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Rede social de apoio no Brasil: grupos e linhas de pesquisa

La red social de apoyo en Brasil: grupos y líneas de investigación

Social support networks in Brazil: groups and reserach lines

Resumos

Trata-se de uma pesquisa descritiva documental cujo objetivo foi descrever o perfil dos grupos de pesquisa, cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico que trabalham a temática rede social de apoio. A busca dos dados deu-se a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, no segundo semestre de 2009. Foram identificados 20 grupos, 22 linhas de pesquisa e 139 pesquisadores. Os resultados demonstraram um perfil diversificado dos grupos em relação às áreas de conhecimento: Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Ciências Exatas; distribuição irregular dos grupos em determinadas regiões do país; queda no índice de publicações nos últimos quatro anos. A amplitude conceitual encontrada neste estudo expressa as possibilidades que o trabalho e as pesquisas com rede propiciam.

Grupos de pesquisa; Apoio social; Pesquisa em enfermagem; Redes comunitárias


Se trata de una investigación descriptiva, de carácter documental, que tiene como objetivo describir el perfil de los grupos de investigación registrados en el Consejo Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico, y que estudian la red social de apoyo como tema de sus investigaciones. La búsqueda de los datos se hizo en el Directorio de los Grupos de Investigación en Brasil, en el segundo semestre de 2009. Se identificaron 20 grupos, 22 líneas de investigación y 139 investigadores. Los resultados muestran un perfil diversificado de los grupos con relación a las siguientes áreas de conocimiento: Ciencias de la Salud, Ciencias Sociales Aplicadas, Ciencias Humanas y Ciencias Exactas, así como una distribución irregular de los grupos en determinadas regiones del país y un bajo índice de publicaciones en los últimos cuatro años. La amplitud conceptual encontrada en este estudio expresa las posibilidades que el trabajo y las investigaciones con red propician.

Grupos de pesquisa; Apoyo social; Investigación en enfermería; Redes comunitarias


This is a documental, descriptive investigation which sought to describe the profile of research groups registered in the Brazilian National Council of Scientific and Technological Development, which works with the social support network theme. Data was collected from The Directory of Research Groups in Brazil (Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil) in the second semester of 2009, identifying 20 groups, 22 research lines, and 139 researchers. The results demonstrate a diversified number of groups in relation to these areas of knowledge: Health Sciences, Applied Health Sciences, Human Sciences, and Exact Sciences; irregular group distribution in particular regions of the country; and as a decrease in the publication production over the four past years. The conceptual amplitude found in this study expresses the possibilities that the report and network research provide.

Research groups; Social support; Nursing research; Community network


ARTIGO ORIGINAL

Rede social de apoio no Brasil: grupos e linhas de pesquisa

Social support networks in Brazil: groups and reserach lines

La red social de apoyo en Brasil: grupos y líneas de investigación

Ana Maria Cosvoski AlexandreI; Karine Fontana MacielII; Ana Paula Pereira FernandesIII; Aida Maris PeresIV; Lillian Daisy Gonçalves WolffV; Maria de Fátima MantovaniVI; Verônica de Azevedo MazzaVII

IMestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bolsista de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI. Paraná, Brasil. E-mail: ana.ufpr@yahoo.com.br

IIMestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPR. Bolsista CAPES. Paraná, Brasil. E-mail: kaenfermeira@yahoo.com.br

IIIMestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPR. Paraná, Brasil. Email: anaenfermagem1@yahoo.com.br

IVDoutora em Enfermagem. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFPR. Paraná, Brasil. E-mail: amaris@ufpr.br

VDoutora em Engenharia de Produção. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFPR. Paraná, Brasil. E-mail: ldgwolff@gmail.com

VIDoutora em Enfermagem. Professora Associado do Departamento de Enfermagem da UFPR. Paraná, Brasil. E-mail: mfatimamantovani@ufpr.br

VIIDoutora em Enfermagem. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFPR. Paraná, Brasil. E-mail: mazzas@ ufpr.br

Correspondência Correspondência: Ana Maria Cosvoski Alexandre Rua Padre Camargo, 280, 8.º Andar CEP: 80060-240 Alto da Glória Curitiba, PR Brasil E-mail: ana.ufpr@yahoo.com.br

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa descritiva documental cujo objetivo foi descrever o perfil dos grupos de pesquisa, cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico que trabalham a temática rede social de apoio. A busca dos dados deu-se a partir do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, no segundo semestre de 2009. Foram identificados 20 grupos, 22 linhas de pesquisa e 139 pesquisadores. Os resultados demonstraram um perfil diversificado dos grupos em relação às áreas de conhecimento: Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Ciências Exatas; distribuição irregular dos grupos em determinadas regiões do país; queda no índice de publicações nos últimos quatro anos. A amplitude conceitual encontrada neste estudo expressa as possibilidades que o trabalho e as pesquisas com rede propiciam.

