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EFEITO DO ESPAÇAMENTO ENTRE PLANTAS E DA ARQUITETURA VARIETAL NO COMPORTAMENTO VEGETATIVO E PRODUTIVO DA MANDIOCA

Resumos

Com o objetivo de avaliar o comportamento vegetativo e produtivo de três cultivares de mandioca (Manihot esculenta Crantz) em relação à arquitetura da parte aérea, em quatro espaçamentos, realizou-se experimento de outubro de 1993 a julho de 1994, em solo Podzólico Vermelho Escuro Latossólico, do Município de Piracicaba, SP. Os cultivares SRT 59 com ramificação baixa em ângulo aberto, IAC 576-70 com ramificação alta em ângulo fechado e IAC 1287 sem ramificação, foram conduzidos sob os espaçamentos de 1,0 m x 0,4 m; 1,0 m x 0,6 m; 1,0 m x 0,8 m e 1,0 m x 1,0 m. O experimento foi delineado em blocos ao acaso com parcelas subdivididas, onde os espaçamentos representam as parcelas e os cultivares subparcelas. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 10 plantas, utilizando-se as 16 plantas centrais para obtenção de resultados relativos às seguintes propriedades: estandes inicial e final de plantas; número de hastes por planta; abertura de ramificação; diâmetro da haste principal e rendimento de raízes. Concluiu-se que: 1) cultivares que se ramificam e espaçamentos menores favorecem o fechamento precoce das copas; 2) menores espaçamentos reduziram o ângulo de ramificação e o diâmetro da haste principal nos cultivares que se ramificam; 3) menores espaçamentos aumentam o rendimento dos cultivares que não se ramificam.

Manihot esculenta; cultivares; ramificação


An experiment was carried out in order to evaluate the vegetative and productive behavior of three cultivars of cassava (Manihot esculenta Crantz) related to the above ground architecture, in four planting spacings. The research was carried out in Piracicaba, State of São Paulo, Brazil from October 1993 to July 1994, on a Rhodic Kandindox soil. The treatments constituted of cultivars SRT 59 (Branca de Santa Catarina), IAC 576-70 and IAC 1287 (Fibra), described as low and open-angle branching, high and close-angle branching and no or late branching, respectively. Each treatment had three subtreatments of planting spacings: 1.0 m x 1.0 m; 1.0 m x 0.8 m, 1.0 m x 0.6 m and 1.0 m x 0.4 m, arranged in randomized blocks with subdivided plots and four replications. Each subplot was constituted of 4 lines with 10 plants each. Evaluations were performed on the 16 central plants of each subplot. The branching cultivars and the smallest planting spacings favored canopy closure. Smaller the planting spacings closer the branching angle and smaller the diameter of the primary stems for the branching cultivars the smaller the planting spaces the higher the root yield for the no branching cultivars.

Manihot esculenta; cultivars; branching


EFEITO DO ESPAÇAMENTO ENTRE PLANTAS E DA ARQUITETURA VARIETAL NO COMPORTAMENTO VEGETATIVO E PRODUTIVO DA MANDIOCA1 1 Parte da Dissertação do primeiro autor. Apresentado no Congresso Latino Americano de Raízes Tropicais e no IX Congresso Brasileiro de Mandioca.

E.A.M. IROLIVEA2; G.M.S. CÂMARA3; M.C.S. NOGUEIRA4; H.S. CINTRA5,6

2Pós-Graduando do Depto. de Agricultura-ESALQ/USP.

3Depto. de Agricultura-ESALQ/USP, C. P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.

4Depto. de Matemática e Estatística-ESALQ/USP, C. P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.

5Estagiário em Iniciação Científica do Depto. de Agricultura-ESALQ/USP.

6Bolsista do CNPq/PIBIC.

