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Relações pais e filhos adolescentes e estratégias de prevenção a riscos

Parents and teenagers relationships - strategies to prevent risks

Resumos

A prevenção de comportamento desviante é uma estratégia recente que norteia os estudos de desenvolvimento humano. O relacionamento familiar conflituoso, o mau desempenho escolar, a pouca importância atribuída à vida são fatores de risco, muitas vezes associados ao contexto em que se processa o desenvolvimento. Este trabalho teve por objetivo levantar alguns fatores do relacionamento familiar, que podem afetar o comportamento de filhos adolescentes. A amostra utilizada constituiu-se de 317 estudantes, freqüentando o segundo grau em escola pública, cidade de porte médio. Foram coletados dados de 143 sujeitos masculinos e de 174 femininos, distribuídos conforme as faixas etárias em adolescência inicial ( 15 a 17 anos) e final (18a 20-21 anos). Um inventário, descrevendo aspectos da vida de adolescentes e de suas famílias foi aplicado, sendo composto de questões gerais ( parte 1 ) e de um "checklist", contendo itens relativos a eventos estressantes ( parte 2), forma adaptada do inventário-padrão "Família y Adolescência: Indicadores de Salud" da W.K. Kellogg Foundation. Os dados, analisados em função das variáveis sexo e grupos de idade, cobrem aspectos como o.grau de satisfação nas relações materna e paterna, saúde e condições estressantes vivenciadas pela família e como os adolescentes avaliam os aspectos de sua vida pessoal, quais suas expectativas, realizações e comportamentos em relação à escola. A análise preliminar indica que além de aspectos do relacionamento familiar satisfatório o ajustamento escolar possa ser um meio de prevenção. Sugere-se que fatores de riscos, precocemente detectados, poderão ter sua ação minimizada num processo re-educativo.

Famílias; Adolescentes; Prevenção a Riscos


To prevent behavioral deviation is one recent strategy. Conflictive familiar relationship, bad school performance and low value assigned to life are risk factors that many times can be associated to the context in which the development takes place. This study had as objective to consider some factors associated to familiar relationship that could affect teenager's behavior. The sample was composed by 317 students, of a middle town size public high school. Subjects were 143 males and 174 females, classified in two groups: initial adolescence (15 - 17 years old) and final adolescence (18 - 21 years old). One inventory describing aspects of teenager's and family's lives was applied asking questions about the family (part 1) and by a checklist that contained aspects related to stressful events (part 2), adapted from W.K.Kellogg Foundation's inventory named "Familia y Adolescência: Indicadores de Salud". Results are analyzed according to sex and age variables and they cover aspects such as the level of satisfaction in mother and father relationship, healthy and stressful conditions experienced by family and teenagers' evaluation about their personal life and the teenagers' behavior, expectance and accomplish towards school. Preliminary analyses indicate that besides satisfactory family relationship, good school adjustment may be one way to prevent social and psychological risks in teenagers' groups, suggesting that risk factors early detected could have their action minimized in a re-educative process.

Families; Teenagers; Risk Prevention


Relações pais e filhos adolescentes e estratégias de prevenção a riscos

Parents and teenagers relationships - strategies to prevent risks

Maria Aparecida Trevisan Zamberlan; Maura Gloria de Freitas; Ligia Fukamori

UEL

Endereço para correspondênciaEndereço para correspondência: Maria Aparecida Trevisan Zamberlan Departamento de Educação Programa de Mestrado em Educação Universidade Estadual de Londrina Avenida Celso Garcia, s/no , Campus Universitário Cep 86.050.901 Fone (21) 43 371/4338 e-mail: zamba@ldnet.com.br

RESUMO

A prevenção de comportamento desviante é uma estratégia recente que norteia os estudos de desenvolvimento humano. O relacionamento familiar conflituoso, o mau desempenho escolar, a pouca importância atribuída à vida são fatores de risco, muitas vezes associados ao contexto em que se processa o desenvolvimento. Este trabalho teve por objetivo levantar alguns fatores do relacionamento familiar, que podem afetar o comportamento de filhos adolescentes. A amostra utilizada constituiu-se de 317 estudantes, freqüentando o segundo grau em escola pública, cidade de porte médio. Foram coletados dados de 143 sujeitos masculinos e de 174 femininos, distribuídos conforme as faixas etárias em adolescência inicial ( 15 a 17 anos) e final (18a 20-21 anos). Um inventário, descrevendo aspectos da vida de adolescentes e de suas famílias foi aplicado, sendo composto de questões gerais ( parte 1 ) e de um "checklist", contendo itens relativos a eventos estressantes ( parte 2), forma adaptada do inventário-padrão "Família y Adolescência: Indicadores de Salud" da W.K. Kellogg Foundation. Os dados, analisados em função das variáveis sexo e grupos de idade, cobrem aspectos como o.grau de satisfação nas relações materna e paterna, saúde e condições estressantes vivenciadas pela família e como os adolescentes avaliam os aspectos de sua vida pessoal, quais suas expectativas, realizações e comportamentos em relação à escola. A análise preliminar indica que além de aspectos do relacionamento familiar satisfatório o ajustamento escolar possa ser um meio de prevenção. Sugere-se que fatores de riscos, precocemente detectados, poderão ter sua ação minimizada num processo re-educativo.

