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Editorial

EDITORIAL

Este número da Texto & Contexto Enfermagem trás significativa contribuição às reflexões contemporâneas acerca da saúde, do cuidado e das múltiplas dimensões da vida humana.

Nada mais apropriado do que tratar deste tema em um momento de celebração de mais um marco no processo de contínuo aperfeiçoamento do acesso, da visibilidade, da apresentação gráfica e dos padrões técnico-científicos deste periódico. Em uma feliz coincidência o tema "processo de viver humano" inicia um novo ano e, em um novo patamar do periódico. A Texto & Contexto Enfermagem, amplamente reconhecida na comunidade acadêmica da saúde, em outubro de 2006 mudou a sua classificação de "Internacional C" para "Internacional B", na listagem do "Qualis" da Área de Enfermagem. O "Qualis" - CAPES consiste em uma classificação de periódicos realizada por Área do Conhecimento pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, Órgão do Ministério da Educação do Brasil, o qual também avalia os Programas de Pós-Graduação "Strictu Sensu" (Mestrado e Doutorado) no país. Celebrar esta conquista também faz parte do Processo de Viver Humano.

Pensar sobre o Processo de Viver Humano é tarefa de tal complexidade que se torna necessária a busca de subsídios de várias áreas do conhecimento. Assim, os olhares filosófico, biológico e epidemiológico, antropológico e sociológico; e os modos históricos de conceber e atuar frente ao viver, do nascimento à morte, a saúde e as práticas de cuidado, dentre outros, são fundamentais para podermos refletir, produzir conhecimentos e agir frente a este processo. Por outro lado, vemos que este processo além de complexo é multifacetado, apresentando distintas faces e interfaces que se ligam e interligam configurando redes emaranhadas onde muitas vezes o ser humano se encontra e não consegue encontrar-se, principalmente quando se fala em saúde, ou ainda, na falta desta.

Deste modo, este número brinda os leitores e estudiosos do campo da saúde com vinte e dois artigos originais, sendo quatorze resultantes de pesquisas, cinco reflexões teóricas, uma revisão de literatura e dois relatos de experiência; além de dois resumos resultantes um de uma tese de doutorado e outro de uma dissertação de mestrado.

O conjunto da produção constante neste número se constitui em uma contribuição à construção teórica do significado do "Processo de Viver Humano", que é fundamental para a compreensão da complexidade do objeto de trabalho dos profissionais da saúde.

Primeiro, ao demonstrar que a vida humana é um processo com múltiplas dimensões, que tem uma singularidade biológica e subjetiva e que envolve uma dimensão ético-filosófica, cultural e social. Ao mesmo tempo que indica que a vida humana tem uma dimensão coletiva que se expressa em sociedades históricas e com diferentes olhares e valores para o viver em famílias e grupos sociais. Além de apontar a dimensão de gênero no trabalho, nas relações sociais, no processo saúde-doença e no processo de cuidar.

Em segundo lugar, ao pontuar que o processo de viver envolve uma complexa inter-relação entre saúde e doença. Ou seja, envolve a vivência individual do sofrimento e as diferentes possibilidades de adoecer e morrer nos diversos momentos do ciclo vital, bem como sinaliza que estas são fortemente influenciadas pelas condições de vida e pelo acesso aos serviços e práticas de saúde. Envolve concepções culturais sobre saúde e doença e sobre os processos de tratamento, de cura ou de viver com doenças e/ou incapacidades. Envolve as possibilidades de viver saudável e em situações de risco e/ou vulnerabilidade mostrando, ainda, que cada singularidade é, também, parte de uma totalidade que se expressa em perfil demográfico e de morbi-mortalidade das populações nos micro e macro-espaços, locais e planetário.

Em terceiro lugar, porque os artigos abordam a importância da dimensão do trabalho no viver humano. O trabalho constitui-se em uma dimensão da vida que, dialeticamente, pode possibilitar prazer, expressão da criatividade e ser produtor de saúde como pode trazer riscos e causar sofrimento, danos e doenças. Especialmente, trata-se da complexidade do trabalho em saúde que promove o encontro entre sujeitos com múltiplas necessidades, as quais podem aproximar-se ou distanciar-se, bem como mudam nos diversos espaços físicos, sociais e temporais.

A produção científica constante neste número, oriunda de autores brasileiros e estrangeiros convida à leitura, estimula a reflexão, além de oferecer subsídios para a atuação frente ao processo de viver humano, pois este engloba percorrer variados movimentos, encontrando seres humanos em diferentes estágios e situações de vida.

Dra. Denise E. P. de Pires

– Professora do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Coordenadora de Pesquisa e Produção Científica do Departamento de Enfermagem da UFSC e da PEN e Membro do Grupo de Estudos sobre Trabalho, Saúde, Cidadania e Enfermagem (PRAXIS) –

Dra. Telma Elisa Carraro

– Professora do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Líder do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando (C&C) –

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2007
  • Data do Fascículo
    Mar 2007
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