RESUMO: Com o objetivo de avaliar o comportamento vegetativo e produtivo de três cultivares de mandioca (Manihot esculenta Crantz) em relação à arquitetura da parte aérea, em quatro espaçamentos, realizou-se experimento de outubro de 1993 a julho de 1994, em solo Podzólico Vermelho Escuro Latossólico, do Município de Piracicaba, SP. Os cultivares SRT 59 com ramificação baixa em ângulo aberto, IAC 576-70 com ramificação alta em ângulo fechado e IAC 1287 sem ramificação, foram conduzidos sob os espaçamentos de 1,0 m x 0,4 m; 1,0 m x 0,6 m; 1,0 m x 0,8 m e 1,0 m x 1,0 m. O experimento foi delineado em blocos ao acaso com parcelas subdivididas, onde os espaçamentos representam as parcelas e os cultivares subparcelas. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 10 plantas, utilizando-se as 16 plantas centrais para obtenção de resultados relativos às seguintes propriedades: estandes inicial e final de plantas; número de hastes por planta; abertura de ramificação; diâmetro da haste principal e rendimento de raízes. Concluiu-se que: 1) cultivares que se ramificam e espaçamentos menores favorecem o fechamento precoce das copas; 2) menores espaçamentos reduziram o ângulo de ramificação e o diâmetro da haste principal nos cultivares que se ramificam; 3) menores espaçamentos aumentam o rendimento dos cultivares que não se ramificam.

Descritores: Manihot esculenta; cultivares; ramificação

EFFECT OF SPACING AND PLANT ARCHITECTURE

ON THE GROWTH AND YIELD OF CASSAVA

ABSTRACT: An experiment was carried out in order to evaluate the vegetative and productive behavior of three cultivars of cassava (Manihot esculenta Crantz) related to the above ground architecture, in four planting spacings. The research was carried out in Piracicaba, State of São Paulo, Brazil from October 1993 to July 1994, on a Rhodic Kandindox soil. The treatments constituted of cultivars SRT 59 (Branca de Santa Catarina), IAC 576-70 and IAC 1287 (Fibra), described as low and open-angle branching, high and close-angle branching and no or late branching, respectively. Each treatment had three subtreatments of planting spacings: 1.0 m x 1.0 m; 1.0 m x 0.8 m, 1.0 m x 0.6 m and 1.0 m x 0.4 m, arranged in randomized blocks with subdivided plots and four replications. Each subplot was constituted of 4 lines with 10 plants each. Evaluations were performed on the 16 central plants of each subplot. The branching cultivars and the smallest planting spacings favored canopy closure. Smaller the planting spacings closer the branching angle and smaller the diameter of the primary stems for the branching cultivars the smaller the planting spaces the higher the root yield for the no branching cultivars.

Key Words: Manihot esculenta; cultivars; branching

INTRODUÇÃO

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) constitui-se em planta que possui utilização no setor de alimentação humana, tanto na forma de raízes processadas domesticamente, como através de seus derivados; na alimentação animal, como fonte de alimento energético e no setor industrial, onde a fécula extraída de suas raízes tuberosas é utilizada tanto no setor alimentício como no não alimentício (Oliveira, 1995).

Atualmente cultivada em vários países entre as latitudes 30ºN e 30ºS e em altitudes que variam do nível do mar até 2.000 m, apresenta de forma geral, baixo rendimento médio de raízes, da ordem de 7,6 a 14,7 t/ha, muito aquém do seu potencial teórico de 90 t/ha (Alves, 1990).

O Brasil, segundo maior produtor mundial de raízes, possui rendimento médio entre 11,0 e 12,0 t/ha, necessitando desenvolver cada vez mais a sua tecnologia de produção agrícola. Dentre as técnicas culturais que podem ser manejadas corretamente visando-se altos rendimentos, porém, sem incremen-tos no custo de produção, está a utilização da densidade de plantio adequada, associada à arquite-tura de planta do cultivar escolhido (Oliveira, 1995).

As recomendações de espaçamento são baseadas quase que exclusivamente na fertilidade do solo onde irá se instalar a cultura (Normanha & Pereira, 1963; Câmara et al., s.d.). Hoje, reconhece-se a necessidade de fazer tal recomendação, também baseada na conformação da parte aérea do cultivar, pois, os produtores de mandioca usam cultivares diferentes sob as mesmas condições de fertilidade do solo, sem se ater às diferenças arquitetônicas da parte aérea dos cultivares, que podem ser manejados em distribuições espaciais mais compatíveis com alta produtividade (Lorenzi et al., 1984; Cock, 1985; Alvarez, 1986).

