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O corpo da mulher em revista: o imperativo da beleza1 1 Artigo elaborado a partir da dissertação - Todo lo que interesa a la mujer: discursos sobre saúde na revista Para Ti, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2012.

Resumos

A mídia nos interpela, produz modelos de vida, nos mostra como devemos agir nas mais variadas situações. Sendo assim, propomos conhecer os investimentos na beleza veiculados na revista Para Ti, no ano de 1940, refletindo sobre suas condições de possibilidade e os modos como circulavam produzindo subjetividades e ensinando suas leitoras a serem belas. O estudo é de natureza qualitativa, tendo como base os Estudos culturais, em sua versão pós-estruturalista. Constituíram o corpus da pesquisa 23 exemplares da revista argentina Para Ti do ano de 1940. Foi realizada uma análise cultural apoiada em teorizações sugeridas pelo filósofo Michel Foucault, como poder e disciplina. As análises foram organizadas no marcador intitulado "o imperativo da beleza". A partir do que a revista apresenta, podemos entender as relações que mantemos com a imagem de um corpo belo hoje, conectando-o à magreza, a uma alimentação balanceada, à prática de exercícios, à normalidade, à saúde.

História; Corpo humano; Beleza


The media challenges us, creating ways of life and showing us how to behave in various situations. Therefore, we propose to understand the investments on beauty conveyed on Para Ti magazine, in 1940, reflecting on the possible conditions of such messages and the way they circulated producing a subjective mindset and teaching their readers how to be beautiful. We understand that the media provides material with which people forge their identity. This is a qualitative study based on post-structuralist cultural studies. The research corpus consists of issues of the Argentinean magazine Para Ti, from 1940. A cultural analysis was carried out based on concepts suggested by philosopher Michel Foucault, such as power and discipline. These analyses were organized under the marker named "the imperative of beauty". Considering the content presented by the magazine, it is possible to understand the relationship we have with today's image of a beautiful body, associating it with thinness, a balanced diet, exercise, normality, and health.

History; Human body; Beauty


Los medios de comunicación nos desafían, hacen que los modelos de vida, nos muestre cómo debemos actuar en diversas situaciones. Por lo tanto, proponemos analizar las inversiones en la belleza transmitidas en la revista Para Ti, en el año de 1940, reflejando sobre las condiciones de posibilidad de esos discursos y los modos cómo circulaban produciendo subjetividades y enseñando a sus lectoras a ser lindas. Entendemos que los medios ofrecen material con el que las personas forjan su identidad. El estudio es de naturaleza cualitativa, teniendo como base los estudios culturales, en su versión post-estructuralista. Constituyeron el corpus de la investigación ejemplares de la revista argentina Para Ti del año de 1940. Se realizó un análisis cultural apoyado en teorizaciones sugeridas por el filósofo Michel Foucault, como poder y disciplina. Los análisis fueron organizados en el marcador intitulado "el imperativo de la belleza". A partir de lo que la revista presenta, podemos entender las relaciones que mantenemos con la imagen de un cuerpo bello hoy, conectándose a la delgadez, a una alimentación balanceada, a la práctica de ejercicios, a la normalidad, a la salud.