Palavras Chave: Famílias - Adolescentes - Prevenção a Riscos

ABSTRACT

To prevent behavioral deviation is one recent strategy. Conflictive familiar relationship, bad school performance and low value assigned to life are risk factors that many times can be associated to the context in which the development takes place. This study had as objective to consider some factors associated to familiar relationship that could affect teenager's behavior. The sample was composed by 317 students, of a middle town size public high school. Subjects were 143 males and 174 females, classified in two groups: initial adolescence (15 - 17 years old) and final adolescence (18 - 21 years old). One inventory describing aspects of teenager's and family's lives was applied asking questions about the family (part 1) and by a checklist that contained aspects related to stressful events (part 2), adapted from W.K.Kellogg Foundation's inventory named "Familia y Adolescência: Indicadores de Salud". Results are analyzed according to sex and age variables and they cover aspects such as the level of satisfaction in mother and father relationship, healthy and stressful conditions experienced by family and teenagers' evaluation about their personal life and the teenagers' behavior, expectance and accomplish towards school. Preliminary analyses indicate that besides satisfactory family relationship, good school adjustment may be one way to prevent social and psychological risks in teenagers' groups, suggesting that risk factors early detected could have their action minimized in a re-educative process.

Key words: Families - Teenagers - Risk Prevention

Padrões de Comportamento do Adolescente na Família

As práticas de socialização do adolescente decorrem de representações que seu grupo social estabelece sobre o desenvolvimento humano e sobre o que deve ser esperado ou exigido desses indivíduos em cada etapa.

De acordo com Biasoli-Alves (1992), estudos nesta área demonstram que na maioria das sociedades civilizadas, as duas primeiras décadas de vida do indivíduo representam sua evolução em busca da independência e do autocontrole, podendo-se constatar que: 1º) o indivíduo caminha da dependência estrita para a independência; 2°. o comportamento do indivíduo passa de um total controle externo para o autocontrole.

Pode-se constatar que as civilizações ocidentais contemporâneas elegeram como um valor essencial à independência do indivíduo, o seu direito a uma identidade pessoal, livre e autônoma e a separação dos jovens da sua família de origem. Porém, e contrariamente, se a separação é encorajada, a disjunção entre a capacidade procriativa e a capacidade sócio-econômica tem-se acentuado. Por outro lado, espera-se também que permaneçam fortes laços familiares e obrigações mútuas entre pais e filhos ao longo de toda a vida.

Havigurst (apud Witter, 1988) chamou de tarefas de desenvolvimento, aquelas atividades que deveriam ser concretizadas em uma determinada etapa da vida, com o objetivo de atender às necessidades pessoais de evolução, garantir o desenvolvimento pessoal, mantendo os padrões sociais e culturais de seu grupo. Essas tarefas de desenvolvimento são definidas por Witter ( 1988) como sendo lições que a pessoa deve aprender durante sua trajetória de vida, sendo que algumas das tarefas são colocadas especificamente para um período particular, estando, gradualmente, incorporadas em outros períodos, enquanto que outras se ramificam durante o desenvolvimento.

Witter (1988) analisando os problemas psicossociais do adolescente assinala que grande parte daqueles são procedentes da impossibilidade do cumprimento das tarefas de desenvolvimento esperadas para esta etapa. O meio em que vive o adolescente (família, escola, grupos sociais) muitas vezes não facilita o desenvolvimento dos comportamentos que serviriam de base para o sucesso naquelas tarefas, ou até mesmo reforça comportamentos incompatíveis com a postura que é cobrada do adolescente. Este contexto, associado à percepção por parte do indivíduo de sua incapacidade em responder adequadamente a exigências, pode desencadear um quadro de tensão, dificultando ainda mais o processo.

Segundo a autora, seria pertinente que os diferentes grupos sociais, compartilhados pelo adolescente, propiciassem condições adequadas para auxiliá-lo a atender as expectativas que lhe são dirigidas. Ultrapassar com êxito esta transição envolve, naturalmente, influência do tipo de socialização, da estruturação familiar e do ciclo de vida em que está passando a família. (Machado, 1999).

Tomando como referência pesquisas realizadas no nosso país e fora do Brasil, encontramos estudos que focalizam problemas específicos na adolescência ou padrões comportamentais que se espera sejam desempenhados nessa fase e que em face de múltiplas exigências e expectativas culturais podem ser conflitantes para os adolescentes.

Quando eles não provêem contingências que viabilizem o cumprimento satisfatório de tais expectativas, podem surgir variadas formas de inadequações para seu desenvolvimento. Assim, pode ocorrer o estabelecimento de relações que embora funcionais (para o indivíduo e ambiente) o limitarão em ser um indivíduo autônomo e não haverá um processo gradual e saudável de passagem do controle externo para o auto-controle ( conforme assinalou Biasoli-Alves, 1992).

Procurando elucidar o problema de investigação desse trabalho de pesquisa visou-se delinear o perfil de adolescentes que vivem em Londrina, em famílias urbanas de classe média, analisando aspectos de seu relacionamento familiar e pessoal como um meio de prevenção a riscos.

