Acessibilidade / Reportar erro

Adubos foliares quelatizados e sais na absorção de boro, manganês e zinco em laranjeira ‘Pera’

Chelated foliar fertilizers and salts in the absortion of boron, manganese and zinc by 'Pera' orange trees

Resumos

O presente trabalho teve como objetivo comparar a eficiência de formulações de adubos foliares quelatizados na absorção dos micronutrientes boro, manganês e zinco, com a aplicação convencional de sais em plantas de laranjeira ‘Pera’ (Citrus sinensis (L.) Osbeck). Para tanto foi conduzido experimento nas dependências do Departamento de Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP/Campus de Botucatu, Estado de São Paulo. Utilizaram-se plantas de laranjeira ‘Pera’ (Citrus sinensis (L.) Osbeck) enxertadas sobre limoeiro ‘Cravo’ (Citrus limonia Osbeck), com 2 anos de idade, plantadas em caixas de 250 litros. Os adubos foliares utilizados foram: Grex Citros na dose de 1,0 mL L-1; Copas citros 2,0 mL L-1; Plantin Citros 1,0 mL L-1; Citrolino 2,0 mL L-1; Fertamin Citros 1,75 mL L-1; Yogen Citros 2,0 mL L-1; MS-2 1,0 mL L-1; Sais, Sais + 1,0 g L-1 de KCl e Sais substituindo o ZnSO4 pelo ZnCl2. O volume de aplicação, foi de 1 litro de calda planta-1. Em todos os tratamentos adicionou-se o espalhante adesivo do grupo químico dos alquifenoletoxilados a 0,03%. A amostragem das folhas foi realizada 30 dias após a aplicação dos tratamentos, coletando-se a 3a ou 4a folha de ramos vegetativos no início do florescimento, dos 4 quadrantes, localizados na região mediana da planta, totalizando 10 folhas por planta. A aplicação foliar de micronutrientes, favoreceu a absorção e resultou no aumento do teor foliar de Mn e Zn mas não de B, sendo que a presença de cloreto aumentou os teores de Zn na folhas de laranjeira ‘Pera’, proporcionando maior absorção do que o sulfato e sulfato adicionado ao cloreto de potássio. Os resultados mostram, também, que os produtos quelatizados Yogen e MS-2, para as condições deste estudo, não foram eficientes como fontes fornecedoras de Mn.

Citrus sinensis; micronutrientes; aplicação foliar


To compare the of chelated foliar fertilizers with salt conventional application in the absorption of boron, manganese and zinc in orange ‘Pera’ trees (Citrus sinensis (L.) Osbeck). The experiment was carried out at the Soil Science Department of the School of Agriculture Sciences - UNESP/Botucatu, State of São Paulo, Brazil. Two-year old orange ‘Pera’ (Citrus limonia Osbeck) trees grafted on ‘Rangpur’ lime (Citrus limonia Osbeck), planted in boxes of 250 liters of soil were used. The experiment was a completely randomized design, with 3 replications and 2 plants per replication. The foliar fertilizers tested were: Grex Citros at the dosage of 1.0 mL L-1; Copas citros 2.0 mL L-1; Plantin Citros 1.0 mL L-1; Citrolino 2.0 mL L-1; Fertamin Citros 1.75 mL L-1; Yogen Citros 2.0 mL L-1, MS-2 1.0 mL L-1; Salt, Salt + 1.0 g L-1 of KCl and Salt replacement of ZnSO4 by ZnCl2. Application volume was 1 liter of solution per plant, using 0.03% of Alkylphenol-Etoxylated surfactant. Leaves were samples 30 days after treatment, collecting the 3RD or 4TH leaf of vegetative branches at the start of flowering, in the 4 quadrants, localized in medium region of the plant, totalizating 10 leaves per plant. The micronutrient foliar application, increased absorption and foliar contents of Mn and Zn, but not B. The presence of chloride increased the concentration of Zn in leaves in relation to sulfate or sulfate plus potassium chloride. Results also showed that Yogen and MS-2, were not efficient as source of Mn in this study.