Historia; Cuerpo humano; Belleza


INTRODUÇÃO

A mídia faz parte de nossa rotina, influenciando nossas ações e, mais do que isso, nos ensinando a agir. Os conteúdos veiculados pelos meios de comunicação nos atingem diretamente, já que fazem parte da nossa cultura e têm presença constante na vida de todos nós. A mídia nos interpela, produz modelos de vida, nos mostra como devemos agir e o que devemos fazer nas mais variadas situações. Ela exerce importantes efeitos socializantes por meio de seus exemplos e de suas variadas "posições de sujeito", valorizando determinados modos de ser e desvalorizando outros.11. Kellner D. Televisão, propaganda e construção da identidade pós-moderna. In: Kellner D. A cultura da mídia. Bauru (SP): EDUSC; 2001. p. 295-334. Esses ensinamentos fazem parte de uma gama de estratégias pedagógicas que, ao circularem no contexto social, interpelam os sujeitos, promovendo a educação e governando indivíduos.22. Andrade SS. Mídia, corpo e educação: a ditadura do corpo perfeito. In: Meyer DE, Soares RFR. Corpo, gênero e sexualidade. Porto Alegre (RS): Mediação; 2004. p.106-20. Acreditamos que é na mídia que as coisas mais aparecem e circulam. Assim, aquilo que somos é também fruto das interpelações que os meios de comunicação nos fazem. Ao pensar na mídia como um lugar onde o poder se exerce, lembramos que ela também pode ser tratada como uma instância que pratica a chamada pedagogia cultural, já que sabemos que o ato de ensinar não se limita a escola. Por isso, podemos crer que ela educa os corpos como qualquer outra instância educativa.4 4. Andrade SS. Uma boa forma de ser feliz: representações de corpo feminino na boa forma [dissertação na Internet]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação; 2002 [acesso 2011 jul 28]. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/1623/000353790.pdf?sequence=1
Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/...
Seus discursos funcionam como estratégias de poder, produzindo sujeitos e ensinando estilos de vida.33. Niemeyer F, Kruse MHL. Constituindo sujeitos anoréxicos: discursos da revista Capricho. Texto Contexto Enferm [online]. 2008 [acesso 2013 Mai 27]; 17(3). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000300006&lng=pt&nrm=iso
Disponível em: http://www.scielo.br/scie...
De acordo com o contexto social e cultural no qual estão inseridos, os meios de comunicação subjetivam as pessoas, já que escolhem determinados discursos e não outros para colocar em circulação. Acreditamos que os meios de comunicação sempre tiveram o poder de educar os indivíduos, e que somos alvos das informações disseminadas pela mídia.

As revistas, como integrantes do universo midiático, podem ser pensadas a partir de seu caráter pedagógico, porque seus discursos são endereçados a determinado público, sendo acionadas diferentes estratégias para interpelar as pessoas. O que assistimos na televisão, o que lemos nas revistas e o que ouvimos no rádio constituem artefatos culturais que exercem influência no que pensamos de nós mesmos, em nossas identidades.22. Andrade SS. Mídia, corpo e educação: a ditadura do corpo perfeito. In: Meyer DE, Soares RFR. Corpo, gênero e sexualidade. Porto Alegre (RS): Mediação; 2004. p.106-20. Existiram e existem diferentes estratégias de produção de verdades em nossa sociedade, mas acreditamos que as revistas são aliadas na proliferação dos comportamentos tidos como mais adequados em relação aos cuidados com o corpo, enfatizando a busca incessante da beleza. A divulgação das práticas corporais pela mídia impressa deve ser destacada, apontando que os discursos das revistas vêm produzindo o corpo da mulher ao longo do tempo. As revistas podem ser tratadas como integrantes de uma pedagogia que visa a produção de um determinado tipo de corpo feminino.44. Andrade SS. Uma boa forma de ser feliz: representações de corpo feminino na boa forma [dissertação na Internet]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação; 2002 [acesso 2011 jul 28]. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/1623/000353790.pdf?sequence=1
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Acreditamos que a imagem da mulher está associada aos padrões de beleza disseminados. A associação entre feminilidade e beleza atravessa os séculos e as culturas. No entanto, as formas de problematizar a aparência, as maneiras de arquitetar e determinar o embelezamento são constantemente modificadas.55. Kruse FL. A propaganda moldando o corpo da mulher: uma análise da revista Para Ti na década de 40 [trabalho de conclusão de curso]. Porto Alegre (RS): Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2009. Existe um diversificado registro dos gestos que embelezam, encontrados em diferentes arquivos: manuais de boa forma, anúncios publicitários e conselhos publicados em revistas femininas. Até mesmo esses gestos de embelezamento possuem uma história, que pode se conformar às regras morais de uma determinada sociedade. O que era desejável e belo no passado pode ser considerado artificial em épocas mais recentes. O conteúdo que constitui esses valores varia com o tempo, modificando assim a relação entre feminilidade e cultura, entre o corpo e os gestos que embelezam.66. Sant'Anna DB. Apresentação. In: Sant'Anna DB. Políticas do corpo. São Paulo (SP): Estação Liberdade; 1995. p. 11-8.

Ao tentar buscar as condições que possibilitaram o surgimento dos modos de ver e descrever o corpo belo que conhecemos hoje, retornamos a uma revista que circulou em 1940 na tentativa de traçar a partir desse material uma determinada historicidade para os corpos. Sendo assim, propomos analisar os discursos acerca do corpo da mulher na revista Para Ti, discutindo sobre as condições de possibilidade desses discursos, tidas aqui como os mecanismos que permitem a construção dos saberes, pensando sobre os modos como circulavam, produzindo subjetividades e ensinando suas leitoras a serem belas.

