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Desafios e perspectivas para a publicação de artigos - uma reflexão a partir de autores e editores

Retos y perspectivas de la publicación de artículos - un reflejo de los autores y editores

Resumos

Publicar é uma exigência para qualquer profissional que almeje estar em sintonia com o mundo da ciência. Igualmente, o consumo e a produção de conhecimento são atividades inerentes ao exercício profissional. Propomo-nos nesse artigo fazer uma reflexão sobre alguns aspectos desta temática, destacando aqueles que possam contribuir para uma eficaz investida a periódicos. São considerados aspectos fundamentais na sistematização dessa tarefa a fim de proporcionar que mais profissionais se dediquem a ela com eficiência. São trazidos para enriquecer a reflexão conhecimentos e estratégias divulgadas na literatura atual, nas quais encontramos depoimentos tanto de autores como de editores de periódicos da enfermagem e de outras áreas. Para tanto estruturamos este artigo nos seguintes passos: gerar e consolidar uma idéia, definir parcerias, focar no leitor, escolher o periódico, organizar o artigo, e observar aspectos éticos e envio à publicação.

Redação; Projetos de pesquisa; Pesquisa em enfermagem; Ética em pesquisa; Relatórios de pesquisa


La publicación es un requisito para cualquier profesional que aspira a estar en sintonía con el mundo de la ciencia. Además, las actividades de consumo y producción de conocimientos son inherentes a cualquier profesión. Nos proponemos en este artículo una reflexión sobre algunos aspectos de este tema, destacando aquellos que pueden contribuir a una investida efectiva en revistas. Se consideran aspectos clave en la sistematización de este trabajo para que un mayor número de trabajadores se dediquen a ella con eficiencia. Es presentada estrategias a enriquecer la reflexión e divulgadas en la literatura actual, con declaraciones de ambos autores y editores de revistas de enfermería y otras áreas. Para ello se diseñó este artículo en los siguientes pasos: generar y consolidar una idea, la definición de alianzas, centrarse en el lector, elegir la revista, organizar su artículo, aspectos éticos y presentación de la publicación.

Escritura; Proyetos de investigación; Investigación en enfermería; Ética en investigación; Informes de investigación


Publishing is a requirement for any professional who crave to be in tune with the world of science. We propose in this article do a reflection on some aspects of this theme, highlighting those that may contribute to an effective proposition to journals. We are considered key aspects in the systematization of this task order to provide more researchers are engaged in it with efficiency. We brought knowledge and strategies to widen the debate reported in the current literature. In this, we find statements of both authors and editors of journals in nursing and other areas. For this purpose we designed this article on following steps: to generate and consolidate an idea, defining partnerships, focus on the reader, choose the journal, organize your article, ethical issues and sent for publication.

Writing; Research design; Ethics, research; Research reports


REFLEXÃO

Desafios e perspectivas para a publicação de artigos - uma reflexão a partir de autores e editores

Retos y perspectivas de la publicación de artículos - un reflejo de los autores y editores

Ana Lucia Cardoso KirchhofI; Maria Ribeiro LacerdaII

IDoutora em Filosofia de Enfermagem. Bolsista Pesquisadora Visitante do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná, pela Fundação Araucária. E-mail: kirchhof@terra.com.br

IIDoutora em Enfermagem. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná. lacerda@milenio.com.br

Correspondência Correspondência: Ana Lucia Cardoso Kirchhof Rua Vereador Ramon Filomeno, 183, ap. 804, Bl. Manacá 88.034-495, Itacorubi, Florianópolis, SC, Brasil E-mail: kirchhof@terra.com.br

RESUMO

Publicar é uma exigência para qualquer profissional que almeje estar em sintonia com o mundo da ciência. Igualmente, o consumo e a produção de conhecimento são atividades inerentes ao exercício profissional. Propomo-nos nesse artigo fazer uma reflexão sobre alguns aspectos desta temática, destacando aqueles que possam contribuir para uma eficaz investida a periódicos. São considerados aspectos fundamentais na sistematização dessa tarefa a fim de proporcionar que mais profissionais se dediquem a ela com eficiência. São trazidos para enriquecer a reflexão conhecimentos e estratégias divulgadas na literatura atual, nas quais encontramos depoimentos tanto de autores como de editores de periódicos da enfermagem e de outras áreas. Para tanto estruturamos este artigo nos seguintes passos: gerar e consolidar uma idéia, definir parcerias, focar no leitor, escolher o periódico, organizar o artigo, e observar aspectos éticos e envio à publicação.