Fatores de Risco como Antecedentes de Problemas Emocionais na Adolescência

Rutter (1980) e outros estudiosos (Lutar, 1991) que trabalham a questão de riscos e fatores protetores na adolescência chamaram de "resiliência" à capacidade humana de enfrentar as adversidades da vida e ser capaz de superá-las, seja no âmbito da ação de indivíduos ou grupos. Esse processo tem sua origem na infância e intensifica-se na adolescência e o grupo social, especialmente a família, deve criar condições que fortaleçam fatores protetores, garantindo competência ao adolescente para a resolução de seus problemas.

Também a família pode ser um grupo resiliente quando é estruturalmente capaz de enfrentar situações de crise, passando para seus filhos apoio e segurança, ainda que esteja vivendo algum tipo de condição adversa. Conflitos familiares, alterações na estrutura da família, dificuldades econômicas, pouca facilidade de acesso a recursos comunitários, problemas comportamentais ou outras dificuldades com seus membros podem levar a família a mobilizar grande quantidade de tensão, o que requer apoio ao grupo como um todo.

Frick, Lahey, Loeber, Stouthamer- Loeber, Christ e Hanson (1992) em dados empíricos de pesquisa concluíram que a presença de fatores de risco na família, tais como o abuso de substâncias psicoativas, padrões de personalidade antisocial em um dos pais, problemas de conduta, são encontrados em crianças que apresentam distúrbios. Ainda, segundo esses mesmos autores, é importante considerar que nenhuma variável isolada mostra-se potencialmente preditiva de alterações de conduta.

Zigler, Taussig e Black (1992) verificaram que as crianças que sofreram maus-tratos ou foram negligenciadas em sua infância tinham maior probabilidade do que as outras de desenvolverem comportamentos inadaptativos e de cometerem crimes violentos. Relata ainda que os estudos mostram que os pais são os principais abusadores das crianças (62% das vezes). Levanta a hipótese de que crianças que são rejeitadas ou superprotegidas pelos pais tentam obter status social fora de casa e tornam-se altamente suscetíveis ao controle do grupo jovem. Aqueles que têm vínculos fortes com seus pais são compelidos a ficar longe dos colegas desviantes (quando os pais não o são).

Segundo a visão dos vários autores citados, cujos trabalhos estudaram a dinâmica familiar e riscos ao desenvolvimento, "a situação familiar instável, falta de comida ou dinheiro, habilidade intelectual limitada, psicopatologia ou eventos estressantes podem restringir a disponibilidade, sensibilidade e habilidade dos pais para serem responsivos às suas crianças.

Fatores de risco ambiental como pobreza, desemprego, crime, pais adolescentes, mãe solteira, saúde mental deficitária dos pais, limitação educacional daqueles são, segundo Bernstein e Hans (1991), indicativos de problemas no desenvolvimento.

Fatores implicados nas relações com os pais, como os associados ao estresse, à depressão e a problemas conjugais também são muito importantes. Quanto maior o estresse dos pais, a falta de competência para lidar com problemas da vida diária, as poucas oportunidades de lazer, a depressão por frustração, perdas ou estar desamparado e com problemas conjugais, será maior a chance dos filhos desenvolverem problemas psicológicos. Brigas entre os pais, a disciplina relaxada, a delinqüência por parte dos pais e irmãos, a presença de punição severa e inconsistente são variáveis presentes e relevantes nas famílias de jovens desviantes.

Esses autores formularam as seguintes propostas para a prevenção de riscos: oferecer passatempo significativo para os jovens, reduzir a violência nas famílias, desenvolver técnicas de disciplina mais apropriadas, desenvolver a competência cognitiva e ocupacional, desenvolver as habilidades escolares e as relacionadas ao manejo do estresse, modificar as oportunidades ambientais e a vulnerabilidade das prováveis vítimas.

Com base no que foi aqui considerado, sugere-se que programas de prevenção à delinqüência devem iniciar-se o mais cedo possível e principalmente aqueles com o objetivo específico de impedir os primeiros atos anti-sociais.

Objetivo

Este trabalho teve por objetivo levantar alguns fatores associados ao relacionamento familiar, que afetam o comportamento de filhos adolescentes masculinos e femininos, mais jovens e mais velhos.

Método

População-alvo da pesquisa

A amostra utilizada nessa pesquisa constitui de 317 estudantes, freqüentando o segundo grau em escola pública do centro de Londrina, com idades entre 15 e 20-21 anos.

Foram coletados dados de 143 sujeitos masculinos e de 174 sujeitos femininos, distribuídos conforme o agrupamento de faixas etárias em adolescência inicial ( 15 a 17 anos) e adolescência final ( 18 a 20-21 anos).

Instrumento de Coleta de Dados

Um inventário, descrevendo aspectos da vida de adolescentes e de suas famílias foi aplicado nas classes de primeira a terceira série do ensino médio, da referida escola, nos períodos: matutino e noturno. A duração média de aplicação foi de 40 minutos.

Esse inventário é composto de questões gerais sobre a família (parte 1) e de um "checklist", contendo itens relativos a eventos estressantes que possam ter afetado a vida dos seus componentes (parte 2). Trata-se de uma forma adaptada do inventário-padrão para o estudo da "Família y Adolescência: Indicadores de Salud" da W.K. Kellogg Foundation. Foram seguidos os mesmos critérios do inventário-padrão para a aplicação do instrumento, organização das instruções e planejamento das formas de análise e interpretação de seus resultados.

