Resumos
Tanto na América Latina como no Brasil assistimos a um retorno e fortalecimento do interesse público pela extensão rural. Neste trabalho, são analisados os problemas enfrentados na sua prática por uma amostra de extensionistas rurais brasileiros e sua relação com suas concepções de extensão rural. Cinquenta e dois extensionistas rurais de diferentes estados responderam a uma enquete enviada por e-mail. Concluiu-se que (1) as dificuldades associadas com o trabalho grupal ou em parceria entre agricultores são o problema mais mencionado, (2) nos técnicos, tende a persistir uma perspectiva difusionista da extensão rural, mesmo contra as diretrizes participativas e dialógicas estabelecidas pela política pública e (3) existe um olhar autocrítico limitado dos extensionistas, os quais tendem a ver os produtores como problema.
extensão rural; concepções; difusionismo; problemas
In both, Latin America and Brazil, rural extension is recovering acknowledgment in the context of public policy. In this paper, the problems faced in their practice by a sample of Brazilian rural extensionists are described and how they relate to their conception of rural extension is analyzed. 52 rural extensionists of different Brazilian states were surveyed via email. It is concluded that (1) difficulties related to group or associate work among farmers are the most mentioned, (2) a diffusionist conception of rural extension tend to persist, even against the participatory and dialogical principles established by public policy and (3) rural extensionists have a limited self-critical attitude and tend to perceive the farmers as a problem.
rural extension; conceptions; diffusionism; problems
INTRODUÇÃO
A América Latina possui altos níveis de iniquidade, pobreza rural e insegurança
alimentar (ARCHANJO et al., 2007). Nesse contexto, fica evidente a importância da
assistência técnica e extensão rural (ATER) enquanto ferramenta de desenvolvimento
(OMAR et al., 2011OMAR, J. et al. A review study of the reorganization of agricultural
extension toward sustainable agricultural development. International Journal of
Engineering Science and Technology, v.3, n.5, p.4358-4366, 2011. Disponível em:
<http://www.ijest.info/docs/IJEST11-03-05-065.pdf>. Acesso em: 12 jun.
2013.
http://www.ijest.info/docs/IJEST11-03-05...
; ABDU-RAHEEM & WORTH, 2012ABDU-RAHEEM, K.; WORTH, S. Agricultural extension in the facilitation of
biodiversity conservation in South Africa. South African Journal of Agricultural
Extension, v.40, p.36-47, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.org.za/scielo.php?pid=S0301-603X2013000100001&script=sci_arttext>.
Acesso em: 23 nov. 2013.
http://www.scielo.org.za/scielo.php?pid=...
; SELIS, 2012SELIS, D. Análisis de la institucionalidad asociada a los procesos de
innovación tecnológica en el sector hortícola del Gran La Plata. Mundo Agrario, n.24
[edição eletrônica], 2012. . Disponível em:
<http://www.mundoagrario.unlp.edu.ar/article/view/v12n24a11/2149>. Acesso em:
13 nov. 2013.
http://www.mundoagrario.unlp.edu.ar/arti...
; ZWANE, 2012ZWANE, E. Does extension have a role to play in rural development? South
African Journal of Agricultural Extension, v.40, p.16-24, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.org.za/pdf/sajae/v40n1/02.pdf>. Acesso em: 12 jun.
2013.
http://www.scielo.org.za/pdf/sajae/v40n1...
). Os sistemas
de ATER surgiram na América Latina em meados do século passado, inspirados no modelo
estadunidense (SCHALLER, 2006SCHALLER, N. Extensión rural: ¿hacia dónde vamos?, ¿hacia dónde ir? El
Colorado, Argentina: INTA, 2006. 19p.). Seu objetivo
fundamental era a modernização e incremento da produtividade da agricultura através da
transferência de tecnologias (BRITO et al., 2012BRITO, L. et al. Gestão do conhecimento numa instituição pública de
assistência técnica e extensão rural do Nordeste do Brasil. Revista de Administração
Pública, v.46, n.5, p.1342-1366, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rap/v46n5/a08v46n5.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2013.
doi: 10.1590/s0034-76122012000500008.
http://www.scielo.br/pdf/rap/v46n5/a08v4...
;
DA ROS, 2012DA ROS, C. Gênese, desenvolvimento, crise e reformas nos serviços
públicos de extensão rural durante a década de 1990. Mundo Agrario, n.25 [edição
eletrônica], 2012. Disponível em:
<http://mundoagrario.unlp.edu.ar/article/view/MAv13n25a04/pdf>. Acesso em: 19
jun. 2013.
http://mundoagrario.unlp.edu.ar/article/...
