades em todas as regiões do Brasil. A realidade, na maioria das propriedades da região Sul, é o sistema tradicional, no qual os ovinos são criados quase exclusivamente em pastagens, com baixo investimento, ou em áreas marginais degradadas, o que ocasiona baixos níveis de produtividade, principalmente pela sazonalidade da produção de forragens nesses ecossistemas pastoris.

Uma das alternativas para melhorar a disponibilidade e o desenvolvimento dos cordeiros é o uso de pastos cultivados no inverno. O azevém (Lolium multiflorum Lam.) é uma das espécies forrageiras mais utilizadas com essa finalidade, consistindo em uma gramínea de crescimento inverno-primaveril que produz forragem de elevado valor nutritivo para a produção de cordeiros, os quais são animais com exigências nutricionais elevadas e seletivos. Vale salientar que o desempenho, sendo dependente da pastagem em que os animais se encontram, também está relacionado com a interação entre a desfolha, e as características morfogênicas e fenológicas das plantas e da utilização de nutrientes, em especial o N (PARSONS & CHAPMAN, 2000).

A adubação nitrogenada dos pastos pode influenciar o desempenho animal por meio de modificações nas características qualitativas e de fatores não nutricionais (variáveis morfogênicas) relacionados ao consumo da forragem (HERINGER & MOOJEN, 2002). Segundo SOARES & RESTLE (2002) o desempenho individual dos animais não é influenciado pelas diferentes doses de adubação nitrogenada aplicadas em pasto de azevém, em função da qualidade nutricional dessa gramínea estar acima das exigências destes. O maior benefício da intensificação da adubação nitrogenada é o aumento no ganho animal por área, em razão do incremento das doses de nitrogênio favorecer o aumento no acúmulo de massa de forragem e consequentemente a maior capacidade de suporte da pastagem (ASSMANN et al., 2004).

No Brasil, muitas pesquisas têm sido realizadas sobre o uso da adubação nitrogenada em espécies forrageiras anuais de verão e de inverno, sendo a maioria das avaliações realizadas em sistemas de produção de bovinos. Porém, estudos sobre a produtividade de cordeiros em terminação em pastos de inverno, considerando diferentes intensidades de fertilização nitrogenada como recurso, são menos frequentes. A busca pelo aumento da eficiência produtiva e econômica de ovinos para carne e a tentativa de minimizar os entraves da atividade, a estacionalidade reprodutiva e a falta de escala de produção justificariam a investigação da adubação nitrogenada como ferramenta de manejo. Assim, foram estudados os efeitos da adubação nitrogenada em pastagem de azevém sobre a produtividade de cordeiros de corte em terminação.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada na Universidade Estadual do Centro-oeste, em Guarapuava-Paraná. O clima é o Cfb (Subtropical Mesotérmico Úmido), sem estação seca, com verões frescos e inverno moderado conforme a classificação de Köppen, em altitude de aproximadamente 1.100m, precipitação média anual de 1.944mm, temperaturas médias anuais mínima de 12,7°C e máxima de 23,5°C e umidade relativa do ar de 77,9%. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Bruno Aluminoferrico Típico (EMBRAPA, 2006), com as seguintes características: pH CaCl2 0,01 M: 4,7; P: 1,1mg dm-3; K+: 0,2cmolc dm-3; MO: 2,62%; Al3+: 0,0cmolc dm-3; H+ + Al3+: 5,2cmolc dm-3; Ca2+: 5,0cmolc dm-3; Mg2+: 5,0cmolc dm-3 e saturação de bases: 67,3%.

A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam.) foi implantada em junho de 2006, em sistema de plantio direto, após aplicação do herbicida gliphosate (360g L-1). No plantio do azevém, o espaçamento entre linhas foi de 15cm, a profundidade de semeadura foi de 0,4cm e a densidade de semeadura foi de 45kg de sementes ha-1.

Os tratamentos consistiram das doses 0; 75; 150 e 225kg de nitrogênio (N) ha-1, na forma de ureia (45% de N). Procedeu-se à adubação de fundação quando foi realizada a semeadura da pastagem com 60kg P2O5 ha-1 e 60kg K2O ha-1, conforme COMISSÃO ... (1995). Após 35 dias da semeadura, correspondendo ao início do perfilhamento das plantas, realizou-se a aplicação da adubação nitrogenada em cobertura na forma de ureia.

O experimento teve duração de 90 dias, sendo seis dias para adaptação dos animais ao pasto e às instalações e 84 dias para avaliação. A área total do experimento foi de 3,1ha, sendo 0,5ha destinados à manutenção de animais reguladores e 2,64ha subdivididos em três blocos com 0,88ha; cada bloco foi dividido em quatro piquetes com 0,22ha. Assim, dispunha-se de 12 unidades experimentais, cada uma com um lote de animais, em delineamento experimental em blocos ao acaso, composto por quatro tratamentos, com três repetições.