As aplicações ocorreram durante o horário de aulas, obtendo-se respostas individuais aos mesmos. As pontuações individuais relativas a cada questionário respondido foram estatisticamente tratadas (Programa computacional Estatística) segundo a escala de valores: 1 - nunca, 2 - raramente; 3 - algumas vezes; 4 - freqüentemente e 5 - sempre, cujas opções eram aplicáveis à maioria de suas questões. Quando o item não obteve avaliação foi pontuado com zero.

Todos os instrumentos preenchidos satisfatoriamente foram tabulados em função das variáveis sexo e idade. Os grupos de 15, 16 e 17 anos foram analisados em conjunto (adolescência inicial), sendo o mesmo procedimento adotado para os grupos mais velhos (18, 19, e 20 -21 anos), caracterizados como adolescência final.

Resultados

Os resultados das referidas comparações estão expressos nas tabelas 1 a 8.

A análise da tabela 1, que trata da busca de apoio pelos adolescentes quando em dificuldades, indica que: para o grupo feminino de 15 a 17 anos, a primeira escolha como fonte freqüente ou muito freqüente11 Em virtude disso foram agrupadas as opções freqüente e muito freqüentemente para todos os grupos. de apoio ocorreu para amigos (54%) seguido de pais (51%), de irmãos (36%), de outros adultos (23%) e de parentes (19%). Já no grupo feminino de 18 a 20 -21 anos, os valores percentuais para as mesmas opções foram 52% para outro adulto, seguido de 51% para amigos. 48% para pais, 29% para irmãos e 23% para parentes. No grupo masculino de 15 a 17 anos a primeira escolha recai para amigos (55%), seguido de pais (52%), irmãos (30%), outro adulto (16%) e parentes (14%). No grupo masculino de 18 a 20 -21 anos a primeira escolha é para pais (70%) seguida de amigos (34%), de irmãos (20%), parentes (17%) e outro adulto (14%).

A análise da tabela 2, que trata do enfrentamento a problemas pelos adolescentes e suas famílias, indica que há poucas diferenças entre os grupos femininos e masculinos quanto às opções de resposta e por esse motivo a análise da tabela será feita em conjunto1. Quanto às respostas de maior freqüência 97% reagem de forma otimista; 69% resolvem sozinhos, 57% buscam outras alternativas de solução, 47% buscam os amigos, 42% buscam religiosos, 35% buscam os especialistas, 35% buscam outros que tenham problemas e por último a busca de programas de apoio comunitários, com 17%.

A análise das tabelas 3 a e 3 b que tratam, respectivamente, dos graus de satisfação nas relações com a mãe e com o pai, indica que para os grupos femininos somados, o diálogo é referido como freqüente ou muito freqüente tanto com a mãe (64%) quanto com o pais (31% ). Nos grupos masculinos somados essa opção é freqüente e muito freqüente em 61% para a mãe e em 62% para o pai. A confiança para dizer o que sente é citada em 43% para a mãe e em 12% para o pai, nos grupos femininos somados em 39% para a mãe e em 42% para o pai, nos grupos masculinos somados. Quanto à opção "os pais percebem o que os filhos sentem" 55% são citados como freqüentes e muito freqüentes no grupo feminino e em 53% para o grupo masculino -referindo-se à genitora e em 26% no grupo feminino e 27% no grupo masculino, com relação ao genitor. Na opção "pode falar livremente com os pais" ocorrem 46% para o grupo feminino e 25% para o grupo masculino, com relação à mãe; e 48% e 56% respectivamente, nos grupos feminino e masculino para o genitor.

A tabela 4, que trata dos graus de satisfação dos adolescentes com relação a aspectos de suas vidas aponta que: houve uma maior concentração dos sujeitos do sexo feminino que responderam estar bastante ou totalmente satisfeitos consigo mesmos (33%) sendo que a menor ocorrência foi para a população masculina que respondeu estar totalmente insatisfeita (11%). No item que diz respeito à satisfação com os amigos, não há praticamente diferença entre o sexo masculino e o sexo feminino alcançando 51 % e 50%, respectivamente. Na questão que se refere à vida religiosa da família, 58% do grupo feminino respondeu estar bastante ou completamente satisfeito e a maior concentração ocorreu no sexo masculino onde 68% alega estar bastante satisfeito. No que se refere aos serviços de saúde de que a família se serve, 10% do sexo feminino respondeu estar bastante ou completamente satisfeita e 36% do grupo masculino expressa os mesmos graus de satisfação. Já na questão de satisfação do adolescente em relação ao bairro em que vive, 14% do sexo feminino se mostrou bastante ou completamente satisfeita e 35% do sexo masculino escolheu as mesmas opções. Na situação econômica da família 38% declarou estar bastante ou completamente satisfeito na população feminina e 53% da população masculina declarou o mesmo. Em relação ao rendimento escolar 32% da população feminina aponta estar bastante ou totalmente satisfeita e a população masculina indica 32% para a mesma opção. Na questão do trabalho ou principal ocupação 33% da população feminina declara estar bastante ou completamente satisfeita enquanto 36% da população masculina declara a mesma opção. Na satisfação com a família, a população feminina apresentou 26% das opções, indicando satisfação enquanto a população masculina teve como escolha 19% na mesma opção.

