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Remando contra a maré, publicamos mais um número da Revista

Rowing Against the Tide, We Publish Another Issue of the Journal

Escrevemos este editorial quando a Revista Estudos Feministas (REF), como todos os periódicos acadêmicos do Brasil, especialmente os da grande área das humanidades, estão sob ataque e efetivas ações de desmanche por parte do governo federal, executadas pelo Ministério da Educação através dos organismos que foram originalmente criados para fortalecer uma educação de graduação e pós-graduação capaz de implementar qualidade a todos os níveis de ensino do país.

Nesse momento também recebemos a notícia do falecimento de Lourdes Maria Bandeira, Doutora em Sociologia, Professora Titular da Universidade de Brasília, autora de inúmeras publicações nas áreas de gênero, cidadania, mulheres, feminismo e políticas públicas. Lourdes coordenou o Núcleo de Estudos e Pesquisas da Mulher (NEPEM) e foi membro do Conselho de Direitos Humanos da Universidade de Brasília (CDH-UnB). Torna-se impossível referir em poucas palavras sua intensa participação acadêmica e política. Destacamos aqui algumas das principais: foi Secretária de Planejamento e Gestão da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) de fevereiro de 2008 a janeiro de 2011 e assumiu o cargo de Secretária Adjunta a partir de março de 2012 até janeiro de 2015. Atuou no comitê editorial da Editora da Universidade de Brasília. Era Pesquisadora do CNPq, desenvolvendo projetos de pesquisa recentes sobre feminicídios no Brasil e sobre cuidado e cuidadoras nas redes institucionais de apoio às mulheres vítimas da violência.

Destacamos também sua imensa solidariedade frente às iniciativas de combate às desigualdades de gênero que brotaram pelo país afora em Núcleos, Observatórios, Grupos de Trabalho, eventos etc. Chamavam atenção sua extrema gentileza com as lideranças feministas pioneiras e também com as novas gerações, sua capacidade de escuta e sensibilidade e de estimular novas iniciativas. Destacamos suas parcerias com a equipe do Instituto de Estudos de Gênero da UFSC, seu apoio e incentivo, junto com a colega da SPM, Hildete Pereira de Melo, à série de eventos Fazendo Gênero. Ambas tiveram uma presença marcante na 11ª edição do evento, realizada em 2013, em Florianópolis, na mesa de abertura e em mesa-redonda na qual destacaram as principais políticas e ações que marcaram os dez anos da SPM (Lourdes BANDEIRA; Hildete MELO, 2014BANDEIRA, Lourdes Maria; MELO, Hildete Pereira de. “A estratégia da transversalidade de gênero: uma década de experiência da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República do Brasil (2003-2013)”. In: MINELLA, Luzinete Simões; ASSIS, Gláucia de Oliveira; FUNCK, Susana Bornéo (Orgs.). Políticas e Fronteiras: desafios feministas. Tubarão: Editora Copiart, 2014. p. 131-166.), em que atuaram compondo a equipe de Nilcea Freire.

A última participação de Lourdes ocorreu no Fazendo Gênero 12, realizado em julho de 2021, na mesa-redonda “Homenagem à Ministra Nilcea Freire”, coordenada por Miriam Grossi, com a participação de Sônia Malheiros Miguel.1 1 [MESA-REDONDA] Homenagem à ministra Nilcéa Freire. Instituto de Estudos de Gênero - UFSC. YouTube. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=MZUrBvW9_No.1. Ressaltamos também que entre os vários artigos que Lourdes elaborou, alguns foram publicados na Revista Estudos Feministas. Incluímos suas referências completas no final deste editorial como uma forma de homenageá-la (BANDEIRA; Deis Elucy SIQUEIRA, 1997BANDEIRA, Lourdes Maria; SIQUEIRA, Deis Elucy. “O Grito das Avós, Filhas e Netas”. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais/UFRJ, v. 5, p. 220-222, 1997.; BANDEIRA; Analía Soria BATISTA, 2002BANDEIRA, Lourdes Maria; BATISTA, Analía Soria. “Preconceito e Discriminação”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, CFH/CCE/UFSC, v. 10, n. 1, p. 23-30, 2002.; BANDEIRA, 2008BANDEIRA, Lourdes Maria. “A contribuição da crítica feminista à ciência”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, CFH/CCE/UFSC, v. 16, n. 1, p. 207-228, 2008.; BANDEIRA; Tânia Mara Campos de ALMEIDA, 2015BANDEIRA, Lourdes Maria; ALMEIDA, Tânia Mara Campos de . “Vinte anos da Convenção de Belém do Pará e a Lei Maria da Penha”. Revista Estudos Feministas, v. 23, p. 501-517, 2015.). Finalmente, lembramos que ela nos concedeu um expressivo depoimento sobre os trinta anos de pesquisas sobre violências contra as mulheres, publicado pela Editora Mulheres (Rozeli PORTO; Analba Brazão TEIXEIRA, 2006PORTO, Rozeli; TEIXEIRA, Analba Brazão. “Lourdes Bandeira”. In: GROSSI, Miriam Pillar; MINELLA, Luzinete Simões; PORTO, Rozeli (Orgs.). Depoimentos: Trinta anos de pesquisas feministas brasileiras sobre violência. Ilha de Santa Catarina: Editora Mulheres, 2006, p. 213-248.). Esse depoimento revela uma parte importante do legado de mais uma feminista que perdemos nos últimos anos. Por isso adquire extrema relevância para as pesquisadoras e ativistas da área.