Folheando as Revistas Para Ti de 1940, pensamos em como eram os investimentos acerca da beleza nos corpos das mulheres no início do século XX. Acreditamos que, ao refletirmos sobre essa questão podemos problematizar as maneiras como se dão as práticas corporais nos dias de hoje. Não buscamos uma linearidade, uma continuidade dos discursos que circularam em 1940 e que circulam hoje, ou um amadurecimento de ideias recorrentes, já que não tomamos a contemporaneidade como o produto final de um progresso. Ao pensarmos com Foucault, fica evidente que a importância não está em procurar as transformações que um determinado objeto sofreu ao longo do tempo em uma dada cultura, mas tornar problemático e histórico o que vemos como natural.77. Kruse MHL. Os poderes dos corpos frios: das coisas que ensinam às enfermeiras. Brasília (DF): ABEn; 2004.

Na esteira dessas problematizações, apontamos o objetivo desse artigo: conhecer os investimentos na beleza veiculados na revista feminina Para Ti. Consideramos importante a análise do corpus em questão para que se possa compreender a contingência e historicidade dos procedimentos e práticas corporais inventores dos corpos belos que circulam na pós-modernidade. Pensando que a adoção de práticas e hábitos para a manutenção da saúde está recorrentemente associada à beleza, acreditamos que esse estudo contribui para a prática da enfermagem e a preservação da saúde das mulheres.

METODOLOGIA

O estudo foi de natureza qualitativa, tomando como objetos de análise 23 exemplares da revista argentina Para Ti, datados de 2 de janeiro até 25 de junho de 1940. Tal revista tem publicação semanal e circula até hoje. Sendo a Para Ti a primeira revista feminina da América Latina, ela circulava com facilidade no Brasil. Com uma grande circulação entre o público feminino, a tiragem variava entre 250.000 e 280.000 exemplares. Escolhemos essa revista pelo fato de ela se dirigir ao público feminino, com discursos recorrentes sobre beleza e saúde, tendo como aliadas diversas instituições e sujeitos vistos pela sociedade como detentores de poder.

Tendo como base os estudos culturais, em sua versão pós-estruturalista, partimos do pressuposto de que a cultura compreende uma rede de práticas e representações como textos, imagens, conversas, códigos de comportamentos, que influenciam a vida social.88. Frow J, Morris M. Estudos culturais. In: Denzin N. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre (RS): Artmed; 2006. p.315-44. Assim como as análises pós-estruturalistas, os estudos culturais se deslocam da posição que admite a existência de um lugar privilegiado que inspire o conhecimento. Para isso, é preciso buscar as condições de possibilidades dos discursos, os mecanismos existentes que possibilitam a construção dos saberes.9 9. Costa MV. Estudos culturais - para além das fronteiras disciplinares. In: Costa MV. Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema. Porto Alegre (RS): Ed. da UFRGS; 2000. p.13-36.Para explorarmos os discursos das revistas, utilizamos a análise cultural. Essa forma de análise expõe mecanismos de subordinação, controle e exclusão, que produzem efeitos no mundo social, revelando como os saberes podem ser pensados em diferentes épocas, de acordo com seu caráter histórico e cultural.99. Costa MV. Estudos culturais - para além das fronteiras disciplinares. In: Costa MV. Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema. Porto Alegre (RS): Ed. da UFRGS; 2000. p.13-36. Além disso, também operamos com algumas teorizações sugeridas pelo filósofo Michel Foucault, como poder e disciplina. Para conhecermos os investimentos na beleza veiculados na revista, olhamos os estímulos que a mídia exerce nas mulheres para que elas se tornem belas, e analisamos essas revistas para que de alguma maneira possamos entender como viemos a pensar na beleza da maneira como pensamos.

Em nossas análises, optamos por utilizar a palavra "marcador" para indicar alguns traços distintivos que sinalizam determinados sentidos nas análises. Não tivemos a intenção de categorizar os achados em hierarquias fixas, por isso não utilizamos o termo "categorias". A imagem da mulher, associada aos padrões de beleza disseminados na revista, nos fez pensar em um "imperativo da beleza", percebendo que a beleza do corpo feminino era cultuada também em 1940.

