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BULLYING: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VITIMIZAÇÃO E À AGRESSÃO NO COTIDIANO ESCOLAR1 1 Artigo extraído da dissertação - Violência escolar: vitimização e agressão entre adolescentes da rede pública municipal de ensino, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Estadual da Paraíba (UFPB), em 2015.

RESUMO

Objetivo:

analisar a prevalência de vitimização e agressão por bullying e tipologias associadas aos fatores sociodemográficos e comportamentos de risco em estudantes.

Método:

estudo transversal, desenvolvido em escolas municipais de ensino fundamental em Campina Grande, Paraíba, Brasil, sendo a amostra representada por 678 adolescentes matriculados do 6º ao 9º ano escolar. Os dados foram atualizados com o programa escolar estatístico Statistical Package for the Social Sciences, sendo utilizado nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95% para realização do teste qui-quadrado de Person.

Resultados:

a prevalência de vitimização de bullying alcançou 29,5%, com predomínio do bullying psicológico, 23,3% e envolvimento majoritário do sexo masculino. Quanto à prática de bullying, 8,4% dos estudantes afirmaram praticarem bullying contra os pares.

Conclusão:

pode-se observar associação entre agressores de bullying com comportamento de risco na escola.

DESCRITORES:
Violência; Bullying; Adolescente; Vitimização; Agressão

ABSTRACT

Objective:

to analyze the prevalence of bullying victimization and aggression and the typologies associated with the sociodemographic factors and risk behaviors in students.

Method:

cross-sectional study, developed in municipal schools of elementary education in Campina Grande, Paraíba, Brazil, with the sample being comprised of 678 adolescents enrolled in the 6th to 9th school years. The data were processed using the statistical school program Statistical Package for the Social Sciences, considering a significance level of 5% and a confidence interval of 95% for carrying out the Person's chi-squared test.

Results:

the prevalence of bullying victimization reached 29.5%, with a predominance of psychological bullying, 23.3%, with the majority involved being male. Regarding the practice of bullying, 8.4% of the students said they practiced bullying against their peers.

Conclusion:

an association between bullying aggressors and risk behavior in school was observed.

DESCRIPTORS:
Violence; Bullying; Adolescent; Victimization; Aggression

INTRODUÇÃO

O bullying surge como uma modalidade da violência na escola e distingue-se a esta, pois diz respeito à afirmação de poder interpessoal por meio da agressão/violência. O termo bullying é de origem inglesa e remete a ações de agredir, intimidar, maltratar e atacar o outro, pautadas em uma relação desigual de poder, visando inferiorizar a vítima produzindo exclusão social.11 Campos HR, Jorge SDC. Violência na escola: uma reflexão sobre o bullying e a prática educativa. Em Aberto [Internet]. 2010 Mar [cited 2015 Jul 10]; 23(83):107-28. Available from: http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/2254/2221
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-22 Costa MR, Xavier CC, Andrade ACS, Proietti FA, Caiaffa WT. Bullying among adolescentes in a Brazilian urban center - "Health in Beagá" Study. Rev Saude Publica [Internet]. 2015 Aug [cited 2015 Jul 15]; 49(56):1-10. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102015000100239&script=sci_arttext
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O fenômeno se dá por meio do uso ofensivo do poder sobre o outro de maneira sutil, intencional, repetitiva e por período prolongado de tempo. Desse modo, constata-se que o bullying, além de assumir o comportamento de perseguição e intimidação ao indivíduo, associa-se, geralmente, a características individuais como idade, tamanho, porte físico, traços de personalidade, desenvolvimento emocional e formação de grupos de estudantes.11 Campos HR, Jorge SDC. Violência na escola: uma reflexão sobre o bullying e a prática educativa. Em Aberto [Internet]. 2010 Mar [cited 2015 Jul 10]; 23(83):107-28. Available from: http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/2254/2221
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2 Costa MR, Xavier CC, Andrade ACS, Proietti FA, Caiaffa WT. Bullying among adolescentes in a Brazilian urban center - "Health in Beagá" Study. Rev Saude Publica [Internet]. 2015 Aug [cited 2015 Jul 15]; 49(56):1-10. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102015000100239&script=sci_arttext
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-33 Limber SP, Olweus D, Luxenberg N. H. Bullying in U.S. Schools: 2012 Status Report. (EUA): Hazelden Foundation; 2013.

