Pesquisadores do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, em Bento Gonçalves, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, e da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, e Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, demonstraram que a plasticultura permite reduzir em 17% a demanda hídrica da cultura da videira sem comprometer a qualidade comercial da uva “Itália” nas condições da Serra Gaúcha. O artigo foi publicado no periódico Ciência Rural, v.45, de fevereiro de 2015.
O estudo teve como objetivos avaliar a maturação tecnológica e as dimensões (diâmetro, comprimento e volume) das bagas de videias cultivadas em ambiente protegido, submetidas a diferentes condições de disponibilidade hídrica no solo e consumo de água. Para isso, os pesquisadores utilizaram plantas de Vitis vinifera L. cv “Itália”, enxertadas sobre 420A, conduzidas em latada descontínua e cobertas com lonas plásticas de polipropileno trançado impermeabilizado com polietileno. Os tratamentos constituíram-se de distintos conteúdos de água disponível no solo, com o tratamento controle (T1) sob condição de capacidade de campo e potencial matricial da água no solo (ψm) ao redor de -33,34kPa. Os demais tratamentos tiveram limites inferiores de -42,12kPa (T2), -76,28kPa (T3) e -94,32kPa (T4).
Os resultados mostram que os tratamentos T3 e T4 anteciparam o ciclo e a maturação tecnológica das bagas em relação ao controle. Em contrapartida, o déficit hídrico moderado (T2) apresentou maior eficiência do uso da água pelas plantas, tornando-se a condição mais adequada para incrementar a qualidade das uvas.
Para o pesquisador Leonardo Cury da Silva, o trabalho inova ao oferecer referenciais mínimos e máximos de condição hídrica do solo para garantir a qualidade de produção da uva “Itália”, na Serra Gaúcha. Ele oferece subsídios técnicos para a viticultura sob cultivo protegido, atividade que expandiu 1250% em área nos últimos 10 anos.
Segundo comenta Leonardo, muitos produtores da Serra Gaúcha têm investido em estruturas de irrigação na produção de uvas, investimento feito de modo empírico e sem nenhum subsídio técnico até o momento. “Antes dessa pesquisa, não havia nenhum estudo técnico para o manejo adequado da água nessa condição de cultivo, abordando aspectos econômicos e ambientais”, afirma ele.