Uma das teorizações que utilizamos foi o entendimento de poder para Foucault. Ao perceber que o corpo belo apresentado pela mídia faz parte dos diversos processos de subjetivação humana em nossa cultura, é impossível não pensar nas relações de poder existentes nesse contexto. Além disso, também trazemos o que Foucault tratou como disciplina - técnica destinada ao controle e adestramento dos corpos individuais -, com tópicos minuciosos de cuidados ao corpo destinados às leitoras. Ao pensar em um imperativo da beleza, nos remetemos às conceituações acerca do que Foucault tratou como "tecnologias do poder" nos séculos XVII e XVIII, quando começaram a investir sobre o corpo individual; surgindo a separação, o alinhamento, a colocação em série e a vigilância desse corpo, assim como a organização de um campo de visibilidade para ele. Esses artifícios permitem um controle sobre o corpo que se sujeita e estabelecem uma relação de docilidade-utilidade com os mesmos. A disciplina é uma forma de exercício de poder, que tem como objetivo a normalização, o detalhamento e a organização dos corpos; ela analisa e decompõe os indivíduos em elementos suficientes para percebê-los e modificá-los.1010. Foucault M. Segurança, território, população. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2008.

11. Foucault M. Vigiar e punir. Petrópolis (RJ): Vozes; 2009.
- 1212. Foucault M. História da sexualidade I: a vontade de saber. São Paulo (SP): Graal; 2010.

Para realização dessa pesquisa foram utilizadas informações de documentos de caráter público, não necessitando passagem pelo comitê de ética, uma vez que não se refere à pessoa que escreve, mas ao lugar que ocupa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em nossas discussões, olhamos para os discursos da revista mostrando-os como resultado da rede de práticas humanas. Dessa forma, acreditamos que muitas coisas que hoje nos parecem naturais - como a imagem de um corpo belo - são frutos de uma série de eventos contingentes. Para Foucault, a história mostra como aquilo-que-é-não-foi-sempre e como "as coisas que nos parecem mais evidentes são sempre formadas na confluência de embates e acasos, durante o curso de uma história precária e frágil"13:18

Imperativo da beleza

Em relação aos cuidados que as mulheres deveriam ter consigo mesmas, percebemos que a beleza feminina era um assunto que perpassava a revista Para Ti regularmente. Tal observação nos fez acreditar na existência de um "imperativo da beleza" também em 1940. Pele, cabelo, pernas, braços, dentes, unhas, mãos, enfim, diferentes partes do corpo são constantemente mencionadas e alvo de prescrições para mantê-las admiráveis e belas. Através dos meios de comunicação, os imperativos da beleza, da juventude e da longevidade atingem a todas nós. Exemplos nos são mostrados para que possamos conseguir uma maneira de sermos belas, magras, saudáveis e eternas.14 14. Fischer RMB. O dispositivo pedagógico da mídia: modos de educar na (e pela) TV. Educ Pesq [online]. 2002 [acesso 2011 Mai 04]; 28(1). Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/19240/000095967.pdf?sequence=1
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No decorrer do século XX, o que era tido como saudável e belo sofreu transformações em relação a períodos anteriores. Conquistar um corpo dotado de saúde e de beleza passou a ser um objetivo individual e a fazer parte da responsabilidade da mulher.44. Andrade SS. Uma boa forma de ser feliz: representações de corpo feminino na boa forma [dissertação na Internet]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação; 2002 [acesso 2011 jul 28]. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/1623/000353790.pdf?sequence=1
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Como esses ensinamentos se articulam aos discursos da saúde, as estratégias para tornar-se mais bonita ficam mais reforçadas, adquirindo maior credibilidade. Em um anúncio sobre um tônico, a frase que inicia o texto ilustra essa associação: "La salud es un poderoso factor de simpatia. Ningún tipo de belleza es mas sugestivo que el encanto que irradia la mujer plena de vigor, salud e vitalidad".15:8

Na primeira metade do século XX, as publicidades falavam de produtos, comumente chamados de remédios, que combatiam os "defeitos" da aparência feminina. As revistas veiculavam propagandas de remédios para a beleza, caracterizando a polivalência desses produtos, que curavam de rugas a feridas, de cansaço a cicatrizes. Pomadas que prometiam afinar a cintura, branquear a pele, escurecer os cabelos brancos, eram normalmente caracterizadas como remédios.16 16. Sant'Anna DB. Cuidados de si e embelezamento feminino: fragmentos para uma história do corpo no Brasil. In: Sant'Anna DB. Políticas do corpo. São Paulo (SP): Estação Liberdade; 1995. p.121-39.Em um anúncio de creme para o rosto, a frase em destaque é: "una belleza perfecta con Crema de Oriente Vindobona".17:30 Depois disso, observamos que, ao explicar o funcionamento do creme, o texto enfatiza seus comentários acerca da saúde da pele. Ao relacionar as impurezas do rosto ao mau funcionamento da pele, é o creme que vai curar o problema: "las propriedades nutritivas, tónicas y estimulantes de sus ingredientes, permiten eliminar las impurezas del rostro que son causa frecuente del mal funcionamiento de la piel".17:30

