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Corpografias do feminino e formas de resistência na literatura e na arte: entrevista com Ana Gabriela Macedo

Female Corpographies and Forms of Resistance in Literature and Art: Interview with Ana Gabriela Macedo

Em “Mulheres, arte e poder: uma narrativa de contrapoder?” (2011MACEDO, Ana Gabriela. “Mulheres, artes e poder: uma narrativa de contrapoder?”. Revista de Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 37, p. 61-77, 2011a.a), Ana Gabriela Macedo já havia falado da necessidade de repensar as formas de representação do corpo feminino como foco potencial de resistência. A estudiosa portuguesa vem seguindo nesses esforços, pensando em questões de feminismo, gênero, corpo e representação, especialmente no âmbito das artes e da literatura. Coordenadora do Doutoramento em Modernidades Comparadas e do Grupo de Pesquisa Gênero, Artes e Estudos Pós-Coloniais do ‘Centro de Estudos Humanísticos’ da Universidade do Minho, de Portugal, Ana Gabriela é autora/organizadora de obras referenciais nos estudos feministas, como Género, Identidade e Desejo (2002MACEDO, Ana Gabriela. Gênero, Identidade e Desejo. Lisboa: Cotovia, 2002.), Género, Cultura Visual e Performance (2011MACEDO, Ana Gabriela; RAYNER, Francesca. Gênero, Cultura Visual e Performance: uma antologia crítica. Braga: Edições Húmus, 2011b. b) e o Dicionário da Crítica Feminista (2005MACEDO, Ana Gabriela; AMARAL, Ana Luísa (Orgs.). Dicionário da Crítica Feminista. Porto: Afrontamento, 2005.), que assina em conjunto com Ana Luísa Amaral. Ela é igualmente autora de um estudo monográfico sobre a obra da pintora portuguesa residente no Reino Unido, Paula Rego, com um volume intitulado, Paula Rego e o Poder da Visão. ‘A minha pintura é como uma história interior’ (2010MACEDO, Ana Gabriela. Paula Rego e o Poder da Visão. ‘A minha pintura é como uma história interior’. Lisboa: Cotovia, 2010.). Em agosto de 2017, a professora e pesquisadora esteve no Brasil para participar do 13o Mundos de Mulheres e do 11o Fazendo Gênero, que ocorreu em Florianópolis. Na ocasião, ela concedeu uma entrevista e tratou de iniciativas de empoderamento no âmbito das artes, defendendo também um pluralismo no âmbito feminista.

Entrevistadora: Após mais de 10 anos de publicação, o Dicionário da Crítica Feminista (2005) segue como uma referência para entender gênero e feminismo. Na sua visão, considerando os debates de hoje, que verbete(s) poderia(m) ser incluído(s)?

Ana Gabriela Macedo: Na época, não entrou a palavra “transgénero”, por exemplo. Mas há o verbete “queer” e foi complicado que fosse aceito, porque Portugal tem uma estrutura de língua que é bastante conservadora. Esse trabalho do Dicionário foi bastante revolucionário, portanto, trazendo palavras que não constavam, até a data, do léxico português. Usava-se a terminologia crítica sempre em língua inglesa, o que achávamos que deveria ser usado também em português, pela urgência de criar um vocabulário conceitual novo numa área de estudos emergentes na academia em Portugal, que necessitava ter visibilidade e ancoragem crítica. Seria interessante (havendo tempo…) fazer agora uma revisão do corpus então tratado ou um acrescento desses últimos 10 anos em que muito evoluiu e se consolidou, felizmente, nesta matéria. Há também muita bibliografia que poderia ser acrescentada, como, por exemplo, nos verbetes relacionados aos estudos queer. O Dicionário é de 2005, mas continua a ser muito atual hoje e pedagogicamente útil; os verbetes são curtos, pois se trata, afinal, de um dicionário, mas trazem referências e debates cruciais, que persistem nos estudos de género e na crítica feminista ainda hoje.

Entrevistadora: Em Mulheres, arte e poder: uma narrativa de contrapoder? (2011), a professora fala dos corpos de mulheres como polos de resistência. Como isso tem ocorrido no campo das artes e como estão as investigações da professora nesse sentido?