Trabalhando com o cultivar Paraguaia R-18 de ramificação e porte altos, nos espaçamentos de 1,2 m x 0,6 m (fileiras simples), 2,0 m x 0,6 m x 0,6 m e 2,8 m x 0,6 m x 0,6 m (fileiras duplas), Silva & Ceretta (1986) concluiram que o sistema de fileiras simples promove o fechamento do solo antes do que o de fileiras duplas, o que contribui para um melhor controle das plantas daninhas.

Em três localidades da Colômbia, estudando dez cultivares de mandioca sob as densidades populacionais de 5.000, 10.000, 15.000 e 20.000 plantas/ha, correspondentes às combinações do espaçamento fixo de 1,0 m entre as linhas com 2,0 m; 1,0 m; 0,66 m e 0,5 m entre as plantas, respectivamente, Alvarez (1986) constatou que as populações de 10.000 e 15.000 plantas/ha favoreceram a produção de raízes e de matéria seca, enquanto que densidades populacionais entre 10.000 e 20.000 plantas/ha favoreceram a produção equilibrada de raízes e parte aérea (parte econômica) com material de propagação (ramas e manivas).

Além da quantidade, o aumento da densidade populacional pode influenciar a qualidade das raízes tuberosas, aumentando o número de raízes finas e reduzindo o tamanho médio das raízes, devido à maior competição por água e nutrientes imposta às plantas. Também aumenta a dificuldade de colheita. O aumento populacional interfere com a parte aérea das plantas, aumentando a produção de ramas e diminuindo o diâmetro destas (Avilán et al., 1981; Bueno, 1987; Leonel-Neto, 1983; Enyi, 1972; Andrade, 1989).

Segundo Barros et al. (1978), o rendimento da mandioca é controlado pela capacidade de dreno das raízes, a qual é maior em menores densidades de plantio, onde há mais espaço disponível para as raízes.

Nunes et al. (1976) não encontraram diferenças significativas para produção total de raízes entre os espaçamentos de 1,0 m; 1,2 m e 1,4 m na entrelinha. Entre plantas dentro da linha, o melhor resultado foi obtido com o espaçamento de 0,5 m sobre 0,7 m e 0,9 m. Os autores encontraram uma redução média na produção de raízes de 765 kg/ha a cada aumento de 0,2 m no espaçamento entre plantas.

Neste trabalho, são apresentados os resulta-dos observados para o comportamento vegetativo e produtivo de três cultivares de mandioca submetidos a diferentes espaçamentos entre as plantas.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi conduzido em área experimental da Fazenda Areão pertencente a ESALQ/USP, localizada no município de Piracicaba-SP, entre 05/10/93 (plantio) e 19/07/94 (colheita), em solo classificado como Podzólico Vermelho Escuro Latossólico, argiloso, cujas características químicas são apresentadas na TABELA 1.

O solo foi preparado através de uma aração, usando arado de aivecas reversíveis à uma profundidade de 0,30 m, seguida de duas gradagens, uma destorroadora e outra niveladora. Por ocasião da segunda gradagem, incorporou-se ao solo o herbicida trifluralina na dose do produto comercial de 2 litros/ha. Para não interferir sobre os tratamentos, o solo não recebeu adubação, trabalhando-se apenas com a sua fertilidade natural (TABELA 1). Promoveu-se o sulcamento do solo a 0,1 m de profundidade com 1,0 m de distância entre sulcos.

Utilizaram-se os três espaçamentos de uso mais comum pelos produtores paulistas (1,0 m x 1,0 m; 1,0 m x 0,8 m; 1,0 m x 0,6 m) além do uso de um espaçamento de caráter adensado (1,0 m x 0,4 m), correspondentes respectivamente, a 10.000, 12.500, 16.666 e 25.000 plantas/ha.

Os cultivares utilizados correspondem, cada um, a um tipo diferente de arquitetura de parte aérea: SRT 59 (Branca de Santa Catarina), cultivar de uso industrial com grande porte e hábito de ramificação baixa e aberta; IAC 576-70, cultivar de mesa com porte médio e ramificação alta e fechada e IAC 1287 (Fibra) cultivar de uso industrial sem hábito de ramificar ou com ramificação tardia.