). No Brasil, a ATER surgiu no
final dos anos 40, a partir da implementação de diferentes iniciativas pontuais (THORNTON, 2006THORNTON, R. Os '90 e o novo século nos sistemas de extenão rural e
transferência de tecnologia públicos no MERCOSUL. Anguil, Argentina: INTA, 2006.
406p.) firmadas progressivamente até a
criação da Empresa Brasileira de ATER (EMBRATER) em 1975. Durante a década de 80,
assistimos a uma crise da ATER (TAVEIRA &
OLIVEIRA, 2008TAVEIRA, L.; OLIVEIRA, J. A extensão rural na perspectiva de
agricultores assentados do Pontal do Paranapanema. Revista de Economia e Sociologia
Rural, v.46, n.1, p.9-30, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n1/a01v46n1.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2013.
doi: 10.1590/s0103-20032008000100001.
http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n1/a01v...
). Por um lado, a nível internacional, ganharam força propostas
privatizadoras (DIESEL et al., 2008DIESEL, V. et al. Privatização dos serviços de extensão rural: uma
discussão (des)necessária? Revista de Economia e Sociologia Rural, v.46, n.4,
p.1155-1188, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n4/v46n4a10.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2013.
doi: 10.1590/s0103-20032008000400010
http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n4/v46n...
). Por outro
lado, no Brasil, se fortaleceram as críticas ao modelo de desenvolvimento rural
produtivista, que era aquele que dava sentido à ATER difusionista que estava sendo
implementada (DA ROS, 2012DA ROS, C. Gênese, desenvolvimento, crise e reformas nos serviços
públicos de extensão rural durante a década de 1990. Mundo Agrario, n.25 [edição
eletrônica], 2012. Disponível em:
<http://mundoagrario.unlp.edu.ar/article/view/MAv13n25a04/pdf>. Acesso em: 19
jun. 2013.
http://mundoagrario.unlp.edu.ar/article/...
). No ano 1990, o
governo brasileiro decidiu extinguir a EMBRATER (MEDEIROS & BORGES, 2007MEDEIROS, J.; BORGES, D. Participação cidadã no planejamento das ações
da Emater-RN. Revista de Administração Pública, v.41, n.1, p.63-81, 2007. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v41n1/05.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2013. doi:
10.1590/s0034-76122007000100005.
http://www.scielo.br/pdf/rap/v41n1/05.pd...
). Isto levou a uma redução repentina do
financiamento das empresas estaduais de ATER (EMATER). No contexto de um renovado
interesse pela ATER na América Latina, o governo federal aprovou uma nova Política
Nacional de ATER (PNATER) no ano de 2004. Esta estabeleceu como diretrizes para a
prática da ATER no país voltar-se para a agricultura familiar, basear-se nos princípios
da agroecologia e apoiar-se em metodologias participativas (MEDEIROS & BORGES, 2007MEDEIROS, J.; BORGES, D. Participação cidadã no planejamento das ações
da Emater-RN. Revista de Administração Pública, v.41, n.1, p.63-81, 2007. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v41n1/05.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2013. doi:
10.1590/s0034-76122007000100005.
http://www.scielo.br/pdf/rap/v41n1/05.pd...
). Finalmente, em fins de 2013, o
governo federal criou a Agência Nacional de ATER, abrindo-se, dessa maneira, novas
perspectivas para a ATER no Brasil.
Observamos que, na última década, assistiu-se a uma mudança sem precedentes no modo de
compreender a ATER no Brasil. Passou-se de uma concepção centrada na transferência de
tecnologia para outra que incorpora ações voltadas à organização dos agricultores, a
gestão de processos participativos, o apoio à comercialização e a articulação
interinstitucional desde uma perspectiva territorial, todo no contexto de uma forte
preocupação ambiental e da focalização na agricultura familiar. No contexto dessas
mudanças, surgem duas perguntas. Primeiro, considerando a maior complexidade das tarefas
atuais de ATER, quais as dificuldades e limitações que encontram os extensionistas
quando implementam ações nos territórios? Nesse sentido, autores brasileiros
assinalaram: dificuldades para a comercialização de produtos da agricultura familiar
(SILVA & LEITÃO, 2009SILVA, F.; LEITÃO, M. Extensão rural e floricultura tropical para o
desenvolvimento local: a cooperação no processo de inclusão competitiva dos
agricultores familiares em Pernambuco. Interações, v.10, n.1, p.9-19, 2009.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/02.pdf>. Acesso em: 20
nov. 2013. doi: 10.1590/s1518-70122009000100002.
http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/02....