Configura-se como problema de Saúde Pública, complexo, multidimensional e relacional entre pares que requer investimentos científicos e políticos para a ampliação do foco sobre a questão, tendo em vista se caracterizar como um objeto de investigação intersetorial permeado por uma diversidade de formas de manifestação.44 Araújo LS, Coutinho MPL, Miranda RS, Saraiva ERA. Universo consensual de adolescentes acerca da violência escolar. Psico USF [Internet]. 2012 [cited 2015 Aug 12]; 17(2):243-51. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712012000200008
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5 Oliveira WA, Silva JL, Yoshinaga ACM, Silva MA. I. Interfaces entre família e bullying escolar: uma revisão sistemática. Psico USF [Internet]. 2015 Jan [cited 2015 Aug 13]; 20(1):121-32. Available from: http://www.scielo.br/pdf/pusf/v20n1/1413-8271-pusf-20-01-00121.pdf
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-66 Hidalgo-Rasmussen C, Molina T, Molina R, Sepúlveda R, Martínez V, Montaño R, et al. Bullying y calidad de vida relacionada con la salud em adolescentes escolares chilenos. Rev Med Chil [Internet]. 2015 [cited 2015 Sep 10]; 143:716-23. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v35n1/07.pdf
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Os atos de agressão que compreendem o bullying classificam-se em três principais grupos: físico, a exemplo de bater, pontapear, chutar e usar armas para agredir; verbal/psicológico, que abarca ameaças, insultos, deboches, apelidos, humilhação e, por último, o indireto, representado por comportamentos de exclusão social, indiferença e extorsão.77 Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre os gêneros. Psicol Esc Educ [Internet]. 2012 Jan [cited 2015 Aug 15]; 16(1):35-44. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572012000100004
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8 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MMA, Andrade SSC, Mello FCM, et al. Bullying in Brazilian school children: analysis of the National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol [internet]. 2014 [cited 2015 May 10]; 17(supl1):92-105. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v17s1/pt_1415-790X-rbepid-17-s1-00092.pdf
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-99 Hui EKP, Tsang SKM, Law BCM. Combating school bullying through developmental guidance for positive youth development and promoting harmonious school culture. Scient World J [internet]. 2011 Aug [cited 2015 May 13]; 11: 2266-77. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3236379/pdf/TSWJ11-705824.pdf
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Há ainda, a modalidade denominada cyberbullying, a qual abrange a agressão repetida com intenção de perseguir e humilhar, por meio de artifícios eletrônicos, especialmente, celular e internet.1010 Stelko-Pereira AC. Avaliação de um programa preventivo de violência escolar: planejamento, implantação e eficácia [tese]. São Paulo (SP): Universidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-graduação em Psicologia; 2012.

Em âmbito internacional, a prevalência de bullying exibe-se com variação de 32% a 2%.1111 Tsitsika AK, Barlou E, Andrie E, Dimitropoulou C, Tzavela EC, Janikian M, et al. Bullying behaviors in children and adolescents: "an ongoing story". Front Public Health. [Internet]. 2014 Feb [cited 2015 Sep 13]; 2(7):1-4. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3918673/pdf/fpubh-02-00007.pdf
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Dados de pesquisa desenvolvida pela Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) encontraram prevalência de estudantes vitimizados por bullying com variação de 8,0% a 46,0%, e de agressores entre 5,0% e 39,0%, com 20,0% das crianças em ambas categorias.22 Costa MR, Xavier CC, Andrade ACS, Proietti FA, Caiaffa WT. Bullying among adolescentes in a Brazilian urban center - "Health in Beagá" Study. Rev Saude Publica [Internet]. 2015 Aug [cited 2015 Jul 15]; 49(56):1-10. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102015000100239&script=sci_arttext
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No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) de 2012 revelou que sofrer bullying por colega da escola atingiu 7,2% dos escolares, enquanto 20,8% dos estudantes demonstraram praticar algum tipo de bullying contra colegas da escola.88 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MMA, Andrade SSC, Mello FCM, et al. Bullying in Brazilian school children: analysis of the National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol [internet]. 2014 [cited 2015 May 10]; 17(supl1):92-105. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v17s1/pt_1415-790X-rbepid-17-s1-00092.pdf
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Ao analisar a produção científica internacional sobre a temática, constataram-se entraves na conceituação e operacionalização do termo bullying, bem como a própria tradução do mesmo. Para além de divergências conceituais, outro aspecto que gera desacordo centra-se na definição de um ponto de corte para o bullying, ou seja, a frequência mínima capaz de transformar um evento de violência escolar para bullying em si.1212 Finkelhor D, Turner HA, Hamby S. Let's prevent peer victimization, not just bullying. Child Abuse Neglect [Internet]. 2012 Apr [cited 2015 May 25]; 36(4):271-4. Available from: http://www.unh.edu/ccrc/pdf/CV239.pdf
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-1313 Jantzer V, Haffner J, Parzer P, Resch F, Kaess M. Does parental monitoring moderate the relationship between bullying and adolescente nonsuicidal self-injury and suicidal behavior? A community-based self-report study of adolescents in Germany. BMC Public Health [Internet]. 2015 Jun [cited 2015 Sep 10]; 15(583):1-8. Available from: http://www.biomedcentral.com/1471-2458/15/583
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A construção de tais consensos científicos contribui na formulação do entendimento do fenômeno, já que pesquisas demonstram relação direta entre as consequências do envolvimento no bullying com a frequência, duração e severidade dessas ações. 1414 Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr [Internet]. 2005 [cited 2015 May 10]; 8(5):S164-72. Available from: http://www.uff.br/saudecultura/encontros/Bullyng.pdf
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Diante dessas fragilidades científicas e do impacto na saúde de crianças e adolescentes, faz-se mister conhecer os elementos que contribuem para o surgimento e propagação do bullying, avançando na construção de padrões de interpretação e análises acerca desse fenômeno cotidiano, no meio escolar, como possibilidade de intervenção no campo da saúde coletiva e individual.