Descritores: Grupos de pesquisa. Apoio social. Pesquisa em enfermagem. Redes comunitárias.

ABSTRACT

This is a documental, descriptive investigation which sought to describe the profile of research groups registered in the Brazilian National Council of Scientific and Technological Development, which works with the social support network theme. Data was collected from The Directory of Research Groups in Brazil (Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil) in the second semester of 2009, identifying 20 groups, 22 research lines, and 139 researchers. The results demonstrate a diversified number of groups in relation to these areas of knowledge: Health Sciences, Applied Health Sciences, Human Sciences, and Exact Sciences; irregular group distribution in particular regions of the country; and as a decrease in the publication production over the four past years. The conceptual amplitude found in this study expresses the possibilities that the report and network research provide.

Descriptors: Research groups. Social support. Nursing research. Community network.

RESUMEN

Se trata de una investigación descriptiva, de carácter documental, que tiene como objetivo describir el perfil de los grupos de investigación registrados en el Consejo Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico, y que estudian la red social de apoyo como tema de sus investigaciones. La búsqueda de los datos se hizo en el Directorio de los Grupos de Investigación en Brasil, en el segundo semestre de 2009. Se identificaron 20 grupos, 22 líneas de investigación y 139 investigadores. Los resultados muestran un perfil diversificado de los grupos con relación a las siguientes áreas de conocimiento: Ciencias de la Salud, Ciencias Sociales Aplicadas, Ciencias Humanas y Ciencias Exactas, así como una distribución irregular de los grupos en determinadas regiones del país y un bajo índice de publicaciones en los últimos cuatro años. La amplitud conceptual encontrada en este estudio expresa las posibilidades que el trabajo y las investigaciones con red propician.

Descriptores: Grupos de pesquisa. Apoyo social. Investigación en enfermería. Redes comunitarias.

INTRODUÇÃO

A execução das políticas públicas no Brasil ainda é insatisfatória para atender aos interesses da população e acarreta sujeitos desassistidos ou com acesso restrito aos bens e serviços. Desta forma, as pessoas sentem necessidade de buscar novas estratégias para tentar minimizar ou atender suas fragilidades, o que justifica as Redes Sociais de Apoio.1 Tais redes são sistemas organizacionais que reúnem indivíduos e instituições de forma democrática e participativa em torno de objetivos comuns, permitindo a convivência entre os integrantes de uma rede e os laços de afinidade e de apoio social entre eles.2 O conceito de rede está atrelado ao termo apoio, que vem complementar à principal função dos mais diversos tipos de rede, que é fornecer apoio. Assim, pode-se dizer que o apoio social consiste nos recursos relacionais de que uma pessoa dispõe para enfrentar diferentes situações na vida.3

As redes sociais de apoio são encontradas nos diversos sistemas, desde o microespaço de convivência diária, como o ambiente imediato da pessoa, onde se desenvolvem as relações interpessoais, até os sistemas mais amplos, que incluem contextos históricos, culturais, socioeconômicos e políticos. A abordagem de rede social evidencia a limitação do indivíduo e a constante dependência mútua entre os seus membros e, independentemente de gênero, classe ou cultura, as relações são estabelecidas pelos vínculos sociais e alicerçadas na solidariedade entre seus integrantes.4

Existem relatos de que o termo apoio social emergiu entre os anos de 1960 e 1970, tendo como precursor o sociólogo Emile Durkheim, que, no final do século XIX, já destacava, em seus estudos, a importância das relações interpessoais na saúde.3 No Brasil, os primeiros estudos relacionados com esta temática na saúde datam de 1987, seguidos de outros estudos que pautam as redes sociais de apoio com as doenças crônicas, vínculo mãe-filho e distúrbios psiquiátricos.4

Assim, nas duas últimas décadas, intensificaram-se os estudos nessa temática, pois pelo fato de as redes sociais de apoio representarem os interesses da coletividade, expandem-se, à medida em que aumenta a complexidade da vida cotidiana. No entanto, é importante considerar que as redes de apoio assumem características distintas, tendo em vista o contexto em que estão inseridas.5