Em junho deste ano, finalmente, realizou-se, na UFSC, o 12º Seminário Internacional Fazendo Gênero, de forma virtual, mesmo com o adiamento de um ano em função da pandemia por Covid 19, que se iniciou em 2020 e tem se estendido por 2021 em todo o mundo. Pandemia com níveis muito desiguais de acesso às vacinas, o que reflete as imensas desigualdades entre os países.

Por que falar sobre o Fazendo Gênero (FG) neste momento de preocupação com a sobrevivência da revista? Porque a REF, na UFSC, está intimamente ligada a este encontro que adquiriu grandes proporções. Lembramos que foi após o Fazendo Gênero de 1996, do qual participaram várias editoras da revista então publicada no Rio de Janeiro, que o grupo de pesquisadoras feministas reunidas na UFSC, a partir da primeira edição do evento2 2 Evento intitulado “Fazendo Gênero: seminário de estudos sobre a mulher”, realizado em 1994 no Centro de Comunicação e Expressão, e que, a partir daí, foi construído como um encontro interdisciplinar e passou a ser realizado por pesquisadoras de vários centros da UFSC, a intervalos bianuais, inicialmente. em torno da realização de novos encontros, recebeu a proposta de editar a Revista. Proposta formalmente aceita no Seminário de 1998. E foi no Fazendo Gênero de 2000 que ocorreu o lançamento da REF v. 7, n. 1 e 2 de 1999, os números de transição da revista, editados pela primeira vez na UFSC. Uma síntese do contexto desta transição foi registrada no Editorial desse número por Miriam Pillar Grossi e Claudia de Lima Costa (1999GROSSI, Miriam Pillar; COSTA, Claudia de Lima. “Editorial”. Revista Estudos Feministas, v. 7, n. 1 e 2, p. 5-8, 1999.).

O Instituto de Estudos de Gênero (IEG/UFSC), criado em uma reunião de avaliação do FG de 2004, realizada no início de 2005, construiu-se sobre três frentes de atuação das pesquisadoras da UFSC: o Seminário Internacional Fazendo Gênero; a Revista Estudos Feministas; a Área de Concentração em Estudos de Gênero do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (EGE/PPGICH/CFH). Mais recentemente, juntaram-se a elas outras frentes: Ensino e Cursos; Centro de Documentação (CEDOC); Espaço Cultural Gênero e Diversidades (ECGD).

Um dos pontos fortes da REF tem sido a atuação em rede com as demais publicações feministas, fortalecida a partir da série Fazendo Gênero e consolidada a partir de 2002 e 2003. No primeiro ano, aconteceu em Florianópolis o I Encontro Nacional de Publicações Feministas, com a presença de representantes de várias editoras, tanto de publicações acadêmicas quanto aquelas produzidas por ONGs. Em 2003, a REF organizou um evento mais amplo, o II Encontro Nacional e I Internacional de Publicação Feministas, mais uma vez em Florianópolis, reunindo 14 editoras de publicações internacionais, três responsáveis pela edição de livros científicos nacionais, além de 47 editoras de publicações nacionais - algumas sediadas em universidades e várias em ONGs. A maior parte delas participara do evento anterior, ambos contando com o patrocínio da Fundação Ford. Os textos das palestrantes foram publicados nos seguintes números do periódico: REF, v. 11, n. 1, 2003; REF, v. 12, Número Especial, 2004.

