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Orientação de pais: partilhar conhecimentos sobre desenvolvimento e práticas de educação como estratégia de intervenção

La orientación de los padres: compartir conocimientos sobre el desarrollo y las prácticas de la educación como una estrategia de intervención

Parents orientation: to share knowledge about development and childrearing practices as an intervention procedure

Resumos

Pais, professores e educadores em geral vêm enfrentando dificuldades na educação das crianças e adolescentes, ao buscar transmitir padrões, valores e normas de conduta que possam garantir uma vida em grupo que lhes dê inserção, participação social, ao mesmo tempo em que o pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo apresentar e discutir uma proposta de orientação para famílias que se baseia em um trabalho desenvolvido com grupos de mães, de camadas médias, e de orientação individual a pais, de camada média e popular, atendidos segundo projetos de extensão de serviços à comunidade, e posteriormente sistematizados, realizados e avaliados como projeto de pesquisa. O programa tem como fundamentação os princípios e a visão de desenvolvimento ao longo da vida, além da análise das dimensões das práticas de educação da criança e valores a elas associados, buscando partilhar com as famílias o conhecimento gerado na universidade.

Orientação; Pais; Educação; Família


Los padres, profesores y los educadores en general vienen enfrentando dificultades en la educación de los niños y los adolescentes, al buscarse transmitir padrones, valores y normas de conducta que puedan garantizar una vida en grupo que les brinde una inserción, participación social, pero al mismo tiempo un pleno desarrollo de sus potencialidades. En ese sentido, el presente trabajo tiene como objetivo presentar y discutir una propuesta de orientación para las familias con base en un trabajo desarrollado con grupos de madres, de clase media, y de orientación individual a los padres; de clase media y popular, atendidos según los proyectos de extensión de servicios a la comunidad, y posteriormente sistematizados, realizados y evaluados como proyecto de investigación. El programa está fundamentado en los principios y en la visión del desarrollo a lo largo de la vida, además del análisis de las dimensiones de las prácticas de educación del niño y los valores a ellos asociados, buscando compartir con las familias el conocimiento generado en la universidad.

Orientación; Padres; Educación; Familia


Parents, teachers and educators are facing difficulties in educating children and adolescents, when they try to teach them, pass, and transmit the patterns, values and conduct rules that could guarantee their insertion and social participation in the group, and at the same time the full development of their capabilities. This paper intends to present and discuss one proposition of family orientation. It is based on the work developed with groups of middle-class mothers and individual orientation of parents in the middle and popular classes. They participated in university extension projects, suffered systematization, and were realized and evaluated as research projects. This program's background are life span developmental principles and childrearing practice dimensions, like the values thus attached, with the aim of sharing the knowledge formulated at the university with families.

Orientation; Parents; Education; Family


ARTIGO ORIGINAL

PESQUISA

Orientação de pais: partilhar conhecimentos sobre desenvolvimento e práticas de educação como estratégia de intervenção

Parents orientation: to share knowledge about development and childrearing practices as an intervention procedure

La orientación de los padres: compartir conocimientos sobre el desarrollo y las prácticas de la educación como una estrategia de intervención

Zélia Maria Mendes Biasoli-Alves

Professora Titular do Departamento de Psicologia e Educação - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (USP)

Endereço Endereço: Zélia Maria Mendes Biasoli-Alves Av. Bandeirantes, 3900 14040-901 Vila Monte Alegre, Ribeirão Preto, SP E-mail: zmmbiaosli@terra.com.br

RESUMO

Pais, professores e educadores em geral vêm enfrentando dificuldades na educação das crianças e adolescentes, ao buscar transmitir padrões, valores e normas de conduta que possam garantir uma vida em grupo que lhes dê inserção, participação social, ao mesmo tempo em que o pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo apresentar e discutir uma proposta de orientação para famílias que se baseia em um trabalho desenvolvido com grupos de mães, de camadas médias, e de orientação individual a pais, de camada média e popular, atendidos segundo projetos de extensão de serviços à comunidade, e posteriormente sistematizados, realizados e avaliados como projeto de pesquisa. O programa tem como fundamentação os princípios e a visão de desenvolvimento ao longo da vida, além da análise das dimensões das práticas de educação da criança e valores a elas associados, buscando partilhar com as famílias o conhecimento gerado na universidade.