Para tanto, o estudo objetiva analisar a prevalência de vitimização e agressão por bullying nas suas diversas tipologias, associadas aos fatores sociodemográficos e comportamentos de risco em estudantes do 6º ao 9º ano, das escolas municipais de Ensino Fundamental de Campina Grande, Paraíba, Brasil.

MÉTODO

Estudo epidemiológico transversal, de caráter exploratório,1515 Rouquayrol MZ, Silva MGC. Epidemiologia & saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro (RJ): MedBook; 2013. direcionado a adolescentes escolares matriculados em escolas urbanas públicas municipais nas séries do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, do município de Campina Grande, Paraíba, Brasil. Como critérios de inclusão considerou-se: ser adolescentes, tendo-se em conta o conceito da World Health Organization,1616 World Health Organization (WHO). Young people's health - a challenge for society Report of a Study Group on Young People and Health for All by the Year 2000. Geneva (SZ): World Health Organization; 1986. que define adolescente como sendo o indivíduo com idade entre dez e 19 anos; estar regularmente matriculado nas séries de 6º ao 9º ano e encontrar-se presente na sala de aula no momento da coleta de dados. E, como critérios de exclusão, estabeleceu-se: estar regularmente matriculado na escola há menos de seis meses e ter mais de 19 anos de idade.

Das 86 escolas públicas municipais urbanas existentes no município de Campina Grande, 13 ofereciam turmas de 6º ao 9º ano. Destas, selecionou-se uma, por conveniência, para a realização do estudo piloto; as 12 escolas municipais urbanas restantes configuraram o cenário de coleta de dados, totalizando 2.565 alunos regularmente matriculados.

Utilizou-se a técnica de amostragem do tipo probabilística por conglomerado em um estrato (turmas), com distribuição proporcional da amostra, considerando o número de alunos por escola e seleção destes por conveniência. Realizou-se o cálculo amostral considerando-se a prevalência de 50% para o fenômeno violência escolar, sendo adotado um nível de confiança de 95% e margem de erro de 5%, efeito do desenho (Deff) de 1,7 e um acréscimo de 20% para perdas. A amostra final foi de 678 escolares.

Os dados foram coletados no período entre março e julho de 2014, por meio de questionário validado, denominado Escala de Violência Escolar (EVE), fundamentada em escala tipo Likert com foco para este estudo na vitimização por aluno, agressão contra outro aluno e comportamento de risco.1111 Tsitsika AK, Barlou E, Andrie E, Dimitropoulou C, Tzavela EC, Janikian M, et al. Bullying behaviors in children and adolescents: "an ongoing story". Front Public Health. [Internet]. 2014 Feb [cited 2015 Sep 13]; 2(7):1-4. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3918673/pdf/fpubh-02-00007.pdf
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Esta escala tem o objetivo de investigar a frequência e a gravidade da violência escolar em escolas, avaliando o quanto alunos são vítimas e autores da violência escolar;1717 Stelko-Pereira AC; Williams LCA. Escala de Violência. Escolar (EVE). São Carlos (SP): Universidade Federal de São Carlos, Laboratório de Análise e Prevenção da Violência; 2012. nesse sentido a escala permite a análise da frequência dos tipos de violência escolar e a intensidade, aspecto que diretamente relacionado ao bullying.

A coleta dos dados foi realizada em duas etapas: a primeira abordou as turmas para esclarecimentos sobre a pesquisa, entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para assinatura dos pais ou responsáveis e acordo para devolução dos TCLE; a segunda, em que se aplicou o questionário EVE, nas salas de aula em horário de aula dos alunos, àqueles escolares que apresentaram o TCLE assinado pelos pais ou responsável e aceitaram participar da pesquisa.

Para análise estatística, definiram-se as seguintes variáveis: vítima de bullying, bullying físico, bullying psicológico, bullying material, bullying virtual, agressor de bullying, agressor de bullying físico, agressor de bullying material, agressor de bullying virtual, vítima de violência escolar e agressor de violência escolar. A essas variáveis acrescenta-se sexo, idade, uso de fumo, uso de álcool, uso de maconha, craque, cola, porte de arma branca, porte de arma de fogo.

Utilizou-se o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) para realização da análise descritiva a partir da distribuição de frequências absolutas e relativas, média, mediana e desvio padrão para as variáveis sociodemográficas e tipologias do bullying, dicotomizadas. Em seguida, a análise inferencial por meio do teste de qui-quadrado de Pearson com nível de significância adotado no teste estatístico de 5% e intervalo de confiança de 95% permitindo a verificação de associação entre as variáveis de vitimização e agressão por bullying e entre as variáveis sociodemográficas e de comportamento de risco.