Embora os limites financeiros tenham impossibilitado iniciativas semelhantes, as reuniões com outras publicações do campo dos estudos feministas e de gênero tiveram continuidade nos Seminários Internacionais Fazendo Gênero. Nessas reuniões, temos compartilhado os avanços e limites das nossas atividades, refletindo sobre as políticas editoriais adotadas ao longo dos anos. Destacamos também a importância das Mesas-Redondas sobre Publicações Feministas realizadas nos Seminários FG de 2013, 2017 e 2021. Destes encontros resultaram muitos materiais publicados na REF, em dossiês, seções temáticas, artigos, além de entrevistas com feministas que têm participado dessa série de eventos que passaram a ser trienais.3 3 Intervalos também afetados pela pandemia da Covid 19.

Com as publicações de outras áreas, os diálogos continuaram através das reuniões propostas, por exemplo, pela Scientific Electronic Library Online (SciELO) e pela organização de outros eventos. As trocas constantes com editores/as do Portal Eletrônico que reúne os periódicos científicos da UFSC, através da nossa lista de e-mails, também têm permitido reflexões sobre as possibilidades e as dificuldades que enfrentamos. Enfim, entendemos que não é possível falar em edição sem atuação em rede, sem compartilhamento, sem trocas, sem os diálogos que têm permitido um aprendizado coletivo. Ressaltamos que essa atuação em rede tem incluído o diálogo com os movimentos sociais. Um dos objetivos da REF, colocado no seu editorial de número zero por Lena Lavinas (1992LAVINAS, Lena. “Editorial”. Revista Estudos Feministas, CIEC/ECO/UFRJ, n. 0, p. 3-4, 1992.), sua primeira editora, foi a ponte entre os estudos acadêmicos e os movimentos sociais. Questão relacionada aos dossiês publicados na revista, como elucida Sônia Maluf (2004MALUF, Sônia Weidner. “Os dossiês da REF: além das fronteiras entre academia e militância”. Revista Estudos Feministas, v. 12, n. Especial, p. 235-243, 2004.). No que se refere aos FG, essa busca pelo fortalecimento dos vínculos entre estudos acadêmicos e movimentos sociais se consolidou em 2017, quando o FG teve um intervalo de 4 anos para incorporar o 13º Congresso Mundo de Mulheres, evento voltado para o encontro intercontinental de mulheres em movimentos, pela primeira vez, na América do Sul. Foi quando tivemos as Tendas de Mulheres e as Rodas de Conversas, as Apresentações interculturais, que culminaram com uma magnífica Marcha de Mulheres tomando as ruas de Florianópolis com suas cores, as vozes e presenças marcantes das mulheres indígenas (pela primeira vez!), mulheres dos movimentos negros, dos movimentos camponeses, movimentos LGBTs, as acadêmicas, todas nós. Uma marcha deslumbrante que este ano precisou ser realizada de forma virtual.

Um acontecimento que resultou desse encontro foi a incorporação efetiva dos movimentos de mulheres ao FG, não somente em sua programação, mas também em sua organização. Este ano suas representantes estiveram com forte presença nas Conferências, participando e propondo Simpósios Temáticos, debatendo e sendo expositoras de mesas-redondas, mulheres ativistas de variados movimentos e artivistas, as artistas que enriquecem nossos debates com outras perspectivas e percepções.

Anos atrás, em uma publicação do GT Mulher e Literatura da Associação Nacional de Pesquisa ANPOLL, que festejava os 25 anos deste grupo, Tânia Ramos (2010RAMOS, Tânia Regina Oliveira. “Fazendo Gênero onde o gerúndio se faz presente”. In: STEVENS, Cristina (Org.). Mulheres e Literatura - 25 anos. Raízes e Rumos. Florianópolis: Editora Mulheres, 2010. p. 119-136) publicou um artigo com o título: “Fazendo Gênero: onde o gerúndio se faz presente”. Nesta coletânea, já na sua oitava edição, a autora fala de como, em nome da experiência que nem sempre é uma evidência, tínhamos que estar preparadas para transmitir, reproduzir e reestruturar nossas ações. Treze anos depois, a pandemia e a história do tempo presente transformaram o gerúndio no desafiador que fazer de Paulo Freire.