Palavras-chave: Orientação. Pais. Educação. Família.

ABSTRACT

Parents, teachers and educators are facing difficulties in educating children and adolescents, when they try to teach them, pass, and transmit the patterns, values and conduct rules that could guarantee their insertion and social participation in the group, and at the same time the full development of their capabilities. This paper intends to present and discuss one proposition of family orientation. It is based on the work developed with groups of middle-class mothers and individual orientation of parents in the middle and popular classes. They participated in university extension projects, suffered systematization, and were realized and evaluated as research projects. This program's background are life span developmental principles and childrearing practice dimensions, like the values thus attached, with the aim of sharing the knowledge formulated at the university with families.

Keywords: Orientation. Parents. Education. Family.

RESUMEN

Los padres, profesores y los educadores en general vienen enfrentando dificultades en la educación de los niños y los adolescentes, al buscarse transmitir padrones, valores y normas de conducta que puedan garantizar una vida en grupo que les brinde una inserción, participación social, pero al mismo tiempo un pleno desarrollo de sus potencialidades. En ese sentido, el presente trabajo tiene como objetivo presentar y discutir una propuesta de orientación para las familias con base en un trabajo desarrollado con grupos de madres, de clase media, y de orientación individual a los padres; de clase media y popular, atendidos según los proyectos de extensión de servicios a la comunidad, y posteriormente sistematizados, realizados y evaluados como proyecto de investigación. El programa está fundamentado en los principios y en la visión del desarrollo a lo largo de la vida, además del análisis de las dimensiones de las prácticas de educación del niño y los valores a ellos asociados, buscando compartir con las familias el conocimiento generado en la universidad.

Palabras clave: Orientación. Padres. Educación. Familia.

INTRODUÇÃO

A educação das gerações mais novas tem sido um tema freqüentemente debatido tanto por pais, quanto por professores e educadores em geral, quer porque estejam enfrentando dificuldades na tarefa de formal ou informalmente transmitir a elas os padrões, valores e normas de conduta que possam garantir uma vida em grupo que lhes dê inserção, participação social, ao mesmo tempo que o pleno desenvolvimento de suas potencialidades, quer pelo alto índice de atribuição de responsabilidade à família e à escola, face aos muitos desacertos verificados durante e após as fases próximas à vida adulta.1

É certo que se observa, nas últimas décadas, um grande número de alterações na maneira de pensar a Infância, a Adolescência, e mesmo os papéis a serem desempenhados pelos adultos frente às crianças e jovens,2 ainda que nunca esses conceitos tenham sido estáveis através dos séculos, das culturas e classes sociais;3 contudo, a chegada ao início do terceiro milênio parece exigir que as gerações mais velhas tenham, no seu contato com as mais novas, uma convicção firme de que existem valores fundamentais a gerir o relacionamento das pessoas e que estes precisam ser necessariamente conhecidos e respeitados, a fim de que se possa visualizar o progresso humano com base em outras dimensões que ultrapassem o que a sociedade de consumo tem previsto.4

Convive-se atualmente com muitos problemas que vão do âmbito do privado ao do social amplo, assim, é mesmo esperado que, ao se falar das fases iniciais da vida em que predomina a dependência frente ao mundo adulto, as duas instâncias mais em foco sejam a Família e a Escola, porque é preciso analisar o que se passa no âmbito de cada uma para chegar a um diagnóstico da situação a fim de serem pensadas e projetadas mudanças; e isto se justifica pelos fatos de que a Família enquanto instituição é o agente que assume a responsabilidade pela educação da criança quando esta é ainda bebê e é o de mais longa duração; e a Escola, porque nos dias atuais teve suas atribuições muito alargadas e também vem atuando desde os anos iniciais da infância.

Sem dúvida que essas temáticas podem ser visualizadas segundo as diferentes áreas do conhecimento que delas se ocupam, cada qual trazendo subsídios para se entender aspectos específicos de como acontece a socialização, dos fatores que interferem propiciando melhoras e dos que poderiam ser vistos como produtores de desajustes e conflitos.5,6

É certo também que nas últimas décadas apareceram questões que angustiam os pais e que os levam com freqüência aos consultórios dos especialistas em busca de uma orientação ou mesmo de terapia, numa indagação constante sobre:

- estou agindo certo com meus filhos? A educação que eles estão tendo vai prepará-los para o que irão enfrentar mais tarde? Esse comportamento é ou não um problema de conseqüências sérias para a vida futura?