Ressalta-se que o ponto de corte para classificação de vitimização e agressão por bullying fundamentou-se em estudo inglês,1818 Wolke D, Woods S, Bloomfield L, Karstadt L. Bullying involvement in primary school and common health problems. Arch Dis Child [Internet]. 2001 May [cited 2015 jul 15]; 85:197-201. Available from: http://adc.bmj.com/content/85/3/197.full
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o qual estabelece como caso de bullying a repetição de mais de quatro episódios de determinada situação de violência escolar em um período de seis meses.

Os parâmetros éticos da resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde foram seguidos, sendo a pesquisa aprovada por Comitê de Ética CAAE 27623214.3.0000.5187. Todos os escolares participantes da pesquisa, menores de 18 anos, foram autorizados pelos pais e/ou responsáveis por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; bem como, assinado por parte dos escolares o Termo de Assentimento para participação na pesquisa.

RESULTADOS

Os resultados mostraram que 61,8% dos entrevistados eram do sexo feminino, 86,7% na faixa etária entre 10 e 14 anos, sendo a média de idade dos estudantes de 12,67 anos e a mediana 12,0 (DP± 1,61).

De acordo com dados apresentados na figura 1, a prevalência de vitimização de bullying autorrelatada entre os adolescentes entrevistados atingiu 29,5% dos escolares, considerando as situações de violência escolar com caráter de bulllying, ou seja, a repetição de situações de violência escolar direcionadas ao mesmo aluno mais de quatro vezes, ocorridas nos últimos seis meses do momento de aplicação do instrumento.

Figura 1
Distribuição da prevalência de vitimização e agressão por bullying escolar e tipologias

Dentre os tipos de bullying sofridos pelos estudantes, o bullying psicológico (espalhar fofocas, excluir de atividades, xingar, ameaçar, ridicularizar) predominou nas situações; 23,3% dos estudantes relataram sofrer este tipo de violência escolar. Enquanto o bullying físico (dar tapas, socos, chutes, empurrar) e virtual (enviar mensagens por via telefone ou internet de ameaça, xingamento, ridicularização, ofensa) alcançaram 15% e 5,5% dos estudantes, respectivamente.

Quanto à prevalência da prática de bullying autorrelatada, 8,4% dos estudantes afirmaram praticarem bullying, caracterizando-se como agressores. O bullying psicológico mostrou-se como o mais praticado pelos estudantes; 5,3% relataram a prática deste, enquanto 4,6% afirmaram praticar bullying físico e apenas 0,6% declararam produzir bullying virtual com os pares.

Na tabela 1 pode-se constatar que houve um predomínio de sofrimento de bullying em estudantes do sexo masculino (33,8%). Destaca-se assim, essa maior vitimização pelos meninos em todos os tipos de bullying; estando o bullying psicológico na primeira posição (26,6%). Em seguida, o bullying físico (20,1%), e o bullying virtual (6,8%). Diante dessa associação entre ser vítima de bullying e o sexo do estudante, a tabela explicita que os adolescentes estudantes do sexo masculino tiveram 0,71 vezes mais chances de sofrer bullying em todas as suas manifestações e, especificamente, no que se refere ao bullying físico, adolescentes meninos têm 0,53 mais chances de serem vítimas de bullying físico comparado às meninas.

Tabela 1
Associação entre sexo e idade categorizada de vítimas de bullying, bullying físico, bullying psicológico, bullying virtual em escolares da rede pública municipal de ensino no município de Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014. (n= 678)

A tabela 2 expõe associação entre ser praticante de bullying e comportamentos de risco na escola. Especificamente, constata-se que estudantes adolescentes que fazem uso de fumo na escola apresentam 0,40 mais chances de praticarem bullying contra colegas, comparado aos alunos que não relataram esse tipo de comportamento (p=0,04; RP IC 95%=0,4; 0,16-1,01). A mesma relação se estabelece quanto ao uso de álcool. Os estudantes que consomem bebida alcoólica na escola possuem 0,28 mais chances de serem agressores de bullying (p=0,28; RP IC 95%=0,28; 0,13-0,58).

Tabela 2
Associação entre agressor de bullying e comportamento de risco em escolas da rede pública de ensino de Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014. (n= 678)

Na tabela 3, observa-se associação entre bullying e violência escolar demonstrando que há maior probabilidade dos estudantes vítimas de bullying sofrerem violência escolar confrontando-se com os adolescentes estudantes que não sofreram qualquer episódio de violência na escola. O dado exibe 47,43 mais chances da vítima de bullying ser vítima de violência escolar.

Tabela 3
Associação entre vítima e agressor de violência escolar com vítima de bullying e tipologias em escolas da rede pública municipal de ensino, no município de Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014. (n=678)

Não houve associação entre vitimização por bullying e faixa etária, demonstrando não existir diferença de vitimização entre as faixas etárias dos escolares.

