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Kit comercial de ELISA® para a detecção de coproantígenos e exame coproparasitológico em bovinos com fígados condenados por fasciolose

Commercial ELISA® kit for detection of coproantigen and coproparasitological method in bovine livers with fascioliasis convicted

Resumos

Objetivou-se com o presente estudo comparar um kit comercial de ELISA para a detecção de coproantígenos e um exame coproparasitológico de sedimentação utilizando-se como padrão ouro o diagnóstico da inspeção de fígados bovinos ao abate. Além disso, avaliou-se a correlação entre a intensidade parasitária mensurada pela contagem de ovos nas fezes e a de parasitos ao abate. Foram coletadas as fezes e avaliados macroscopicamente os fígados de 81 bovinos, dos quais 45 tiveram os fígados condenados por fasciolose hepática ao abate, nos quais se realizou a contagem dos parasitos. Duas frações de cada amostra de fezes coletadas foram separadas e uma delas foi armazenada em congelador para posterior realização do ELISA e a outra processada segundo uma técnica de sedimentação fecal para diagnóstico de ovos de Fasciola hepatica. O coeficiente de correlação de Spearman e o qui-quadrado de McNemar foram utilizados, adotando-se o nível de significância de 5%. Em oito fígados bovinos condenados por apresentarem lesões características de fasciolose, não foram encontrados exemplares do parasito. O exame coproparasitológico e o ELISA para detecção de coproantígenos, respectivamente, apresentaram sensibilidade de 51,11% e 75,55%, especificidade de 100% e 91,66%, valor preditivivo positivo de 100% e 91,89%, valor preditivo negativo de 62% e 75% e kappa de 0,48 e 0,65. Os resultados obtidos pelo kit ELISA comercial não diferiram (P=0,06) dos obtidos ao abate, mas o exame coproparasitológico diferiu (P<0,0001) do abate na detecção de animais positivos. A correlação entre o número de parasitos no fígado e o número de ovos nas fezes é moderada (rs=0,5757, P<0,0001). O kit ELISA comercial foi mais sensível do que o exame coproparasitológico, embora este não deva ser descartado devido a sua eficiência.

Fasciola hepatica; bovino; imunodiagnóstico


The aim of this study was to compare a commercial ELISA kit for detection on coproantigen examination and fecal sedimentation using as gold standard inspection diagnosis of bovine livers at slaughter. In addition, we evaluated the correlation between the measured intensity of infection by counting eggs in the feces and the parasites in bovine livers. Feces were collected and evaluated macroscopically of 81 cattle livers, 45 of which had livers condemned by liver flukes and in these livers parasites were counted. Two fractions of stool samples collected were separated and one stored in freezer for further ELISA and other one processed according to sedimentation technique for diagnosis Fasciola hepatica. The Spearman correlation and McNemar chi-square were used, adopting the significance of 5%. In eight bovine livers condemned by the characteristic lesions of fascioliasis parasite were not found. The stool examinations and ELISA testing for detection coproantigen, respectively, had sensitivity of 51.11% and 75.55%, specificity of 100% and 91,66%, predictive positive value was 100% and 91.89%, predictive negative value 62% and 75% and kappa 0.48 and 0.65. The results obtained by commercial® ELISA kit did not differ (P=0,06) obtained at slaughterhouse, but the stool examinations differed (P<0.0001) in the detection of the positive animals. The correlation between the number of parasites in the liver and the number of eggs in the feces was moderate (rs=0.5757, P<0.0001). The commercial ELISA kit® was more sensitive than the fecal test, althought this one shoud not be discarded because of their efficiency.