Essas são perguntas que exercem forte pressão no dia a dia da família contemporânea.1 É fato que os jovens pais foram levados a rever escalas de valores pela vivência de conflitos e contradições, entre a maneira como foram criados e a realidade atual, o que os leva a buscar respostas que possam resolver suas dúvidas, mas se deparam com uma diversidade de informações, para a qual também não estão preparados, uma vez que são pontos de vista teóricos diferentes, no domínio da Psicologia, acerca do desenvolvimento, dos fatores que o afetam, que geram interpretações específicas sobre a existência e seriedade de um problema comportamental.7,8

Por outro lado, o tema da Intervenção vem atrelado ao da Pesquisa e da Ética, e estes têm também se tornado freqüentes na literatura de diferentes áreas do saber. Discussões acontecem nos mais diversos campos sobre a questão dos modelos e paradigmas atuais, chamando atenção para alterações que se fazem acompanhar de mudanças profundas nas formas de os sujeitos pensarem suas necessidades de auxílio profissional, levando ao repensar também de qual deve ser a atuação dos que se propõem a ajudar populações, em função de suas especificidades5,7 e a satisfação ou não com o que as instituições têm proposto.9

Surge, atualmente, uma linha que afirma ser necessário, para que as intervenções realizadas mostrem-se eficazes e adequadas, que elas estejam fundadas em dados da realidade, obtidos através de estratégias próprias ou adaptadas da Metodologia Científica. Neste caso, o conhecimento que se admite vir da ciência teria prioridade sobre os demais.10 Outrossim, os clamores de segmentos da sociedade, referentes à Ética no trato com as pessoas estão se tornando uma constante, em grande parte devido ao desrespeito aos direitos fundamentais das pessoas.11

OBJETIVOS

Neste trabalho pretende-se focalizar o papel da Família e em especial como trabalhar com aquelas que buscam orientação, discutindo uma proposta de intervenção vinculada a uma visão de desenvolvimento humano. Trata-se de traçar um caminho, que se inicia na queixa e na busca de orientação pelos pais sobre as formas mais adequadas de lidar com seu filho, passa pela transmissão de informações e conhecimentos sobre o desenvolvimento do indivíduo nas várias fases da vida, o processo de socialização, e do efeito das práticas de educação, finalizando com uma discussão de valores e contexto sócio-histórico-cultural como condicionantes do relacionamento familiar* * Esta proposta está baseada em um trabalho desenvolvido ao longo de vários anos (cerca de 20 anos) com grupos de mães, sobretudo de camadas médias, e de orientação individual a pais, de camada média e popular. Em ambos os casos, atendimentos em uma Universidade Pública Estadual, segundo projetos de Extensão de Serviços à Comunidade, e posteriormente sistematizados, realizados e avaliados como projeto de pesquisa. .

De modo mais específico, visa-se trazer à tona quais as dificuldades que as famílias enfrentam para lidar com a educação de seus filhos; como avaliam o certo e o errado das formas de corrigir o comportamento inadequado da criança, bem como o que se passa quando do nascimento de um bebê que apresenta problemas, e que terá, muito provavelmente, dificuldades ou atrasos no seu desenvolvimento. E, a partir daí, descrever uma estratégia de trabalho que permita difundir o conhecimento gerado na Academia, tendo como finalidade última promover o desenvolvimento da criança/adolescente, bem como dos demais membros da família, e construir um relacionamento mais saudável que inclua o respeito às diferenças intergeracionais e permita que o contato entre os pares se efetue de modo a que possam usufruir de sua companhia, sem contudo se deixar levar por extremos de valorização do novo em detrimento do tradicional, do mais velho.

Partindo do pressuposto de que há uma propulsão para o desenvolvimento e que este ocorre ao longo da vida, ao cumprir tarefas de socialização diferentes a cada etapa5,6 e num referencial teórico,12,13 tendo como princípio que: 1) cada um compõe a sua linha de Desenvolvimento que é única, e conseqüentemente os indivíduos são ímpares nas suas características, potencialidades e realizações (cada um é um e com direito a sê-lo); 2) que a meta do Desenvolvimento está no atingir a maturidade a cada fase (e que portanto está encerrada na realização das potencialidades da pessoa, segundo as tarefas que são próprias daquele momento), assume-se que também o ciclo de vida familiar possui fases, com tarefas específicas a cada momento, sendo bem determinado aquele em que os filhos são crianças e adolescentes e em que cabe primordialmente ao núcleo familiar a tarefa de socialização das gerações mais novas; 3) de que as pessoas são dotadas de competência para gerir a própria vida, sendo a necessidade do apoio profissional algo que acontece em situações particulares e que assumem o caráter de transitoriedade.