Verificou-se, também, associação entre vitimização por bullying e agressor de violência escolar, evidenciada por maior probabilidade da vítima de bullying tornar-se produtor de alguma violência contra outro escolar em 1,92 mais chances,

DISCUSSÃO

Com base nos resultados obtidos, destaca-se a vitimização por bullying com prevalência relevante, representando um maior número de vítimas em relação a agressores, entre os escolares. O presente estudo identificou prevalência de vitimização por bullying de 29,5%, em consonância à média internacional e a estudos desenvolvidos nos Estados Unidos; um desses revelou vitimização por bullying de 20,1% e outro apontou envolvimento de 21,4% dos adolescentes como vítimas de bullying.1919 Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Youth Risk Behavior Surveillance (YRBSS). Morbidity and Mortality Weekly Report. Atlanta (US): Centers for Disease Control and Prevention; 2012.-2020 Bannink R, Broeren, S, Van de Looij-Jansen PM, Waart FG, Raat H. Cyber and traditional bullying victimization as a risk factor for mental health problems and suicidal ideation in adolescents. PLoS ONE [Internet]. 2014 Apr [cited 2015 Jun 10]; 9(4): e94026. Available from: http://www.plosone.org/article/fetchObject.action?uri=info:doi/10.1371/journal.pone.0094026&representation=PDF
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Conforme o Health Behaviorin School-aged Children (HBSC), a prevalência de vitimização de bullying oscila entre 3% e 33% em adolescentes de 11 a 15 anos, assim a prevalência de bullying no presente estudo se encaixa nessa faixa de variação corroborando com o supracitado órgão de pesquisa internacional em escolares.2121 Currie C, Nic gabhainn S, Godeau E. The Health Behaviour in School-aged Children: WHO Collaborative Cross-National (HBSC) study: origins, concept, history and development 1982-2008. Int J Public Health [Internet]. 2009 Sep [cited 2015 Jun 10]; 54 (Suppl 2): 131-9. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00038-009-5404-x
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Assemelha-se também a pesquisa nacional, a realizada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) verificou vitimização por bullying em 27,8% dos escolares.11 Campos HR, Jorge SDC. Violência na escola: uma reflexão sobre o bullying e a prática educativa. Em Aberto [Internet]. 2010 Mar [cited 2015 Jul 10]; 23(83):107-28. Available from: http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/2254/2221
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Pesquisa anterior desenvolvida no mesmo município do atual apresentou estudo que constatou vitimização por bullying de 23,6%.2222 Santos JÁ, Xavier AFC, Paiva SM, Cavalcanti AL. Prevalência e Tipos de Bullying em Escolares Brasileiros de 13 a 17 anos. Rev Salud Publica [Internet]. 2014 Apr [cited 2015 May 10]; 16(2):173-83. Available from: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=42232582002
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Em relação aos escolares vitimizados, a associação entre ser vítima de bullying e sexo do estudante demonstrou maior propensão dos meninos se tornarem vítimas do fenômeno, o que corrobora com a maioria das pesquisas na área.2222 Santos JÁ, Xavier AFC, Paiva SM, Cavalcanti AL. Prevalência e Tipos de Bullying em Escolares Brasileiros de 13 a 17 anos. Rev Salud Publica [Internet]. 2014 Apr [cited 2015 May 10]; 16(2):173-83. Available from: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=42232582002
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23 Cassiani-Miranda CA, Gómez-Alhach J, Cubides-Munévar AM, Hernández-Carrillo M. Prevalencia de bullying y factores relacionados en estudiantes de bachillerato de una institución educativa de Cali, Colombia, 2011. Rev Salud Publica [Internet]. 2014 Jan [cited 2014 Oct 10]; 16(1):14-26. Available from: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0124-00642014000100002
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-2424 Garcia Continente X, Pérez Giménez, Nebot Adell M. Factores relacionados com el acoso escolar (bullying) en los adolescentes de Barcelona. Gac Sanit [Internet]. 2010 [cited 2015 May 15]; 24(2):103-8. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/gs/v24n2/original1.pdf
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Diversos estudos88 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MMA, Andrade SSC, Mello FCM, et al. Bullying in Brazilian school children: analysis of the National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol [internet]. 2014 [cited 2015 May 10]; 17(supl1):92-105. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v17s1/pt_1415-790X-rbepid-17-s1-00092.pdf
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,1111 Tsitsika AK, Barlou E, Andrie E, Dimitropoulou C, Tzavela EC, Janikian M, et al. Bullying behaviors in children and adolescents: "an ongoing story". Front Public Health. [Internet]. 2014 Feb [cited 2015 Sep 13]; 2(7):1-4. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3918673/pdf/fpubh-02-00007.pdf
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,2222 Santos JÁ, Xavier AFC, Paiva SM, Cavalcanti AL. Prevalência e Tipos de Bullying em Escolares Brasileiros de 13 a 17 anos. Rev Salud Publica [Internet]. 2014 Apr [cited 2015 May 10]; 16(2):173-83. Available from: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=42232582002
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demonstraram o predomínio de vitimização por bullying entre os estudantes do sexo masculino.