Os dados da tabela 5, que tratam das aspirações dos adolescentes quanto aos aspectos de sua vida e graus de importância atribuídos a cada valor, indicam que: para o grupo feminino, de 15 a 17 anos foram motivos de preocupações muito e muitíssimo importantes, com relação à própria vida e aos outros: 10% - para respeitar os outros, seguido de 9% - para ter uma família unida, 7% para a opção ser honesto e igualmente 7% para a opção ter muito dinheiro, seguido das opções - realizar-se profissionalmente (6%) e ter influência e poder sobre as pessoas (6%); com 5% de opções - ter uma vida sexual ativa, seguido de 4% para crença em Deus ou em um Ser superior, e, por último (1%) estudar até o nível superior e obter o respeito dos outros. No grupo feminino de 18 a 20 -21 anos, foram assinaladas como muito e muitíssimo importante: 45% para a opção ter uma vida sexual ativa, seguido de ter poder e influência sobre as pessoas (35%) e ser honesto (35%); com 32% foram assinaladas: estudar até o nível superior, empatadas: obter o respeito dos outros e respeitar os outros. Com 29% vêm as opções: realizar-se profissionalmente, ter muito dinheiro e crença em Deus ou em Ser Superior; por último, com 26% - ter uma família unida. Com relação à população masculina de 15 a 17 anos a 1ª opção -ter uma vida sexual ativa - é colocada com 12%, seguido de realizar-se profissionalmente e ter uma família unida, com 10%; estudar até o nível superior e obter respeito dos outros ocorrem, ambas, com 8%; com 7% são referidas as opções ter honestidade e crença em Deus ou em um Ser Superior e, por último, 5% de escolha - ter poder e influência sobre as pessoas e respeitar os outros. Para o grupo masculino de 18 -20 -21 anos, a 1ª opção - com 50%, é colocada na questão "ter poder e influência sobre as pessoas", seguida da opção "ter muito dinheiro", com 37%; ter honestidade com 33%, seguido de respeito pelos outros e crença em Deus ou em Ser Superior, ambos com 30%; estudar até o nível superior e ter uma vida sexual ativa, com 27% cada uma; realizar-se profissionalmente, com 10% e duas opções não tiveram escolhas para esse grupo: ter uma família unida e obter respeito dos outros.

A tabela 6 aponta que, com relação a problemas de saúde na família, para o grupo feminino de 15 a 17 anos, 73% respondeu que não ocorreu. Dos restantes (27%) em que se registra a ocorrência, 21% assinala a opção doença grave, incapacitação física ou internamento dos familiares como tendo afetado muito a sua vida. Para a questão "membro da família apresentou problemas emocionais", 45% respondeu que não ocorreu essa situação. Dos que revelam sua ocorrência, apenas 11 % apontam terem sido muito afetados por isso. Quanto à morte de parente, membro da família e amigo próximo, 37% dizem não ter ocorrido tal situação. Para o grupo que teve essa opção registrada, 19% alega ter sido muito afetado por tal ocorrência. Com relação à opção: houve internamento psiquiátrico de algum membro da família, 80% respondeu não ter ocorrido. Dos que vivenciaram tal fato, 6% revelou ter tido sua vida muito afetada por tal evento. Para o grupo feminino de 18 a 20 -21 anos - 58% indicou não ter ocorrido doença grave na família. Para aqueles que tiveram essa situação, 10% dizem ter tido sua vida muito afetada. Nesse mesmo grupo, 48% respondeu não ter ocorrido problemas emocionais com membros da família e para os 52% restantes, 23% sentiram-se muito afetados com isso. Da mesma forma, 48% disse não ter ocorrido morte de parentes, familiares ou amigos próximos e, do grupo que enfrentou tal situação 13% diz terem sido muito afetados. Quanto ao internamento psiquiátrico de algum membro da família, 42% alegou não ter ocorrido tal situação e do grupo afetado por isso, somente 6% indica tal situação como variável que tem afetado, com relevância, a sua vida. No grupo masculino de 15 a 17 anos, a incidência de não ocorreu doença grave na família é de 81% e para aqueles que vivenciaram tal evento, 8% aponta como tendo sua vida muito afetada por essa situação. Para a opção - membro da família apresentou problemas emocionais - 73% alegou não ter vivido tal situação. Para os demais, 4% aponta ter sido muito afetados por essa condição. A não ocorrência de mortes de parentes, familiares ou amigo próximo é de 65% e para esse grupo; os demais 14% escolheram a opção terem sido muito afetados com esse fato. Ainda, 92% indicou que não ocorreu na família, internamento psiquiátrico; somente 1% dos que enfrentaram tal situação declara ter sido muito afetado, por isso. Para o grupo masculino de 18 a 20-21 anos, observa-se que 67% não enfrentaram doença grave na família e dos que enfrentaram, 13% foram muito afetados por essa condição. Para a opção - membro da família apresentou problemas emocionais, 70% nunca vivenciaram tal situação e dos que a tiveram, somente 3% sentiu-se muito afetado por isso. A opção morte de parente, familiar e amigo apontou 77% das opções para não ocorrência e dos que a vivenciaram apenas 3% declara-se afetado por isso. Finalmente, com relação a internamento psiquiátrico na família 93% indicou não ter vivenciado a experiência e dos 7% que a vivenciaram, nenhum deles sentiu-se afetado.