FORMAS DE SE TRABALHAR COM FAMÍLIAS PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A literatura traz vários modelos de intervenção para se trabalhar com família e orientá-la para lidar com as gerações mais novas, incluindo desde a Escola de Pais10,14,15 ao Movimento de Educação de Pais17 e Treinamento para estimulação do desenvolvimento de crianças com atraso.16

A proposta que aqui se apresenta, como um Programa de Intervenção junto a Famílias, foi elaborada tendo por base os pressupostos e as experiências referidos anteriormente, e ele se estrutura segundo uma seqüência de etapas, adotando uma perspectiva evolutiva, que permite seja o trabalho desenvolvido em grupo ou individualmente, de forma extensa ou breve (6 meses a 1 ano, 2 a 3 meses), contínua (semanal), intermitente (no início semanal e depois esporádica) ou periodicamente interrompida, podendo ser previsto um conjunto de 12 sessões na sua forma mais abreviada e de 30 na mais longa, sendo 6 os passos considerados como fundamentais.

a) o primeiro, definido por um levantamento de necessidades de cada grupo familiar a ser trabalhado, tendo como objetivos identificar as formas de perceber a problemática pelos membros da família, conhecer características do ambiente em que os sujeitos vivem, obter informações sobre o cotidiano e o contexto das pessoas.

Neste caso, o profissional pode usar diferentes estratégias para obter as informações de que irá necessitar, incluindo entrevistas, questionários, visitas domiciliares acompanhadas de inventário ambiental, observando a casa, a maneira de os membros interagirem, em especial, como isto se dá com as crianças/adolescentes;

b) o segundo corresponderia ao preparo propriamente dito do programa, em que está prevista a seleção do material a ser utilizado, a avaliação das estratégias de atuação passíveis de aplicação, a identificação dos meios de incentivo aos participantes para a discussão dos temas, de tal modo que as sessões instiguem o aparecimento de tudo o que poderá vir a ser relevante. Portanto, do diagnóstico da situação/necessidades dos sujeitos, o pesquisador/profissional entra numa nova etapa, em que as tarefas executadas visam preparar e garantir a intervenção: tem-se desde o arranjo do ambiente, salas para levar a efeito as sessões, a seleção de textos referentes às temáticas que farão parte das discussões, para leitura ou apenas como subsídio para o pesquisador; seleção de vídeos a serem assistidos e objeto de comentários; preparo de painéis ilustrativos. A finalidade subjacente é que as sessões sejam claras, objetivas e capazes de conter as falas dos participantes† † Recursos utilizáveis: material de leitura; textos sobre desenvolvimento; textos sobre relacionamento entre gerações; literatura infanto/juvenil; textos de divulgação; textos tipo depoimento; textos enfocando temas específicos. ;

c) depois do diagnóstico e de esquematizado o programa, há uma etapa composta pela apresentação aos participantes de como ele irá se desenrolar para que eles opinem e digam se concordam ou não e quais as mudanças que gostariam de propor;

d) o quarto contempla o início da realização do programa com a apresentação dos temas na seqüência pré-estabelecida, entrelaçando-os a uma visão de desenvolvimento ao longo da vida, trabalhando, ao mesmo tempo: a) a infância e juventude dos pais (a partir de questões sobre sua vida neste período, e com foco nos brinquedos, na escolarização, no relacionamento com os pais e irmãos e demais parentes, nas atividades cotidianas; b) a sua percepção sobre o desenvolvimento do filho desde o nascimento, a descrição do vivenciado pela família, as alegrias e satisfações, bem como as dificuldades encontradas; c) a descrição e discussão sobre as tarefas de socialização ao longo da infância/puberdade/adolescência, enfatizando como se compõe uma evolução considerada saudável; d) por fim, a introdução dos temas relativos à fase de bebê, formação da relação de apego, a questão do valor e das funções das práticas de cuidado e educação da criança na família.