Descritores: Redação. Projetos de pesquisa. Pesquisa em enfermagem. Ética em pesquisa. Relatórios de pesquisa.

RESUMEN

La publicación es un requisito para cualquier profesional que aspira a estar en sintonía con el mundo de la ciencia. Además, las actividades de consumo y producción de conocimientos son inherentes a cualquier profesión. Nos proponemos en este artículo una reflexión sobre algunos aspectos de este tema, destacando aquellos que pueden contribuir a una investida efectiva en revistas. Se consideran aspectos clave en la sistematización de este trabajo para que un mayor número de trabajadores se dediquen a ella con eficiencia. Es presentada estrategias a enriquecer la reflexión e divulgadas en la literatura actual, con declaraciones de ambos autores y editores de revistas de enfermería y otras áreas. Para ello se diseñó este artículo en los siguientes pasos: generar y consolidar una idea, la definición de alianzas, centrarse en el lector, elegir la revista, organizar su artículo, aspectos éticos y presentación de la publicación.

Descriptores: Escritura. Proyetos de investigación. Investigación en enfermería. Ética en investigación. Informes de investigación.

INTRODUÇÃO

Os desafios a serem vencidos para publicar em periódicos de qualidade têm sido muito presentes na vida profissional de enfermeiros. Isso porque entendemos que não é suficiente fazer pesquisa, é preciso produzir conhecimento e de qualidade; e conhecimento deve ser compartilhado, para cumprir com a finalidade de alavancar as práticas da enfermagem e a sociedade no seu todo. Além do mais, publicar significa respeitabilidade, abrangência e aceitação da comunidade científica. É uma validação da pesquisa feita.

Os editores de periódicos, que também têm como desafio a publicação de matéria de valor social, pronunciam-se do seguinte modo para ajudar os autores: "[...] embora concorde que uma apresentação ruim possa 'enterrar' um bom trabalho, eu não acho que uma excelente apresentação pode salvar aquele que é fatalmente falho. No entanto, há uma suspeita generalizada de que a 'embalagem' de um estudo é tão importante quanto o conteúdo [...]".1:1666

Esse depoimento alerta para a importância da forma e do conteúdo da apresentação. Escrever é uma arte, pois envolve habilidade em expressar ideias complexas de modo simples e conciso. Publicar envolve fazer isso e escolher apropriadamente o periódico, tendo por base seu leitor e sua especificidade. Publicar é juntar essas duas dimensões - escrever, expondo ideias originais, de modo claro e conciso, e para uma audiência específica.

Por sua vez, nós da enfermagem ainda devemos pensar na contribuição para nossa área de estudo. Autoras australianas nos alertam que "[...] a menos que os enfermeiros publiquem sobre enfermagem e assuntos de enfermagem, ninguém mais vai e eles vão permanecer não reconhecidos, os membros 'sem voz' do sector da saúde, contribuindo com o seu silêncio à opressão da enfermagem em seu papel único no alcance dos resultados almejados pelo paciente [...]".2:1418

Os editores levam em conta os artigos susceptíveis de serem frequentemente citados e que podem influenciar positivamente o fator de impacto do seu periódico,3 enquanto os autores sabem que o leitor é sempre um público hostil que quer ser convencido que o que está escrito é lógico, razoável, bem justificado e coerente com o tema ou pergunta de pesquisa.2

Portanto, nessa reflexão, temos o objetivo de destacar aspectos que possam contribuir para a eficácia nas investidas a periódicos. Para tanto, organizamos nossa reflexão em tópicos, quais sejam: a geração e a consolidação de uma ideia; a definição de autorias; o leitor, a escolha do periódico e a organização do artigo; o estilo, a gramática e a pontuação; e, por fim, os aspectos éticos implicados diretamente com a divulgação de conhecimento, de instituições, de autores e os direitos autorais. Finalizamos com tópicos importantes destacados na literatura no envio à publicação.