Citrus sinensis; micronutrients; foliar application


NOTA

Adubos foliares quelatizados e sais na absorção de boro, manganês e zinco em laranjeira ‘Pera’

Carlos Henrique dos Santos1; Jaime Duarte Filho2; Junior Cesar Modesto3; Hélio Grassi Filho4*; Gisela Ferreira5

1Pós-Graduando do Depto. de Botânica - IB/UNESP, C.P. 502 - CEP: 18618-000 - Botucatu, SP.

2EPAMIG/CTSM/FECD, Av. Santa Cruz, 500, C.P. 33 - CEP: 37870-000 - Caldas, MG.

3ESAPP - C.P. 88 - CEP: 19700-000237 - Paraguaçú Paulista, SP.

4Depto. de Ciência do Solo - FCA/UNESP, C.P. 237 - CEP: 18603-970 - Botucatu, SP.

5UNIOESTE - Rua Pernambuco, 1777 - CEP: 85960-000 - Marechal Cândido Rondon - PR.

*e-mail: heliograssi@fca.unesp.br

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo comparar a eficiência de formulações de adubos foliares quelatizados na absorção dos micronutrientes boro, manganês e zinco, com a aplicação convencional de sais em plantas de laranjeira ‘Pera’ (Citrus sinensis (L.) Osbeck). Para tanto foi conduzido experimento nas dependências do Departamento de Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP/Campus de Botucatu, Estado de São Paulo. Utilizaram-se plantas de laranjeira ‘Pera’ (Citrus sinensis (L.) Osbeck) enxertadas sobre limoeiro ‘Cravo’ (Citrus limonia Osbeck), com 2 anos de idade, plantadas em caixas de 250 litros. Os adubos foliares utilizados foram: Grex Citros na dose de 1,0 mL L-1; Copas citros 2,0 mL L-1; Plantin Citros 1,0 mL L-1; Citrolino 2,0 mL L-1; Fertamin Citros 1,75 mL L-1; Yogen Citros 2,0 mL L-1; MS-2 1,0 mL L-1; Sais, Sais + 1,0 g L-1 de KCl e Sais substituindo o ZnSO4 pelo ZnCl2. O volume de aplicação, foi de 1 litro de calda planta-1. Em todos os tratamentos adicionou-se o espalhante adesivo do grupo químico dos alquifenoletoxilados a 0,03%. A amostragem das folhas foi realizada 30 dias após a aplicação dos tratamentos, coletando-se a 3a ou 4a folha de ramos vegetativos no início do florescimento, dos 4 quadrantes, localizados na região mediana da planta, totalizando 10 folhas por planta. A aplicação foliar de micronutrientes, favoreceu a absorção e resultou no aumento do teor foliar de Mn e Zn mas não de B, sendo que a presença de cloreto aumentou os teores de Zn na folhas de laranjeira ‘Pera’, proporcionando maior absorção do que o sulfato e sulfato adicionado ao cloreto de potássio. Os resultados mostram, também, que os produtos quelatizados Yogen e MS-2, para as condições deste estudo, não foram eficientes como fontes fornecedoras de Mn.

Palavras-chave:Citrus sinensis, micronutrientes, aplicação foliar

Chelated foliar fertilizers and salts in the absortion of boron, manganese and zinc by 'Pera' orange trees

ABSTRACT: To compare the of chelated foliar fertilizers with salt conventional application in the absorption of boron, manganese and zinc in orange ‘Pera’ trees (Citrus sinensis (L.) Osbeck). The experiment was carried out at the Soil Science Department of the School of Agriculture Sciences - UNESP/Botucatu, State of São Paulo, Brazil. Two-year old orange ‘Pera’ (Citrus limonia Osbeck) trees grafted on ‘Rangpur’ lime (Citrus limonia Osbeck), planted in boxes of 250 liters of soil were used. The experiment was a completely randomized design, with 3 replications and 2 plants per replication. The foliar fertilizers tested were: Grex Citros at the dosage of 1.0 mL L-1; Copas citros 2.0 mL L-1; Plantin Citros 1.0 mL L-1; Citrolino 2.0 mL L-1; Fertamin Citros 1.75 mL L-1; Yogen Citros 2.0 mL L-1, MS-2 1.0 mL L-1; Salt, Salt + 1.0 g L-1 of KCl and Salt replacement of ZnSO4 by ZnCl2. Application volume was 1 liter of solution per plant, using 0.03% of Alkylphenol-Etoxylated surfactant. Leaves were samples 30 days after treatment, collecting the 3RD or 4TH leaf of vegetative branches at the start of flowering, in the 4 quadrants, localized in medium region of the plant, totalizating 10 leaves per plant. The micronutrient foliar application, increased absorption and foliar contents of Mn and Zn, but not B. The presence of chloride increased the concentration of Zn in leaves in relation to sulfate or sulfate plus potassium chloride. Results also showed that Yogen and MS-2, were not efficient as source of Mn in this study.