O material de plantio dos três cultivares foi produzido na Seção de Raízes e Tubérculos do IAC. Para a propagação das plantas, foram utilizadas manivas de boa qualidade fisiológica e sanitária, com 0,15 m de comprimento e 5 gemas viáveis, as quais foram distribuídas horizontalmente nos sulcos de plantio.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com parcelas subdivididas: espaçamentos em parcelas e cultivares em subparcelas. A subparcela foi constituída de 4 linhas de 10 plantas, utilizando-se como úteis, as 16 plantas centrais de cada subparcela. Para cada tratamento utilizaram-se 4 repetições. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo teste F e pelo teste de Tukey (5% de significância para as médias observadas).

Foram estudadas as seguintes características: estandes inicial e final; número de hastes por planta; tempo de fechamento das plantas na linha e na entrelinha; abertura de ramificação; diâmetro da haste da primeira ramificação e rendimento de raízes tuberosas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as características estandes inicial e final, o teste F revelou diferenças significativas apenas para o fator cultivares (TABELA 2).

Para o estande inicial, o cultivar SRT 59 foi estatisticamente superior ao cv. IAC 576-70, enquanto IAC 1287 não diferiu daqueles. Para o estande final observou-se o mesmo comportamento. Esses resultados indicam que os estandes inicial e final dependem apenas dos cultivares e das qualidades fisiológicas e sanitárias das manivas.

Com relação ao número de hastes por planta (TABELA 3), houve menor desempenho do cv. SRT 59 no espaçamento adensado, indicando que este cultivar necessita de maior espaço para desenvolver suas ramas sem que haja competição entre elas. Para os demais espaçamentos não houve diferenças significativas entre cultivares.

Para os parâmetros tempo de fechamento das plantas na linha e na entrelinha, o teste F revelou valores significativos para os efeitos isolados de espaçamento e de cultivares (TABELAS 4 e 5).

Pela TABELA 4, é possível observar que há um efeito direto dos espaçamentos menores sobre a redução do tempo de fechamento, tanto na linha como na entrelinha. Tais resultados estão de acordo com os obtidos por Conceição & Sampaio (1981), onde o uso de menores espaçamentos favorece a cobertura precoce do terreno, diminuindo os custos de controle das plantas daninhas devido à maior competitividade das plantas de mandioca.

Pela TABELA 5, é possível observar que há efeito direto da arquitetura de parte aérea do cultivar sobre o tempo de fechamento das plantas na linha e na entrelinha. Esses dados revelam que quanto maior for o ângulo de ramificação do cultivar em relação à vertical (o que confere porte mais esgalhado), mais rápido é o tempo de fechamento do terreno.

Assim, o cultivar SRT 59 apresentou os menores valores para tempo de fechamento do terreno, enquanto o cultivar IAC 1287, constituído por uma haste única, sem ramificações, demorou mais tempo para cobrir uma mesma área de solo.

Com o terreno coberto precocemente, maiores serão os benefícios decorrentes do controle do mato infestante e da erosão do solo, assim como, da formação mais rápida do aparelho fotossintético.

Quanto à abertura de ramificação, esta característica foi avaliada somente nos cultivares SRT 59 e IAC 576-70. O cultivar IAC 1287 não foi considerado por não apresentar ramificações. Os valores obtidos do teste F, mostraram haver apenas os efeitos isolados dos espaçamentos e dos cultivares (TABELA 6).

A abertura de ramificação corresponde à distância existente entre um eixo imaginário, que se prolonga a partir da haste principal da planta a uma altura de 30 cm acima do ponto da primeira ramificação e uma das hastes das ramificações primárias, de maneira que, quanto maior essa distância, mais aberta ou esgalhada é a arquitetura da parte aérea do cultivar.

Pela TABELA 6, observa-se a influência dos diferentes espaçamentos e cultivares sobre a abertura de ramificação. Nota-se que há efeito direto dos maiores espaçamentos sobre o aumento da distância entre o centro da planta e a ramificação primária, indicando que, em condições de espaçamentos que permitam maiores crescimentos laterais, a tendência dos cultivares que ramificam é de tornarem-se mais esgalhados, com maior ângulo de ramificação.