A geração e a consolidação de uma ideia

É imprescindível que compartilhemos nossas experiências e pesquisas, a fim de melhorar nosso trabalho. No entanto, para que efetivamente se possa contribuir, não basta a geração de ideias que, à primeira vista, nos pareçam inéditas. A necessidade de consolidar nossos propósitos com a realidade posta pelo campo da produção do conhecimento é um aspecto fundamental. Devemos lembrar que nosso leitor, ao buscar a literatura científica, deseja aprender novos desenvolvimentos, abordagens, informações de aspectos relacionados às suas atividades,4 tais como estudos com impacto em tratamento de doenças, ou que validem algum método para estabelecer um diagnóstico ou a gravidade de uma doença.1 Logo, esse é um aspecto que merece muita atenção de quem deseja publicar.

Gerar uma ideia original é uma etapa posterior ao consumo crítico de conhecimento sobre o assunto, tendo implicação direta com a competência com que se desenvolve esta concepção, inovando na sua construção. É bom lembrar que entre os motivos para a rejeição de artigos são indicados como os mais frequentes a falta de conhecimento novo ou interessante, os erros lógicos e metodológicos, os erros na análise de dados e os problemas de linguagem (mal escrito, formulado ou apresentado).5

Nesta etapa as questões: o que se sabe sobre o assunto? Com que abrangência? Quais disciplinas têm se ocupado dele? Que novidades têm sido encontradas? Com quais abordagens esse tema tem sido desenvolvido? São aspectos relevantes a serem considerados na geração e consolidação de uma concepção.6

Outro aspecto relevante é o de que tendemos a preterir uma tarefa em função da dificuldade em realizá-la. Isso pode ser chamado de bloqueio para escrever. Ou seja, como tenho dificuldade em escrever sobre algo, faço outras atividades que me sejam fáceis e, assim, adio aquela. O bloqueio para escrever acontece com muita frequência, por isso, encontrar maneiras de vencê-lo torna-se um desafio. Falar sobre o assunto com colegas, escrever, ler mais, levar em conta os turnos/horários que produzimos com mais facilidade, fazer um cronograma para a produção de subprodutos e para o produto final são algumas das estratégias citadas na produção de artigos. Não interromper o processo quando ganhar fôlego, gravar as ideias para transcrevê-las posteriormente e descobrir modos de vencer as dificuldades, são algumas das perspectivas elencadas por autores.6-7

Algumas estratégias são escrever sobre assuntos com que você tenha muita aderência, ler muito, conhecer seu público leitor e focar-se nele. Ainda, a concepção de um plano de trabalho ajudará na delimitação da abrangência sobre o que escrever e, também, um leitor, que possa dar suporte, poderá ser um modo de iniciar.2

Há pessoas que possuem uma lógica de criação mais formal, enquanto outras são mais informais. Assim, além do desenvolvimento do assunto em tópicos e subtópicos, pode-se escolher desenvolvê-lo sob a forma de "diagrama solar",6 como nos mostram os exemplos das figuras abaixo:

Figura 1


Quais as vantagens de usar um ou outro modelo? O modelo formal, ao ser utilizado, favorece uma construção já nas normas de determinado periódico, bem como é a construção de um texto em uma forma mais tradicional que possibilita uma estrutura mais linear e em partes sequenciais. O modelo informal é adequado, na medida em que ser deseja construir e desenvolver grandes conceitos ou assuntos que são da experiência do autor. Auxiliam também para mapear abstrações e ideias que podem ser aproveitadas para um mesmo artigo, ou mais de um, dependendo da abrangência e profundidade com que o tema for tratado.

As autoras que trazem a contribuição do diagrama solar6 ainda acrescentam a possibilidade da construção de mais de um artigo para o mesmo tema, de modo a escolher melhor a organização do artigo e os conteúdos a serem aprofundados. Ainda, como estratégias de construção de artigos, sugerem a numeração dos raios e sub-raios até encontrar uma sequência lógica, escrevendo as necessárias transições entre um raio e outro. De acordo com o número de palavras exigido pelo periódico, um raio pode ser mais ou menos detalhado, possibilitando constituir um parágrafo ou uma seção do artigo. Pode ocorrer de uma ideia estar presente em todos os raios, o que a eleva a tema central, ou ocorrer de um raio não se relacionar com seu tema central; assim, deve ser eliminado. As autoras também vêem a possibilidade de se avaliar artigos por meio desse diagrama.

