Acessibilidade / Reportar erro

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: ESTUDO EM UMA MATERNIDADE DE ALTO RISCO1 1 Artigo extraído da dissertação - Prevalência e fatores associados à violência doméstica: estudo em uma maternidade de alto risco, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em 2016.

PREVALENCIA Y FACTORES ASOCIADOS A LA VIOLENCIA DOMÉSTICA: ESTUDIO EN UNA MATERNIDAD DE ALTO RIESGO

RESUMO

Objetivo:

descrever as prevalências dos tipos de violência doméstica entre puérperas atendidas em uma maternidade de alto risco e examinar a associação desses agravos com variáveis demográficas, socioeconômicas e reprodutivas.

Método:

estudo transversal, realizado com 302 puérperas. Os dados foram coletados por meio de entrevistas a partir de roteiro estruturado com questões acerca da caracterização das participantes e instrumento para identificação de violência Abuse Assessment Screen.

Resultados:

entre as entrevistadas, 43% relataram ter vivenciado situações de maus-tratos ao longo da vida, 7,6% foram vítimas de violência física no último ano e 4,6% estiveram em situação de violência física durante a gestação. Mulheres com idade entre 31-43 anos (RP: 1,5; 1,1-2,1), com três ou mais gestações (RP: 1,8; IC95%: 1,2-2,7) e evangélicas (RP: 1,6 IC95%: 1,1-2,3) vivenciaram mais frequentemente maus-tratos na vida. A ausência de companheiro esteve associada à história de violência física no último ano e na gestação (p< 0,05).

Conclusão:

este estudo reafirma que a violência constitui um fenômeno presente na vida da mulher, inclusive no período gestacional, e se mostrou associado à condição demográfica e obstétrica da mulher.

DESCRITORES:
Violência contra a mulher; Violência doméstica; Gestantes; Mulheres agredidas; Maus-tratos conjugais; Estudos transversais

RESUMEN

Objetivo:

describir las prevalencias de los tipos de violencia doméstica entre puérperas atendidas en una maternidad de alto riesgo y examinar la asociación de esos agravios con variables demográficas, socioeconómicas y reproductivas.

Método:

estudio transversal, realizado con 302 puérperas. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas a partir de un itinerario estructurado con preguntas acerca de la caracterización de las participantes e instrumento para identificación de violencia Abuse Assessment Screen.

Resultados:

entre las entrevistadas, el 43% relató haber experimentado situaciones de maltrato a lo largo de la vida, el 7,6% fueron víctimas de violencia física en el último año y el 4,6% estuvieron en situación de violencia física durante la gestación. Las mujeres con edad entre 31-43 años (RP: 1,5, 1,1-2,1), con tres o más gestaciones (RP: 1,8, IC95%: 1,2-2,7) y evangélicas RP: 1,6 IC95%: 1,1-2,3) experimentaron más a menudo maltrato en la vida. La ausencia de compañero estuvo asociada a la historia de violencia física en el último año y en la gestación (p <0,05).

Conclusión:

este estudio reafirma que la violencia constituye un fenómeno presente en la vida de la mujer, incluso en el período gestacional, y se mostró asociado a la condición demográfica y obstétrica de la mujer.

DESCRIPTORES:
Violencia contra la mujer; Violencia doméstica; Mujeres embarazadas; Mujeres maltratadas; Maltrato conyugal; Estudios transversales

ABSTRACT

Objective:

to describe the prevalence of domestic violence among postpartum women treated at a high-risk maternity hospital, and to examine the association of these conditions with the demographic, socioeconomic and reproductive variables.

Method:

cross-sectional study, carried out with 302 postpartum women. The data were collected through interviews from a structured script with questions about the characterization of the participants and an instrument to identify violence, the Abuse Assessment Screen.

Results:

among the interviewees, 43% reported experiencing mistreatment throughout their lives, 7.6% were victims of physical violence in the last year, and 4.6% were in a situation of physical violence during their pregnancy. Women aged between 31-43 years old (PR: 1.5; 1.1-2.1), having three or more gestations (PR: 1.8; 95% IC: 1.2-2.7) and evangelical women (PR: 1.6 95% CI: 1.1-2.3) more often experienced mistreatment in life. The absence of a partner was associated with a history of physical violence in the last year and during gestation (p<0.05).

Conclusion:

this study reaffirms that violence is a phenomenon that is present in women’s lives, including during the gestational period, and it has been associated with the demographic and obstetric condition of the woman.