; LUCCHESE, 2013LUCCHESE, T. Desenvolvimento da agricultura familiar: investigação sobre
o espaço rural e o território como referência para estudar o caso do município de
Terenos, MS. Interações, v.14, n.2, p.189-195, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/inter/v14n2/a05v14n2.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2013.
doi: 10.1590/s1518-70122013000200005.
http://www.scielo.br/pdf/inter/v14n2/a05...
), escassa participação dos produtores
em projetos e iniciativas (BOAS & GOLDEY,
2005BOAS, A.; GOLDEY, P. A comparison on farmers' participation in farmers'
organizations and implications for rural extension in Minas Gerais. Organizações
Rurais & Agroindustriais, v.7, n.3, p.259-270, 2005. Disponível em:
<http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/43922/2/Artigo%201%20%2805.201%29.pdf>.
Acesso em: 15 nov. 2013.
http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/43...
; CHIODI et al., 2013CHIODI, R. et al. Gestão dos recursos hídricos na área do Sistema
Produtor de Água Cantareira: um olhar para o contexto rural. Ambiente e Água, v.8,
n.3, p.151-163, 2013. Disponível em: Disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=9282923401>. Acesso em: 27 nov.
2013.
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92...
), falta de
adequação de políticas, projetos e ações às necessidades dos beneficiários (TAVEIRA & OLIVEIRA, 2008TAVEIRA, L.; OLIVEIRA, J. A extensão rural na perspectiva de
agricultores assentados do Pontal do Paranapanema. Revista de Economia e Sociologia
Rural, v.46, n.1, p.9-30, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n1/a01v46n1.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2013.
doi: 10.1590/s0103-20032008000100001.
http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n1/a01v...
; GAZOLLA & SCHNEIDER, 2013GAZOLLA, M.; SCHNEIDER, S. Qual "fortalecimento" da agricultura
familiar? Uma análise do PRONAF crédito de custeio e investimento no Rio Grande do
Sul. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.51, n.1, p.45-68, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v51n1/03.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2013. doi:
10.1590/s0103-2003201300010000.
http://www.scielo.br/pdf/resr/v51n1/03.p...
) e resistência à
adoção de tecnologias (HENZ, 2010HENZ, G. Desafios enfrentados por agricultores familiares na produção de
morango no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, v.28, n.3, p.260-265, 2010.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hb/v28n3/v28n3a03.pdf>. Acesso em: 20
jun. 2013. doi: 10.1590/s0102-05362010000300003.
http://www.scielo.br/pdf/hb/v28n3/v28n3a...
; SALVADOR, 2010SALVADOR, D. A modernização da actividade mandioqueira e uso atual do
território do agreste potiguar. Mercator - Revista de Geografia da UFC, v.9, n.20,
p.93-117, 2010. Disponível em:
<http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/view/396/312>. Acesso
em: 17 jun. 2013. doi: 10.4215/rm2010.0920.0007.
http://www.mercator.ufc.br/index.php/mer...
), entre outros. Segundo, visto que as
mudanças institucionais não necessariamente modificam os modos em que os agentes de ATER
levam à frete seu trabalho, tem cabimento a pergunta: qual é o impacto destas novas
políticas nas concepções e nas práticas de ATER? Respondendo a isto, diferentes autores
indicaram a persistência de práticas de ATER difusionistas e produtivistas no Brasil
(SARAIVA & CALLOU, 2009SARAIVA, R.; CALLOU, A. Políticas públicas e estratégias de comunicação
para o desenvolvimento local de comunidades pesqueiras de Pernambuco. Interações,
v.10, n.1, p.73-81, 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/08.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. doi:
10.1590/s1518-70122009000100008.
http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/08....
; ALMEIDA et al., 2010ALMEIDA, S. et al. A descentralização da política nacional de ATER: uma
experiência nos assentamentos de reforma agrária no noroeste mineiro - Brasil.
Sociedade & Natureza, v.22, n.3, p.551-560, 2010. Disponível em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza/article/view/9959/pdf_18>.
Acesso em: 13 jun. 2013.
http://www.seer.ufu.br/index.php/socieda...
; ZUIN et al., 2011ZUIN, L. et al. A comunicação dialógica como fator determinante para os
processos de ensino-aprendizagem que ocorrem na capacitação rural: um estudo de caso
em um órgão público de extensão localizado no interior do Estado de São Paulo.
Ciência Rural, v.41, n.5, p.917-923, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/cr/v41n5/a952cr4110.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2013.
doi: 10.1590/s0103-84782011005000054.
http://www.scielo.br/pdf/cr/v41n5/a952cr...