Relatórios estão sendo escritos e serão publicados, mas abrimos um espaço na REF para registrar o desafio que foi a décima segunda edição do Seminário Internacional ao ser transferido de 2020 para 2021 e ter sido todo feito de forma remota, com duração de quinze dias. Abaladas as estruturas que a experiência de onze edições havia nos proporcionado, assumimos o evento, através de pessoas ou personagens desta mesma história tantas vezes lida, e podemos dizer que nos reinventamos. A volta da forma presencial é uma necessidade e vamos nos preparar para 2024, mas o Fazendo Gênero já não será o mesmo depois de 2021. O formato híbrido poderá ser a nossa nova linguagem. Aprendemos com todas, todos e todes que participaram, especialmente com a participação da nova geração de graduandas, nos pôsteres e na monitoria da web transmissão, que a tecnologia não veio para se contrapor à tradição, mas também para aproximar gerações, aquelas gerações cantadas por Adriana Calcanhotto (Arnaldo ANTUNES in CALCANHOTTO, 1992ANTUNES, Arnaldo. “Velhos e jovens”. In: CALCANHOTTO, Adriana. Senhas. Columbia; Sony Music Brasil, 1992.): estamos todos no meio/ quem chegou e quem faz tempo que veio/ ninguém no início ou no fim.

O IEG se desdobrou em outras frentes, mas o FG e a REF continuam a ser seus carros-chefes, juntos, é claro, com os núcleos e laboratórios de pesquisa que compõem o Instituto e produzem pesquisas, docência e extensão nos diversos cursos de graduação e de pós-graduação, como o PPGICH. Sobre a revista, possível pelo trabalho voluntário que a sustenta, com algum apoio da instituição universitária, continuamos sua edição, sempre dependendo de auxílios ocasionais, contando com o apoio de cursos de pós-graduação, sem mais termos sido contempladas pelos editais de CAPES e/ou CNPq, como outros periódicos de humanidades (financiamentos insuficientes para a produção de três números anuais, mas muito necessários).

Até quando poderemos resistir? Há uma forte pressão para nos adequarmos a concepções do produtivismo acadêmico vigorante nos países do Norte Global, modelos aos quais nossas instituições universitárias não conseguem escapar, mesmo em tempos das teorias decolonizadoras do Sul, coladas aos feminismos indígenas e negros latino-americanos. Até quando poderemos fazer frente à lógica capitalista neoliberal hierárquica de elitização do conhecimento? Os volumes das revistas de humanidades bem indexadas com Qualis A têm crescido muito em função da pressão produtivista que se faz na academia. Em relação aos estudos de gênero, tem sido particularmente intenso este aumento de material submetido aos periódicos, como mostram os números da REF online que se desdobram em mais de 20 artigos, além de ensaios, entrevistas e demais seções.

Temos recebido um número imenso de submissões que, mesmo reduzidas à metade nos crivos das primeiras avaliações, resultam em muitos artigos a dependerem de avaliações por pares em qualquer modalidade. As pressões por e sobre pareceristas também têm sido muito fortes - numa atividade essencial, mas pouco valorizada, como denunciam editoras/es de periódicos acadêmicos. Os ideais do open access não são acompanhados por medidas correspondentes em relação ao acesso aberto para publicar, por parte de profissionais cada vez mais desmonetarizados e sem o amparo de financiamentos acadêmicos para pesquisa num país que desmonta seus organismos de incentivo a ciência, tecnologia, pesquisa, educação. País que, depois de implantar nas universidades cotas reparadoras para negros, indígenas, pobres, tem um ministro de educação afirmando que educação superior deve ser para poucos. Isto, depois de o Brasil ter realizado um contínuo esforço para construir um invejável sistema de educação pública, gratuita, de qualidade nos níveis superiores de ensino. Lamentáveis tempos de desmonte da coisa pública, de retrocessos no trabalho, na cultura, na saúde, na educação. Tempos de privação e desconstrução dos bens públicos, do patrimônio nacional. A volta da fome, em pandemia. Tempos de luta e resistência das revistas. Mas resistimos, como demonstra o extenso material que temos publicado nesses anos de desconstrução da ciência que nos atinge a todas/os/es. Em tempos de calamidades com a continuidade da pandemia, já atingindo a trágica cifra de 600.000 mortes por Covid 19 no Brasil. Questão difícil de dizer, perceber, vivenciar...

Passamos a apresentar o extenso material deste terceiro número que finaliza a publicação do 29º volume da REF, destacando como peculiaridade sua feição predominantemente feminista, com a significativa maioria de artigos, entrevistas, dossiê, dedicada a pesquisas sobre mulheres, e mulheres em movimentos.