Inquérito nacional brasileiro88 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MMA, Andrade SSC, Mello FCM, et al. Bullying in Brazilian school children: analysis of the National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol [internet]. 2014 [cited 2015 May 10]; 17(supl1):92-105. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v17s1/pt_1415-790X-rbepid-17-s1-00092.pdf
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identificou percentual de 26,1% dos meninos como agressores de bullying e 7,9% como vítimas, número maior se comparado com as meninas, 16,0% (agressoras) e 6,5% (vítimas), dados aquém dos encontrados no presente estudo. Porém, estudo2121 Currie C, Nic gabhainn S, Godeau E. The Health Behaviour in School-aged Children: WHO Collaborative Cross-National (HBSC) study: origins, concept, history and development 1982-2008. Int J Public Health [Internet]. 2009 Sep [cited 2015 Jun 10]; 54 (Suppl 2): 131-9. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00038-009-5404-x
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na região Nordeste corrobora com o atual, logo que apresenta um percentual de 31,5% de vitimização por bullying para os meninos. Estudo brasileiro2626 Rech ARR, Halpernb R, Tedescoc A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr [Internet]. 2013 Mar [cited 2014 Sep 10]; 89(2):164-70. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23642427
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desenvolvido na região Sul do país destacou o envolvimento dos estudantes nas situações de bullying, indicando que os meninos apresentam cerca do dobro de chances de participarem desses casos no ambiente escolar.

Outro estudo brasileiro2727 Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public schools. J Pediatr [Internet]. 2013 Nov [cited 2015 Aug 20]; 89(6):601-7. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24029549
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apresentou resultados contrários demonstrando maior percentual de vitimização como de agressão por bullying em meninas (vítimas: 57,8%; agressoras: 53,3%), sendo elas as maiores envolvidas nessas situações; mesmo assim, os meninos (vítimas: 42,2%; agressores: 46,7%) também participam em percentuais elevados. Essa configuração de maior envolvimento das meninas nas situações de bullying reafirma-se em outro estudo brasileiro,2828 Silva F, Dascanio D, Valle TGM. O fenômeno bullying: diferenças entre meninos e meninas. Rev Reflex Ação [Internet]. 2016 [cited 2017 Jun 8]; 24(1):26-46. Available from: http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/index
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o qual demonstra maior percentual de vitimização por bullying nos diversos tipos nas meninas (bullying verbal: 92% das meninas, 84% dos meninos; psicológico: 70% das meninas, 53% dos meninos; físico: 46% meninas, 44% meninos; virtual: 13% meninas, 12% meninos).

De modo geral, estudos internacionais1111 Tsitsika AK, Barlou E, Andrie E, Dimitropoulou C, Tzavela EC, Janikian M, et al. Bullying behaviors in children and adolescents: "an ongoing story". Front Public Health. [Internet]. 2014 Feb [cited 2015 Sep 13]; 2(7):1-4. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3918673/pdf/fpubh-02-00007.pdf
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,2525 Silva MAI, Pereira B, Mendonça D, Nunes B, Oliveira WA. The Involvement of Girls and Boys with Bullying: An Analysis of Gender Differences. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2013 Dec [cited 2015 Jul 15]; 10:6820-31. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3881143/
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demonstraram maior envolvimento dos estudantes do sexo masculino como vítimas e agressores, destacando a condição majoritária dos meninos como vítimas de todos os tipos de bullying analisados: psicológico, físico e virtual, contudo com maior chance de vitimização por bullying físico. Esses resultados identificaram que os estudantes permanecem mais inseridos em situações de bullying físico e/ou formas diretas de bullying, enquanto as estudantes envolvem-se mais nas formas indiretas de bullying.

Todavia, o bullying psicológico destaca-se dentre as tipologias do fenômeno como o que alcança maior número de vitimização em ambos os sexos, mostrando-se como o mais frequente entre os escolares. Estudo2929 Sampaio JMC, Santos GV, Oliveira, WA, Silva JL, Medeiros M, Silva MAI. Emotions of students involved in cases of bullying. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 Apr [cited 2015 Sep 15]; 24(2): 344-52. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n2/pt_0104-0707-tce-24-02-00344.pdf
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evidencia maior vitimização tanto de meninos como de meninas por bullying psicológico. Esta tipologia encontra-se associada ao estereótipo de menor gravidade, o que contribui para o processo de naturalização dessas ações no convívio escolar.

Em relação à faixa etária, salienta-se que não houve diferenças estatísticas relevantes entre a ocorrência do bullying em relação às idades dos escolares analisados, apresentando índices aproximados de vitimização por bullying tanto na faixa etária de 10 a 14 anos, quanto de 15 a 19 anos. No entanto, a literatura científica nacional e internacional88 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MMA, Andrade SSC, Mello FCM, et al. Bullying in Brazilian school children: analysis of the National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol [internet]. 2014 [cited 2015 May 10]; 17(supl1):92-105. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v17s1/pt_1415-790X-rbepid-17-s1-00092.pdf
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,2525 Silva MAI, Pereira B, Mendonça D, Nunes B, Oliveira WA. The Involvement of Girls and Boys with Bullying: An Analysis of Gender Differences. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2013 Dec [cited 2015 Jul 15]; 10:6820-31. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3881143/
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-2626 Rech ARR, Halpernb R, Tedescoc A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr [Internet]. 2013 Mar [cited 2014 Sep 10]; 89(2):164-70. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23642427
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destaca os escolares de 10 a 14 anos como o grupo com maior ocorrência de vítimas de bullying, com progressiva redução com o aumento da idade, uma vez que os alunos mais velhos detêm características que podem protegê-los da vitimização.