AGM: Na minha pesquisa, que começou no texto narrativo e se disseminou nas outras artes - e como trabalho em comparatismo, digamos que tenho legitimidade para fazer pesquisa tanto em texto literário como visual, performativo -, eu uso a palavra “narrativa” de modo amplo e híbrido. A questão do corpo como primeiro foco de análise do feminismo, tanto no que diz respeito ao preconceito que os corpos das mulheres recebem como na vitimização, como o assédio, lutas de emancipação, maternidade, direitos reprodutivos etc., e por outro lado a questão da representação do corpo tanto na literatura como nas artes têm sido fundamentais para as mulheres como uma estratégia de empoderamento e resistência. Eu ponho lado a lado esses aspectos de empoderamento, resistência e agenciamento que estão ligados na luta contra a opressão, contra o preconceito e contra a vitimização. Nas artes visuais, para além da literatura - e eu sou professora também e tenho uma atividade pedagógica que prezo muito -, é impossível neste momento falar de narrativas textuais, sem falar na sua visualização e representação, no mundo de imagens em que vivemos. Foi um passo para mim fundamental começar a aliar a análise crítica e o estudo teórico e dar visibilidade a essas narrativas que, para além de literárias, são visuais. Eu comecei a pesquisa na fotografia, sobre a obra de Cindy Sherman, que faz um trabalho muito crítico da exposição do corpo feminino e sua visão sobre a história da arte por meio da fotografia. Ela é muito importante, já nos anos de 1980, para dar empoderamento e uma visibilidade crítica a esse excesso de exposição do feminino e, ao mesmo tempo, falta de agenciamento. O que fiz foi procurar no contexto português, que havia poucos trabalhos, expressões dessa mesma atitude crítica sobre o corpo e esse mesmo agenciamento. Por estar muito interessada no conceito de storytelling, no ato de “contar histórias” como uma atividade das mulheres por excelência, comecei a estudar uma pintora portuguesa, há muito residente na Inglaterra, agora de renome e projeção internacionais, à Paula Rego. Assim, passei da fotografia, para a autobiografia narrativa e visual e cheguei a Paula Rego, magistral em expor um olhar crítico e desmistificador sobre o corpo da mulher e as relações de género. Mas na obra de Paula Rego o corpo feminino não é “desincorporado”, mas antes corporalizado no eixo da estética (o diálogo com a História da Arte Ocidental), do social e do político. Desde então, passei a estudar as corpografias do feminino na arte em vários quadrantes e culturas distintas e a diversidade de olhares críticos que os enforma.

Entrevistadora: O que a professora entende por “corpografias”?

AGM: São esses olhares sobre si mesmas que as mulheres passaram a fazer tanto em uma forma discursiva como em uma forma visual, procurando primeiro denunciar preconceitos e, num segundo momento, procurando eliminá-los, empoderando e dando agenciamento e voz às mulheres, mostrando-as tomando conta das suas vidas, recusando a vitimização. Isto constituiu um segundo momento da crítica feminista, visando não só à denúncia das situações de exploração e invisibilidade, mas o empoderamento das suas vidas e o envolvimento nas lutas políticas, nas lutas concretas, profissionais e cotidianas. No caso de Portugal, por exemplo, houve um momento muito importante, da despenalização do aborto, que foi uma discussão política e da sociedade toda, crucial nos anos 1990 e que teve, nomeadamente, o apoio dessa artista, Paula Rego. Embora vivendo na Inglaterra, ela fez uma série de pinturas sobre o aborto que foram expostas em Lisboa e tiveram um papel fulcral na mídia, pelo fato de ela ser considerada uma voz muito respeitada e ter a coragem de denunciar as situações das mulheres. Apelando para a despenalização do aborto e para a autonomia das mulheres, o tal agenciamento, a capacidade das mulheres decidirem, serem donas das suas vidas e do seu corpo. A corporização passa por aí, por mostrar no corpo as marcas da censura e da opressão, questionando os padrões de género e a normativização, inclusive, no caso da arte, usando estratégias de representação consentâneas com o pós-moderno, tal como fez a Cindy Sherman, ou seja, de uma forma que procura, na relação com o espectador, um estranhamento crítico, um questionamento, e não uma identificação cega e passiva. Ao mesmo tempo, em uma iniciativa que provoca um olhar crítico sobre o fato de a mulher ter sido, ao longo da História da Arte, sempre representada como objeto e muito poucas vezes como agente, ou seja, como artista, escritora etc. Há um longo percurso em que as mulheres procuram a própria voz e é isso o que me tem ocupado, procurar encontrar a voz que as mulheres vão construindo para si próprias nos vários discursos, da arte, da literatura e na sua relação com o social.

Entrevistadora: Por isso a professora tem estudado também artistas do Oriente Médio tais como Shadi Ghadirian, Raeda Saadeh e Mona Hatoum?