A análise da tabela 7 destaca variáveis estressoras de diversas ordens: pessoais, econômicas, familiares, escolares, judiciais e outras que possam ter ocorrido na vida dos grupos entrevistados. Quando analisamos as opções assinaladas de não ocorrência, segundo os grupos, temos a seguinte hierarquia: "família passou fome por falta de dinheiro", com 0% e 1%, respectivamente, para o grupo feminino de 15 a 17 anos e para o grupo masculino de 15 a 17 anos. Na mesma opção, temos 13% para o grupo feminino de 18 a 21 anos e 23% para o grupo masculino de 18 a 20 - 21 anos. A questão "a família deixou de consultar médico por falta de dinheiro" obteve 0% para o grupo feminino de 18 a 21 anos e também, 0% para o grupo masculino de 15 a 17 anos e 6% para o grupo feminino de 15 a 17 anos. Na mesma opção, foi obtido 27% para o grupo masculino de 18 a 21 anos. A questão "houve adoção de filhos pela família" obteve 0% e 2%, respectivamente, para o grupo masculino de 15 a 17 anos e para o grupo feminino de 15 a 17 anos; 3% para o grupo masculino de 18 a 20-21 anos e de 35% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. "A família foi despejada da casa em que morava" foi referida com 1% e 3%, respectivamente, para o grupo masculino de 15 a 17 anos e para o grupo feminino de 15 a 17 anos; com 20% para o grupo masculino de 18 a 21 anos e 35% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. "Algum filho deixou a casa" foi referido com 2% e 3%, respectivamente, para o grupo masculino de 15 a 17 anos e para o grupo feminino de 15 a 17 anos; e com 20% para o grupo masculino de 18 a 21 anos e 35% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. "Algum dos pais abandonou a família" foi referido com 3% para o grupo feminino de 15 a 17 anos e 4% para o grupo masculino de 15 a 17%; e com 13% para o grupo masculino de 18 a 21 anos e 45% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. "Violência entre membros da família" foi referida por 5% para o grupo masculino de 15 a 17 anos e 16% para o grupo feminino de 15 a 17 anos; com 37% para o grupo masculino de 18 a 20- 21 anos e em 39% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. "Intervenção da polícia em relação a qualquer pessoa da família" foi referida com 5% para o grupo feminino da 15 a 17 anos e 8% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; com 17% para o grupo masculino de 18 a 21 anos e em 29% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. O "casamento de um dos pais com outro cônjuge" foi referido com 6% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; 10% para o grupo feminino de 15 a 17 anos; 44% para o grupo masculino de 18 a 21 anos e de 52% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. "Mudança de Residência" foi referida com 8% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; 20% para o grupo feminino de 15 a 17 anos; 47% para o grupo masculino de 18 a 21 anos e 93% para o grupo feminino de 18 a 21 anos. "Divórcio ou separação dos pais" foi referido com 16% para o grupo feminino de 15 a 17 anos; 19% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; 42% para o grupo feminino de 18 a 21 anos e 43% para o grupo masculino de 18 a 21 anos. "Problemas com rendimento escolar de qualquer membro da família" foi referido por 32% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; 48% para o grupo feminino de 18 a 21 anos; 55% para o grupo feminino de 15 a 17 anos e em 73% para o grupo masculino de 18 a 20-21 anos. "Problemas financeiros graves", "conflitos sérios na família" e "problemas no emprego com qualquer membro da família" foram referidos como os mais freqüentes, tendo obtido os seguintes valores, respectivamente: 20% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; 72% para o grupo feminino de 15 a 17 anos; 87% para o grupo feminino de 18 a 21 anos e 97% para o grupo masculino de 18 a 21 anos, para o primeiro caso; de 25% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; 57% para o grupo feminino de 15 a 17 anos ; de 81 % para o grupo feminino de 18 a 21 anos e de 90% para o grupo masculino de 18 a 21 anos, no segundo aspecto. Para o terceiro, o índice de " não ocorrência" foi de 27% para o grupo masculino de 15 a 17 anos; de 75% para o grupo feminino de 15 a 17 anos; de 83% para o grupo masculino de 18 a 21 anos e de 94% para o grupo feminino de 18 a 21 anos.

Ainda, com relação à tabela 7, a análise, grupo a grupo de adolescentes masculinos e femininos, mais novos e mais velhos, mostra a influência de indicadores hierarquicamente ordenados na opção "afetou muito", conforme descritos a seguir: na visão do grupo feminino, de 15 a 17 anos, foram hierarquizados: 1º) problema no emprego com membro da família (25%); 2º) conflito sério na família - 22%; 3º) problemas financeiros graves (15%); 4º) problemas com rendimento escolar de qualquer membro da família e o divórcio ou separação dos pais, ambos com 9%; 5º) violência entre membros da família-com 7%; 6º) mudança de residência, com 6%; 7º) casamento de um dos pais com outro cônjuge (4%) e 8º) registrando-se empates, com 1% os seguintes itens: adoção de filhos pela família; a família foi despejada da casa em que morava; algum filho deixou a casa; qualquer dos pais abandonou a família e houve intervenção policial sobre qualquer membro da família. Duas opções não tiveram escolhas para esse grupo: "a família passou fome" e "a família deixou de consultar médico por falta de dinheiro".