Entre os vários temas relevantes e atuais abordados nesse número, a pandemia não poderia faltar. O artigo “Pandemia COVID-19 e violência doméstica na conjuntura sociopolítica brasileira” analisa os impactos do isolamento social sobre as mulheres, ressaltando dois aspectos principais: o incremento das violências domésticas e as razões da precariedade das ações do governo, em particular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para responder a esse grande desafio.

A teologia feminista é um campo que adquire uma importância muito grande nesses tempos de colonização das religiões pelo patriarcado. O artigo “A despatriarcalização de Deus na teologia feminista” traz essa discussão para o debate através da questão da linguagem, pensando a própria nomeação de Deus, e as propostas de nomeações que se afastam da normatividade masculina.

Também com relação à religião, em “O Ativismo Católico: Bioética, Direitos Reprodutivos e Gênero”, as autoras acompanham o processo de criação da “cruzada” contra o gênero e contra os direitos reprodutivos na Igreja Católica, desde a formação das concepções teóricas que embasam essa doutrina até a ação pastoral de disseminação das ideias que constituem essa ofensiva conservadora no momento atual.

Os exercícios e reflexões críticas sobre mulheres, ou a partir de mulheres, ancoram-se nas especificidades da crítica feminista e trazem, numa sequência de artigos, temas, metodologias, problematizações, autoras e obras. Nesse aparato teórico e crítico, no artigo “Devir-mulher e educação múltipla: cartografias clariceanas”, encontram-se questões como o que é a escrita de Clarice Lispector e como nela se movimentam no tempo e no espaço os devires poéticos e políticos da relação arte, gênero e educação. Desta perspectiva de um devir-mulher, parte-se para a poesia de Safo em “Violência, silêncio e revolta velada nas leituras de Safo (fr. 31 Voigt)”, e a possibilidade de ela ser reinterpretada por novas leituras e mudanças de mentalidade e assim possibilitar a percepção, na sua poesia, de uma potencialidade histórica desvelando e revelando séculos de silêncio e revolta.

Da narrativa e da poesia, no artigo “O jogo do patriarcado em Um limite entre nós”, Explode Fences (no Brasil, Um limite entre nós), há o texto dramático materializado em performance, que traz de uma forma contundente a crítica ao patriarcado, fundamentada no feminismo negro e na interseccionalidade. Em “Un acercamiento a las violencias machistas online y a las formas de contrarrestarlas” temos uma discussão muito atualizada sobre as formas de violência cometidas nas redes, tendo como alvo especialmente as mulheres e pessoas LGBTQI+. As autoras partem do contexto espanhol e catalão, mas esta é uma questão internacional, e para a qual há muitos desafios, já que as políticas públicas até agora têm sido poucas e ineficientes. O romance Amanhecer, de 1938, da escritora brasileira Lúcia Miguel Pereira, atravessa fronteiras, vai ser estudado em língua espanhola no artigo “Salir de casa, mujeres que desafían la tradición en Amanhecer” e com este olhar feminista de uma América Latina apresenta a mudança de paradigmas na primeira metade do século XX, no momento em que as mulheres procuravam ocupar novos espaços e não somente os que lhe atribuíam os imaginários sociais.

O artigo “Mulheres e nudez no movimento naturista brasileiro nos anos de 1950” analisa as representações do movimento nudo-naturista brasileiro sobre os corpos femininos a partir de revistas publicadas nos anos 1950. As autoras e autores advogam que esse movimento impactou de algumas maneiras as formas expor e ver os corpos femininos, tanto com relação a transformações quanto na permanência de vários aspectos dessas representações, como com relação à beleza e ao que se considerava como “natureza das mulheres”.

Entre as várias linguagens textuais, em “Discursos de gênero em ‘Meu nome é Ray’: desconstruindo identidades, binarismos e hierarquias”, a narrativa fílmica vem dialogar como contraponto mais radical com estes textos através do filme “Meu nome é Ray”, cujo eixo condutor dos elementos estruturais, especialmente personagem, enredo, ponto de vista e tempo, é problematizar o processo de transição de gênero do adolescente Ray e a constituição do corpo atravessados pelos modos de subjetivação dominantes.