Por outro lado, se o ambiente não permite tal crescimento, devido a um maior número de plantas por unidade de área, o que condiciona maior competição por luz entre as ramas em desenvolvimento, os cultivares respondem com o fechamento das suas ramificações.

Contudo, tanto o aumento quanto a diminuição do ângulo de ramificação em função do espaçamento segue a proporção do cultivar em questão, pois, independente do espaçamento em que se encontra, o cultivar SRT 59 apresenta sempre maiores valores de abertura de ramificação que o cultivar IAC 576-70.

Determinado logo abaixo da primeira ramificação, o diâmetro da haste só foi possível de ser avaliado nos cultivares SRT 59 e IAC 576-70, pois, o cultivar IAC 1287 não apresenta ramifica-ções. Os valores de F revelaram efeito significativo apenas para o espaçamento (TABELA 6).

É possível observar que houve efeito direto do aumento da distância entre as plantas sobre o aumento do diâmetro das hastes. Esse efeito é ocasionado devido à menor competição existente pelos fatores de produção nos maiores espaçamentos.

Nas maiores densidades de plantio, o maior número de plantas por metro linear provoca redução na disponibilidade de recursos para as plantas, que é traduzida em menor diâmetro das hastes.

Para o rendimento de raízes tuberosas, o teste F revelou valores significativos apenas para a interação existente entre os espaçamentos e os cultivares estudados.

Os resultados apresentados na TABELA 7 possibilitam afirmar que dos três cultivares estudados, apenas IAC 1287 pode ser conduzido sob espaçamento reduzido, pois, apresenta melhor desempenho que os demais cultivares no espaçamento de 1,0 m x 0,4 m.

Este resultado positivo do cultivar IAC 1287 é devido ao seu porte reduzido e ao fato de não ramificar, o que faz com que cada planta ocupe uma área menor de terreno, possibilitando aumento na densidade de plantas sem que hajam interferências negativas entre plantas vizinhas na mesma linha.

Para os cultivares SRT 59 e IAC 576-70, em função de maior área ocupada individualmente por planta, a proximidade de uma planta a outra dentro da linha, provoca competição pelos fatores de produção presentes no ambiente, ocasionando redução na produção de raízes tuberosas.

Apesar de não haver efeito significativo dos espaçamentos sobre os cultivares, há, para o cultivar IAC 1287 (Fibra) uma tendência de diminuição do rendimento com o aumento das distâncias entre as plantas, indicando que, possivelmente, as melhores respostas em rendimento para este cultivar sejam conseguidas com menores espaçamentos, devido a um maior desperdício de área e de fatores de produção nos espaçamentos superiores a 0,80 m.

Para os cultivares SRT 59 (Branca de Santa Catarina) e IAC 576-70, a tendência encontrada é contrária, ou seja, melhores rendimentos são obtidos quando promove-se o aumento na distância entre as plantas.

CONCLUSÕES

- A brotação de manivas e a emergência de plantas são características dos cultivares de mandioca, que dependem da qualidade fisiológica das mudas e não da arquitetura varietal ou do espaçamento utilizado.

- Cultivares que ramificam e espaçamentos mais adensados influenciaram, individualmente, os períodos necessários para os fechamentos da linha e da entrelinha pelas plantas, promovendo uma cobertura mais rápida do terreno.

- Houve resposta positiva em relação ao rendimento de raízes tuberosas, para o cultivar que não ramifica, decorrente do aumento no número de plantas na linha de plantio.

- A distribuição espacial afetou a arquitetura de planta e ambas afetaram o comportamento vegetativo e produtivo das plantas de mandioca.

- A definição do espaçamento deve levar em consideração o cultivar a ser utilizado.

Recebido para publicação em 08.09.97

Aceito para publicação em 06.04.98

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  • 1
    Parte da Dissertação do primeiro autor. Apresentado no Congresso Latino Americano de Raízes Tropicais e no IX Congresso Brasileiro de Mandioca.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      04 Fev 1999
    • Data do Fascículo
      Maio 1998

    Histórico

    • Recebido
      08 Set 1997
    • Aceito
      06 Abr 1998
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