Para reforçar melhor a importância desta etapa na construção de artigos científicos o editor-chefe de um periódico solicitou a editores que citassem os 10 motivos mais comuns para aceitar e rejeitar um manuscrito. Entre os mesmos, o editor cita como o mais relevante o planejamento do projeto, uma vez que a qualidade do manuscrito está diretamente vinculada ao cuidado no seu detalhamento.1 "Pensar sobre as dimensões conceituais de um artigo ou ensaio antes de escrevê-lo ajuda a esclarecer a lógica de como proceder e apresentá-lo na forma escrita. Se for mal conceptualizado, é provável que não seja publicado".8:427

A definição de autorias

A dúvida de escrever sozinho ou em colaboração com outros vem seguida de outras: as ideias e a experiência do colaborador interessam ao periódico? O colaborador tem conhecimento suficiente e diferenciado do seu para melhorar o estudo? O colaborador tem o tempo necessário para o projeto? Está a par do que envolverá o processo de escrever o artigo?7

Acordar uma divisão de trabalho de acordo com habilidades, expectativas e contribuição - quem fará a revisão da literatura, escreverá o método, elaborará a conceitualização, como serão apresentados os resultados, quais aspectos a serem destacados na análise - são algumas das etapas a serem cumpridas. Assim, uma concordância sobre essas questões é fundamental. Por sua vez, esses aspectos terão influência sobre a definição das autorias e dos produtos derivados de tal estudo, que poderão ser vários, dependendo da complexidade do mesmo. É importante conciliar, no início do processo, quais publicações poderão derivar dos resultados e escrever os acordos negociados, se necessário.

É recomendável a colaboração entre pesquisadores. A cooperação entre enfermeiros da clínica e pesquisadores proporciona o desenvolvimento profissional.2 Mas a quem podemos considerar como autor? As normas de publicação das revistas em geral, inclusive o International Committee of Medical Journal Editors, são unânimes em afirmar como autores as pessoas que contribuíram substancialmente com o trabalho.9 Não basta desenvolver uma técnica, ou fazer entrevistas, ou coletar dados. É preciso contribuir nas ideias, nas análises e na concepção do projeto e, além do mais, cooperar na versão final.7,9 Normalmente aquele que planejou o estudo, trabalhou na coleta e na análise dos dados e escreveu o artigo deve ser o primeiro autor.4,9-10 A ordem dos autores geralmente é definida pelo grau de participação conceitual e técnica no estudo e no manuscrito.

O leitor, o periódico e a organização do artigo

O potencial leitor do artigo é a audiência alvo, aquela determinada pela especialidade do assunto tratado. Usualmente, a audiência direciona a escolha do periódico, de modo a atingir um "mercado" ou "especialidade". Assim, uma tarefa que exige dedicação dos pesquisadores é a procura por periódicos que publicam sobre o assunto e a análise do nível do conhecimento divulgado. Essa análise envolve também o diferencial do artigo, o que ele acrescenta e/ou inova em relação ao que já está divulgado. O desafio é o de trabalhar novas abordagens do tema, atingindo necessidades ainda não abordadas no campo do conhecimento.

Vale a pena conhecer o que uma editora escreveu sobre os leitores enfermeiros. "[...] infelizmente, sabemos que os enfermeiros não lêem nem programam pesquisa em sua prática. Embora reconheçamos o valor dos estudos, sabemos que os enfermeiros não lêem relatórios de pesquisa, não costumam assinar periódicos, desistem ao iniciar a leitura de um, percebem a linguagem usada como muito complicada e cheia de jargões, não entendem de estatística, porque não a usam, não conseguem avaliar a qualidade das pesquisas [...]".10:7 Nossas práticas, infelizmente, nem sempre se orientam por conhecimento atualizado em leitura de pesquisas. Nossa intenção em colocar tal afirmação é de provocar uma posição e, se for possível, mais que isso, provocar a fagulha do desafio para consumir e produzir pesquisas e publicações que venham contribuir para mudar posições como a da editora citada.

Autores ressaltam que o enfermeiro "usualmente é um profissional que volta para casa, depois de um dia de decisões, rotina e conflitos, cansado e aborrecido. Você deve captar esse leitor, sua atenção e envolvê-lo no seu interesse se você deseja que sua mensagem seja transmitida a outros". 6:61

Consequentemente, se quisermos divulgar conhecimento na nossa área profissional, ter esses aspectos em mente ao escrever e "lapidar" o texto, de modo a torná-lo claro, conciso e interessante são habilidades a serem desenvolvidas pelos autores. Igualmente, podemos encontrar meios de divulgação entre nossos pares, como relatos enxutos, divulgação oral, envio on-line, facilitando o acesso dos colegas ao conhecimento produzido.