AGM: Sim, as artistas do Oriente Médio são um caso muito interessante. É uma pesquisa recente que venho fazendo, mas que não é desgarrada das anteriores. A questão do Oriente Médio liga muito as questões do político ao privado-pessoal, visto que essas mulheres têm sofrido situações de opressão e censura muito graves. Por outro lado, a guerra é algo que afeta os povos em geral, não é só o caso da Palestina, ou do Irã. O que tenho achado interessante na arte produzida por essas mulheres é a sua capacidade de resistência, a sua coragem aliada à criatividade e, por vezes, mesmo, ao humor (também o caso da Paula Rego, em que o humor é fundamental!). Muitas delas foram forçadas a emigrar, por motivos políticos e para continuarem a criar, outras continuam no seu país, resistindo, criando, inovando. São essas estratégias de resistência e resiliência que elas imprimem na sua arte por meio da representação, que acho particularmente instigante e que me interessa investigar, estabelecendo paralelismos com o mundo que conheço mais de perto, a Europa Ocidental, Portugal. Acho que elas são casos exemplares de como se consegue juntar a consciência do sofrimento das mulheres à necessidade de resistência de uma forma que é irônica até, mostrando alternativas e não complacência. Uma arte que recusa a vitimização e mostra a possibilidade de alternativas críticas e de construir redes de cumplicidades, de solidariedades, em que as mulheres se juntam e se sentem cúmplices umas com as outras. Na realidade elas não estão tão longínquas assim de muitas artistas portuguesas que também sofreram na sua pele a ditadura, a exploração, que sofreram o trauma e o efeito da guerra colonial e que tiveram que resistir a uma ordem política opressiva e castradora. Acho fundamental comparar, em localizações diferentes, situações em que as mulheres tiveram que reagir de maneiras próximas e estudar esses paralelismos de resistência e resiliência engendrados.

Entrevistadora: Os meios de comunicação sempre destacam as opressões enfrentadas pelas mulheres do Oriente Médio. Mas, na verdade, considerando suas análises sobre os trabalhos de Shadi Ghadirian, Raeda Saadeh ou Mona Hatoum, é possível dizer que há aproximações entre aqueles contextos e a situação das mulheres no Ocidente, especialmente quanto ao confinamento no ambiente doméstico?

AGM: Sem dúvida. Por isso falo da necessidade de um feminismo plural. É importante não fazer guetos dentro do feminismo. Não é dizer que o feminismo é igual em todas as partes do mundo. Mas é muito importante olhar para outros casos e culturas e ser capaz de encontrar pontos de sintonia com as mulheres de outros países, de outras culturas, sem, contudo, calar ou branquear as diferenças. E acho que a questão do doméstico é aquilo que nos aproxima mais hoje e sempre; a luta contra a opressão na esfera do doméstico e do privado e o desejo das mulheres de vários países e culturas distintas de ter uma visibilidade social e política, de expressar a sua voz própria e a sua visão do mundo. Acho que isso está para além das fronteiras geográficas, de língua, é algo que une as mulheres. Há diferenças, sim, de raça, de classe, mas é necessário criar cumplicidades, criar redes. Por isso, uso muito a metáfora da teia de aranha. Acredito que as mulheres constroem teias, teias de cumplicidades, de resistência. E acho que a história é um fio tecido e o contar histórias é, afinal, uma maneira de transmitir cultura e narrativas alternativas, tecendo coletivamente essas teias de solidariedade e empatia.

Entrevistadora: Como a professora chegou a essas artistas, de Paula Rego às artistas do Oriente Médio?

AGM: Por experiências de vida. Há exposições de arte dessas artistas nos museus mais canônicos das grandes capitais. A Paula Rego, por exemplo, tem uma obra transgressora, mas está exposta tanto nos grandes museus canónicos, como nas galerias alternativas. Ela transgride o chamado “espaço sagrado” do museu. O público jovem é exigente, quer ver outras coisas distintas das antes exibidas nesses museus do mundo inteiro e, como tal, esses museus são, por assim dizer, forçados a acolher obras de artistas alternativas e transgressoras. É uma excelente contradição discursiva que tem sido fundamental para o desenvolvimento e divulgação da obra de muitas mulheres artistas contemporâneas!

Entrevistadora: Em Who will make me real? (2017MACEDO, Ana Gabriela. “Who will make me real? Mulheres, arte e feminismos, modos de ver diferentemente”. Vista Revista de Cultura Visual, Lisboa, n. 1, p. 93-107, 2017.) e em outros trabalhos como “Enquadrar, desenquadrar/resistir: mulheres, arte e feminismos, modos de ver diferentemente” (2014MACEDO, Ana Gabriela. “Enquadrar, desenquadrar/resistir: mulheres, arte e feminismos, modos de ver diferentemente”. In: FUNCK, Susana Bornéo; MINELLA, Luzinete Simões; ASSIS, Gláucia de Oliveira (Orgs). Linguagens e Narrativas. Desafios Feministas, v. 1. Tubarão: Copiart, 2014. p. 95-112.), a professora destaca que as manifestações culturais têm exigido um olhar interdisciplinar. Apesar do Nobel de Literatura de 2016 ter endossado isso, ao premiar Bob Dylan, ainda há uma certa resistência, nos campos teóricos mais tradicionais, em admitir a necessidade da interdisciplinaridade. Na sua visão, qual a importância, para os estudos feministas, da articulação entre as diversas áreas?