Fasciola hepatica; bovine; immunodiagnosis


ARTIGOS CIENTÍFICOS

PARASITOLOGIA

Kit comercial de ELISA® para a detecção de coproantígenos e exame coproparasitológico em bovinos com fígados condenados por fasciolose

Commercial ELISA® kit for detection of coproantigen and coproparasitological method in bovine livers with fascioliasis convicted

Cíntia das Chagas BernardoI; Barbara Rauta de AvelarI; Mariana Drummond Costa IgnacchitiII; Isabella Vilhena Freire MartinsII,1 1 Autor para correspondência. ; Maria Julia Salim PereiraIII

IPrograma de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Alegre, ES, Brasil

IIDepartamento de Medicina Veterinária, UFES, 29500-000, Alegre, ES, Brasil. E-mail: ivfmartins@gmail.com

IIIDepartamento de Parasitologia Animal, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, RJ, Brasil

RESUMO

Objetivou-se com o presente estudo comparar um kit comercial de ELISA para a detecção de coproantígenos e um exame coproparasitológico de sedimentação utilizando-se como padrão ouro o diagnóstico da inspeção de fígados bovinos ao abate. Além disso, avaliou-se a correlação entre a intensidade parasitária mensurada pela contagem de ovos nas fezes e a de parasitos ao abate. Foram coletadas as fezes e avaliados macroscopicamente os fígados de 81 bovinos, dos quais 45 tiveram os fígados condenados por fasciolose hepática ao abate, nos quais se realizou a contagem dos parasitos. Duas frações de cada amostra de fezes coletadas foram separadas e uma delas foi armazenada em congelador para posterior realização do ELISA e a outra processada segundo uma técnica de sedimentação fecal para diagnóstico de ovos de Fasciola hepatica. O coeficiente de correlação de Spearman e o qui-quadrado de McNemar foram utilizados, adotando-se o nível de significância de 5%. Em oito fígados bovinos condenados por apresentarem lesões características de fasciolose, não foram encontrados exemplares do parasito. O exame coproparasitológico e o ELISA para detecção de coproantígenos, respectivamente, apresentaram sensibilidade de 51,11% e 75,55%, especificidade de 100% e 91,66%, valor preditivivo positivo de 100% e 91,89%, valor preditivo negativo de 62% e 75% e kappa de 0,48 e 0,65. Os resultados obtidos pelo kit ELISA comercial não diferiram (P=0,06) dos obtidos ao abate, mas o exame coproparasitológico diferiu (P<0,0001) do abate na detecção de animais positivos. A correlação entre o número de parasitos no fígado e o número de ovos nas fezes é moderada (rs=0,5757, P<0,0001). O kit ELISA comercial foi mais sensível do que o exame coproparasitológico, embora este não deva ser descartado devido a sua eficiência.

Palavras-chave:Fasciola hepatica, bovino, imunodiagnóstico.

ABSTRACT

The aim of this study was to compare a commercial ELISA kit for detection on coproantigen examination and fecal sedimentation using as gold standard inspection diagnosis of bovine livers at slaughter. In addition, we evaluated the correlation between the measured intensity of infection by counting eggs in the feces and the parasites in bovine livers. Feces were collected and evaluated macroscopically of 81 cattle livers, 45 of which had livers condemned by liver flukes and in these livers parasites were counted. Two fractions of stool samples collected were separated and one stored in freezer for further ELISA and other one processed according to sedimentation technique for diagnosis Fasciola hepatica. The Spearman correlation and McNemar chi-square were used, adopting the significance of 5%. In eight bovine livers condemned by the characteristic lesions of fascioliasis parasite were not found. The stool examinations and ELISA testing for detection coproantigen, respectively, had sensitivity of 51.11% and 75.55%, specificity of 100% and 91,66%, predictive positive value was 100% and 91.89%, predictive negative value 62% and 75% and kappa 0.48 and 0.65. The results obtained by commercial® ELISA kit did not differ (P=0,06) obtained at slaughterhouse, but the stool examinations differed (P<0.0001) in the detection of the positive animals. The correlation between the number of parasites in the liver and the number of eggs in the feces was moderate (rs=0.5757, P<0.0001). The commercial ELISA kit® was more sensitive than the fecal test, althought this one shoud not be discarded because of their efficiency.

Key words: Fasciola hepatica, bovine, immunodiagnosis.