Em 1984 ocorreu o cadastro do primeiro grupo de pesquisa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), relacionado à temática nominada Núcleo de Estudo sobre o Trabalho Humano, ligado à Universidade

Federal de Minas Gerais.6 No entanto, as publicações que nos trazem informação do tema, acerca das atividades desenvolvidas com e sobre redes sociais nas instituições de ensino e pesquisa, nos serviços de saúde, ou em outros espaços, ainda não expressam a amplitude nacional da rede social de apoio de forma a permitir a fluidez das informações e seu potencial na construção de conhecimento.

Em um contexto mais amplo, compreendese a relevância deste estudo pela necessidade de conhecimento dos grupos que pesquisam as redes sociais, com a identificação de estratégias para superar fragilidades e estimular a formulação de políticas de desenvolvimento. As contribuições pretendidas partem do princípio de que este conhecimento pode auxiliar os grupos e pesquisadores no planejamento e gestão de atividades científicas e tecnológicas em prol do estudo das redes de apoio, tais como troca de saberes científicos, melhor direcionamento de suas buscas teóricas na construção do conhecimento da enfermagem, assim como a elaboração de projetos de pesquisa em rede.

Dessa forma, o objetivo deste estudo é descrever o perfil dos grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, que trabalham com a temática rede social de apoio.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva, com base documental, realizada no Diretório de grupos de pesquisa do CNPq, uma vez que sua base de dados é atualizada e tem como finalidades principais servir como instrumento de intercâmbio entre a comunidade científica e tecnológica, auxiliar no planejamento e gestão das atividades de ciência e tecnologia; preservar a memória das atividades científico-tecnológicas no Brasil.7

Para a coleta de dados foram realizados os seguintes passos: acesso ao site do CNPq, ao Diretório dos Grupos de Pesquisa, base corrente, grupos, consulta a grupos de pesquisa e busca do grupo por palavra-chave. Utilizaram-se quatro termos para a busca: rede social de apoio, rede de apoio, apoio social e rede social. Optou-se por essas palavras porque a literatura científica brasileira parece tê-las incorporado como sinônimas.

Foram identificados 119 grupos que apresentam ao menos uma linha de pesquisa referente à temática rede social de apoio. Destes, 18 eram repetidos, restando, portanto, 101 para a amostra. Para identificação das linhas de pesquisa, considerou-se o objetivo geral e o título, sendo excluídos os que não apresentavam objetivos para as linhas de pesquisa (três grupos), os que não explicitaram o enfoque de suporte social (76 grupos), e estavam desatualizados há mais de 12 meses (dois grupos). Desta forma, foram excluídos 99 grupos, por não contemplarem os critérios de inclusão.

Os 20 grupos restantes da amostra foram avaliados nas seguintes variáveis: áreas predominantes, ano de criação, distribuição geográfica, linhas de pesquisa e objetivos; os pesquisadores, produção científica, entendida como produção bibliográfica, técnica, orientações concluídas e demais trabalhos em eventos, conforme registro no CNPq.

A busca ocorreu no segundo semestre de 2009, por meio do Censo 2008 e outras informações contidas no site do CNPq. Na produção bibliográfica foram contabilizados os artigos completos publicados em periódicos de circulação nacional e internacional, trabalhos completos e resumos publicados em anais de eventos científicos, tecnológicos e artísticos, livros e capítulos de livros. Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas e, posteriormente, foram submetidos à análise estatística descritiva univariada.

Todas as informações coletadas no diretório e utilizadas na pesquisa seguiram a confidencialidade e o rigor científico correspondente ao tipo de estudo, assim como obedeceram aos preceitos éticos contidos na Resolução do CNS n. 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Os 20 grupos de pesquisa que trabalham a temática rede social de apoio apresentaram, ao todo, 22 linhas de pesquisa e 139 pesquisadores cadastrados: 80% deles vinculados a universidades públicas e 20%, à universidades privadas. Predominam as áreas de Ciências da Saúde com dez grupos, Ciências Sociais Aplicadas com cinco, Ciências Humanas com quatro, e Ciências Exatas em apenas um deles.

