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Apresentação

Presentation

O presente Dossiê tem como objetivo estimular o debate do importante relatório da ONU-Mulheres intitulado Progress of the World's Women 2015-2016. Transforming Economies, Realizing Rights, lançado simultaneamente em sete regiões do globo em 27 de abril de 2015. Se, por um lado, o documento reconhece que houve importantes mudanças na condição das mulheres em nível global, com ganhos educacionais significativos, incrementos na participação no mercado de trabalho e promoção a posições de liderança; em contraposição, as desigualdades de gênero nos rendimentos, no acesso à proteção social e a divisão do trabalho doméstico e de cuidado não remunerado, entre outras, permanecem elevadíssimas em todas as regiões do mundo.

O relatório reúne um conjunto formidável de informações e fornece um marco interpretativo inovador àqueles que pretendem compreender, pesquisar, analisar criticamente e intervir politicamente na questão das desigualdades de gênero nas sociedades atuais. O texto é instigante e desafiador. Instigante, porque incorpora no centro da análise contribuições que as feministas vêm fazendo para o entendimento das desigualdades de gênero. De fato, o documento contou com a participação, em diferentes funções, de um time de destacadas acadêmicas feministas, sobretudo economistas e sociólogas, com larga experiência e valiosas contribuições aos estudos sobre desigualdades de gênero, tais como Shahra Ravazi, Diane Elson, Maxine Molineux, Janet Gornick e Rozario Aguirre, para citar apenas algumas que têm mantido intercâmbios com acadêmicas feministas no Brasil.

O resultado não poderia ser diferente. Somos incitadas a pensar, entre tantas outras questões abordadas pelo documento, que as políticas macroeconômicas devem perseguir objetivos sociais mais amplos, como a igualdade de gênero e a justiça social; que o trabalho remunerado e o trabalho doméstico e de cuidado não remunerado, realizados sobretudo pelas mulheres, formam uma unidade e devem ser plenamente integrados à análise econômica; que as análises sobre desigualdades de gênero devem se articuladas com outros sistemas de desigualdades sociais como classe e raça/etnia.

O relatório é desafiador justamente porque mostra que as barreiras à igualdade de gênero estão fortemente sedimentadas em muitas dimensões da vida social. Como o documento afirma "é necessário uma transformação fundamental da economia e das instituições sociais em todos os níveis da sociedade" (UN WOMEN, 2015UN WOMEN. Progress of the World's Women 2015-2016. Transforming Economies, Realizing Rights. New York: United Nations, 2015. Available from: <Available from: http://progress.unwomen.org/en/2015/pdf/UNW_progressreport.pdf >. Access on 02/02/2016.
http://progress.unwomen.org/en/2015/pdf/...
, p. 56, tradução nossa). Argumenta que as chances de realização dessas mudanças são maiores quando as mulheres estão mobilizadas em movimentos autônomos, capazes de construir alianças com outros movimentos sociais que defendem a justiça social e com simpatizantes localizados em partidos políticos, parlamentos, burocracias estatais, institutos de pesquisa e organizações internacionais.

O presente dossiê pretende ser uma contribuição à análise e discussão do estado atual das desigualdades de gênero no Brasil na expectativa de que suas dimensões econômicas e sociais ganhem potência na agenda política brasileira. Nesse sentido, contém o resumo em espanhol do relatório "El progreso de las mujeres en el mundo 2015. Transformación de las economías, realización de los derechos". A versão completa está em inglês e pode ser encontrada on-line no endereço: <http://progress.unwomen.org/en/2015/>. Além disso, seguem-se cinco comentários escritos por Bila Sorj, Lena Lavinas, José Eustáquio Diniz Alves, Nadya Araujo Guimarães e Miriam Nobre que abordam diferentes temas e apontam aspectos positivos e negativos, novidades e lacunas contidas nesse novíssimo relatório da ONU-Mulheres.

Referência

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Aug 2016

Histórico

  • Recebido
    06 Jul 2015
  • Revisado
    12 Jan 2015
  • Aceito
    29 Fev 2016
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