Existe, pois, a investigação de como as famílias percebem o filho, os problemas que identificam, terminando por levantar critérios para a delimitação do adequado e aceitável pelos pais, a evolução das habilidades e do comportamento do filho, com foco no processo social e afetivo desde as primeiras etapas da vida; a maneira de trabalhar implica primeiramente em colocar para os pais dados de pesquisas realizadas sobre o tema em questão, passar a eles as informações relevantes; em seguida utilizar a estratégia de devolver a eles as perguntas que fizeram, solicitando que explicitem o que pensam seria uma resposta para elas, ao mesmo tempo em que são pedidas informações sobre os problemas que vivenciam; nesse ponto retomam-se os ganchos com desenvolvimento ao longo da vida, mas com particular atenção à Infância e Adolescência. O fecho aceito para esta parte ocorre quando se dá o que se chama de "descoberta participada", que leva as mães (famílias) a se defrontarem com aspectos que elas sabem, vivenciam ou já vivenciaram e colocando tudo isto "num contexto compreensivo";

e) o quinto, consiste em analisar o valor e a função das práticas de cuidado e educação da criança na família; os problemas que os pais vêem no comportamento do filho; a especulação de formas diversas para lidar com os problemas de cada criança, pelos próprios pais, seguida de análise de seu provável ou improvável acerto‡ ‡ Dimensões, valores e práticas de educação da criança na família, avaliando o que o adulto deseja como efeito ao utilizá-las e o que de fato acontece, em termos do controle do comportamento da criança e dos sentimentos que ela desenvolve, importando focalizar cada dimensão (Explicação - Consistência - Autoridade - Exigência - Comunicação - Rigidez), caracterizando seus extremos e as maneiras de elas se apresentarem no relacionamento estabelecido entre os adultos e a criança, bem como o certo e o errado para os pais, e as práticas que envolvem a punição física e a punição verbal, com seus respectivos efeitos. ;18

f) o sexto, define-se pela identificação, ao longo de todo o processo, das competências dos pais no lidar com o filho, visando alterar qualquer visão negativa que eles tenham e, através disto alterar a auto-estima dos participantes.

Numa adaptação da proposta às famílias com um filho com Síndrome de Down, esquematiza-se o que deveria fazer parte de um programa de intervenção nessa perspectiva de promoção do desenvolvimento de todos os membros da família, salientando, na sua seqüência, aspectos tanto estruturais quanto funcionais: 1) que o trabalho seja preferentemente realizado em grupo, porque uns aprendem com os outros, o aproveitamento das discussões é bem maior, além de propiciar uma compreensão menos individualizada dos problemas que enfrentam para cuidar do filho com atraso no desenvolvimento; 2) é importante fazer, no início de cada sessão, um resumo dos temas anteriormente discutidos, de tal modo a garantir não só a memorização dos pontos destacados quanto a própria ligação com o que se segue; 3) o profissional/pesquisador deve estar atento para dar um feedback positivo para os pais quando realizam as descrições e análises do comportamento/desenvolvimento seu ou do filho, trazendo exemplos com base no que foi observado; 4) o processo salienta que, no final de cada sessão, coloca-se a temática a ser abordada na seguinte, de tal modo que haja um preparo dos participantes que facilite, desde o início, suas contribuições ao que se discute, bem como a introdução de novos pontos; 5) ao longo de todo o processo de intervenção é conveniente que exista a manutenção de uma linguagem adequada ao grupo de pais com que se trabalha, e de um diálogo sem evasivas, simplificando as informações transmitidas; 6) retomando o ponto 3 e estendendo-o para todas as situações em que couber, enfatiza-se que o profissional deve indicar para os pais que eles são sim capazes de conduzir e promover o desenvolvimento de seu filho, ao mesmo tempo em que é importante associar uma marcação das potencialidades que cada bebê/criança, segundo sua individualidade, possui; 7) também, ao longo de todo o programa é preciso que o esquema adotado permita mostrar aos pais, nas situações de rotina diária, como tornar claro para a criança que ela é querida, fazendo presente o afeto positivo, ao lado da indicação do que é certo, e do que é errado, e, portanto interdito, impondo limites para o comportamento, em especial o impulsivo, e, depois da análise do que está de acordo com as competências pela faixa etária em que a criança se encontra, dar-lhe permissão para que aja de forma autônoma, criando possibilidades para que ela adquira seu sentido de autonomia.19