Key words:Citrus sinensis, micronutrients, foliar application

INTRODUÇÃO

Entre os fatores de produção, a nutrição mineral é considerada o meio mais rápido e menos oneroso para aumentar a produtividade dos citros (Vitti, 1988). Altos índices de produção bem como uma ótima qualidade de frutos cítricos somente são alcançados através do equilíbrio no fornecimento de macro e micronutrientes, os quais atuam direta ou indiretamente no metabolismo vegetal. Entretanto, com a expansão da citricultura em solos de baixa fertilidade, como os de vegetação de cerrado, tal equilíbrio não tem sido obtido, proporcionando de um modo geral, produção insatisfatória das plantas cítricas.

No Brasil, os micronutrientes que limitam a produção dos citros são o zinco, o manganês e o boro, seja pela falta real no solo ou pela influência de fatores que limitem sua disponibilidade (Vitti, 1989).

A adubação foliar, de um modo geral, se destina às correções de deficiências dos micronutrientes e à correções de deficiências de macronutrientes, com o objetivo de complementação à adubação via solo, podendo significar uma economia na utilização de fertilizantes, pois nesta, a eficiência no aproveitamento dos nutrientes é reduzida devido aos processos de lixiviação e imobilização (Winter et al., 1963; Stoller, 1989).

Segundo Dechen & Neves (1988), a adubação foliar é baseada no fato de que as plantas têm capacidade de absorver nutrientes através de suas folhas. Nestas, a velocidade de absorção do elemento é influenciada pelo íon acompanhante e pela forma que o elemento se encontra na solução. Em cafeeiro, o MgNO3, MgCl2 e o MgSO4 são absorvidos pelas folhas na ordem de velocidade decrescente, exemplificando o efeito do íon acompanhante.

Segundo Malavolta (1991), quando em uma solução está presente mais de um elemento químico, estes podem interagir entre si de forma antagônica, sinergística ou de inibição, afetando desta maneira sua absorção, como ocorre nos casos em que boro ou cobre diminuem a absorção de zinco, sendo que a diminuição provocada pelo cobre pode ser atenuada aumentando-se a concentração de zinco na solução.

De acordo com Malavolta & Violante Netto (1988 e 1989), a recomendação para aplicações foliares em citros é de ácido bórico a 0,8 g.dm-3 ou bórax a 1 g.dm-3; ZnSO4 a 4 g.dm-3 ou óxido de Zinco a 3 g.dm-3; MnSO4 a 3 g.dm-3 e Uréia a 3 g.dm-3, sendo necessárias de 2 a 3 aplicações ao ano, com início na pré-florada. Entretanto, atualmente a adubação com micronutrientes para a cultura dos citros está baseada nas recomendações do Grupo Paulista de Adubação e Calagem para Citros (GPACC) (1996).

Cabrita (1992) estudou a utilização dos micronutrientes Zn, Mn e B em laranjeiras ‘Pêra’ e ‘Valência’, aplicados via solo na forma de óxidos silicatados, conhecidos como FTE, e via foliar na forma de Sulfato de Zn, Mn e H3BO3, e verificou que a aplicação de Zn e Mn foliar foi mais eficiente no aumento do teor desse nas folhas, enquanto que o boro, foi mais eficiente quando aplicado via solo. Machanda et al. (1972), utilizaram Zn na aplicação foliar e via solo e verificaram que o teor do elemento nas folhas aumentou em ambos os casos.