DESCRIPTORS:
Violence against women; Domestic violence; Pregnant women; Assaulted women; Marital mistreatment; Cross-sectional studies

INTRODUÇÃO

A violência contra a mulher, na perspectiva de gênero, ou violência conjugal, possui por definição o uso da força física ou verbal que afeta e prejudica a vida da mulher, em seus diversos aspectos físico, emocional e sexual. Somado a isso, a coerção é utilizada como elemento de perpetuação da subordinação feminina, sendo o autor desse agravo o parceiro com quem se estabeleceu ou estabelece relação íntima.11 Lucena KDT, Deininger LSC, Coelho HFC, Monteiro ACC, Vianna RPT, Nascimento JA. Analysis of the cycle of domestic violence against women. J Hum Growth Dev [Internet]. 2016 [cited 2017 Sep 27]; 26(2):139-46 Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822016000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...

É fato que a violência contra a mulher em qualquer momento da sua vida é um grave problema de saúde pública a ser enfrentado. Todavia, ao acontecer em um momento de grande fragilidade física e emocional, como na gestação, exige atenção especial dos serviços de saúde,22 Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Andrade MGG, Pèrez-Escamila R. Violence against pregnant women: prevalence and associated factors. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 Oct [cited 2016 Dec 04]; 42(5):877-85. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000500013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
uma vez que esse agravo, seja ele de ordem física, sexual ou psicológica, pode desencadear danos para a saúde da mãe e do filho.33 Organização Panamericana de Saúde (OPS). Informe mundial sobre la violência y la salud. Washington (US): OPS; 2002.

Estudos têm apontado que a vivência de violência na gestação pode levar a agravos potenciais como cefaleia, problemas obstétricos, ruptura prematura de membranas, infecção de trato urinário, sangramento vaginal e desmame precoce do aleitamento materno, além da possibilidade de associação com a mortalidade perinatal e neonatal.44 Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Pérez-Escamilla R. Adverse health events associated with domestic violence during pregnancy among Brazilian women. Midwifery. 2012; 28(4):356-61.

5 Viellas EF, Gama SGN, Carvalho ML, Pinto LW. Factors associated with physical aggression in pregnant women and adverse outcomes for the newborn. J Pediatr (Rio J.) [Internet]. 2013 Fev [cited 2016 Oct 10]; 89(1):83-90. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000100013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

6 Lourenco MA, Deslandes SF. Maternal care and breastfeeding experience of women suffering intimate partner violence. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 Aug [cited 2016 Oct 10]; 42(4):615-21. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000400006
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
-77 Ahmed S, Koenig MA, Stephenson R. Effects of domestic violence on perinatal and early-childhood mortality: evidence from north India. Am J Public Health [Internet]. 2006 Aug [cited 2016 Oct 10]; 96(8):1423-8. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1522123/pdf/0961423.pdf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...

São consideradas formas de violência contra a mulher as violências física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.88 Brasil. Lei n. 11.340/2006: coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher. Presidência da República; 2006. É interessante destacar que a ocorrência desse evento se apresenta de forma diferenciada no mundo. Estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra prevalências de violência na gestação variando de 8% no Japão a 44% no Peru, estando o Brasil com preocupantes 32% de relatos de agressões durante a gravidez.99 Garcia-Moreno C. WHO multi-country study on women’s health and domestic violence against women: Initial results on prevalence, health outcomes and women’s responses. Geneva: World Health Organization, 2005. Somando-se a isso, pesquisas nacionais têm mostrado diferentes valores de prevalências de violência. A exemplo disso, foram encontrados estudos sobre violências física e sexual com intervalos entre 2,5% e 48,7% e entre 2,1% e 4,9%, respectivamente.55 Viellas EF, Gama SGN, Carvalho ML, Pinto LW. Factors associated with physical aggression in pregnant women and adverse outcomes for the newborn. J Pediatr (Rio J.) [Internet]. 2013 Fev [cited 2016 Oct 10]; 89(1):83-90. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000100013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
,1010 Okada MM, Hoga LA, Borges AL, Albuquerque RS, Belli MA. Domestic violence against pregnant women. Acta Paul Enferm [Internet]. 2015 Jun 2015 [cited 2016 Oct 14]; 28(3):270-4. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002015000300270&script=sci_abstract&tlng=es
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
-1111 Santos AS, Lovisi GM, Valente CCB, Legay L, Abelha L. Domestic violence during pregnancy: a descriptive study in a basic health unit in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Colet [Internet]. 2010 [cited 2016 Jul 12]; 18(4):483-93. Available from: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2010_4/artigos/CSC_v18n4_483-493.pdf
http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/caderno...
Essas diferenças podem ser atribuídas às diversas concepções de violência das populações estudadas, bem como ao método e aos instrumentos utilizados.22 Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Andrade MGG, Pèrez-Escamila R. Violence against pregnant women: prevalence and associated factors. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 Oct [cited 2016 Dec 04]; 42(5):877-85. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000500013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