RESULTADOS DE UMA APLICAÇÃO§ § Ao fazer a aplicação do programa como de projeto de pesquisa que implicava em intervenção, foram estabelecidos procedimentos que permitissem obter informações em quatro momentos distintos: a) antes do início do programa; b) no decorrer da intervenção em grupo; b) imediatamente após o seu término; c) cerca de seis meses depois. E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos, a partir de uma análise qualitativa da fala dos pais, incluindo a entrevista inicial, todas as sessões de implementação do programa de orientação e anotações de visitas, meses após o encerramento do programa, permitem dizer que:

a) inicialmente é verificada uma mudança nas percepções dos pais sobre o comportamento e atitudes do filho, cuja fala passa a conter as informações dadas sobre o desenvolvimento social e afetivo nas primeiras etapas da vida, e as tarefas de socialização que se espera que a criança cumpra nesse período;

b) identifica-se uma evolução na forma de os pais observarem o que se passa no cotidiano de sua casa e na vida da criança e suas relações com as práticas de educação que eles vêm utilizando, bem como a constatação de que a criança está se desenvolvendo, contrariamente ao preconizado por alguns profissionais** ** Trata-se aqui do programa levado a efeito com famílias que tinham uma criança com Síndrome de Down e que ouviram quando do diagnóstico que ela poderia não vir a apresentar muitos dos comportamentos de uma criança com desenvolvimento típico. , e de maneira rápida;

c) foi detectado maior envolvimento dos pais nas atividades do filho, no dia a dia, implicando em participação tanto nas que dizem respeito às tarefas de rotina quanto propondo outras, mais voltadas ao lazer;

d) das mudanças, registradas no item b, decorreu naturalmente um aumento da capacidade de compreensão pelos pais do que se passava, trazendo uma percepção diversa sobre o significado do comportamento da criança;

e) os pais passaram a manifestar mais segurança quanto a sua forma de lidar com o filho e um relacionamento menos tenso com ele, ainda que mantendo os cuidados necessários com sua saúde e bem-estar, aparecendo como conseqüência maior satisfação com seu papel parental;

f) também foi observada, além da assimilação, uma extensão dos princípios do desenvolvimento associadas às idéias de prevenção e promoção e de aplicação do apreendido a outras famílias com problemas semelhantes.

A discussão frente à proposição do modelo de orientação com famílias que buscam informações sobre formas de lidar com o comportamento de seus filhos concentra-se, inicialmente, em pensar como avaliar o andamento e os resultados depois de sua aplicação.20

É importante sim manter o princípio de que cada um é um, único, e com direito de sê-lo. Ao mesmo tempo em que se constatou ser fundamental ter como substrato a visão de desenvolvimento ao longo da vida, mesmo que o foco especial esteja na criança e no adolescente.

Por outro lado, mostrou-se essencial que o profissional, tido como dono de um saber exclusivo, um especialista, trabalhasse desmistificando essa idéia e salientando as competências que os pais têm, sua capacidade de dirigir a vida da família e de orientar os filhos, tendo por base apenas uma ajuda que se resume e passar-lhes informações sobre desenvolvimento e em levá-los a descobrir o quanto têm de um conhecimento importante para gerir seu cotidiano com as tarefas a ele vinculadas. Nesse sentido, o trabalho cognitivo é parte fundamental, bem como a ampliação de sua habilidade para observar o comportamento e o contexto em que ele ocorre.

E, para que isto tudo aconteça, o profissional terá que fazer uso de um relacionamento em que prevaleça a empatia, a busca pela proximidade com as famílias, assumindo o princípio de respeito às características que elas apresentam. Assim, é importante verificar em que medida o modelo de intervenção proposto se adapta às condições da clientela a quem se destina; e aprofundando a visão sobre o respeito aos Direitos Humanos do cidadão, avaliar a construção de uma consciência da Ética que deve pautar as ações dos pesquisadores/profissionais.

