Acessibilidade / Reportar erro

TABELA DE ESPERANÇA DE VIDA PARA ADULTOS DE Bracon sp. (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) PARASITÓIDE DO BICUDO DO ALGODOEIRO

Resumos

A esperança de vida para adultos de Bracon sp foi avaliada em câmara climatizada regulada a temperatura de 26 ± 2°C, UR de 75 ± 5% e fotofase de 12 h. Foi registrada maior esperança de vida (ex) no início da vida, que foi de 7,46 dias. Os resultados evidenciaram que a liberação de Bracon sp. para o controle biológico do bicudo, deve ser a partir da emergência do adulto até o 15o dia, quando a sobrevivência foi máxima.

tabela de esperança de vida; Bracon sp.; bicudo do algodoeiro; controle biológico; inseto parasitóide


The evaluation of the life expectancy for adults of Bracon sp. was carried out at 26 ± 2°C temperature, RH of 75 ± 5% and photophase of 12 h. The life expectancy (ex) was the highest at the beginning of life, with values of 7.46 days. The results show that the realease age of Bracon sp. aiming the biological control of the cotton boll weevil, is from the adult emergence to the 15 th day, when survival was maximum.

life expectancy table; Bracon sp.; cotton boll weevil; biological control; parasitoid


NOTA

TABELA DE ESPERANÇA DE VIDA PARA ADULTOS DE Bracon sp. (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) PARASITÓIDE DO BICUDO DO ALGODOEIRO

L.H.A. ARAUJO; R.P. de ALMEIDA; J.M. DIAS

CNPA/Embrapa, C.P. 174, CEP: 58107-720 - Campina Grande, PB.

RESUMO: A esperança de vida para adultos de Bracon sp foi avaliada em câmara climatizada regulada a temperatura de 26 ± 2°C, UR de 75 ± 5% e fotofase de 12 h. Foi registrada maior esperança de vida (ex) no início da vida, que foi de 7,46 dias. Os resultados evidenciaram que a liberação de Bracon sp. para o controle biológico do bicudo, deve ser a partir da emergência do adulto até o 15o dia, quando a sobrevivência foi máxima.

Descritores: tabela de esperança de vida, Bracon sp., bicudo do algodoeiro, controle biológico, inseto parasitóide

LIFE EXPECTANCY TABLE OF ADULTS FOR Bracon sp. (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) PARASITOID OF THE COTTON BOLL WEEVIL

ABSTRACT: The evaluation of the life expectancy for adults of Bracon sp. was carried out at 26 ± 2°C temperature, RH of 75 ± 5% and photophase of 12 h. The life expectancy (ex) was the highest at the beginning of life, with values of 7.46 days. The results show that the realease age of Bracon sp. aiming the biological control of the cotton boll weevil, is from the adult emergence to the 15 th day, when survival was maximum.

Key Words: life expectancy table, Bracon sp., cotton boll weevil, biological control, parasitoid

INTRODUÇÃO

O bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis (Boheman, 1843) (Coleoptera: Curculionidae) é considerado praga de grande importância nos Estados Unidos e em outras partes da América do Norte, Central e do Sul, onde o algodão é cultivado comercialmente (Ridgway & Lloyd, 1983). Este inseto-praga tem inimigos naturais importantes e entre estas espécies, encontra-se uma série de parasitóides de larvas (Chesnut & Cross, 1971).

Durante o ciclo do algodão alguns parasitóides têm sido observados parasitando larvas do bicudo, tanto no nordeste (Ramalho et al. 1986; Bleicher & Broglio-Micheletti, 1988; Araujo et al. 1989) como no sul do Brasil (Gravena, 1983; Pierozzi Junior et al. 1984, Melo & Robbs, 1988) com predominância do Bracon sp. Portanto, esses parasitóides exercem papel muito importante, em termos de regulação populacional do bicudo do algodoeiro, havendo necessidade de maiores investigações sobre seu potencial.

Antes da oviposição as fêmeas de Bracon sp. paralisam as larvas do bicudo, injetando-lhe uma substância com seu ovipositor, imobilizando-o e, posteriormente põe seus ovos perto ou sobre as larvas do hospedeiro.