), contrárias às novas abordagens de ATER propostas
pelas autoridades.
Estas investigações mencionadas, se bem que resultam de interesse, em sua maioria, têm duas limitações fundamentais. Primeiro, sustentam-se em estudos de caso específicos, o que limita a possibilidade de chegar a conclusões territorialmente mais amplas; segundo, não conseguem quantificar a importância relativa destes problemas. Assim, neste trabalho, procura-se descrever as dificuldades enfrentadas pelos extensionistas rurais brasileiros e suas concepções de ATER, quantificando os resultados. Este artigo faz parte de uma investigação mais abrangente, voltada ao estudo comparado dos problemas e concepções de ATER na América Latina. Neste artigo, estuda-se em profundidade o caso brasileiro.
No próximo ponto, desenvolve-se a metodologia de investigação utilizada. Em seguida, apresentam-se e discutem-se as tabelas correspondentes aos problemas enfrentados e às concepções de ATER dos inquiridos. Finalmente, apresentam-se as conclusões deste estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se uma enquete por e-mail a 52 extensionistas que trabalham em seis EMATERs. Considerando este procedimento e o tamanho da amostra, os resultados não podem ser considerados como representativos do total nacional, mas podem fornecer informação útil para pensar os temas a serem abordados. A amostra esteve composta por 31 homens e 21 mulheres, 31 de Minas Gerais, 13 do Paraná, 4 de São Paulo, 2 do Rio de Janeiro, 1 do Espírito Santo e 1 de Rondônia. A enquete não perguntou em que escritório regional trabalhavam os participantes. Além da informação sociodemográfica, a enquete incorporou diferentes perguntas. As duas primeiras visaram a identificar os problemas enfrentados pelos extensionistas no trabalho de ATER. Conjuntamente, incorporaram-se três perguntas que, além de procurar atingir objetivos que ultrapassam este trabalho, juntam-se às anteriores na tarefa de identificar as concepções de ATER implícitas nos discursos dos inquiridos. As cinco perguntas enumeram-se a seguir.
1. De acordo com sua experiência, quais são os principais problemas enfrentados pelos pequenos produtores para progredirem e se desenvolverem? Podem ser incluídos problemas de todo tipo (sociais, psicológicos, econômicos, culturais, produtivos, políticos, institucionais, etc.).
2. Muitas vezes, os projetos de extensão e desenvolvimento rural com pequenos produtores não atingem os resultados esperados. Além do mencionado na pergunta anterior, que outras dificuldades surgem no trabalho de extensão rural? Na sua resposta, podem ser incluídas dificuldades de todas as dimensões (sociais, psicológicas, econômicas, culturais, produtivas, políticas, institucionais, etc.).
3. Quais dificuldades ou problemas mencionados nas perguntas 1 e 2 a psicologia poderia ajudar a resolver?
4. Que outras contribuições poderia fazer a psicologia ao trabalho de extensão rural?
5. Se não tiver mencionado em alguma das respostas anteriores, de que forma pensa que os psicólogos poderiam contribuir ao trabalho de extensão? Em que atividades ou ações concretas poderiam atuar?
Para analisar as respostas, procedeu-se à categorização dos resultados, empregando-se o
software Atlas Ti, seguindo os princípios gerais da metodologia conhecida como Teoria
Fundamentada (GIRALDO, 2011GIRALDO, M. Abordaje de la investigación cualitativa a través de la
teoría fundamentada en los datos. Ingeniería Industrial. Actualidad y Nuevas
Tendencias, n.6, p.79-86, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rlae/v17n4/es_21.pdf>. Acesso em: 17 jun.
2013.
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v17n4/es_2...