A discussão que se faz e a maneira de explicar as alterações relatadas pelos pais, retomando o embasamento teórico e a visão de desenvolvimento segundo tarefas de socialização ao longo da vida, é de que:

1) a análise funcional, crítica e contextualizada sobre o próprio passado dos adultos permite que se `instale' uma compreensão do presente;

2) também, as mudanças nas percepções dos pais sobre o comportamento ou atitude do filho, são um fruto direto da melhora na sua capacidade de observar, relatar e avaliar, implicando em diminuição da utilização de justificativas e/ou interpretações baseadas exclusivamente em suposições e inferências não testadas e que levavam à rotulação e ao uso de críticas freqüentes à criança;

3) por outro lado, existe uma `desproblematização' de determinados comportamentos, atitudes, sentimentos, o que gera maior conforto e bem/estar psicológico;

4) acrescente-se que a evolução na forma de os pais observarem o que se passa no cotidiano de sua casa e na vida das crianças, a assimilação e aplicação dos princípios do desenvolvimento, associadas às idéias de prevenção e promoção, transformam as expectativas parentais e também todo o processo de atuação frente ao filho;

5) passa a existir uma análise crítica, bem contextualizada, do próprio passado pelos adultos, permitindo que `se instale' uma compreensão maior do presente e o estabelecimento de projetos futuros.

Finalizando, é de toda essa seqüência de trabalho que surge o sentimento de que a família agora dispõe de condições para continuar a enfrentar a educação de sua prole, significando que houve a passagem para as suas mãos de ferramentas úteis para gerir o dia a dia, antes vistas como sendo de domínio exclusivo do profissional; o que não deixa de ser uma distorção, uma vez que cada pai tem um conhecimento a respeito de seu filho que ultrapassa o que o estranho, mesmo que este tenha estudado longamente as teorias sobre os temas, poderia ter; trata-se de uma proposta que pretende levar a família ao empowerment, mantendo o profissional como um recurso para ser buscado quando, de fato, necessário, pois ao enfatizar a capacidade de as famílias resolverem situações simples ou mais complicadas, os pais conseguem, depois de um tempo, perceber o seu papel e, sobretudo, que estão se saindo bem.

É esta atuação diferenciada do profissional de transmitir à família um conhecimento que é gerado na Academia, que constitui um novo paradigma da intervenção.

REFERÊNCIAS

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14 Isambert F. Les difficultés quotidiennes de l'Éducation. Paris: Ecole des Parents; [sd] .

15 Langis R. Savoir dire non aux enfants. Ville du Quebéc: Les Éditions Quebecoi ; 1996.

16 Colnago NA. Orientação para pais de crianças com Síndrome de Down: elaborando e testando um programa de intervenção. Ribeirão Preto (SP): Programa de Pós-Graduação em Psicologia/FFCLRP-USP; 2000.

17 Karpowitz R. Handbook on parent education. New York: Academic Press; 1980.

18 Biasoli-Alves ZBB. As dimensões e as práticas de educação da criança [texto didático]. Ribeirão Preto: FFCLRP-USP; 1996.

19 Colnago NA, Biasoli-Alves ZMM. Necessidades de famílias de bebês com Síndrome de Down: subsídios para uma proposta de intervenção. In: Marchezini MC, Almeida MA, Tanaka EDO, Omote S, organizadores. O papel da família junto ao portador de necessidades especiais. Londrina: EDUEL; 2003. p.169-80.

20 Neder G. Ajustando o foco das lentes: um novo olhar sobre a organização das famílias no Brasil. In: Kaloustian MS, editor. Família brasileira a base de tudo. São Paulo: Cortez; 1994. p.26-46.