Vários métodos de análise de tabela de vida têm sido desenvolvidos para avaliar o impacto das diferentes fontes de mortalidade sobre o crescimento da população de insetos (Van Den Bosch et al. 1985). As tabelas etárias são de grande importância para compreensão da dinâmica populacional de uma espécie, de forma que constam de uma tabela com dados essenciais de uma população em relação à taxa de mortalidade, sobrevivência e esperança de vida de espécie (Silveira Neto et al. 1976). Sendo assim, este trabalho teve por objetivo estudar a tabela de esperança de vida de adultos do ectoparasitóide Bracon sp.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Laboratório de Entomologia do Centro Nacional de Pesquisa de Algodão - Embrapa, em Campina Grande, no ano de 1991. Inicialmente, foram utilizadas larvas de terceiro ínstar de A. grandis, onde foram confinadas em celas de películas de parafilme â como descrito por Cate (1987) e expostas ao parasitismo de uma colônia de Bracon sp. criada no laboratório. Após 6 horas de confinamento, estas películas de parafilme â foram abertas e procedeu-se à separação dos ovos do parasitóide com auxílio de um microscópio estereoscópio. Posteriormente, esses ovos, totalizando 100, foram deixados individualmente sobre larvas do bicudo. Assim, todos os hospedeiros parasitados foram acondicionados em placas de Petri e levados às câmaras climatizadas reguladas à temperatura de 26 ± 2oC, umidade relativa de 75 ± 5% e fotofase 12 horas.Logo após a emergência, os adultos de Bracon sp. foram separados em casais para efetuarem o acasalamento, em média de 2 a 10 minutos e individualizados em tubo de vidro de 8,5cm de altura por 2,5 cm de diâmetro, com tampa de algodão hidrófilo e alimentados com uma solução de mel a 20%. Diariamente foram feitas as anotações da longevidade e mortalidade dos adultos.

Para determinação da esperança de vida do parasitóide Bracon sp., adotou-se a tabela de esperança de vida de acordo com Silveira Neto et al. (1976), Southwood (1978) e Almeida (1990), sendo calculado a intervalo de idade em períodos de 5 dias (x), número de sobreviventes no início da idade x (Lx), número de indivíduos mortos durante o intervalo etário x (dx), estrutura etária (Ex) que é o número de insetos vivos entre um dia e outro, obtido pela fórmula: Ex = [Lx + (Lx + 1)]/2, número total de insetos em cada intervalo de idade x (Tx) obtido, através do somatório da coluna Ex, do último ao primeiro valor, esperança de vida (ex) para os indivíduos de idade x, calculada pela fórmula: ex = Tx/Lx e a porcentagem de risco (100 qx) que é a razão de mortalidade por intervalo de idade e indica a probabilidade de ocorrência de morte dos indivíduos antes do prazo estabelecido por ex, sendo obtida pela fórmula: 100qx = 100 dx/Lx.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela TABELA 1 pode-se observar que o período de vida da emergência à morte do último adulto foi de 80 dias e a esperança de vida (ex) variou de 7,46 imediatamente após a emergência a 0,5 no 80o dia de vida.

A maior esperança de vida (ex) ocorreu no início da vida, atingindo o valor de 7,46 dias com 8,0% de risco para que o evento não ocorresse e, assim sucessivamente até a última observação (x = 80), tendo-se ainda 0,5 dias de esperança de vida e com 100% de probabilidade que eles morram nesse período. Morales-Ramos & Cate (1992) verificaram alta mortalidade de Catolaccus grandis (Burks) durante seu estágio larval, com uma esperança de vida de 3,51 e no 17o dia a maior esperança de vida (ex = 6,28).

Na Figura 1 pode-se observar que ocorreu determinada mortalidade no início da idade, estabilizando-se do 5o ao 20o dia; começando em seguida decrescer até o final do período estudado. Fato semelhante observa-se com outros insetos, como para Pentilia sp. (Almeida, 1990) e C. grandis (Morales-Ramos & Cate, 1992).

Figura 1
- Percentual de sobrevivência (Lx) e esperança de vida (ex) de Bracon sp., parasitóide do bicudo do algodoeiro, obtidos de dados de tabela de esperança de vida. Campina Grande, PB, 1991.

Com relação a ex, verificou-se no início da idade, o seu valor máximo (7,46); a partir daí, houve acentuada e contínua diminuição da esperança de vida dos insetos; deste modo, é importante que a liberação de Bracon sp. para o controle biológico de A. grandis seja efetuada a partir da emergência do adulto até o 15o dia, quando a sobrevivência é máxima.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a valiosa colaboração do acadêmico de Agronomia Jonildo Irenildo da Silveira.