Foram utilizados 72 ovinos desmamados, com idade média de dois meses e peso vivo inicial de 24,7±0,57kg, distribuídos aleatoriamente nos tratamentos de acordo com peso e sexo. Cada lote foi constituído por dois ovinos machos castrados, dois machos não castrados e duas fêmeas. Procedeu-se à vermifugação dos animais à base de ivermectina e pesados em jejum de sólidos de 14h, antes de entrarem na área experimental.

Os animais foram distribuídos em 12 lotes com seis cordeiros (animais testes) mantidos em azevém, em lotação contínua com carga variável, em 12 piquetes de 0,22ha. A lotação contínua foi adotada por intermédio da técnica put-and-take (MOOT & LUCAS, 1952), sendo utilizado seis cordeiros testes e número variável de reguladores por piquete, com o objetivo de manter a altura do pasto entre 14 e 15cm, seguindo recomendações de PONTES et al. (2004). Os ajustes da lotação foram feitos em intervalos de três dias, considerando-se a relação entre altura e massa de forragem, segundo CARVALHO et al. (2001).

A massa de forragem foi determinada a cada 21 dias, por meio da técnica de dupla amostragem (GARDNER, 1986), em que se efetuou o corte de duas amostras (0,25m2) para 15 avaliações visuais, por piquete. A taxa de acúmulo foi obtida pela técnica do triplo emparelhamento (MORAES et al., 1990). Com a observação do hábito de pastejo, foi coletada manualmente a amostra (hand plucking) (BURNS et al., 1989) e depois de realizada a coleta analisaram-se a proteína bruta, conforme AOAC (1995), a fibra insolúvel em detergente neutro e a fibra insolúvel em detergente ácido, de acordo com VAN SOEST et al. (1991).

A oferta de forragem (OF) foi obtida pela divisão da massa de forragem disponível (massa de forragem/número de dias do período + taxa de acúmulo) pela carga animal, com posterior multiplicação por 100 e a oferta de lâminas foliares (OFLF) foi determinada dividindo-se a massa de lâminas foliares (massa de forragem x porcentagem de lâminas foliares) pela carga animal e multiplicando-se por 100 (ROMAN et al., 2007).

Os animais foram pesados no início e no final do período experimental, mediante jejum de sólidos e líquidos de 14h. O ganho de peso médio diário (GMD) foi obtido pela diferença de peso dos animais testes entre o início e final do período experimental, dividido por 84 dias e expresso em kg dia-1 (PELLEGRINI et al., 2006).

A carga animal foi obtida pelo somatório dos pesos de todos os animais presentes em cada piquete dividido pela área de cada piquete, sendo expresso em kg PV ha-1 (PELLEGRINI et al., 2006). Para o cálculo do ganho de peso por área, a carga animal foi dividida pelo peso médio dos animais testes, e o resultado foi multiplicado pelo GMD.

Os dados coletados para cada variável foram submetidos à analise da variância, a 5% de significância, por intermédio do PROC GLM, e à analise de regressão (PROC REG), por intermédio do pacote estatístico SAS (1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A permanência dos animais testes, associada à lotação de animais reguladores na pastagem, determinou a massa de forragem média de 2.143,6±296,4kg ha-1. A massa de folhas, a participação de folhas, a taxa de acúmulo e a produção total de massa de forragem aumentaram linearmente na ordem de 1,28kg de MS ha-1, 0,02%, 0,18kg de MS ha-1 dia-1 e 15,83kg de MS ha-1, respectivamente, por kg de N aplicado (Tabela 1).

Os componentes das plantas (colmo, panícula e material senescente), bem como a composição bromatológica da forragem quanto aos teores de proteína bruta (PB), fibra detergente ácido (FDA) e fibra detergente neutro (FDN) não sofreram influência (P>0,005) das doses de N, com médias de 36,1±1,7%, 11,3±1,6%, 23,5±2,1%, 21,2±0,4%, 25,9±0,5%, 54,9±0,8%, respectivamente (Tabela 1). No caso dos componentes das plantas, o alto coeficiente de variação (entre 25 a 135%) pode ter decorrido da variação na estrutura do pasto resultante do pastejo e das doses de N aplicadas. A não ocorrência de efeito (P>0,005) das doses de N sobre a qualidade do pasto pode ser decorrente da técnica de amostragem por simulação de pastejo, pois os ovinos em atividade de pastejo preferem folhas a colmo ou material senescente e consomem as partes mais nutritivas das plantas.

A oferta de forragem (OF) foi influenciada de forma quadrática (P=0,0042) pelas doses de N, com menor disponibilidade para 182,75kg de N ha-1; no entanto, a oferta de lâminas foliares não foi influenciada (P>0,05) pelas doses de N, com média 3,83kg de massa de forragem 100kg-1 de PV (Tabela 2). Isso representa oferta entre 3,2 a 5,7 vezes o consumo estimado pelo NRC (2007) para a categoria animal utilizada (2,7 a 3,5% PV), dentro da faixa considerada ótima para maximização do consumo (ROMAN et al., 2007). FRESCURA et al. (2005) citam que, em gramíneas temperadas, para que não haja limitação do consumo e consequentemente redução no desempenho de cordeiros, a oferta de forragem deve ser, no mínimo, três vezes o valor do consumo estimado.