Sempionato & Grassi Filho (1992) estudaram o fornecimento de micronutrientes via foliar através de fertilizante líquido mineral misto, contendo 60 g L-1 de Zn, 20 g L-1 de Mn e 5 g L-1 de B, mais matéria orgânica constituída de aminoácidos, visando verificar sua eficiência quando comparado com produtos quelatizados, como nesta condição o Fertamin Citros com garantia mínima de 60 g Kg-1 de zinco, 20 g kg-1 de manganês e 5 g kg-1 de boro. Em mudas de tangerineira ‘Sunki’, com oito aplicações, após os 45 dias de emergência em intervalos semanais, o produto Fertamin Citros foi muito eficiente na elevação dos níveis de micronutrientes nas folhas, principalmente Zn e Mn. Utilizando-se quatro aplicações do mesmo produto, intercaladas com quatro aplicações de nitrogênio (2 mL L-1) em limoeiro ‘Cravo’, comprovaram que no fornecimento de zinco a 0,078 g do fertilizante estudado propiciou correção equivalente aos níveis foliares obtidos com 0,156 g de zinco contido no produto quelatizado, demonstrando que, mesmo utilizando-se dose menor, o produto foi tão eficiente quanto aos outros tratamentos, no fornecimento de micronutrientes.

Grassi Filho & Figueira (1992) realizaram experimentos com aplicação foliar de micronutrientes em laranjeira ‘Pera’, com três anos de idade, enxertadas sobre tangerineira ‘Cleópatra’, objetivando manter os teores de B, Mn e Zn dentro dos níveis ótimos. Com a aplicação de Fertamin Citros (2,5; 3 e 3,5 L 2000 L-1 ) e Sais (ZnSO4 a 0,5%; MnSO4 a 0,3%; H3BO3 a 0,08% e Uréia a 0,5% 2000 L-1), observaram que o teor de B nas folhas foi pouco influenciado pela aplicação foliar e, que o teor de Mn manteve-se sempre alto, sem entretanto, atingir níveis tóxicos. A aplicação de Fertamin Citros (3 L 2000 L-1) apesar de fornecer 234 g de Zn, quando comparado a Sais (2000 g), foi capaz de manter níveis foliares semelhantes ao mesmo, demonstrando sua eficiência para ser absorvido.

Diversos experimentos com aplicação foliar de micronutrientes têm sido realizados em citros, com objetivo de avaliar a influência desta sobre os teores foliares e a produção de frutos, utilizando-se diferentes concentrações, produtos e épocas, e comparando-se com aplicações via solo. Entretanto, poucos experimentos procuraram mostrar a influência da fonte fornecedora de micronutrientes na absorção dos elementos para as plantas cítricas.

Assim sendo, através deste estudo, comparou-se a eficiência de formulações de adubos foliares quelatizados com a aplicação convencional de sais na absorção dos micronutrientes boro, manganês e zinco, em laranjeira ‘Pera’.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado nas dependências do Departamento de Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP/Campus de Botucatu, em Botucatu - SP.

Foram utilizadas plantas de laranjeira ‘Pera’ (Citrus sinensis (L.) Osbeck), enxertadas sobre limoeiro ‘Cravo’ (Citrus limonia Osbeck), com 2 anos de idade, cada uma plantada em recipiente com capacidade para 250 litros de solo, dispostas em delineamento estatístico inteiramente casualizado, com 3 repetições e 2 plantas úteis por repetição.

Os tratamentos aplicados via foliar foram: 1 - Grex Citros, 2 - Basf foliar, 3 - Copas Citros, 4 - Plantin Citros, 5 - Citrolino, 6 - Fertamin Citros, 7 - Yogen Citros, 8 - MS-2, 9 - Sais, 10 - Sais + KCl e 11 - Sais substituindo o ZnSO4 pelo ZnCl2, 12 - Testemunha. As concentrações dos tratamentos e a garantia mínima dos elementos B, Zn e Mn de cada produto bem como a concentração dos micronutrientes por litro de solução aplicada, estão descritas nas TABELAS 1 e 2, respectivamente. Os tratamentos à base de sais seguiram a recomendação de aplicação do GPACC (1996) e, os produtos comerciais (quelatizados) seguiram as recomendações dos fabricantes. Foi utilizado volume de aplicação de 1 litro de calda por planta, em virtude da idade destas e, em todos os tratamentos adicionou-se o espalhante adesivo, do grupo químico dos alquifenoletoxilados contendo 250 g L-1 de alquifenol-poliglicoléter, a 0,03%.