Recebido em: 30 de setembro de 2005

Aprovação final: 10 de novembro de 2005

  • 1 Biasoli-Alves ZMM, Caldana RHL, Silva MHGFD. Práticas de educação da criança na família: a emergência do saber técnico-científico. Rev. Bras. Crescimento Desenv Hum. 1997 Jan-Jul;7(1):49-62.
  • 2 Biasoli-Alves ZMM. Continuidades e rupturas no papel da mulher brasileira no século XX. Psicol Teoria Pesq. 2000 Set-Dez;16(3):233-9.
  • 3 Ariès P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar; 1978.
  • 4 Biasoli-Alves ZMM. Crianças e adolescentes: a questão da tolerância na socialização das gerações mais novas. In: Biasoli-Alves ZMM, Fischmann R, organizadores. Crianças e adolescentes- construindo uma cultura da tolerância. São Paulo: EDUSP; 2001. p.79-93.
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  • 6 Rutter M. Helping troubled children. London: Cox & Wyman; 1975.
  • 7 Herbert M. Behavioural treatment of children with problems: a practice manual. London: Academic Press; 1987.
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  • 11 Dessen MA, Avelar LP, Dias RLSL. Questões éticas na pesquisa com famílias. Cad Psicol Educ Paidéia. 1998 Fev-Ago; 8(1):4-15.
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  • 13 Tudge J. Estudando a criança e a família em seu contexto: para uma abordagem cultural da tolerância. In: Biasoli-Alves ZMM, Fischmann R, organizadores. Crianças e adolescentes: construindo uma cultura da tolerância São Paulo: EDUSP; 2001. p.65-77.
  • 14 Isambert F. Les difficultés quotidiennes de l'Éducation. Paris: Ecole des Parents; [sd]
  • 15 Langis  R. Savoir dire non aux enfants. Ville du Quebéc: Les Éditions Quebecoi ; 1996.
  • 16 Colnago NA. Orientação para pais de crianças com Síndrome de Down: elaborando e testando um programa de intervenção. Ribeirão Preto (SP): Programa de Pós-Graduação em Psicologia/FFCLRP-USP; 2000.
  • 17 Karpowitz R. Handbook on parent education. New York: Academic Press; 1980.
  • 18 Biasoli-Alves ZBB. As dimensões e as práticas de educação da criança [texto didático]. Ribeirão Preto: FFCLRP-USP; 1996.
  • 19 Colnago NA, Biasoli-Alves ZMM. Necessidades de famílias de bebês com Síndrome de Down: subsídios para uma proposta de intervenção. In: Marchezini MC, Almeida MA, Tanaka EDO, Omote S, organizadores. O papel da família junto ao portador de necessidades especiais. Londrina: EDUEL; 2003. p.169-80.
  • 20 Neder G. Ajustando o foco das lentes: um novo olhar sobre a organização das famílias no Brasil. In: Kaloustian MS, editor. Família brasileira a base de tudo. São Paulo: Cortez; 1994. p.26-46.
  • Endereço:
    Zélia Maria Mendes Biasoli-Alves
    Av. Bandeirantes, 3900
    14040-901 Vila Monte Alegre, Ribeirão Preto, SP
    E-mail:
  • *
    Esta proposta está baseada em um trabalho desenvolvido ao longo de vários anos (cerca de 20 anos) com grupos de mães, sobretudo de camadas médias, e de orientação individual a pais, de camada média e popular. Em ambos os casos, atendimentos em uma Universidade Pública Estadual, segundo projetos de Extensão de Serviços à Comunidade, e posteriormente sistematizados, realizados e avaliados como projeto de pesquisa.
  • †
    Recursos utilizáveis: material de leitura; textos sobre desenvolvimento; textos sobre relacionamento entre gerações; literatura infanto/juvenil; textos de divulgação; textos tipo depoimento; textos enfocando temas específicos.
  • ‡
    Dimensões, valores e práticas de educação da criança na família, avaliando o que o adulto deseja como efeito ao utilizá-las e o que de fato acontece, em termos do controle do comportamento da criança e dos sentimentos que ela desenvolve, importando focalizar cada dimensão (Explicação - Consistência - Autoridade - Exigência - Comunicação - Rigidez), caracterizando seus extremos e as maneiras de elas se apresentarem no relacionamento estabelecido entre os adultos e a criança, bem como o certo e o errado para os pais, e as práticas que envolvem a punição física e a punição verbal, com seus respectivos efeitos.
  • §
    Ao fazer a aplicação do programa como de projeto de pesquisa que implicava em intervenção, foram estabelecidos procedimentos que permitissem obter informações em quatro momentos distintos: a) antes do início do programa; b) no decorrer da intervenção em grupo; b) imediatamente após o seu término; c) cerca de seis meses depois.
  • **
    Trata-se aqui do programa levado a efeito com famílias que tinham uma criança com Síndrome de Down e que ouviram quando do diagnóstico que ela poderia não vir a apresentar muitos dos comportamentos de uma criança com desenvolvimento típico.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Jul 2008
    • Data do Fascículo
      2005

    Histórico

    • Aceito
      10 Nov 2005
    • Recebido
      30 Set 2005
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