Apesar da massa de forragem, taxa de acúmulo e carga animal terem apresentado comportamento linear positivo, a oferta de forragem, resultante da combinação desses parâmetros, apresentou comportamento quadrático, em razão da variação do valor observado entre as diferentes doses de N para a massa de forragem.

FRESCURA et al. (2005) acreditam que o consumo por cordeiro é maximizado com massa de forragem entre 1.000 e 1.200kg de MS ha-1. FREITAS (2003) acredita que a massa de forragem deve estar próxima a 1.800kg de MS ha-1. Já ROMAN et al. (2007) afirmam que massa de forragem entre 1.100 e 1.800kg de MS ha-1 não limita consumo e possibilita o mesmo ganho de peso vivo por hectare, com similar eficiência de transformação da forragem em produto animal. Nesse sentido, a restrição de consumo pode ser determinada por características relacionadas à estrutura do pasto e massa de forragem ofertada (CARVALHO et al., 2009), o que não é de se esperar que ocorra nesta pesquisa, pois o valor médio de massa de forragem ofertada foi de 2.143kg de MS ha-1.

O ganho de peso médio diário (GMD) não foi influenciado (P>0,05) pelas doses de N, com média 0,133kg dia-1. A qualidade da dieta oferecida pela pastagem (Tabela 1), a elevada produção de forragem (Tabela 1) e a adequada oferta de forragem, principalmente de lâminas foliares do azevém que justamente encontram-se na média dos valores citados pelo NRC (2007) para consumo por ovinos em pastejo (Tabela 2), favoreceram a padronização do desempenho individual dos animais.

FREITAS (2003) testou quatro doses de N em pastagem de azevém com ovelhas com cria ao pé e não encontrou diferença para GMD dos cordeiros com valores de 0,233; 0,241; 0,247 e 0,259kg dia-1 para as doses de 25, 100, 175 e 325kg de N ha-1, respectivamente. Os elevados GMD dos cordeiros obtidos por FREITAS (2003) são justificados pela elevada habilidade materna das mães, sendo possível afirmar que estes apresentaram altos desempenhos em detrimento do balanço energético negativo das matrizes. Essa situação é contrária ao que se trabalhou neste experimento, sendo utilizados cordeiros desmamados, o que proporcionou menores ganhos, de acordo com RIBEIRO et al. (2009).

A carga animal aumentou na proporção de 3,01kg de PV ha-1 por kg de N aplicado, em decorrência do aumento da taxa de acúmulo de massa de forragem com o aumento das doses de N (Tabela 2). O incremento nas doses de N proporcionou aumentos de 90,8; 62,6 e 42,3% na carga animal para as doses de 225, 150 e 75kg de N ha-1 de N em relação ao pasto sem dose de N, resultados bastante interessantes do ponto de vista de eficiência de uso do pasto. A carga animal é o parâmetro mais influenciado pela adubação nitrogenada, em razão do aumento da taxa de acúmulo de massa de forragem, o que proporciona maior capacidade de suporte da pastagem, permitindo aumentar o número de animais e o ganho por área (CARASSAI et al., 2008; ASSMANN et al., 2004; SOARES & RESTLE, 2002).

Vários trabalhos de pesquisa (MOOJEN et al., 1999; LUGÃO et al., 2001) mostram resultados conflitantes quanto a modificações no desempenho por animal em virtude da adubação nitrogenada, embora a maioria demonstre a não interferência do N no GMD (CARASSAI et al., 2008; ASSMANN et al., 2004; SOARES & RESTLE, 2002).

SOARES & RESTLE (2002) e ASSMANN et al. (2004) afirmam que a uniformidade da produção de massa de forragem durante o período de utilização da pastagem é tão importante quanto a produção total, pois facilita o manejo da pastagem, por não necessitar de grandes variações na carga animal. Esse resultado é reforçado com os valores encontrados no presente experimento, com a maior dose de N para os parâmetros carga animal e número de animais.

A produtividade animal por área apresentou aumento de 1,11kg de peso ganho ha-1 por kg de N aplicado no pasto (Tabela 2), acompanhando também a resposta da produção total de forragem (Tabela 1). MARTINS et al. (2000) e SOARES & RESTLE (2002) também justificaram o aumento linear no ganho de peso por área em função da produtividade de forragem da pastagem.

CONCLUSÃO

A adubação nitrogenada na pastagem de azevém pode ser sugerida para a produção de carne de ovinos, em razão de possibilitar intensa melhoria na produtividade animal por área, oportunizando aumento no número de cordeiros terminados.

Recebido para publicação 14.09.08

Aprovado em 11.05.10

Devolvido pelo autor 09.06.10

CR- 1121

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  • 1
    Autor para correspondência.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Jul 2010
    • Data do Fascículo
      Jun 2010

    Histórico

    • Recebido
      14 Set 2008
    • Aceito
      11 Maio 2010
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