Destaca-se que na área de Ciências da Saúde há maior concentração de grupos de pesquisa na área de Saúde Coletiva, observadas em sete deles. No Brasil, essa área experimentou crescimento considerável na última década, fato expresso pela ampliação na distribuição de programas de pósgraduação, constituição de grupos de pesquisa, número de pesquisadores qualificados e consolidação da produção científica.8

Em relação ao ano de criação, é possível correlacionar o desenvolvimento de estudos acadêmicos acerca do tema e o surgimento de grupos para este fim. Entretanto, para sua análise, é relevante considerar que não significa que esses pesquisadores tenham iniciado seus estudos nesse momento, pois, nos setores com maior história e tradição de geração de conhecimento, a pesquisa científica pode ser muito anterior à formação dos grupos.9 Do mesmo modo, o fato de existir uma linha de pesquisa voltada à temática rede social de apoio não significa que exista produção acerca do tema, pois esse tema pode ser apenas uma indicação de estudos futuros ou passados.

A tabela 1 mostra que em 1984 ocorreu a criação do primeiro grupo sobre rede social de apoio no Brasil. Destaca-se que o total de grupos formados até 2000 representa apenas um terço do número formados nos últimos dez anos, fato que demonstra o crescimento do interesse de pesquisadores pela temática e a intensificação de estudos sobre o tema.

Com relação à distribuição segundo a localização geográfica, evidencia-se que a região Sudeste concentra o maior número de grupos (60%), seguida pelas regiões Nordeste (20%), Sul (15%) e Norte (5%). Na região Centro-Oeste, não foram identificados grupos que trabalham a temática redes social de apoio, fato que se assemelha à distribuição proporcional geral de grupos no CNPq, pois nessa região encontram-se somente 6,4% dos grupos de pesquisa cadastrados.6 Outro trabalho que investigou os grupos de pesquisa no CNPq, segundo uma determinada linha de pesquisa, apresenta distribuição geográfica semelhante, com a maior concentração no Sudeste.10 Em função dos dados obtidos, percebe-se que a pesquisa, no Brasil, é realizada, predominantemente, nas universidades e institutos de pesquisa, com atividade de pós-graduação, que estão concentradas nas regiões Sudeste e Sul do país.11

Os 20 grupos identificados neste estudo estão vinculados a 13 instituições públicas de ensino federais, três estaduais e quatro privadas. Podese atribuir esse elevado número em instituições públicas de ensino ao fato de elas incentivarem a formação e produção científica dos seus discentes e docentes, tendo em vista o investimento por meio das agências de fomento à pesquisa, o que favorece a concentração das atividades científicas e programas de pós-graduação.12

Entre as diversas linhas de pesquisa dos grupos foi identificada uma variabilidade de objetivos que estão associados aos estudos de rede social de apoio nas seguintes abordagens: seis relativas à família; cinco, à políticas públicas (sendo três sobre a promoção da saúde); quatro, referentes a idosos, três, à pobreza e grupos populares, e uma à violência, ao cuidador familiar e a crenças religiosas, respectivamente. Observa-se que os estudos sobre rede social de apoio procuram trabalhar com problemas emergentes na sociedade brasileira. Geralmente as pessoas recorrem às redes de apoio em busca de amparo e proteção, o que leva pesquisadores e cientistas sociais a uma infinidade de reflexões sobre o tema.13

Referente às áreas de conhecimento (Tabela 2), foram identificadas 13, em diversas linhas de pesquisa, com a maior concentração nas Ciências da Saúde (11), Ciências Humanas (oito) e Saúde Coletiva (seis), corroborando a concentração dos grupos de pesquisa.

Todas as linhas de pesquisa identificadas com relação à temática rede social de apoio assinalam um ou mais setores de aplicação que demonstram exatamente em que lugar os estudos desenvolvidos são aplicados, com predominância de um setor por linha. Observou-se a maior concentração no setor Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde, relacionado a seis linhas, seguido de Cuidado à Saúde das Populações Humanas, relacionado a cinco, e Desenvolvimento Urbano, a três linhas. Também se evidenciaram registros nos setores de Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, Nutrição e Alimentação e Educação e Saúde Humana (uma linha cada).

A amplitude de áreas do conhecimento a que se vinculam as linhas de pesquisa demonstra a diversidade e o amplo leque de abordagens que marcam a temática rede de apoio social,14 o que pode refletir a multidisciplinaridade dos setores de aplicação da temática, mas também indicar a falta de limites claros nessas áreas de conhecimento.