). Esta metodologia
foi aplicada do seguinte modo. A nível operativo, realizaram-se dois processos de
análise diferentes, um para identificar os problemas e outro para descrever as
concepções de ATER. Em cada caso, realizou-se uma primeira leitura das respostas. Em
seguida, nas leituras subsequentes, identificaram-se indutivamente problemas ou
afirmações sobre ATER que apareciam em diferentes enquetes. Estas afirmações similares
constituíram-se como as categorias de análise da investigação. Depois de ler todas as
respostas em várias oportunidades e de ter identificado as categorias de maior
frequência, procedeu-se a construir uma definição do conteúdo de cada uma delas. Com
estas definições e com o apoio do software, procedeu-se a marcar todos os fragmentos das
respostas que entravam na definição das diferentes categorias. Para evitar possíveis
erros, realizou-se pelo menos uma leitura posterior de revisão. Para quantificar os
resultados, cada categoria foi considerada como uma variável dicotômica, considerando-se
presença da variável nas enquetes quando existia pelo menos um fragmento categorizado
com ela, e ausência quando inexistia. Levando em conta que a amostra utilizada está
concentrada em dois estados e que a realidade da ATER pode diferir em cada um deles,
junto às categorias/variáveis mencionadas nos resultados, indica-se se existem ou não
diferenças estatisticamente significativas nas respostas dos extensionistas de Minas
Gerais, do Paraná e do resto da amostra, para conferir se os resultados podem ser
devidos a situações de índole local. Para isso, utiliza-se o Coeficiente de
Contingência. Nas tabelas de resultados indicam-se os problemas e as crenças sobre ATER
que aparecem em mais do 25% das enquetes, a fim de analisar apenas aqueles elementos que
tenham presença significativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na tabela 1, apresentam-se os problemas enfrentados pelos extensionistas no trabalho de ATER e, na tabela 2, os elementos que compõem sua concepção de ATER. O signo % corresponde à percentagem de enquetes nas quais a categoria é mencionada sobre o total de enquetes.
O problema mais mencionado refere-se ao individualismo e à dificuldade dos produtores
para trabalharem em grupo. Isto se expressa como "falta de união" ou "dificuldade de
organização, falta de tradição em associativismo e cooperativismo". Este problema foi
indicado em diferentes estudos sobre ATER, tanto no Brasil (SARAIVA & CALLOU, 2009SARAIVA, R.; CALLOU, A. Políticas públicas e estratégias de comunicação
para o desenvolvimento local de comunidades pesqueiras de Pernambuco. Interações,
v.10, n.1, p.73-81, 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/08.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. doi:
10.1590/s1518-70122009000100008.
http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/08....
; HENZ, 2010HENZ, G. Desafios enfrentados por agricultores familiares na produção de
morango no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, v.28, n.3, p.260-265, 2010.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hb/v28n3/v28n3a03.pdf>. Acesso em: 20
jun. 2013. doi: 10.1590/s0102-05362010000300003.
http://www.scielo.br/pdf/hb/v28n3/v28n3a...
) como noutros países latino-americanos (LANDINI, 2007LANDINI, F. Prácticas cooperativas en campesinos formoseños. Problemas y
alternativas. Revista de la Facultad de Agronomía, v.27, n.2, p.173-186,
2007.). Os inquiridos articulam este problema com
dificuldades para comercializar. Por exemplo, "falta de organização dos produtores
rurais (cooperativas/associações) para apoio na comercialização de produtos". Esta
relação entre cooperativismo e possibilidades de comercialização também foi indicada na
bibliografia especializada (SILVA & LEITÃO,
2009SILVA, F.; LEITÃO, M. Extensão rural e floricultura tropical para o
desenvolvimento local: a cooperação no processo de inclusão competitiva dos
agricultores familiares em Pernambuco. Interações, v.10, n.1, p.9-19, 2009.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/02.pdf>. Acesso em: 20
nov. 2013. doi: 10.1590/s1518-70122009000100002.
http://www.scielo.br/pdf/inter/v10n1/02....
). Pelo fato de a ATER brasileira estar focada na agricultura familiar,
evidenciam-se as dificuldades destes produtores para gerarem os volumes de produto
necessários para negociarem no mercado. Assim, o trabalho associativo aparece como uma
alternativa superadora. Analisando as possíveis causas dos problemas para o trabalho
associativo, LANDINI (2007)LANDINI, F. et al. Evaluación de un proceso de capacitación para
extensionistas rurales implementado en Paraguay. Revista de Economia e Sociologia
Rural, v.51, n.sup1, p.s009-s030, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v51s1/01.pdf>. Acesso em:. 15 ago. 2014. doi:
10.1590/s0103-20032013000600001.
http://www.scielo.br/pdf/resr/v51s1/01.p...