“Estudos sobre cinema LGBTQIA+ no Brasil e países latino-americanos” procura realizar um “estado da arte” sobre a produção acadêmica referente ao cinema LGBTQIA+ no Brasil e em países da América Latina, publicada nos Portais SciELO e CAPES. O material foi analisado com foco nos discursos, nos temas fílmicos, nos delineamentos teóricos e metodológicos das pesquisas e artigos produzidos. Falando sobre o recente avanço dessa produção em periódicos acadêmicos, autor/as referem o apelo inicial aos estudos pós-coloniais e decoloniais para temas até então dominados por autores/as do Norte Global.

Buscando compreender as relações entre saúde e transexualidade, e entre os serviços de saúde e as formas de cuidado, o artigo “Normas, disputas e negociações: debates sobre a despatologização” discute resultados de pesquisa que se desdobrou desde 2017, envolvendo o Núcleo Trans e o Ambulatório de Assistência Integral à Pessoa Trans da Universidade Federal de São Paulo, com o acompanhamento de mais de 100 atendimentos a pacientes, através do Sistema Único de Saúde. Pesquisa e serviços interrompidos pela pandemia da Covid 19, em 2020. Além da riqueza de reflexões propiciadas pela pesquisa, os/a autores/a analisaram as dinâmicas dos atendimentos, considerando as normativas dos Códigos Internacionais de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CDI 10 e 11), do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM 5), e das diretivas do Conselho Federal Medicina brasileiro, em seus efeitos sobre as/os/es agentes envolvidas/os/es. O artigo seguinte, “Producción de sentidos sobre la integralidad en la asistencia en salud a personas trans*”, traz resultados de pesquisa realizada em uma Secretaria Municipal de Saúde de cidade da Região Sul do Brasil. Com o objetivo de somar para a construção de pressupostos capazes de contribuir para uma ressignificação das formas de cuidados de pessoas trans, o artigo analisa a importância da dimensão relacional entre agentes de saúde e usuários/as/es do serviço estudado, apontando caminhos para a promoção do exercício da transcidadania.

Considerando a conjuntura fóbica do Paraguai em relação à diversidade sexual, o artigo “‘Machorras’ e ‘afeminados’ indígenas: corpos abjetos nas Missões e Paraguai” analisa, em registros de missionários do século XVII e de relatos indígenas, a produção da abjeção de corpos nativos no interior das Missões Indígeno-Jesuíticas. Referenciado em extensa produção bibliográfica e ancorado em um discurso crítico interseccional, o autor historiciza a construção da heteronormatização cristã entre indígenas, questionando noções nacionalistas e culturais atuantes no Paraguai, no interesse da desconstrução de identidades fixas presentes em narrativas historiográficas sobre Missões no país.

As interpretações sobre os direitos das mulheres que fundamentam um projeto de lei sobre aborto são discutidas no artigo “As mulheres como objeto das práticas jurídicas: uma análise do Projeto de Lei 478/2007”, que dispõe sobre o Estatuto do Nascituro. As autoras levam em conta as várias mudanças propostas no substitutivo e apontam para o predomínio de uma noção que enfatiza os direitos do embrião, nega os direitos das mulheres, visa à sua disciplinarização e ao controle sobre seus corpos, sustentando-se numa visão determinista sobre a natureza humana.

Na sequência, o artigo “Prostituição, Direito e Feminismos: Reflexão sobre o crime de estupro no Brasil” investiga as desigualdades de poder no âmbito do trabalho sexual, destacando as limitações das possiblidades de ação das trabalhadoras do sexo, frente à violência sexual e ao acesso aos direitos.

Os direitos das domésticas, por sua vez, são abordados no artigo “‘PEC das domésticas’: holofotes e bastidores” mediante análise das mudanças legais ocorridas na última década, enfatizando os impactos da aprovação da Lei Complementar nº 150/2015, conhecida como “PEC das Domésticas”. Os resultados da pesquisa indicam as contradições e limites dessa legislação, ressaltando também os benefícios, ligados à jornada de trabalho e à remuneração. As reflexões se baseiam nos dados das PNADs de 2011 a 2017.

No artigo teórico intitulado “Agência e autonomia feminina: aportes para estudos sociológicos em contextos de pobreza urbana”, a autora problematiza as noções de agência e autonomia, mediante a articulação entre a perspectiva interseccional e a abordagem das capacidades, na busca de novos constructos mais compatíveis aos estudos sobre as escolhas e experiências das mulheres, de modo a articular gênero, pobreza e desenvolvimento humano a partir das desigualdades de gênero, raça/etnia e classe.