Observamos que em diversos momentos a revista utiliza o médico para enfatizar seus ensinamentos. Atribuímos a esse profissional o que Foucault chamou de expert, onde esse constitui o sujeito que tem a permissão de falar sobre determinados assuntos, já que não é qualquer um que pode falar sobre qualquer coisa.18 18. Foucault M. A ordem do discurso. São Paulo (SP): Loyola; 2007.Em uma sociedade onde o médico aparece como participante na organização moral e social das famílias, mostrar a falta de beleza como doença incentiva a necessidade dos cuidados médicos e de tratamentos com remédios. Esse comportamento aponta o surgimento da importância da medicina e dos remédios na vida cotidiana, tendência que se confirma até os dias de hoje. Assim como na busca da saúde, os remédios também auxiliariam na busca da beleza, mostrando a forte aliança entre beleza e saúde. Em uma peça publicitária sobre uma medicação para melhorar o funcionamento do intestino, encontra-se uma evidente ilustração dessa aliança: "cuide de su salud. El consejo médico le permitirá gozar de una vida sana y eficiente. No olvidemos: para mantener bien el intestino y librarlo de las toxinas perniciosas conviene um tratamiento depurativo bajo dirección del médico. Pra una piel sana, un cútis limpio, libre de granitos, pecas o manchas".19:16

A ciência também é colocada em discurso quando o assunto é beleza. Em diversas propagandas de cosméticos é utilizado o argumento científico para aumentar a crença na eficácia do produto. Em um anúncio de creme,2020. Crema sanacutis. Rev Para Ti. 1940 Abr; 934:36. o texto diz que, quando um produto tem a missão de cuidar de algo tão delicado como a pele da mulher, não pode ser simplesmente uma combinação de ingredientes sem caráter científico. A frase em destaque de tal anúncio é: "la ciencia de la belleza". Ainda enfatiza: "Crema Sanacutis é un cientifico preparado".20:36 Outro creme também mostra sua eficácia usando a ciência como argumento: "ocacia es el producto cientifico que regenera y rejuvenece el cutis".21:60 Além dos cremes, alguns sabonetes também se aliam ao discurso científico: "Palmolive está hecho en uma fórmula científicamente estudiada".22:17 A mídia se alia ao discurso científico, e essa ligação garante a ela legitimidade e credibilidade. A ciência assume um papel decisivo na produção dos discursos considerados verdadeiros. Certamente podemos pensá-la como o mais poderoso regime de verdades inventado na modernidade.2323. Costa MV. Uma agenda para jovens pesquisadores. In: Costa MV. Caminhos investigativos II: outros modos de pensar e fazer pesquisa em educação. Rio de Janeiro (RJ): DP&A; 2002. p.143-156.

Dentre essas lições, a busca por um corpo esbelto aparece como importante componente de beleza e saúde. Na corrente de culto ao corpo, são associadas tendências de estética e saúde, sendo um corpo saudável confundido com um corpo belo e vice-versa. Dentro dessa corrente, a obesidade contraria tanto os ideais de beleza como os de saúde, tornando-se o grande mal da sociedade. Sendo assim, o exercício físico e a dieta alimentar aparecem como pontos convergentes do discurso da beleza associado ao da saúde.2424. Mira MC. O leitor e a banca da revista: o caso da Editora Abril. [Tese]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas; 1997 Em uma reportagem intitulada "La Esbeltez Requiere um Regimen",25:66 é citada uma grande preocupação das mulheres com o emagrecimento. Por isso, segundo o texto, muitas vezes a mulher submete-se a tratamentos severos em busca desse objetivo, sacrificando inclusive sua saúde. Na matéria da revista, é explicado que, para ter silhueta esbelta, são necessárias mudanças no estilo de vida que vão desde o cuidado com a alimentação até a prática de exercícios físicos, artifícios esses considerados saudáveis. O texto ressalta que não é possível ser esbelta sem preocupações, já que afinar o corpo requer "un regimen metódico de vida".25:66