assinala que cooperar
implica depender de outrem, a fim de conseguir atingir os próprios objetivos, o que
envolve o risco de ser enganado ou aproveitado. No caso dos agricultores familiares, o
que costuma arriscar-se não é um investimento econômico, mas a possibilidade mesma de
satisfazer necessidades básicas. Isto acarreta uma incerteza vital, apesar de que a
parceria resulte determinante em termos de volume. Ao mesmo tempo, é evidente que pensar
as dificuldades para o trabalho associativo como um problema relaciona-se com uma
concepção de ATER, que põe o foco no trabalho com grupos e/ou associações, algo
mencionado como fazendo parte da tarefa de ATER pelos 62% dos inquiridos. Nesse
contexto, tem cabimento a pergunta: será que os agricultores familiares são
particularmente individualistas, ou será que só com eles procura-se trabalhar
associativamente? De fato, é infrequente trabalhar com estratégias cooperativas com
produtores não familiares. Assim, é possível que a estratégia de intervenção seja a que
faça visibilizar só no setor da agricultura familiar o que é próprio dos produtores
agropecuários ou inclusive da sociedade em geral. Por outra parte, colocar o trabalho
associativo como parte das tarefas de ATER leva a pensar na importância de adotar uma
perspectiva interdisciplinar. Nesse sentido, chama a atenção que apenas 13% dos
inquiridos tenham mencionado a necessidade de interdisciplina. Evidentemente, parece
visibilizar-se o problema, mas não suas implicações em relação à abordagem de trabalho
necessário para tratá-lo.
A falta de recursos humanos para trabalhar em ATER aparece como segundo problema, o que
implica "poucos profissionais na área de extensão rural". Isso tem relação tanto com a
grande quantidade de produtores que requerem atenção como com a disponibilidade limitada
de recursos para contratações. Este problema também é mencionado na literatura
científica. Por exemplo, SEPULCRI & PAULA
(2008)SEPULCRI, O.; PAULA, N. O Estado e seus impactos na Emater-Pr. Revista
Paranaense de Desenvolvimento, n.114, p.87-110, 2008. Disponível em:
<http://www.ipardes.pr.gov.br/ojs/index.php/revistaparanaense/article/view/14/15>.
Acesso em: 20 nov. 2013.
http://www.ipardes.pr.gov.br/ojs/index.p...
assinalam a falta de reposição de pessoal como um dos problemas
enfrentados pela EMATER-PR. Isso contrasta com o incremento dos extensionistas em países
vizinhos como Argentina e Paraguai (LANDINI &
BIANQUI, 2014LANDINI F.; BIANQUI, V. Socio-demographic profile of different samples
of Latin American rural extensionists. Ciencia Rural, v.44, n.3, p.575-581, 2014.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cr/v44n3/a8714cr2013-0582.pdf>. Acesso
em: 15 ago. 2014. doi: 10.1590/s0103-84782014000300030.
http://www.scielo.br/pdf/cr/v44n3/a8714c...
) e com o renovado interesse na ATER no Brasil. Juntamente com o
problema da falta de recursos humanos, também pode colocar-se o que os inquiridos
descrevem como a falta de apoio dos governos aos pequenos produtores e, em termos
gerais, ao desenvolvimento rural. Isto é expresso como "falta de políticas públicas que
beneficiem o produtor". Nesse contexto, cabe perguntar se as referências frequentes a
problemas relacionados com a falta de apoio público são consequência de uma falta real
de interesse dos governos ou simplesmente da percepção de que ainda fica muito por
fazer, a fim de reposicionar a agricultura familiar no contexto brasileiro, o que parece
mais razoável? Continuando com os problemas relacionados com a política pública, também
deve-se salientar que não apenas se fala em falta de políticas, mas também do caráter
mutável ou de curto prazo delas, o que reforça a ideia da falta de uma política pública
consistente voltada à agricultura familiar. No entanto, quanto ao caráter mutável das
políticas, resulta necessário uma análise mais aprofundada, visto que o estudo tem
detectado diferenças estatísticas em relação à procedência dos inquiridos, o que não
pode ser analisado com a informação disponível neste estudo.
O terceiro problema refere-se à escassa adoção de tecnologias por parte dos produtores,
o que costuma expressar-se como "resistência à adoção de novas tecnologias". Este
problema articula-se com o número 11, o qual expressa uma atitude crítica a respeito dos
saberes e das práticas produtivas dos agricultores. Em certo sentido, chama a atenção
que a resistência à adoção apareça em terceiro lugar, enquanto que as tecnologias
inapropriadas façam-no no décimo primeiro, visto que o problema tecnológico seria prévio
e mais amplo que a falta de adoção. No entanto, fica claro que o uso de tecnologias
tradicionais não é o que mais preocupa os inquiridos (visto que trabalhar neste tema faz
parte da tarefa de extensão). Em contrapartida, o vivido como problema é que as ações de
ATER realizadas não tenham o correlato esperado de adoção de tecnologias. Os problemas
de falta de adoção e de uso de tecnologias tradicionais foram assinalados de forma
insistente na bibliografia, tanto no Brasil quanto no estrangeiro (ver, por exemplo,
DOMIT et al., 2008DOMIT, L. et al. Transferência de tecnologia para a cultura da soja - a
experiência da COPACOL. Semina: Ciências Agrárias, v.29, n.2, p.255-264, 2008.
Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/2811/2391>.
Acesso em: 30 jun. 2013. doi: 10.5433/1679-0359.2008v29n2p255.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
). Contudo, o mais
importante do caso não é tanto a existência desses problemas, mas a concepção
difusionista de ATER que os subjaz. De fato, 46% dos inquiridos realizaram afirmações
nas suas enquetes que os relacionam com um modelo de extensão difusionista, enquanto que
apenas 8% afirmam uma visão dialógica e horizontal da ATER. Isso evidencia, conforme
assinalam diversos autores, a persistência de uma ATER difusionista, ainda contra as
propostas dialógicas e participativas da PNATER, vigente no Brasil desde 2004 (TAVEIRA & OLIVEIRA, 2008TAVEIRA, L.; OLIVEIRA, J. A extensão rural na perspectiva de
agricultores assentados do Pontal do Paranapanema. Revista de Economia e Sociologia
Rural, v.46, n.1, p.9-30, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n1/a01v46n1.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2013.
doi: 10.1590/s0103-20032008000100001.
http://www.scielo.br/pdf/resr/v46n1/a01v...
; ZUIN et al., 2011ZUIN, L. et al. A comunicação dialógica como fator determinante para os
processos de ensino-aprendizagem que ocorrem na capacitação rural: um estudo de caso
em um órgão público de extensão localizado no interior do Estado de São Paulo.
Ciência Rural, v.41, n.5, p.917-923, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/cr/v41n5/a952cr4110.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2013.
doi: 10.1590/s0103-84782011005000054.
http://www.scielo.br/pdf/cr/v41n5/a952cr...
; LELIS et al., 2012LELIS, D. et al. A necessidade das intervenções: extensão rural como
serviço ou como direito? Interações, v.13, n.1, p.69-80, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/inter/v13n1/a06v13n1.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2013.
doi: 10.1590/s1518-70122012000100007.
http://www.scielo.br/pdf/inter/v13n1/a06...
).
Nesse contexto, chama a atenção que 37% dos inquiridos reconheçam a importância da
participação e de levar em conta as necessidades e cultura dos produtores, propostas
conforme com uma extensão dialógica não difusionista. Seria possível pensar que aqueles
que valorizam a participação não são os que têm um olhar difusionista. No entanto, não
existe relação estatística entre ambas as variáveis (χ²: 0,20(1), P=.68), o que mostra
que, apesar de serem contraditórias a nível teórico, podem coexistir a nível psicológico
(LANDINI, em prensa). Esta coexistência, junto à aposta das políticas públicas por uma
ATER horizontal e participativa, poderia sugerir que a abordagem difusionista persiste,
mas de maneira implícita, associada a identidades e às concepções de mundo dos
extensionistas. Assim, surge a geração de espaços de reflexão e análise das práticas, em
que os extensionistas possam tomar consciência desta contradição e repensar criticamente
seu fazer quotidiano (LANDINI, BIANQUI et al.,
2013LANDINI F.; BIANQUI, V. Socio-demographic profile of different samples
of Latin American rural extensionists. Ciencia Rural, v.44, n.3, p.575-581, 2014.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cr/v44n3/a8714cr2013-0582.pdf>. Acesso
em: 15 ago. 2014. doi: 10.1590/s0103-84782014000300030.
http://www.scielo.br/pdf/cr/v44n3/a8714c...
).
Adicionalmente, entre os problemas assinalados pelos extensionistas, menciona-se o baixo
nível educativo dos beneficiários, aspecto assinalado também por HENZ (2010)HENZ, G. Desafios enfrentados por agricultores familiares na produção de
morango no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, v.28, n.3, p.260-265, 2010.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hb/v28n3/v28n3a03.pdf>. Acesso em: 20
jun. 2013. doi: 10.1590/s0102-05362010000300003.
http://www.scielo.br/pdf/hb/v28n3/v28n3a...
, o que incidiria na sua capacidade para adquirir e/ou
compreender certos conhecimentos técnicos. Contudo, a pergunta que aqui surge é: por que
pensarmos nas limitações dos produtores para 'adquirir' certos conhecimentos e não nas
dos extensionistas para pensarem formas pedagógicas apropriadas para o contexto? Algo
similar se passa com a ideia de 'resistência à adoção de tecnologias'. Em ambos os
casos, os inquiridos afirmam que o problema 'são os produtores', evidenciando-se escassa
capacidade autocrítica para pensarem sua própria responsabilidade nestes processos, por
exemplo, a partir das limitações da abordagem difusionista adotada. Por outro lado, sem
dúvidas, tanto o problema da 'baixa escolaridade dos agricultores' como aquele que se
refere à sua escassa dotação de capital têm relação com a opção da PNATER de trabalhar
com os setores rurais mais desprotegidos, algo característico da ATER latino-americana
na última década.