INTRODUÇÃO

Exames coproparasitológicos são os testes de rotina no diagnóstico da fasciolose em locais em que não se tem acesso à tecnologia avançada (MATTOS et al., 2009). No entanto, técnicas que detectam antígenos nas fezes de hospedeiros infectados vêm sendo aprimoradas para um diagnóstico mais precoce e acurado da fasciolose (ESTUNINGSIH et al., 2009; FLANAGAN et al., 2011). FLANAGAN et al. (2011) citam que os testes para detecção de coproantígenos diagnosticam a doença mais precocemente do que os exames coproparasitológicos.

Embora novos métodos de detecção de antígenos venham sendo empregados para o diagnóstico da fasciolose, principalmente em seu estágio inicial, esses não geram informações epidemiológicas importantes para o conhecimento da dinâmica da transmissão da F. hepatica, não substituindo, assim, o diagnóstico por exame de fezes (KLEIMAN et al., 2005).

Por outro lado, ainda que a doença clínica possa ocorrer três semanas pós-infecção, a confirmação do diagnóstico de fasciolose por meio do exame de fezes somente poderá ocorrer aproximadamente dez semanas após ingestão de metacercárias (LECLIPTEUX et al., 1998). Já, o teste ELISA para detecção de coproantígenos poderá detectar a doença a partir da quarta semana pós-infecção (ALMAZÁN et al., 2001).

No entanto, nem sempre a sensibilidade e especificidade de testes para detecção de parasitos do gênero Fasciola estão disponíveis, impossibilitando o conhecimento de seus valores preditivos (ANDERSON et al., 1999), que, juntos, compõem os indicadores de validade do teste (PEREIRA, 2008). Mais recentemente, devido à ausência de conhecimento sobre sua validade, a técnica de sedimentação fecal para ovos de F. hepatica (FOREYT, 2005) foi avaliada por MARTINS et al. (2008), encontrando sensibilidade de 59,8%.

O desconhecimento da sensibilidade, especificidade, reprodutibilidade e dos valores preditivos dificulta a escolha do melhor teste para cada contexto epidemiológico. Assim, os objetivos do presente estudo foram avaliar a validade e a reprodutibilidade de um kit comercial® de ELISA para detecção de coproantígenos e da técnica coproparasitológica de sedimentação fecal para ovos de F. hepatica (FOREYT, 2005), utilizando como padrão ouro diagnóstico da inspeção de fígados bovinos ao abate. Além disso, avaliou-se a correlação entre as contagens de ovos do parasito nas fezes e a de parasitos no fígado.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostras

Avaliaram-se macroscopicamente 81 fígados bovinos, abatidos no matadouro frigorífico do município de Atílio Vivácqua, Estado do Espírito Santo, onde foram coletadas amostras de fezes de todos esses animais. Os fígados de 55,5% (45/81) dos bovinos foram condenados por fasciolose, sendo esses órgãos avaliados quanto ao número de parasitos presentes, e 44,5% (36/81) dos bovinos não obtiveram seus fígados condenados para nenhuma enfermidade.

As amostras de fezes coletadas foram encaminhadas ao laboratório de Parasitologia do Hospital Veterinário do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, em caixas isotérmicas e devidamente identificadas quanto ao animal de origem. No laboratório, foram separadas duas frações, sendo uma destinada ao exame coproparasitológico para ovos de F. hepatica (FOREYT, 2005) e a outra armazenada em congelador para posterior processamento pela técnica de ELISA indireto para detecção de coproantígenos.

Processamento das amostras

O exame coproparasitológico de sedimentação fecal para ovos de F. hepatica foi realizado segundo a técnica descrita por FOREYT, (2005) e validada por Martins et al. (2008).

O processamento do imunodiagnóstico foi realizado segundo instruções do fabricante do kit ELISA comercial BIO K 201 (Empresa Bio x - Bélgica) para detecção de coproantígenos, nas amostras de fezes.

Análise estatística

Os indicadores de validade (sensibilidade, especificidade, valores preditivos) e indicador kappa das técnicas de sedimentação fecal e ELISA indireto para coproantígenos foram calculados considerando-se como padrão ouro o diagnóstico da inspeção de fígados bovinos ao abate.