Em uma das colunas, "Informaciones Femeninas"26:90, a prática de exercícios aparece como primordial na busca pelo corpo magro: "la conservación de la línea exige la práctica cotidiana de movimientos gimnásticos que hagan trabajar con preferencia los músculos abdominales y quemen las grasas".26:90

Em uma reportagem intitulada "La obesidad y la mesa",27:71 o texto explica as causas da obesidade e a associa a várias enfermidades. Ainda comenta qual deve ser o tratamento para os obesos, com dicas que incluem a diminuição na alimentação e o estímulo das funções renais e intestinais. A "falsa crença" da saúde associada à gordura é referida, e é mostrado um forte motivo para manter-se magro: "[...] en los casos apuntados conviene que se proceda a una cura de adelgazamiento, pero bajo la estricta vigilancia del médico, pues la gordura no es, como muchos piensan, uma manifestación de salud, sino todo lo contrario".27:71 Podemos observar aqui também a onipresença do discurso médico em relação a saúde da população. Além do cuidado com as doenças, é ele quem deve tratar das questões relativas à obesidade e ao emagrecimento, mantendo o risco de doenças relativas ao peso cada vez mais distante.

A revista ensina que a obtenção do corpo considerado belo e saudável requer persistência e disciplina. Não podemos esquecer que, em qualquer sociedade, o corpo encontra-se submerso em poderes que lhe impõem limitações, proibições e obrigações.1111. Foucault M. Vigiar e punir. Petrópolis (RJ): Vozes; 2009. Foucault28 28. Foucault M. Poder-corpo. In: Foucault M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro (RJ): Graal; 2005. p.81-5.conta que, do final do século XVIII até o século XX, acreditava-se que o investimento no corpo pelo poder deveria ser denso, rígido, constante. Porém, tal poder não tinha apenas uma função repressora, pois se agisse somente pela censura e se seu exercício se desse apenas de um jeito negativo ele seria bastante frágil. Sua força provinha justamente do fato de também produzir efeitos positivos, tanto no nível do desejo como no do saber. O poder produz o saber. Através de um conjunto de disciplinas foi possível construir sobre o corpo um saber fisiológico, orgânico. Na reportagem já citada - "La esbeltez requiere um regimen"25:66 -, o texto ensina determinados saberes sobre o corpo esbelto e instiga o desejo de adquirir esse corpo. A finalização mostra mais alguns motivos para que as leitoras sigam suas prescrições: "la esbeltez es capital para disminuir la edad, al menos en apariencia, para conservar la juventud y la flexibilidad fundamental para tener um andar gracioso y para la elegância de los movimientos".25:66

Vemos a busca pelo corpo magro como uma estratégia em que a tecnologia do poder disciplinar prevalece. Na medida em que a disciplina tenta reger a multiplicidade dos homens os desdobrando em corpos individuais que devem ser vigiados, treinados e, em algumas situações, até mesmo punidos, ela instaura as medidas - adestramentos - que devem ser tomadas para a obtenção do corpo tido como ideal.29 29. Foucault M. Em defesa da sociedade. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2000.Ao considerar o indivíduo no detalhe é que as práticas ensinadas para a obtenção do corpo magro - alimentação, exercício - passam a ser possíveis. Em uma reportagem intitulada "Ejercicios para afinar la silueta",30:66 são ensinados diferentes tipos de exercícios que ajudam a emagrecer. Ainda explica que a busca pelo corpo magro e saudável se dá através de diversos comportamentos, e identificamos a disciplina regendo tais ensinamentos. Afinal, para conquistar uma silhueta magra, devemos ter disciplina - cuidar o que comemos e nos exercitar constantemente: "aunque los regimes alimentícios juegan un papel preponderante en el afinamiento de la silueta, solo los ejercicios practicados con constancia están en condiciones de conservarla celosamente en un justo peso y armonía, y pueden hacerla más esbelta refiriéndonos a personas que necesitan quemar grasas y disminuir kilos superfulos. La gimnasia, aparte del valor que representa dentro del embellecimiento femenino, pone en actividad a todo el cuerpo, lo que se traduce en salud y confiere lozanía al cútis, vivacidad a la mirada, etc".30:66