O contexto da pobreza urbana também constitui o pano de fundo dos dois artigos seguintes. O primeiro deles, “Mulheres e práticas punitivas: entre tentativas de apagamento histórico e modos de resistência”, reflete sobre a situação das meninas “pobres e racializadas” em contextos urbanos entre os anos 1930-1960, consideradas como “abandonadas” e “infratoras”. A pesquisa se baseou na consulta aos prontuários do Serviço Social de Menores de São Paulo. Os resultados indicam que a criminalização e as punições contribuíam para a reprodução das desigualdades e das violências sustentadas nos marcadores de gênero, raça e classe. O segundo, “Experiencias de vulneración de niñas de una residencia de protección de Santiago de Chile”, focaliza um tema semelhante e também adota uma perspectiva interseccional ao analisar os impactos dos tipos de vulnerabilidade impostos pelo sistema patriarcal e adultocêntrico sobre a condição das meninas numa instituição de proteção social na capital chilena em 2017.

A violência de gênero é o tema do artigo “Mulheres sobreviventes no Piauí: violência severa de gênero e patriarcado”, que propõe um debate feminista sobre essa questão a partir de relatos orais de mulheres que sobreviveram a situações graves. A história oral é utilizada como procedimento metodológico, mas também epistêmico na medida em que as narrativas das mulheres são pensadas não somente como pontos de partida, mas pela importância da publicização destas histórias e pelo que elas dizem sobre as categorias feminicídio e patriarcado, no contexto do Piauí, Brasil. De forma semelhante, o artigo “¿Qué les hacen las mujeres indígenas a las políticas feministas?” traz à tona os desafios epistemológicos e políticos que o discurso e a presença de uma mulher indígena, Moira Millán, porta-voz do Movimiento de las Mujeres Indígenas por el Buen Vivir, agregam aos feminismos no contexto argentino.

Entretanto, há iniciativas de autodefesa que merecem ser compartilhadas. Tendo como base coletivos estudantis feministas e o feminismo radical no ciberespaço, o artigo “Militantes e radicais da quarta onda: o feminismo na era digital” explora as experiências feministas através das redes digitais, buscando vivências e as maneiras como as teorias feministas circulam nessas redes.

O artigo “Impedimentos no país do futebol” aborda um tema de certa forma pouco explorado pelo campo dos estudos feministas e de gênero. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, amparada num método psicanalítico através do qual se realizou uma entrevista coletiva com jogadoras de futebol, tendo-se identificado diferentes imagens sobre esse esporte, seja como um caminho de superação da pobreza e das desigualdades, seja como uma atividade impactada pelas visões sexistas.

Um dos maiores desafios da linguagem nas questões de gênero é apagar a força do universal masculino, do sexismo do idioma e abrir espaço para invisibilidades e diferenças. Por essa razão, nosso ponto de vista traz não apenas um ensaio em “Nomes e pronomes na Língua Portuguesa: a questão sexista no idioma e na academia”, mas uma possibilidade de revolucionar dogmas de referencialização e creditação dos nomes próprios das mulheres em publicações científicas.

Na mesma seção, temos, neste número, duas entrevistas com mulheres cujas vidas estão intensamente marcadas pela militância política em movimentos sociais feministas. “Trilhas e saberes compartilhados no feminismo no rural: entrevista com Verônica de Santana” traz a trajetória de luta feminista de Verônica de Santana, ativista do movimento de mulheres camponesas que, ao lado de várias trabalhadoras e agricultoras da região Nordeste, participou da construção do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE), e do que ressalta como a organização de um feminismo no rural. Baseada nas experiências e acúmulos de saberes das trabalhadoras rurais, a entrevistada narra os processos formativos da escola feminista do MMTR-NE, na elaboração do feminismo abordado enquanto uma metodologia. Relata também as motivações e caminhos da produção do filme “Mulheres Rurais em Movimento”, do qual participou ativamente com muitas mulheres de vários lugares e fazeres da região e a construção da última Marcha das Margaridas, que diferencia das outras Marchas, das quais participou com mulheres de todo o país, desta vez como um movimento de resistência ao desmanche das políticas públicas conquistadas nas lutas de trabalhadoras/es.