Neste estudo, a prática do bullying por parte de escolares contra seus pares manifestou-se em 8,4% destes, aquém do inquérito brasileiro PENSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), que identificou a prática de bullying em 20,8% dos estudantes.88 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MMA, Andrade SSC, Mello FCM, et al. Bullying in Brazilian school children: analysis of the National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol [internet]. 2014 [cited 2015 May 10]; 17(supl1):92-105. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v17s1/pt_1415-790X-rbepid-17-s1-00092.pdf
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Não obstante, se faz necessário cautela na análise desse resultado, uma vez que no atual estudo a constatação da prática do bullying é de maneira autorrelatada o que permite margem para a subinformação da manifestação do ato.

Discursos teóricos tentam explicar o ato de praticar o bullying com base na busca pela afirmação da superioridade de poder por meio da humilhação e perseguição a seus pares, com ausência de motivação evidente por parte da vítima,66 Hidalgo-Rasmussen C, Molina T, Molina R, Sepúlveda R, Martínez V, Montaño R, et al. Bullying y calidad de vida relacionada con la salud em adolescentes escolares chilenos. Rev Med Chil [Internet]. 2015 [cited 2015 Sep 10]; 143:716-23. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v35n1/07.pdf
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associados a comportamentos de riscos, tais como consumo de fumo, álcool e outras drogas.3030 Matos MG, Gonçalves SMP. Bullying nas escolas: comportamentos e percepções. Psic Saude Doenças [Internet]. 2009 [cited 2014 Nov 10]; 10(1):3-15. Available from: http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/1084/1/PSD%202009%2010%281%29%203-15.pdf
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,2222 Santos JÁ, Xavier AFC, Paiva SM, Cavalcanti AL. Prevalência e Tipos de Bullying em Escolares Brasileiros de 13 a 17 anos. Rev Salud Publica [Internet]. 2014 Apr [cited 2015 May 10]; 16(2):173-83. Available from: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=42232582002
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Problemática em consonância ao apontado neste estudo que menciona associação estatística entre uso de fumo e álcool na escola com o praticante de bullying.

Essa superioridade de poder para com o outro que embasa as relações nas quais se estabelece o bullying; revela indícios do maior envolvimento masculino nas situações de bullying como vítimas, bem como agressores; pois a diferença cultural na formação e desenvolvimento dos meninos e meninas pode sustentar tais comportamentos. Desde a infância, os meninos são permeados por tendências agressivas no comportamento as quais encoraja-os a manter atitudes hostis com os pares e emanar masculinidade por meio da imposição da força física e da valentia; esses são comportamentos propensos à utilização da violência/agressividade nas relações estabelecidas entre os meninos.3131 Pigozi PL, Machado AL. Bullying na adolescência: visão panorâmica no Brasil. Cienc Saude Coletiva [Internet]. 2015 [cited 2017 May 12]; 20(11):3509-3522. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141381232015001103509&script=sci_abstract&tlng=pt
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Além do impacto macrossocial, o bullying tem efeito direto nas dimensões emocionais, psicológicas, físicas e sociais. As vítimas caracterizam-se, na maioria, como indefesas, inseguras e com baixa autoestima, principalmente, por apresentar alguma característica socialmente discriminada, tornando-a alvo do agressor de bullying. Essa perseguição produz reflexos severos na saúde dos escolares vitimizados. Os mesmos desenvolvem instabilidade emocional, tendência a transtornos psíquicos, depressão, suicídio; tristeza relacionada ao ambiente escolar desencadeando baixo rendimento de aprendizagem e até abandono, com consequente, redução da qualidade de vida desses adolescentes.22 Costa MR, Xavier CC, Andrade ACS, Proietti FA, Caiaffa WT. Bullying among adolescentes in a Brazilian urban center - "Health in Beagá" Study. Rev Saude Publica [Internet]. 2015 Aug [cited 2015 Jul 15]; 49(56):1-10. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102015000100239&script=sci_arttext
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,66 Hidalgo-Rasmussen C, Molina T, Molina R, Sepúlveda R, Martínez V, Montaño R, et al. Bullying y calidad de vida relacionada con la salud em adolescentes escolares chilenos. Rev Med Chil [Internet]. 2015 [cited 2015 Sep 10]; 143:716-23. Available from: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v35n1/07.pdf
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,1515 Rouquayrol MZ, Silva MGC. Epidemiologia & saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro (RJ): MedBook; 2013.,2929 Sampaio JMC, Santos GV, Oliveira, WA, Silva JL, Medeiros M, Silva MAI. Emotions of students involved in cases of bullying. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 Apr [cited 2015 Sep 15]; 24(2): 344-52. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n2/pt_0104-0707-tce-24-02-00344.pdf
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,3232 Smith PK, Talamelli L, Cowie H, Naylor P, Chauhan P. Profiles of non-victims, escaped victims, continuing victims and new victims of school bullying. Br J Educ Psychol [Internet]. 2004 Dec [cited 2014 Oct 10]; 74: 565-81. Available from: http://www.ukobservatory.com/downloadfiles/smith.pdf
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Estudo3333 Santos MM, Kienen N. Características do Bullying na Percepção de Alunos e Professores de uma Escola de Ensino Fundamental. Temas Psicol [Internet]. 2014 [cited 2015 Aug 15]; 22(1): 161-78. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2014000100013
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demonstra que os efeitos negativos não se restringem, somente, às vítimas. Os agressores que já possuem instabilidade emocional e dificuldades de relacionamento social tendem a potencializar esse comportamento antissocial, de isolamento e de criminalidade com supervalorização da violência como forma de obtenção de poder e inserção social.