Para Foucault,2929. Foucault M. Em defesa da sociedade. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2000. a norma é aplicada da mesma maneira ao corpo e à população, ela permite o controle da ordem disciplinar do corpo e dos acontecimentos aleatórios de uma multiplicidade biológica. Na sociedade de normalização, cruzam-se tanto as normas de disciplina quanto as de regulamentação. Quando se diz que o poder passou a cuidar da vida, percebe-se que ele cobriu toda a superfície que se estende do corpo à população, através das tecnologias disciplinares de uma parte e das de regulamentação de outra, fazendo uma espécie de jogo duplo. Além disso, Foucault1010. Foucault M. Segurança, território, população. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2008. falava do caráter prescritivo da norma, porque é em relação a essa norma estabelecida que a determinação do normal e do anormal, bem como sua identificação, se torna possível. Como exemplo de um discurso tido como dentro da norma, citamos a imagem de um corpo magro associado à saúde. É o corpo sem gorduras que é considerado normal, que é tido como saudável. A partir dele é que vão se traçando corpos anormais, que fogem da prescrição da norma, corpos considerados doentes ou mais propensos a adoecerem. Em um tópico da coluna "Informaciones Femeninas",31:90 a mensagem sobre a obesidade é associada a doenças: "la sobrealimentación origina intoxicaciones serias, altera el perfecto funcionamiento del hígado y de los riñones, y conduce a la obesidad con toda su sucuela de molestias y padecimientos".31:90

Em uma coluna chamada "Cuadritos de la ciudad",32:17 um dos assuntos abordados é em relação ao corpo magro. O texto que tem como título "La silueta ideal", fala sobre uma mulher elegante que, ao caminhar pela cidade, faz com que todas as mulheres - jovens e maduras - parem para admirá-la. Ao perguntar sobre quem causa tanta admiração, se é uma estrela de Hollywood ou alguma artista nacional de teatro, a resposta é a seguinte: "nada de eso! La que llena de celosa admiración él corazón de sus hermanas, es una joven dama cuya silueta 'estilizada' forma uma sola línea, de una delgadez tan extremada que el trajecito estampado que la viste, parece que flotara solo [...]".32:17 O texto ainda aborda a questão de alguns jornais e revistas mencionarem que a silhueta feminina que está na moda é a que tem "las formas", porém adverte: "mentira! Generosa mentira para consolar a las que las tienen! La flacura, la esbeltez, sigue siendo el ideal del bello sexo".32:17 Ainda fala dos protestos de médicos e higienistas que se preocupam com a desnutrição e a consideram um perigo para a saúde. Parece que dessa maneira a revista mostra o contradiscurso sobre a silhueta ideal, abstendo-se de não ter advertido sobre os problemas que a busca pelo emagrecimento pode causar. Dizemos isso porque, apesar do discurso médico cauteloso, fica a mensagem de que, acima da saúde, o corpo esguio seria o objetivo a ser alcançado pelas mulheres. Assim, o corpo magro está associado à normalidade. Quem não deseja estar inserido no discurso da norma, ser considerado normal? Obesos estão fora, são eles os anormais quando o assunto é idealização do corpo. Eles são a exceção: "nessa busca de significação e de novas representações harmonizadas com o século XX, a obesidade passa a ser indício de doença e de feiúra, e a magreza, análoga à saúde e à beleza".4:33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foucault1111. Foucault M. Vigiar e punir. Petrópolis (RJ): Vozes; 2009. pensava na alma como algo produzido no interior, na superfície e ao redor do corpo, por meio do funcionamento de um poder que se exerce aos que são punidos, vigiados, controlados. Uma alma que funciona como uma engrenagem onde as relações de poder dão lugar a um saber possível e esse saber reforça os efeitos de tal poder: "o homem de que nos falam e que nos convidam a liberar já é em si mesmo o efeito de uma sujeição bem mais profunda que ele. Uma 'alma' o habita e o leva à existência, que é ela mesma uma peça no domínio exercido pelo poder sobre o corpo. A alma, efeito e instrumento de uma anatomia política; a alma, prisão do corpo".11:32 Trouxemos essa citação porque acreditamos que somos levados a pensar de determinada maneira, através de diferentes táticas.