AGM: Acho essa articulação fundamental. Os estudos feministas abriram caminho para essa hibridização do conhecimento e da pesquisa. Como feministas, sabemos que é impossível pensar sozinho e em uma área só do conhecimento. Nosso projeto de pesquisa se beneficia imensamente se, para além da literatura ou das artes, da sociologia, ou da história, juntarmos num mesmo contexto crítico esses vários olhares. Isso permite que os objetos de análises sejam olhados de forma poliédrica e não unidimensional. Acho que ainda estamos longe de conseguir todas essas áreas dialogando juntas, mas acho que temos que trabalhar nesse sentido. Portugal é um país com muita convenção e muito preconceito em relação à interdisciplinaridade. As agências de financiamento preferem quase sempre trabalhos numa área só, de pesquisa monodisciplinar. Mais recentemente tem crescido a interdisciplinaridade, mas ainda somos preteridas em relação àqueles que trabalham em áreas únicas do saber. Mas faz parte da luta! Acreditamos que é impossível fazer crítica feminista se não for de modo interdisciplinar, aliando ao nosso questionamento outras áreas do conhecimento e da vida. Por outro lado, os estudos comparatistas têm ajudado nesse sentido, trazendo uma lufada de ar fresco, uma maior permissividade e fertilização crítica. Sem, obviamente, perder o foco do rigor da pesquisa, mas permitindo esses tais olhares oblíquos e diálogos transversais entre a literatura, as artes visuais, as representações de gênero, os estudos pós-coloniais etc., fomentando o diálogo, o debate crítico e a polémica.

Entrevistadora: O mundo tem visto avançar uma onda de conservadorismo. Qual pode ser a importância do movimento feminista para barrar retrocessos?

AGM: Quando há crise e há desemprego, as primeiras a sofrer são as mulheres, elas têm os empregos mais precários, sofrem mais discriminação, têm que se desdobrar nas tarefas da casa, profissionais etc., enfim, são as que mais sofrem. Talvez por isso mesmo as mulheres tentam criar as tais redes e vão resistindo. Cada vez que venho no FG, saio com mais ânimo. Estar em uma conferência com essas milhares de mulheres é uma lição de vida e de esperança. Sem as redes de cumplicidade entre as mulheres é muito difícil resistir. E estamos a resistir.

Referências

  • MACEDO, Ana Gabriela. Gênero, Identidade e Desejo Lisboa: Cotovia, 2002.
  • MACEDO, Ana Gabriela; AMARAL, Ana Luísa (Orgs.). Dicionário da Crítica Feminista Porto: Afrontamento, 2005.
  • MACEDO, Ana Gabriela. Paula Rego e o Poder da Visão. ‘A minha pintura é como uma história interior’ Lisboa: Cotovia, 2010.
  • MACEDO, Ana Gabriela. “Mulheres, artes e poder: uma narrativa de contrapoder?”. Revista de Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 37, p. 61-77, 2011a.
  • MACEDO, Ana Gabriela; RAYNER, Francesca. Gênero, Cultura Visual e Performance: uma antologia crítica Braga: Edições Húmus, 2011b.
  • MACEDO, Ana Gabriela. “Enquadrar, desenquadrar/resistir: mulheres, arte e feminismos, modos de ver diferentemente”. In: FUNCK, Susana Bornéo; MINELLA, Luzinete Simões; ASSIS, Gláucia de Oliveira (Orgs). Linguagens e Narrativas. Desafios Feministas, v. 1. Tubarão: Copiart, 2014. p. 95-112.
  • MACEDO, Ana Gabriela. “Who will make me real? Mulheres, arte e feminismos, modos de ver diferentemente”. Vista Revista de Cultura Visual, Lisboa, n. 1, p. 93-107, 2017.
  • Como citar esse artigo de acordo com as normas da revista:

    BITTELBRUN, Gabrielle Vivian. “Corpografias do feminino e formas de resistência na literatura e na arte: entrevista com Ana Gabriela Macedo”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 28, n. 1, e57099, 2020
  • Financiamento:

    Bolsista de Doutorado pela CAPES durante a realização da entrevista (2017)
  • Consentimento de uso de imagem:

    Não se aplica
  • Aprovação de comitê de ética em pesquisa:

    Não se aplica

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    16 Maio 2018
  • Aceito
    31 Jan 2020
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