Cabe ainda mencionar dois problemas. Por um lado, a emigração das zonas rurais,
particularmente de jovens, que é explicado assim por um dos inquiridos: "a baixa
rentabilidade [...] está levando os jovens a saírem para as cidades em busca de melhores
oportunidades". Trata-se, sem dúvidas, do problema da sucessão na agricultura familiar
(MENDONÇA et al., 2013MENDONÇA, K. et al. Formação, sucessão e migração: trajetórias de duas
gerações de agricultores do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. Revista Brasileira de
Estudos de População, v.30, n.2, p.445-463, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v30n2/06.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2014. doi:
10.1590/s0102-30982013000200006.
http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v30n2/06...
), um problema que gerou
importante preocupação no contexto brasileiro. Finalmente, o último problema mencionado
é a falta de olhar empresarial dos produtores, o que se expressa em que eles "não veem
sua propriedade como uma empresa" e leva a "problemas com o gerenciamento da atividade
rural". Si bem que é inegável a utilidade potencial de certas práticas empresariais para
a agricultura familiar, também deve-se notar que o enquadramento deste problema assume
que as práticas corretas são as que os extensionistas propõem e que os produtores apenas
deveriam adotá-las, o que mais uma vez coloca-nos numa visão difusionista da ATER, em
que o problema são os produtores e não a estratégia de ATER utilizada. Como alternativa,
poderiam ser geradas alternativas que dialogassem com as prioridades e lógicas dos
produtores, sem assumir que o melhor para eles é incorporação de práticas empresariais
ou produtivas valorizadas pelos técnicos, mas que não se identificam com sua
racionalidade (LANDINI, 2011).
CONCLUSÃO
Em primeiro lugar, esta pesquisa permitiu identificar o caráter central que as dificuldades relacionadas com o trabalho com grupos e associações de produtores têm para os inquiridos. De fato, esta foi a dificuldade mais mencionada. Diante disso, segue a necessidade de fortalecer a formação dos extensionistas na área, incorporar profissionais com formação específica e, inelutavelmente, avançar para uma ATER interdisciplinar, algo até certo ponto invisibilizado pelos inquiridos.
Segundo, observa-se a persistência de um olhar difusionista da ATER, o que se articula diretamente com a experiência de que os produtores resistem, de alguma maneira, à adoção de tecnologias. A importância disso é fundamental, pois muitas das críticas à ATER dos anos 80 eram diretamente críticas a esta abordagem. Ao mesmo tempo, o Brasil é o único país latino-americano que estabeleceu, ao nível de política pública, a implementação de uma ATER radicalmente não difusionista. Esse aspecto também está associado com a limitada autocrítica dos inquiridos, que tendem a identificar nos outros a causa dos problemas que surgem no seu trabalho, em particular nos produtores, sem refletir na parte que eles próprios jogam na manutenção destes problemas, particularmente adotando uma abordagem difusionista de ATER.
Finalmente, também a falta percebida de políticas públicas e iniciativas institucionais (permanentes) de apoio ao desenvolvimento rural deve ser comentada. No contexto latino-americano, não é possível dizer que o Brasil não conta com políticas de desenvolvimento rural e, particularmente, de apoio à agricultura familiar. Contudo, fica claro que estas políticas têm limitações que resulta necessário abordar, particularmente sua integração no contexto de uma economia nacional e internacional, que segue excluindo a quem não possui suficiente capital e a quem não concebe sua vida e sua atividade produtiva em termos da lógica que impõe o mercado.
AGRADECIMENTOS
À ANPCyT e à Universidade de la Cuenca del Plata pelo apoio e financiamento outorgado ao projeto de pesquisa que deu origem a este trabalho (código de projeto PICT 0192-2011).
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COMITÊ DE ÉTICA E BIOSSEGURANÇA O presente artigo desenvolve resultados correspondentes ao projeto PICT 0192-2011. Tem sido aprovado desde o ponto de vista ético e de conteúdo pela Agencia Nacional de Promoción Científica (ANPCyT) do Ministerio de Ciencia y Tecnología (Argentina).
Datas de Publicação
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Data do Fascículo
Fev 2015
Histórico
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Recebido
20 Abr 2014 -
Aceito
03 Jun 2014