Ao olharmos para o passado, podemos entender as relações que mantemos com a imagem de um corpo belo hoje, conectando-o ao médico, à magreza, a uma alimentação balanceada, à prática de exercícios, à normalidade, à saúde. Folheando as páginas da revista, observamos que, em 1940, já existiam tais relações. Prática de exercícios físicos e alimentação balanceada compõem os ensinamentos que pretendem disseminar a ideia de que o corpo belo e saudável é o corpo magro. No século XX, a representação da gordura sofreu uma inversão em relação aos séculos anteriores, em que era associada à beleza e à saúde. A magreza se torna o novo ideal de beleza, e a gordura passa a ser vinculada à falta de controle sobre o corpo.44. Andrade SS. Uma boa forma de ser feliz: representações de corpo feminino na boa forma [dissertação na Internet]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação; 2002 [acesso 2011 jul 28]. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/1623/000353790.pdf?sequence=1
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Pensando nas modificações dos padrões de beleza, lembramos que o corpo é uma realidade multifacetada, um objeto heterogêneo e histórico. Justamente devido a esse caráter histórico, o corpo é constantemente (re)fabricado ao longo do tempo, pertencente mais à história do que à natureza. Ele pode ser pensado como um resultado provisório das relações na sociedade, sendo ele próprio um processo.66. Sant'Anna DB. Apresentação. In: Sant'Anna DB. Políticas do corpo. São Paulo (SP): Estação Liberdade; 1995. p. 11-8.

Observamos que a questão da beleza perpassa o corpo magro idealizado com que convivemos há algum tempo. Pelo menos desde a década de 1920, nossa sociedade começou a alimentar uma progressiva aversão pelos gordos.3333. Sant'Anna DB. Notas sobre peso e velocidade dos corpos. In: Sant'Anna DB. Corpos de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea. Campinas (SP): Estação Liberdade; 2001. p.13-26. Por meio de nossos corpos, transmitimos significados sociais bastante profundos; um deles é que nossa corpulência traduz aos olhos de quem a vê a parte de comida que nos atribuímos, simbolicamente a parte que pegamos para nós na distribuição da riqueza social. Como se traduzíssemos nossa lealdade através das regras de distribuição e de nossa adesão ao vínculo social. Assim, os gordos são vistos como pessoas que não conseguem se controlar, como transgressores que violam as regras que governam o comer, a vontade e o controle de si. No entanto, lembramos que devemos estar atentos aos critérios das medidas corporais, porque eles variam fortemente em diferentes culturas e épocas. Há um século, nos países ocidentais, os gordos eram mais amados e admirados, a gordura era associada à saúde e à riqueza. Era preciso ser bem mais gordo do que hoje para ser considerado obeso. Contudo, nos dias de hoje, nesses mesmos países, amam-se e admiram-se os magros.3434. Fischler C. Obeso benigno, obeso maligno. In: Sant'Anna DB. Políticas do corpo. São Paulo (SP): Estação Liberdade; 1995, p. 69-80.

Ao tratar da história do sujeito moderno, Foucault não deixou de fazer uma história política do corpo. O autor comenta que o corpo está inserido em um campo político, já que é alvo de relações de poder, que dirigem suas condutas. O saber sobre o corpo não corresponde necessariamente à ciência de seu funcionamento, e o controle sobre suas forças vai além da capacidade de conter essas forças. Foucault tratou esse saber e essa força como uma tecnologia política do corpo. Tal tecnologia não pode ser localizada em uma instituição específica ou no Estado; ela se encontra em um nível totalmente diferente, como uma microfísica do poder. Nela, o poder se exerce não como uma propriedade, mas como uma estratégia; com técnicas e táticas que atribuem seus efeitos de dominação. Suas relações se dão dentro da sociedade.1111. Foucault M. Vigiar e punir. Petrópolis (RJ): Vozes; 2009. Tomamos a revista Para Ti como elemento dessa estratégia, integrante no processo de disseminação de diferentes discursos, dentre eles o discurso que contempla o que é considerado belo, fazendo com as práticas em busca do padrão de beleza sejam seguidas pelas mulheres.

Olhando para essas revistas publicadas em 1940, procuramos entender como viemos a pensar no corpo belo da maneira como pensamos. Não nos compete panfletar a favor de determinadas causas, defendendo ou acusando as atitudes que tomamos em busca da beleza; se assim fizéssemos, estaríamos dando respostas prévias, esquecendo que escrevemos para aprender, para buscar algum sentido. Procuramos manter uma postura atenta em relação ao que é dado como natural, às verdades inquestionáveis e poderosas que tomam conta de todos nós. O que é escrever dentro de uma perspectiva pós-estruturalista senão lançar perguntas e mais perguntas acerca das ideias herdadas? Estranhar o que é dado como normal, questionar o que é dado como inquestionável. Pode parecer simples, mas pensamos que é mais desafiador do que seguir determinadas prescrições dadas como verdadeiras e acabadas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2014

Histórico

  • Recebido
    08 Out 2012
  • Aceito
    21 Maio 2013
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