Recebido para publicação em 22.10.96

Aceito para publicação em 25.04.97

  • ALMEIDA, R.P. de. Aspectos bioecológicos de predadores (Coleoptera: Coccinellidae) sobre a cochonilha da palma-forrageira Diaspis echinocacto (Boucher, 1833) (Homoptera: Diaspidae), em condiçőes de laboratório Recife, 1990. 138p. Dissertaçăo (Mestrado) - Universidade Federal Rural de Pernambuco.
  • ARAUJO, L.H.A.; BRAGA SOBRINHO, R.; MESQUITA, C.K.; ALMEIDA, R.P. de. Aspectos preliminares de comportamento de parasitóides do bicudo do algodoeiro. In: REUNIĂO NACIONAL DO ALGODĂO, 6., Campina Grande, 1989. Resumos. Campina Grande: CNPA/EMBRAPA, 1989. p.23.
  • BLEICHER, E.; BROGLIO-MICHELETTI, S.M. Parasitos e predadores do bicudo do algodoeiro no Nordeste do Brasil. Campina Grande: EMBRAPA/Centro Nacional de Pesquisa de Algodăo, 1988. 185p. (Relatório Técnico Anual).
  • CATE, J.R. A method of rearing parasitoids of boll weevil without the host plant. The Southwestern Entomologist, v.12, p.211-215, 1987.
  • CHESNUT, T.L.; CROSS, W.H. Arthopod parasites of boll weevil, Anthonomus grandis Boheman 2. Comparisons of their importance in the United State over a period of thirty-eight years. Annals of the Entomological Society of America, v.64, p.549-557, 1971.
  • GRAVENA, S. Problema do bicudo do algodoeiro. Jornal do Engenheiro Agrônomo, v.5, p.6, 1983.
  • MELO, L.A.S.; ROBBS, C.F. Levantamento de parasitismo em bicudo do algodoeiro. In: REUNIĂO NACIONAL DO ALGODĂO, 5., 1988, Campina Grande, Resumos. Campina Grande: CNPA/EMBRAPA, 1988. p.256.
  • MORALES-RAMOS, J.; CATE, J.R. Laboratory determinatio of age-dependent fecundity, development, and rate of increase of Catolaccus grandis (Burks) (Hymenoptera: Pteromalidae). Annals of the Entomological Society of America, v.85, p.469-476, 1992.
  • PIEROZZI JUNIOR, I.; HABIB, M.E.M.; ANDRADE, C.F.S. Ocorręncia natural de parasitismo e predaçăo em populaçăo do bicudo Anthonomus grandis Boheman. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 9., 1984, Londrina, 1984. Resumos. Londrina: Sociedade Entomológica do Brasil, 1984. p.163.
  • RAMALHO, F.S.; JESUS, F.M.M. de; BLEICHER, E. Hymenopteros parasitos do bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis Boheman. In: REUNIĂO NACIONAL DO ALGODĂO, 4., 1986, Belém. Resumos. Belém: CNPA/EMBRAPA, 1986. p.97.
  • RIDGWAY, R.L; LLOYD, E.P. Evolution of cotton insect management in the United States. Washington: USDA, 1983. 27p., (USDA. Agric. Handbook, 589).
  • SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, BARBIN, O. D.; VILLA NOVA, N.A. Manual de ecologia dos insetos. Piracicaba: Agronômica Ceres, 1976. 419p.
  • SOUTHWOOD, T.R.E. The construction, description and analysis of age-specific life tables. London: Chapman Hall, 1978, p.356-387: Ecological Methods.
  • VAN DEN BOSCH, R.; MESSENGER, P.S.; GUTIERREZ, A.B. An introduction to biological control. New York: Plenum Press, 1985. p.95-116: Life table analysis in population ecology, 1973.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 1999
  • Data do Fascículo
    Set 1997

Histórico

  • Recebido
    22 Out 1996
  • Aceito
    25 Abr 1997
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" USP/ESALQ - Scientia Agricola, Av. Pádua Dias, 11, 13418-900 Piracicaba SP Brazil, Phone: +55 19 3429-4401 / 3429-4486 - Piracicaba - SP - Brazil
E-mail: scientia@usp.br