O coeficiente de correlação de Spearman foi calculado para avaliar a correlação entre o número de ovos contados ao exame de fezes e o número de parasitos no fígado. O teste de qui-quadrado de McNemar foi empregado para avaliar a associação da frequência de fasciolose ao exame coproparasitológico e ao kit ELISA® comercial em relação à condenação de fígados bovinos ao abate. O programa estatístico Bioestat 5.0 foi empregado para os cálculos estatísticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1, são apresentados os resultados do exame coproparasitológico e da condenação de fígados por fasciolose ao abate. Dos 45 fígados condenados, 37 apresentavam um ou mais parasitos no fígado. Em oito (21,3%) fígados bovinos com lesões características causadas pela presença de F. hepatica, não se encontrou, ao exame macroscópico, nenhum exemplar do parasito, fato que sugere um tratamento químico bem sucedido, porém tardio.

A sensibilidade e especificidade do exame coproparasitológico foi de 51,11% e 100% respectivamente. Esses resultados concordam com os achados de MARTINS et al. (2008), que, utilizando a mesma técnica de sedimentação, encontraram sensibilidade de 59,8% e especificidade de 100%. ANDERSON et al. (1999) utilizaram uma técnica modificada de sedimentação para recuperação de larvas de nematoides no diagnóstico da fasciolose e encontraram 66,7% e 100% de sensibilidade e especificidade, usando como padrão ouro a presença de parasitos no fígado. A sensibilidade baixa dos exames de fezes está relacionada com o longo período de pré-patência, já que somente após a decorrência deste é que os ovos do parasito podem ser detectados nas fezes (LECLIPTEUX et al., 1998).

O valor preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN) do exame de sedimentação fecal para ovos de F. hepatica foram respectivamente de 100% e 62%. O valor preditivo negativo reflete a baixa sensibilidade do teste, assim como o positivo reflete a boa especificidade do exame de sedimentação fecal, além do contexto epidemiológico, pois a prevalência da enfermidade influencia nesses indicadores (PEREIRA, 2008). ANDERSON et al. (1999) encontraram VPP de 100% e VPN de 46% e atribuíram essa diferença à dificuldade dos testes coproparasitológicos em estimarem o número de ovos de F. hepatica no grande volume de fezes de grandes ruminantes. A concordância entre o exame coproparasitológico e a condenação de fígados ao abate (kappa= 0,48) é considerada regular (PEREIRA, 2008).

O teste de qui-quadrado de McNemar (χ²=20,04) mostra evidências estatísticas de associação altamente significativa (P<0,0001) entre as frequências de fasciolose obtidas pela condenação de fígados ao abate (56%) e ao exame coproprasitológico (28%) de sedimentação fecal, o que já era esperado, devido à baixa sensibilidade do exame coproparasitológico.

A correlação moderada (rs=0,5757, P<0,001), observada neste estudo, corrobora os achados de ANDERSON et al. (1999) e FLANAGAN et al. (2011), que relataram não haver uma relação entre o número de parasitos e o número de ovos encontrados no exame de sedimentação fecal por sua liberação ser irregular.

No presente estudo, animais com maior número de parasitos no fígado apresentaram também maior número de ovos nas fezes, corroborando ANDERSON et al. (1999), tornando mais fácil o diagnóstico da enfermidade.

Na tabela 2, são apresentados os resultados do teste ELISA comercial para detecção de coproantígenos e os resultados da condenação de fígados. O fato de três (8,1%) dos 36 animais negativos na linha de inspeção para fasciolose hepática reagirem ao ELISA sugere falha na inspeção ou uma possível reação cruzada com outras parasitoses. Alguns autores encontraram semelhanças antigênicas entre antígenos de Schistosoma mansoni e F. hepatica (ARONSTEIN et al., 2009; DE ALMEIDA et al., 2007), mas nenhum deles utilizou o ELISA como forma de diagnóstico. Porém, HASSAN et al. (1989) encontraram reação cruzada entre Schistosoma, Fasciola e Heterophyes, quando utilizaram o ELISA para detecção de coproantígenos.