“As lésbicas têm essa mania de sair daqui pra lá, daqui pra acolá...” é o título da entrevista com Heliana Hemetério, distinguida em trabalhos acadêmicos e matérias da mídia, como ressalta sua entrevistadora, com o título de Griô, termo africano que designa a pessoa que preserva e transmite os saberes do grupo, a guardiã da memória ancestral da comunidade. Heliana faz o relato reflexivo de suas experiências no movimento negro, em que iniciou seu ativismo político, e nos movimentos de mulheres negras e de mulheres lésbicas, onde mantém destacada militância. Sua entrevista traz contribuição aos estudos feministas, no sentido de exemplificar/representar, em suas vivências, relacionamentos, deslocamentos e militâncias, o verdadeiro significado da interseccionalidade, este conceito tão caro aos feminismos decoloniais, nem sempre bem utilizado ou compreendido. A narrativa de Heliana prepara a leitura do dossiê sobre mulheres lésbicas em movimentos, apresentado a seguir, que preenche uma lacuna sobre este tema em uma seção especial da revista, embora bastante divulgado em artigos esparsos no decorrer de todo o tempo de sua publicação continuada.

O dossiê “Feminismos e Lesbianidades em Movimento: a visibilidade como lugar”, que trata das profundas inter-relações entre movimentos feministas, movimentos lésbicos e movimentos negros, inclui pesquisas realizadas nas perspectivas dos estudos lésbicos, dos estudos feministas, dos feminismos negro e decolonial, na elaboração de “uma teoria das mulheres que não se localizam e não são localizadas” (Daniela AUAD; Cláudia Regina LAHNI, 2021AUAD, Daniela; LAHNI, Cláudia Regina. “Topografias Feministas: uma teoria das mulheres em movimento”. Revista Estudos Feministas, v. 29, n. 3, 2021.). Explicitando concepções do localizar, as organizadoras do dossiê expandem a compreensão das dinâmicas de deslocamentos, visibilidades, intersecções, que definem os movimentos sociais vividos/estudados/narrados pelas autoras dos artigos nele contidos.

As resenhas aqui reunidas querem a cada número ocupar estantes de uma biblioteca que não só reflete a história de um tempo presente, mas prepara um mapeamento futuro da área de gênero e feminismo. Em outras palavras, esta seção é também uma espécie de formação de jovens pesquisadoras e pesquisadores que se debruçam sobre publicações recentes, experimentam e testam sua função de críticos em formação com seu potencial teórico igualmente atualizado e apre(e)ndido com outras leituras ou de outras publicações.

Para a realização desse número da revista, tivemos o apoio do projeto “Práticas Culturais, Direitos Humanos e Educação: violências, gênero, diversidades”, do Programa Institucional de Internacionalização da Universidade de Santa Catarina (PRINT/UFSC/CAPES).

Apesar do solapamento governamental dos periódicos acadêmicos da área de Humanidades, e não obstante algumas publicações longevas e importantes já tenham suspendido suas atividades em função das carências materiais que impedem o pagamento das atividades rotineiras, como revisão técnica, tradução, formatação, diagramação, entre outras, além de dificultar a incorporação de bolsistas, boa parte das revistas continua resistindo. Remando contra a maré, não sabemos até quando, com um pé na incerteza e o outro na esperança de que os ventos mudem de direção.

Referências

  • ANTUNES, Arnaldo. “Velhos e jovens”. In: CALCANHOTTO, Adriana. Senhas Columbia; Sony Music Brasil, 1992.
  • AUAD, Daniela; LAHNI, Cláudia Regina. “Topografias Feministas: uma teoria das mulheres em movimento”. Revista Estudos Feministas, v. 29, n. 3, 2021.
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  • 1
    [MESA-REDONDA] Homenagem à ministra Nilcéa Freire. Instituto de Estudos de Gênero - UFSC. YouTube. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=MZUrBvW9_No.1.
  • 2
    Evento intitulado “Fazendo Gênero: seminário de estudos sobre a mulher”, realizado em 1994 no Centro de Comunicação e Expressão, e que, a partir daí, foi construído como um encontro interdisciplinar e passou a ser realizado por pesquisadoras de vários centros da UFSC, a intervalos bianuais, inicialmente.
  • 3
    Intervalos também afetados pela pandemia da Covid 19.
  • Como citar este artigo de acordo com as normas da revista:

    WOLFF, Cristina Scheibe; MINELLA, Luzinete Simões; LAGO, Mara Coelho de Souza; RAMOS, Tânia Regina Oliveira. “Publicação científica como resistência feminista”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 2, e82939, 2021
  • Financiamento:

    Não se aplica
  • Consentimento de uso de imagem:

    Não se aplica
  • Aprovação de comitê de ética em pesquisa:

    Não se aplica

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    21 Out 2021
  • Aceito
    26 Out 2021
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