Considerando-se o bullying como a ponta do iceberg da violência escolar,3434 Paixão GPN, Santos NJS, Matos LSL, Santos CKF, Nascimento DE, Bittencourt IS, et al. Violência escolar: percepções de adolescentes. Rev Cuid [Internet]. 2014 Jul [cited 2015 Aug 27]; 5(2): 717-22. Available from: http://www.redalyc.org/pdf/3595/359533181002.pdf
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compreende-se o que a última tabela desse estudo evidencia: a associação entre vitimização por bullying com vitimização por violência escolar, assim como, com praticante de violência escolar, demonstrando que a vitimização por bullying não ocorre de maneira isolada. Não é possível afirmar, com o presente estudo, qual fenômeno constitui-se precursor do outro; no entanto, constata-se a existência de um meio escolar violento que fomenta a própria violência.

Nessa troca de papeis (re)constrói-se um ciclo de violência no espaço escolar, no qual há o deslocamento de papéis entre vítimas e agressores, o que evidencia a complexidade de fatores que circunscreve o bullying, o qual não pode ser analisado de forma simplificada e reduzida, pois trata-se de uma via de duas mãos na medida em que os agressores não podem ser os únicos responsáveis pelos atos de violência, porque também são produto da mesma.3535 Oliveira-Menegotto LM, Pasini AI, Levandowski G. O bullying escolar no Brasil: uma revisão de artigos científicos. Rev Psicol: Teor Prática [Internet]. 2013 [cited 2017 May 11]; 15(2):203-15. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872013000200016
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Ademais, esse quadro cíclico tende a ampliar e intensificar a violência nesse meio produzindo consequências negativas para toda a comunidade escolar. A quebra desse ciclo configura-se como de caráter essencial para o enfretamento do bullying nas escolas, com intervenções capazes de interferir nos aspectos promotores e mobilizadores do bullying nas relações escolares.3434 Paixão GPN, Santos NJS, Matos LSL, Santos CKF, Nascimento DE, Bittencourt IS, et al. Violência escolar: percepções de adolescentes. Rev Cuid [Internet]. 2014 Jul [cited 2015 Aug 27]; 5(2): 717-22. Available from: http://www.redalyc.org/pdf/3595/359533181002.pdf
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CONCLUSÃO

Os achados científicos desse estudo constituem-se como subsídio para a compreensão da realidade do bullying nas escolas e os fatores potencialmente associados à manifestação desse fenômeno tanto na perspectiva das vítimas, quanto dos agressores, uma vez que converge com o cenário científico internacional em termos de apresentação das manifestações da vitimização e agressão e em associação com as características destes escolares (sexo, idade, tipologia).

Constata-se a existência de um ciclo de violência escolar fomentado pelo próprio bullying e outras formas de violência nesse meio que, a seu turno, permite interpretar o mecanismo de sobrevivência e persistência da violência nas escolas.

Como processos de intervenção frente à problemática, deve-se priorizar o rompimento de tal ciclo, ressalvando-se que o mesmo permanece diretamente relacionado aos determinantes sociais e aos contextos no qual se encontra inserido, o que requer ações multidisciplinares e intersetoriais no sentido de implementar políticas públicas que visem o incentivo a valores e atitudes de paz e convivência saudável nas escolas, ademais ações educativas de prevenção ao bullying na escola são voltadas aos grupos prioritários identificados neste estudo, ou seja, escolares do sexo masculino que apresentam envolvimento significativo nas situações de bullying.

Respeitadas as vantagens de um estudo transversal, de um lado, este não permite estabelecer relações de causa e efeito entre as variáveis estudadas; por outro lado, uma vez que se adotaram respostas autorrelatadas pelos escolares, estas podem ser influenciadas pelas compreensões e memórias particulares de cada escolar. Concluindo, ressalta-se que essas limitações estão intrínsecas ao estudo do fenômeno da violência, já que este se mostra como um fenômeno social e subjetivo difícil de ser mensurado.

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    Artigo extraído da dissertação - Violência escolar: vitimização e agressão entre adolescentes da rede pública municipal de ensino, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Estadual da Paraíba (UFPB), em 2015.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2018

Histórico

  • Recebido
    07 Set 2016
  • Aceito
    03 Jul 2017
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