Em estudo realizado para avaliação do sucesso do tratamento da fasciolose com o triclabendazole, FLANAGAN et al. (2011) observaram que apenas após a 14 semana pós-tratamento é que o número de ovos cai 95% e os níveis de coproantígenos não podem mais ser detectados nas fezes do hospedeiro, o que pode justificar o diagnóstico positivo das amostras provenientes dos animais cujos fígados foram condenados, sem que se tenha encontrado exemplar de F. hepatica.

No presente estudo, a sensibilidade do kit comercial foi de 75,55% e a especificidade de 91,66%. CHARLIER et al. (2008), utilizando kit ELISA comercial® (Instituto Pourquier - França), encontraram sensibilidade de 94% e a especificidade de 93% para o teste ELISA para detecção de coproantígenos em amostras bovinas. SPINO & FINLAY (1994), em estudo realizado em humanos, observaram correlação entre os níveis de coproantígenos e o grau de parasitismo do hospedeiro, tal fato pode justificar a menor sensibilidade encontrada no presente estudo, já que 39 (86,7%) dos 45 animais positivos ao abate possuíam 10 ou menos parasitos no fígado.

ALMAZÁN et al. (2001) encontraram sensibilidade de 93,3% quando utilizaram amostras fecais de ovinos, e reafirmaram que níveis de antígenos de excreção e secreção de F. hepatica podem ser detectados a partir da quarta semana pós-infecção.

Os valores preditivos positivos e negativos do kit Elisa comercial® BIO K 201 foram de 91,89% e de 75%, respectivamente. Estes resultados são em função da sensibilidade e especificidade do teste, mas também da alta prevalência da enfermidade. A sensibilidade e a especificidade são características inerentes ao teste, mas os valores preditivos do teste podem ser alterados conforme o contexto epidemiológico. Em baixas prevalências, o valor preditivo positivo é baixo, necessitando de um teste mais específico para diminuir o número de falsos positivos, enquanto que o valor preditivo negativo quase não se altera (PEREIRA, 2008).

No presente trabalho, as prevalências estimadas para fasciolose hepática foram de 45,68% (37/81) utilizando-se o kit ELISA® comercial e 28,39% (23/81) o exame coproparasitológico, enquanto que a prevalência mensurada a partir do padrão ouro foi de 55,55% (Tabelas 1 e 2). ANDERSON et al. (1999) estimaram a prevalência da fasciolose bovina pelos métodos coproparasitológico e ELISA, utilizando fígados como padrão ouro, e sugeriram que em estudos transversais em grupos com prevalência ao padrão ouro acima de 50 % seria recomendado o uso do exame de fezes por ser menos oneroso.

Neste estudo, não há evidências estatísticas de associação (p=0,06) entre as frequências de fasciolose obtidas pela condenação de fígados ao abate e pelo kit ELISA comercial®, indicando que produzem resultados similares. O indicador kappa (0,65) também mostra que a concordância é boa (PEREIRA, 2008) entre essas formas de diagnóstico. REICHEL (2002) relata a importância das técnicas que detectam ovos nas fezes não só por selecionar animais positivos, mas também por determinar um padrão de infecção, servindo como ponto de partida para outras análises. FARIA et al. (2008) deixam claro que, na escolha da técnica de diagnóstico para fasciolose hepática, deve-se levar em consideração não apenas a eficácia do teste, mas a operacionalização, com o objetivo de reduzir tempo e custo, portanto o custo benefício, ou seja, a eficiência do teste deve ser avaliada.

CONCLUSÃO

Embora o kit ELISA comercial tenha apresentado sensibilidade maior do que o exame coproparasitológico, os testes são semelhantes para os demais indicadores de validade, apresentando reprodutibilidade boa e regular, respectivamente. Assim, não se exclui o uso do exame de fezes, pois se deve levar em consideração a eficiência do exame traduzida pelo baixo custo e fácil execução.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), projeto procad 093/2007 e Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES), órgãos financiadores das bolsas e dos recursos financeiros.

Recebido para publicação 27.04.12

Aprovado em 04.07.12

Devolvido pelo autor 16.08.12

CR-0051

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  • 1
    Autor para correspondência.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Nov 2012
    • Data do Fascículo
      Nov 2012

    Histórico

    • Recebido
      27 Abr 2012
    • Aceito
      04 Jul 2012
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