Em relação à constituição dos membros dos grupos de pesquisa, analisou-se a titulação dos pesquisadores e o nível de formação dos estudantes. Dentre os 139 pesquisadores cadastrados, 64% são doutores, 25% mestres, 8% especialistas e 1,5% graduados. Dos 123 estudantes, destaca-se a participação de alunos de doutorado (0,9%), mestrado (17%), especialização (0,3%) e graduação (42%), e há 29% de alunos para os quais não consta registro do nível de formação.

O fato de 89% dos pesquisadores serem doutores ou mestres reforça que os programas de pós-graduação stricto sensu estimulam a produção científica e, consequentemente, a formação de grupos de pesquisa de seus egressos.10

No período entre 2006 e 2009, a média anual de publicação bibliográfica dos grupos foi de 59 publicações/ano, cada pesquisador com uma média de quatro publicações/ano (Figura 1). É importante destacar que 2005 foi o ano de maior produção científica, com 84 publicações, e em 2008 essa produção reduziu-se à metade (42), com a menor produção anual. Ressalta-se que dois grupos tiveram a sua criação em 2009, destarte não existem publicações referentes ao período delimitado de busca.


Quanto às produções técnicas, foram contempladas produções de software com ou sem registro/patente, de produtos tecnológicos, apresentações e publicação de trabalhos técnicos. A média anual dessas produções foi de 40 por grupo, cerca de quatro produções técnicas/membro. Ao Texto Contexto Enferm, contrário dos demais tipos de produções, as técni-2005 e 2008, com aproximadamente 31 publicações cas mantiveram um índice similar entre os anos de anuais por grupo.

As orientações concluídas pelos pesquisadores compreendem dissertações de mestrado, teses de doutorado, monografias de conclusão de graduação/especialização e trabalhos de iniciação científica. Nesse âmbito, houve uma média anual de 22 orientações por grupo. Destaca-se o ano de 2005, em que houve, em média, 27 orientações por grupo, e o de 2008, em que foi observada a menor média de orientações por grupos (19). Cada pesquisador orientou, em média, três trabalhos por ano, com uma grande variação de 0,7 a 10.

Nos demais trabalhos, incluem-se elaboração e organização de eventos com 89/ano por grupo e uma estimativa de sete trabalhos/membro do grupo/ano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciou-se neste estudo que, entre os grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, os que estudam a temática rede social de apoio apresentam um perfil diversificado em relação às grandes áreas de conhecimento. Tal fato demonstra que o tema interessa a pesquisadores de muitos campos da produção científica e possibilita uma diversidade de abordagens de redes, associandoa a idosos, famílias, violência, religião, políticas públicas, dentre outras.

O interesse em estudar essa temática aumentou nos últimos 10 anos, o que pode ser constatado diante da ascensão progressiva do número de grupos de pesquisa com linhas associadas a redes sociais de apoio no país. Por sua vez, existe uma distribuição geográfica irregular, que pode decorrer da maior concentração de universidades, cursos de pós-graduação e, consequentemente, da formação de pesquisadores em determinadas regiões do país.

Este estudo permitiu conhecer o panorama das pesquisas sobre redes sociais de apoio no Brasil. É importante considerar a relevância da atualização das informações dos grupos de pesquisa, pois ela subsidia a compreensão das instituições e pesquisadores quanto às fragilidades e potencialidades da temática rede social de apoio, assim como de outros assuntos de interesse público.

Dentre os resultados, fica evidente que as diversidades conceituais encontradas nas descrições dos grupos e seus objetivos possibilitam que estudiosos de diversas áreas possam abarcar o conceito de rede também nas suas práticas de pesquisa, com o interesse em ampliar e aprofundar sua produção de conhecimento. Esses dados ora apresentados possibilitam que haja, por parte dos pesquisadores, uma visão da situação do estudo nesta área e pode aumentar as perspectivas de interesse pela temática

Sugere-se que esses dados sejam aplicados no planejamento e gestão das atividades dos grupos de pesquisa, em busca do crescimento qualiquantitativo do conhecimento sobre redes sociais de apoio, o que, por sua vez, somente fará sentido quando estiver refletido na qualificação para a ação dos atores que compõem estas redes.

Recebido: 20 de maio de 2010

Aprovação: 31 de março de 2011

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  • Correspondência:
    Ana Maria Cosvoski Alexandre
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Jul 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2011

    Histórico

    • Recebido
      20 Maio 2010
    • Aceito
      31 Mar 2011
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