A análise dos mesmos indicadores para o grupo feminino de 18 a 21 anos aponta em 1º lugar, "mudança de residência" com 48% dos entrevistados sentindo-se afetados; em 2º lugar com 32%, "conflito sério na família" e "intervenção da policia em relação a qualquer membro da família"; em 3º lugar, com 29% ficaram as opções "problemas no emprego com qualquer membro da família", "a família foi despejada de sua casa" e "algum filho deixou a casa"; em 4º lugar com 26% vem a opção "algum dos pais abandonou a família"; em 5º lugar, com 23% ocorreram as opções "casamento de um dos pais com outro cônjuge" e "adoção de filhos pela família" ; o 6º lugar com 19% foi atribuído à opção "problemas financeiros graves"; e o 7º lugar com 16% à opção "problemas com rendimento escolar de qualquer membro da família"; o 8º lugar com 13% ocorreu para as opções "divórcio ou separação dos pais" e "violência entre membros da família". Sem escolhas ficaram as opções "família passou fome por falta de dinheiro" ou "deixou de consultar médico por falta de dinheiro".

A análise dos indicadores referidos para o grupo masculino de 15 a 17 anos indica que o maior percentual de respostas recaiu sobre a opção: 1º) "problema no emprego com qualquer membro da família", com 8%; 2º) com 6%, "conflito sério na família"; 3º) com 4% "problemas com rendimento escolar de qualquer membro da família"; 4º) com 3%, "problemas financeiros graves"; 5º) com 2%, empatados, "mudança de residência" e "intervenção da policia em relação a qualquer pessoa da família" e 6º) com 1%, "divórcio ou separação dos pais"; " violência entre membros da família"; "família passou fome por falta de dinheiro" e "algum dos pais abandonou a família". Dentre as opções propostas, cinco não tiveram escolhas: "casamento de um dos pais com outro cônjuge"; "adoção de filhos pela família"; "a família foi despejada da casa em que morava"; "deixou de consultar médico por falta de dinheiro" e "algum filho deixou a casa".

As variáveis julgadas, do ponto de vista do grupo masculino de 18 a 20-21 anos indicam, hierarquicamente, que: 1º) com 33% ficam as seguintes opções: "problemas no emprego com qualquer membro da família" e "conflito sério na família"; 2º) com 20% - "problemas financeiros graves"; 3º) com 17% vem a opção "mudança de residência"; 4º) com 10% ocorreu "violência entre os membros da família", "a família foi despejada da casa em que morava" e "casamento de um dos pais com outro cônjuge"; 5°) com 7% tiveram empates as opções: "problemas com rendimento escolar de qualquer membro da família"; "família passou fome por falta de dinheiro" e "deixou de consultar médico por falta de dinheiro"; 6º) com 3% vêm as opções: "divórcio ou separação dos pais" e "algum dos pais abandonou a família". Sem escolhas, para esse grupo foram registradas as seguintes opções: "adoção de filhos pela família" e "intervenção da policia em relação a qualquer membro da família".

A tabela 8 diz respeito ao ajustamento ou desajustamento escolar dos adolescentes nessa instituição.

Esses dados apontam aspectos considerados positivos e negativos em comportamentos manifestos pelos adolescentes com relação à escola. Dentre os aspectos positivos, destacam-se: na opção "aprecia a escola" que houve 19% de escolhas no grupo masculino mais novo e 17% no grupo masculino mais velho e 36% de escolhas para o grupo feminino mais novo e 26% para o grupo feminino mais velho. "Relacionar-se bem na escola" é referido com 40% de escolhas para o grupo masculino mais novo e nenhuma escolha foi apontada pelo grupo masculino mais velho. Já 43% de escolhas foram registradas no grupo feminino mais novo e 39% no grupo feminino mais velho. A opção "conclui tarefas no tempo previsto" é referida como muito freqüente por 14% do grupo masculino mais novo e nenhuma escolha freqüente para o grupo masculino mais velho. Já, no grupo feminino mais novo, para a opção mais freqüente registrou-se 28% das escolhas e para o grupo feminino mais velho, 26%. A "participação em atividades grupais" é referida como muito freqüente em 30% das escolhas do grupo masculino mais novo e em 7% nas escolhas do grupo masculino mais velho. Para os grupos femininos, mais novo e mais velho registraram-se, 48% e 29% de escolhas muito freqüentes, respectivamente. A "participação em atividades extracurriculares proporcionadas pela" escola é indicada por 13% e 10% respectivamente, nos grupos masculinos, mais novo e mais velho e em 37% e 16%, respectivamente, para os grupos femininos mais novo e mais velho.

Quanto aos aspectos considerados negativos, a opção "mudou de escola" teve 10% e 0% de escolhas para os grupos masculinos, mais novo e mais velho e 8% e 16% de indicações muito freqüentes para os grupos femininos, mais novo e mais velho; a ocorrência de reprovados nos dois últimos anos teve 1% e 10% de indicações para os grupos masculinos, mais novo e mais velho, respectivamente, e 6% e 4% de indicações para os grupos femininos, mais novo e mais velho, respectivamente. A opção "tem tirado notas baixas" é indicada como muito freqüente em 9% e 10% das escolhas, respectivamente, para os grupos masculinos, mais novo e mais velho e em 2% e 13% de escolhas nessa categoria para os grupos femininos, mais novo e mais velho. A maioria de todos os grupos se refere que não têm tirado notas baixas. A opção "destrói materiais escolares dos colegas" é também referida com baixos índices de ocorrência para os grupos masculinos (4% para os mais novos e nenhuma escolha para os mais velhos). Para os grupos femininos nenhuma escolha foi apontada para o grupo mais novo e apenas 7% de escolhas para o grupo mais velho. "Matar aulas" é referido com 12% de escolhas muito freqüentes para o grupo masculino mais novo e de 10% para o grupo masculino mais velho e com 2% e 10%, para os grupos femininos, mais novo e mais velho, respectivamente.