O periódico

Uma má escolha pode resultar no retardo da sua publicação, que seu trabalho não seja avaliado adequadamente, ou que não tenha a devida publicidade, ficando pouco lido. Para ver se um periódico representa uma possibilidade procure conhecer sua descrição, finalidade e âmbito, no seu sítio da Web.7

Outros fatores podem ser considerados nessa escolha, como a rapidez na publicação (ver a periodicidade), a qualidade da impressão (se você tem fotografias a publicar), e a possibilidade de aceitação.

O prestígio* do periódico tem sua relevância, como por exemplo, ter um trabalho publicado em uma revista de menos prestígio não tem o mesmo reconhecimento de outro publicado em uma revista de prestígio. Pesquisadores podem ser mais impressionados por poucas publicações em revistas de prestígio, do que por muitas em revistas mais populares, e isso não é incomum em exames de seleção,7 por exemplo. No entanto, ciência de qualidade pode também aparecer em periódicos de diversos fatores de impacto.11

Alguns autores6 mencionam a possibilidade de envio de uma carta consulta - query letter - para editores de periódicos, descrevendo o que você pretende desenvolver e como você pensa que esse assunto seria interessante para os leitores daquele periódico e mostrando como pode ser do interesse do periódico publicar seu artigo.

É compreensível que os editores biomédicos escolham manuscritos que correspondam à missão declarada de um periódico, que inclui um código incorporado de valores e crenças.3,8 Assim, não adianta enviar um artigo de pesquisa qualitativa a um periódico que publica pesquisa quanti ou quali estruturada. Observar essas características faz parte da pertinente avaliação da adequabilidade do periódico para o seu artigo.

Organização do artigo

Em um artigo, o título deverá se coerente com o tipo de periódico que você deseja publicar, ou seja, quanto mais especializado, mais específico deve ser o título.6 Assim, se o desejo for de publicar no periódico Infection Control Today, um bom título poderia ser "The skin is the source - recent data and best practices in skin antisepsis", ou, se o periódico fosse Oncology Nursing Forum, o título poderia ser "Fatigue and other variables during adjuvant chemotherapy for colon and rectal cancer". Além da coerência com o periódico, o título deve ter o menor número possível de palavras que descrevem adequadamente o conteúdo de um artigo.7 É bom lembrar que ele guia a busca na biblioteca; é a parte mais consultada das publicações, atrai a atenção do leitor, e indica sobre o que o artigo trata.7

Além do título, o resumo será publicado isoladamente e deverá ser autônomo, consequentemente, ao não se ter uma boa impressão do trabalho com o resumo, a leitura do artigo pode estar condenada ao fracasso.7 Cabe ainda destacar que os estilos de resumo variam com as normas dos periódicos, no entanto, são as primeiras 40 a 50 palavras as primeiramente acessadas. Essa primeira parte deve ser cuidadosamente escrita para introduzir uma clara e sensível ideia do conteúdo do artigo.7

Quanto às palavras-chave, há uma grande confusão em como as escolher. Isso porque, com o uso dos descritores científicos para melhor localização de publicações, esses conceitos tornaram-se sinônimos, em vista da busca de maior visibilidade aos assuntos e seus meios de divulgação, os periódicos.

A escolha das palavras-chave (descritores, keywords, palabras-clave) é fundamental para uma busca nas bases de dados. Pessoas com interesse no artigo só poderão ter acesso a ele se as palavras-chave forem descritores científicos e traduzirem aspectos essenciais do trabalho. Elas podem ser selecionadas levando-se em conta as palavras-chave por clientela do seu artigo (paciente, grupo de clientes, crianças, profissionais, idosos), lugar de aplicação (comunidade, unidade de agudos, domicilio), tipo de artigo (validação de instrumento, revisão de literatura, análise conceitual), desenho metodológico (estudo clínico controlado e randomizado, análise de discurso, questionário), e grupo de profissionais envolvidos (enfermeira, pessoal de enfermagem em geral, parteiras, enfermeiras obstetras).10 Os periódicos internacionais solicitam mais de cinco palavras-chave, às vezes até 10. Isso porque elas facilitam aos pesquisadores encontrar os artigos científicos nas bases de dados, tornando o artigo mais acessado e citado e melhorando o fator de impacto do periódico.