A amostragem de folhas foi realizada 30 dias após aplicação dos tratamentos, coletando-se a 3a ou 4a folha de ramos vegetativos no início do florescimento, dos 4 quadrantes, localizados na região mediana da planta, totalizando 10 folhas por planta e 60 folhas por tratamento. A análise química, para a determinação analítica dos nutrientes B, Mn e Zn, foi realizada segundo metodologia descrita por Malavolta et al. (1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados dos teores de micronutrientes nas folhas de laranjeira ‘Pera’ estão apresentados na TABELA 3. Os diferentes tratamentos empregados não proporcionaram diferenças significativas nos teores foliares de boro, sendo que na testemunha o teor médio foi de 64,6 mg kg-1. Entretanto, nos tratamentos que continham as maiores concentrações empregadas de boro (tratamentos com sais), os teores foliares atingiram valores de 79,6; 79,6 e 86,3 mg kg-1, respectivamente, não diferindo estatisticamente entre si. Observa-se neste caso, que a principal fonte fornecedora de boro para as plantas foi o solo, uma vez que as plantas do tratamento testemunha apresentaram teor adequado deste em suas folhas. O modo de aplicação do boro é bastante discutido, entretanto Cabrita (1992) observou que este elemento aplicado via solo, na forma de FTE, foi mais eficiente para o aumento dos teores foliares quando comparado com a aplicação via foliar. De acordo com o GPACC (1994), valores foliares entre 36 a 100 mg kg-1, são considerados adequados para cultura e, desta maneira, todos os tratamentos empregados proporcionaram teores dentro da respectiva faixa.

Os teores de Mn nas folhas sofreram influência dos diferentes tratamentos empregados, sendo que os maiores teores foliares foram encontrados nas plantas dos tratamentos a base de sais (tratamentos 9, 10, 11) e também produtos comerciais quelatizados, com exceção de Yogen e MS-2, que não foram eficientes como fontes fornecedoras de Mn.

Segundo o GPACC (1994) o teor adequado de Mn deve estar na faixa de 35 a 50 mg kg-1 e, portanto neste caso, somente os tratamentos com sais e sais (ZnCl2) proporcionaram teores superiores ao nível mínimo. A aplicação de sais + KCl, apesar de apresentar as mesmas concentrações de Mn que os tratamentos sais e sais + ZnCl2, não resultou em teores foliares adequados, evidenciando neste caso, efeito do elemento químico na mistura, o que modifica sua absorção nas diferentes formas (Dechen & Neves, 1988; Malavolta, 1991).

Para os teores de Zn foliares, os tratamentos com Plantin Citros e sais (ZnCl2), proporcionaram maiores concentrações em folhas de laranjeira ‘Pera’. Observa-se desta maneira, que entre os tratamentos com sais, a presença de ZnCl2, melhorou a absorção de Zn, entretanto, a presença de KCl não trouxe o mesmo benefício, sendo que, entre estes tratamentos a concentração de Zn empregada não variou. Para Malavolta (1991), os elementos químicos na solução podem interagir de diferentes formas afetando a absorção. Acredita-se que a diferença na absorção do elemento químico, deva-se a presença do íon acompanhante, influenciando a velocidade de absorção. Desta maneira, o cloreto favoreceu a absorção em relação ao sulfato e sulfato + KCl, assemelhando-se ao relatado por Dechen & Neves (1988) em cafeeiro, com utilização de outros elementos minerais. Entre os produtos comerciais, o Plantin Citros foi superior e, produtos como Basf foliar, Copas Citros, Citrolino e Fertamin Citros, podem ser considerados como boas fontes de fornecimento de Zn, no entanto, Yogen e MS-2, nas concentrações utilizadas, não foram satisfatórios para proporcionar níveis adequados nas folhas de laranjeira ‘Pera’, que para o GPACC (1994) é de 35 a 50 mg kg-1. A ausência da adubação foliar, mostrou efeito prejudicial, pois os teores foliares foram considerados os mais baixos entre os tratamentos estudados.

CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidos pode-se concluir que:

• Os diferentes tratamentos empregados não proporcionaram diferenças nos teores foliares de boro.

• Yogen e MS-2, não foram eficientes como fonte fornecedora de Mn.

• A adubação foliar incrementou os teores de manganês e zinco em folhas de laranjeira ‘Pera’.

• A utilização de cloreto como íon acompanhante do manganês e zinco, proporcionou maior absorção do que o sulfato e sulfato mais cloreto de potássio.

Recebido para publicação em 21.07.98

Aceito para publicação em 18.02.99

  • CABRITA, J.R.M. Aplicaçăo de Boro, Manganęs e Zinco em citros vias solo e foliar. Jaboticabal, 1993. 47p. Dissertaçăo (Mestrado) - Faculdade de Cięncias Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, "Julio de Mesquita Filho".
  • DECHEN, A.R.; NEVES, C.S.V.J. Aplicaçăo foliar de nutrientes em citros. Laranja, v.9, n.1, p.65-88, 1988.
  • GRASSI FILHO, H.; FIGUEIRA, F.A.V. Nova formulaçăo para o fornecimento de micronutrientes aos citros - 2. Informativo Coopercitrus, v.6, n.69, p.28-30, 1992.
  • GRUPO PAULISTA DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA CITROS. Recomendações de adubação e calagem para citros no Estado de São Paulo. 3.ed. Cordeirópolis, 1994. 27p.
  • GRUPO PAULISTA DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA CITROS. Recomendações de adubação e calagem para citros no Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1996. p.133-136. (Boletim Técnico, 100)
  • MACHANDA, H.R.; RANDHAWA, N.S.; SHUKLA, V.C. Relative efficacy of soil versus foliar applications of zinc to "Blood Red" variety of sweet orange (Citrus sinensis (L.) Osbeck). Indian Journal Agricultural Science, v.42, n.4, p.347-351, 1972.
  • MALAVOLTA, E. É essencial a açăo dos micronutrientes. Informativo Coopercitrus, n.55, p.34-36, 1991.
  • MALAVOLTA, E.; VIOLANTE NETTO, A. Nutriçăo mineral, calagem, gessagem e adubaçăo dos citros. Laranja, v.1, n.9, p.1-48, 1988.
  • MALAVOLTA, E.; VIOLANTE NETTO, A. Nutriçăo mineral, calagem, gessagem e adubaçăo dos citros Piracicaba: Associaçăo Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1989. 153 p.
  • MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliaçăo do estado nutricional de plantas: princípios e aplicaçőes. Piracicaba: Potafós, 1989. 208 p.
  • SEMPIONATO, O.R.; GRASSI FILHO, H. Nova formulaçăo para fornecimento de micronutrientes aos citros. Informativo Coopercitrus, v.6, n.68, p.19-20, 1992.
  • STOLLER, J. Adubaçăo foliar em citros. Laranja, v.10, n.2, p.555-564, 1989.
  • VITTI, G.C. Amostragem e interpretaçăo de análise de solo e de folha na citricultura Jaboticabal: Funep, 1988. 32 p.
  • VITTI, G.C. Calagem e adubaçăo de citros. Informaçőes Agronômicas, v.48, p.1-3, 1989.
  • WINTER, S.H.; BUKOVAC, M.J.; TUKEY, H.B. Advances in foliar feeding of plant nutrients. In: McVICKAR, M.H.; BRIDGER, G.L.; NELSON, L.B (Ed.) Fertilizer technology and usage. Madison: Soil Science Society of America, 1963. p.429-455.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Jan 2000
  • Data do Fascículo
    Out 1999

Histórico

  • Aceito
    18 Fev 1999
  • Recebido
    21 Jul 1998
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" USP/ESALQ - Scientia Agricola, Av. Pádua Dias, 11, 13418-900 Piracicaba SP Brazil, Phone: +55 19 3429-4401 / 3429-4486 - Piracicaba - SP - Brazil
E-mail: scientia@usp.br