Considerações Finais

Numa análise bastante geral dos dados encontrados nas tabelas 1 a 8, temos que: amigos e pais são referenciados hierarquicamente, como fontes importantes de apoio para todos os grupos, o que confirma muitos dos estudos realizados sobre tais influências na adolescência; há maior número de opções, indicando a busca de soluções independentes e confiantes para os problemas que devam ser enfrentados - tanto pelos adolescentes quanto por suas famílias; em detrimento à busca de apoio em especialistas, religiosos, comunidades e outros; quanto aos graus de relacionamento com mães e pais, o diálogo, a confiança e a liberdade para manifestar-se foram mais referidos à figura materna do que paterna e em todos os grupos, a possibilidade de diálogo foi referida com mais de 60%, dentre as opções; quanto aos graus de satisfação dos adolescentes em relação a aspectos de suas vidas e da família, há diferenças - a maior - entre os grupos femininos e masculinos quanto à satisfação consigo mesmo; declaram-se muito satisfeitos ( mais de 50%) com relação a amigos para todos os grupos; a situação econômica da família e o trabalho são tratados, por todos os grupos com níveis médios de satisfação (cerca de 20% a 35%) das opções e a avaliação quanto ao atendimento de saúde de que a família se serve com níveis variáveis de 10% a 35% de satisfação. Os dados relativos às aspirações dos adolescentes e respectivos graus de satisfação atribuídos a valores pessoais e sociais indicam variações hierárquicas importantes entre os grupos de sexo e de idade, denotando aspectos mais pessoais, como busca de dinheiro, poder, sexualidade ativa e honestidade, entre os grupos masculinos, enquanto valores, como respeito pelos outros, ter uma família unida, realizar-se profissionalmente, estudar até o nível superior, crer em Deus ou em Ser superior foram mais referidos pelos grupos femininos. Com relação a estressores potenciais que possam afetar a vida das famílias para a maioria dos adolescentes ( em torno de 70% ou mais) não ocorreu morte de pessoas ligadas a ele, internamento psiquiátrico de membro da família, a família não passou fome ou esteve doente de forma que por motivo econômico não pudesse se tratar, sendo também pouco referidos: o despejo da casa onde morava, abandono do lar por filho ou qualquer um dos cônjuges. Foram referidos com índices que alcançaram mais de 70%, para a maioria dos grupos, os problemas no emprego com qualquer membro e conflitos sérios na família. Rendimento escolar deficitário afeta, medianamente, os grupos referidos, variando de 32% a 76%, conforme eles. Também, nesse conjunto de variáveis, a ordenação hierárquica é bastante variável quanto aos fatores referidos, entre os grupos. Há baixo nível de indicações para: família passou fome, houve intervenção policial com qualquer de seus membros, alguém deixou a casa, sendo tais estressores pouco constatados nessa população. Cumpre esclarecer que esses 317 adolescentes provêm, em geral, de famílias de camadas médias urbanas, geralmente estruturadas e cujos pais são, em maioria, professores e profissionais liberais. A instituição escolar de procedência dessa clientela aplica critérios seletivos na admissão de seus alunos, visto ser caracterizada como escola de aplicação, ligada a Universidade. Também, por esses condicionantes podem ficar relativizados os dados sobre comportamentos manifestos pelos adolescentes considerados positivos ou negativos com relação à instituição escolar. Os valores atribuídos a comportamentos positivos, como: aprecia a escola, relaciona-se bem com os colegas, é participante das muitas atividades que a escola promove, têm índices medianos e os referidos como de avaliação negativa foram de baixa freqüência (em torno de, no máximo, 16%), referidos a: evasão escolar, notas baixas, destruição de materiais escolares dos colegas e "matar aulas".

O mapeamento de fatores associados à ecologia e dinâmica familiar de populações urbanas de Londrina como possíveis determinantes da saúde mental de filhos adolescentes na faixa de 15 a 21 anos - é de significativa importância para que se formulem ações psico-educativas capazes de proporcionar-lhes proteção em condições de risco. Este trabalho levantou alguns fatores associados ao relacionamento familiar de pais e filhos adolescentes, visando, também, resgatar o papel da escola e da educação como agentes protetores, além de formas específicas de apoio e recursos com os quais tais famílias poderão contar no caso de enfrentamento de situações estressantes.

Artigo recebido para publicação em fevereiro de 2000

Aceito em agosto de 2000

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  • Endereço para correspondência:
    Maria Aparecida Trevisan Zamberlan
    Departamento de Educação
    Programa de Mestrado em Educação
    Universidade Estadual de Londrina
    Avenida Celso Garcia, s/no , Campus Universitário
    Cep 86.050.901
    Fone (21) 43 371/4338
    e-mail:
  • 1
    Em virtude disso foram agrupadas as opções freqüente e muito freqüentemente para todos os grupos.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      30 Jul 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 1999

    Histórico

    • Aceito
      Ago 2000
    • Recebido
      Fev 2000
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