Usualmente, a estrutura de um artigo científico obedece à lógica: Introdução, Métodos, Resultados e Discussão (IMRD), à qual pode definir-se pelas perguntas: qual a questão (problema) do estudo? A resposta é a introdução. Como se estudou esse problema? A resposta são os métodos. Quais foram os resultados? O que significam? A resposta é a discussão.7 A enfermagem brasileira, por ter uma maior tradição na pesquisa qualitativa, encontra um pouco de dificuldade nesta estrutura. Há pesquisas qualitativas em que é possível separar resultados de análise. Contudo, em alguns tipos, isso não é possível, dado o processo inferencial do pesquisador nos resultados. Nesses casos o periódico de cunho teórico qualitativo é mais indicado.

A experiência de editores recomenda que se observe, no periódico escolhido, como estão estruturados os parágrafos, e qual a extensão das distintas seções, que tipos de subtítulos podem ser incluídos, quantas figuras e quadros são possíveis apresentar, e quais os tipos habituais.7 O uso criterioso de tabelas e gráficos supõem a organização dos resultados oferecendo maior clareza de entendimento do que se estivessem no formato de texto. Desse modo, parece óbvio que o que está na tabela/gráfico não está no texto e vice-versa. Elaborar tabelas e gráficos pode ser mais trabalhoso do que aperfeiçoar o texto escrito, mas dá qualidade ao trabalho, quando bem feito. O contrário também é válido. Por isso, fazer esboços de modos de apresentação, a fim de tornar o assunto claramente comunicado, conciso e que haja coerência entre as seções apresentadas é uma boa dica.10 A organização mais estruturada ou mais informal dependerá do assunto, do projeto e do periódico. Escrever dá trabalho e um deles é o de ordenar e voltar a ordenar as seções, até considerar-se satisfeito.

O estilo, a gramática e a pontuação

Observar atentamente as normas do periódico, embora seja uma condição obrigatória, nem sempre é suficiente para abranger as dúvidas a serem esclarecidas para o pesquisador. Um exemplo é o de avaliar se o artigo poderá ser interessante para outros autores e, se sim, de que países. Outro é de procurar (e encontrar) literatura pertinente na linguagem do periódico. Assim, mesmo que um artigo possa ser relevante para alguns países de diferentes culturas, talvez possa obter maior aproveitamento se publicado em sua própria cultura.8

Do mesmo modo, esses autores chamam a atenção para o uso de instrumentos disponíveis aos pesquisadores, mas não necessariamente apropriados para aplicação em outras culturas, especialmente ao medirem questões comportamentais, crenças e valores. Essa talvez seja uma das grandes limitações na produção do conhecimento dos países de língua não inglesa, porque não temos ainda muitos instrumentos validados disponíveis, mas em contrapartida temos muitos estudos fracamente delineados e pouco rigorosos pelo mau uso de instrumentos de outras culturas. Do mesmo modo, não temos nos debruçado suficientemente sobre essas questões, de modo a criar nossos próprios instrumentos de coleta de dados. Ser crítico no delineamento de um estudo de modo a poder contornar essas situações é essencial.

Relatos completos, claros e transparentes são tão indispensáveis para os leitores julgarem a confiabilidade e utilidade da pesquisa em saúde12-13 quanto a ênfase na sua novidade, exatidão e pertinência.1 Assim, o uso de uma linguagem apropriada à complexidade do tema, mostrando domínio no assunto (abrangência e profundidade) é uma exigência, tanto quanto a necessidade dos leitores - hostis - entenderem o que se deseja, e de preferência, sem muito esforço.2 Nossas frases, em artigos científicos, tendem a ser mais rebuscadas, quando deveriam ser mais diretas. Autores recomendam a voz ativa e até o uso da primeira pessoa, se for o caso, com a finalidade de obter maior fluidez na leitura. O que dará profundidade ao texto é a seleção do que escrever, mais do que como escrever. Do mesmo modo, apenas mostrar conhecimento não é suficiente, como por exemplo, ao aproveitar um trabalho final de disciplina de pós-graduação para publicação. Porque esse tipo de trabalho exige conhecimento sobre o objeto acima de tudo e há a necessidade, neste caso, dos autores avançarem nesse conhecimento, mostrando nuanças ainda não pensadas/publicadas,8 de modo a torná-lo de maior interesse.

Outro grande desafio que temos como autores latinoamericanos, com substancial número de revistas internacionais, avaliadas como as melhores no âmbito da nossa área de conhecimento, é o de publicar na linguagem inglesa. Bom, aí começa outra tarefa, talvez tão exaustiva quanto tudo o que foi tratado até aqui. Inicialmente, a familiaridade com essa linguagem no nosso campo profissional específico é um passo a ser vencido. Talvez uma boa medida seja a de, ao ler artigos em inglês, anotar expressões, criando um glossário para uso pessoal e auxiliar na redação em inglês.

Especialmente se sua língua materna não é a mesma da revista, que frases você pode utilizar em seu trabalho? Além disso, a utilização de trabalhos já publicados pode ajudar a encontrar modelos apropriados para a sua apresentação?7

Escrever em inglês, mesmo que de modo inseguro, ainda pode ser melhor do que pagar um tradutor. Várias experiências têm se mostrado insuficientes, mesmo buscando um tradutor que tenha familiaridade com a área, ou com a linguagem. Frequentemente recebemos respostas, tais como: "although I applaud the author(s) for submitting this manuscript it needs major work by an Editor. Although (nome da revista) has an international readership the articles must be clearly and logically written in English. Once rewritten the true merits of the manuscript can be determined", ou mesmo "the grammar in this article was too poor to allow me to understand what the author was attempting to tell me" (resposta recebida por autores, referente a artigo submetido a periódico internacional). Editores internacionais recomendam buscar auxilio em editores com um inglês mais avançado, que possam efetivamente realizar uma análise crítica antes da apresentação do manuscrito ao periódico.7-8 É conveniente lembrar que os padrões de qualidade exigidos aplicam-se a todos os manuscritos e que em um periódico com alta demanda, uma boa apresentação pode fazer a diferença entre os demais trabalhos apresentados com calibre científico comparável.1

Aspectos éticos e envio à publicação

Tendo em vista a ampla discussão sobre aspectos éticos ligados à autoria, replicação de dados, originalidade do artigo6,10,13 e comitês de ética e suas exigências,14 vamos nos deter a questões ligadas aos direitos autorais e de publicação, e aos conflitos de interesse, por nos parecerem também polêmicos e menos abordados. Parece haver uma confusão na compreensão das diferenças entre direito de autor e de publicação. De modo geral, esses direitos se relacionam com o modo pelo qual o material pode ser utilizado e divulgado. Há uma diferença entre direito autoral e direito à copia - copyright em inglês. No caso do direito autoral, o foco está na pessoa do direito, o autor, enquanto que no copyright, o foco está no objeto do direito, a obra.5 O direito autoral tem por escopo fundamental a proteção do criador e, ao contrário, o copyright protege a obra em si, ou seja, o produto, dando ênfase à vertente econômica, à exploração patrimonial das obras através do direito de reprodução. Ao repassar o direito de reprodução, o titular dos direitos autorais estará colocando à disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo que desejar, a título oneroso ou gratuito. Ou seja, exceto o direito à copia, outros direitos de propriedade relacionados ao manuscrito são dos autores.10 Contudo, para reproduzir qualquer texto, figura, tabela ou ilustração do manuscrito em manuscritos futuros os autores deverão pedir permissão ao periódico, proprietário (por um determinado tempo) do direito de cópia.10

Outros aspectos a serem bem conhecidos pelos autores são os conflitos de interesse.10,13 Esses ocorrem em casos de trabalhos feitos sob encomenda de alguma empresa ou instituição, ou mesmo à serviço de uma instituição. Então, por exemplo, um enfermeiro que realiza uma coleta de dados na sua instituição de trabalho deverá organizar a mesma, de modo que não provoque conflito de interesse ao fazer ele mesmo o estudo, o que poderia provocar viés na coleta de dados. Ao mesmo tempo, sendo o trabalho financiado por algum órgão governamental ou de outra esfera institucional, deverá haver a citação/agradecimento a tal instituição. O importante, nestes casos, é não haver prejuízo na objetividade da investigação.7,13 Imprescindível portanto, ao iniciar o estudo, portar de todas as autorizações necessárias, inclusive autorização da instituição para divulgação do seu nome em publicações, se for o caso. Cada periódico tem o formulário próprio para esses aspectos, havendo variação nos mesmos de acordo com sua política editorial.Veja também as regras para citação textual pois, dependendo do número de palavras, poderá ser preciso uma autorização do autor do texto citado.

TÓPICOS IMPORTANTES NO ENVIO À PUBLICAÇÃO

Revisar quantas vezes forem necessárias um texto é uma medida para escrever bem, ou, escrever bem pode depender, em parte, de revisar bem.7,15 Fazer de seis a 10 rascunhos para escrever um bom manuscrito é bastante normal.8 Para cada hora trabalhada por um revisor ou editor, o autor trabalha sete, além do que, normalmente o editor tenderá a defender o argumento do revisor.11

O cuidado nas citações é um aspecto avaliado pelos revisores, de modo a encontrar coerência entre as citações e as referências, assim como a clareza na escrita, com trechos de transição e união entre ideias, auxiliando o leitor à antecipação de conclusões.13 Assim, veja se há informações que não sejam imprescindíveis, se há lógica e coerência entre as partes, se a informação é exata, se não há figuras, quadros desnecessários e, finalmente, se as normas adotadas pelo periódico foram seguidas na íntegra.

Na submissão eletrônica, alguns periódicos solicitam uma cover letter. Ela é uma oportunidade para o autor apresentar a si e o manuscrito, de modo a reforçar seus aspectos mais originais, base teórica, e abrangência dos estudos selecionados para a construção do processo de investigação. Nela, os autores também poderão declarar conflitos de interesse, como por exemplo, com editores do periódico, staff ou mesmo, revisores.9

Uma carta consulta, query letter, pode ser um modo de apresentar você e seu manuscrito para um editor, e também pode servir de exemplo ao editor de como você pensa e escreve. Um benefício que vislumbramos é o de que, caso você ainda não tenha o artigo nas normas de um periódico específico, é possível você adaptar seu artigo às necessidades do periódico e às sugestões do editor, caso ele se interesse. Você ainda tem a possibilidade de poder enviar várias cartas a vários editores, de forma a investir em um periódico que realmente se interesse por seu assunto, poupando seu tempo e investindo-o melhor ao escrever. Fazer uma consulta on-line a um periódico pode tornar sua publicação 90% melhor aproveitada que outros artigos submetidos ao mesmo periódico.6,8

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Publicar em periódicos bem conceituados e indexados, principalmente os internacionais, é um desafio árduo da maior parte dos pesquisadores da enfermagem, principalmente da latino-américa. Os aspectos que foram salientados neste texto não esgotam a necessária reflexão e cuidado dos autores ao elaborar e enviar artigos para as revistas.

A aceitação de um artigo em revista com renome e importância na área da enfermagem é uma conquista que consolida a divulgação do conhecimento produzido, bem como coroa a possibilidade de aplicação na prática da profissão.

Portanto, é responsabilidade e compromisso dos autores que seja realizado um constante consumo do que é publicado em sua área especifica, bem como um conhecimento geral sobre o que se tem publicado sobre a enfermagem, pois assim cria a possibilidade de estar constantemente se inteirando do que se produz e ainda compreendendo o contexto e o todo do conhecimento produzido.

Destacamos que os passos trazidos nessa reflexão, ou seja, a geração e a consolidação de uma ideia, a definição de parcerias, o foco no leitor, a escolha do periódico, a organização do artigo e os aspectos éticos não ocorrem necessariamente nessa ordem. São passos que se complementam no processo de produção do conhecimento e podem ser retomados ao longo dele, até que os autores - propositores do manuscrito - sintam-se suficientemente satisfeitos a partir do seu referencial crítico e, finalmente, enviem à publicação.

Sendo assim, esperamos contribuir para a publicação de artigos com qualidade, pois publicar para qualquer profissional que almeje estar em sintonia com o mundo da ciência é uma exigência. No entanto, requer habilidades e conhecimentos específicos, que podem ser aperfeiçoados em grupos de pesquisa, no convívio com outros pesquisadores, no exercício da função de revisor e avaliador ad hoc, entre outras situações.

Recebido: 15 de março de 2011

Aprovado: 28 de novembro de 2011

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  • Correspondência:
    Ana Lucia Cardoso Kirchhof
    Rua Vereador Ramon Filomeno, 183, ap. 804, Bl. Manacá
    88.034-495, Itacorubi, Florianópolis, SC, Brasil
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Mar 2012
    • Data do Fascículo
      Mar 2012

    Histórico

    • Recebido
      15 Mar 2011
    • Aceito
      28 Nov 2011
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