Outra questão que merece ser pontuada são os fatores associados à experiência da violência doméstica na gestação. Nota-se nas pesquisas que a vivência desse fenômeno tem sido associada às características da mulher, tais como história prévia de violência, idade da coitarca, transtorno mental comum, baixa escolaridade, pré-natal irregular, ser a responsável pela família e ter história de tentativa de abortamento.22 Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Andrade MGG, Pèrez-Escamila R. Violence against pregnant women: prevalence and associated factors. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 Oct [cited 2016 Dec 04]; 42(5):877-85. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000500013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
,55 Viellas EF, Gama SGN, Carvalho ML, Pinto LW. Factors associated with physical aggression in pregnant women and adverse outcomes for the newborn. J Pediatr (Rio J.) [Internet]. 2013 Fev [cited 2016 Oct 10]; 89(1):83-90. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000100013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

Assim posto, considerando a necessidade de novos estudos para o melhor entendimento da violência doméstica, bem como o seu impacto na vida das mulheres, justifica-se este estudo, que teve por objetivo descrever as prevalências dos tipos de violência doméstica entre puérperas atendidas em uma maternidade de alto risco e examinar a associação desses agravos com variáveis socioeconômicas e reprodutivas.

MÉTODO

Trata-se de estudo epidemiológico, observacional, do tipo transversal, realizado em uma maternidade de alto risco de um hospital-escola vinculado ao Sistema Único de Saúde da cidade de Vitória, Espírito Santo (Brasil). Foram convidadas a participar da pesquisa as puérperas que estiveram internadas no período de junho a setembro de 2016 e que atendiam aos critérios de inclusão e exclusão. Para inclusão no estudo era necessário ter pelo menos 24 horas pós-parto de feto vivo (acima de 500 gramas), independente da via de parto. A amostra final foi composta por 302 mulheres.

Foram selecionados e treinados três estudantes de graduação do sexo feminino para participarem do estudo como entrevistadoras, bem como um digitador para registro dos dados. Vale destacar que, antes da coleta de dados, foi realizado um estudo-piloto com 32 puérperas que atendiam aos critérios de inclusão com o intuito de identificar os ajustes necessários, porém essas entrevistas não foram incluídas como parte do estudo.

Antes da entrevista, a participante era orientada quanto aos objetivos do estudo, às questões éticas, ao sigilo e à liberdade de desistência da participação na pesquisa a qualquer momento. Além disso, somente após concordância em participar do estudo e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) era iniciada a coleta de dados. Vale pontuar que as entrevistas foram realizadas em local privativo, contendo apenas a entrevistada (com ou sem o recém-nascido) e a entrevistadora, e tinham duração, em média, de 30 minutos. Ao final de cada entrevista, foi entregue às puérperas um folder com informações sobre os tipos de violência, as formas de enfrentamento e o contato das redes de apoio, independente do resultado do rastreio. Aquelas identificadas em situação de violência foram encaminhadas aos serviços de apoio de acordo com a singularidade de cada caso.

O primeiro instrumento utilizado na coleta de dados, contendo variáveis independentes, apresentava questões socioeconômicas e reprodutivas. Para dados socioeconômicos, as participantes foram questionadas quanto à idade (13-23; 24-30 e 31-43 anos), religião (católica, evangélica, espírita e sem religião), situação conjugal (possui ou não parceiro atualmente), escolaridade (até oito anos e mais de oito anos de estudo) e trabalho remunerado (se possui ou não). Em relação às variáveis reprodutivas, o formulário continha perguntas sobre número de gestações (1, 2 e 3 ou mais), idade da coitarca (menor ou igual a 15 anos e maior que 15 anos), número de filhos vivos (1, 2 e 3 ou mais), número de consultas de pré-natal (menos que 6 e 6 ou mais), história de abortamento (sim ou não), gravidez planejada (sim ou não) e gravidez desejada (sim ou não). Para a variável socioeconômica foi utilizada a classificação elaborada pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), categorizada em classes econômicas A/B, C e D/E.1212 Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critérios de Classificação Econômica Brasil. São Paulo: ABEP; 2014 [cited 2017 Sep 22]. Available from: http://www.abep.org/Servicos/Download.aspx?id=09&p=cb
http://www.abep.org/Servicos/Download.as...

Para o rastreamento dos desfechos em estudo (maus-tratos ao longo da vida, violência física no último ano e na gestação) foi aplicado o instrumento intitulado Abuse Assessment Screen (AAS). Esse instrumento foi elaborado em 1989 nos Estados Unidos pelo Nursing Research Consortium on Violence and Abuse.1313 McFarlane J, Parker B, Soeken K, Bullock L. Assessing for abuse during pregnancy: severity and frequency of injuries and associated entry into prenatal care. JAMA [Internet]. 1992 Jun [cited 2017 Sep 22]; 267:3176-8. Available from: http://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/397890
http://jamanetwork.com/journals/jama/art...
No ano 2000, Reichenheim, trouxe equivalência semântica da versão em português do instrumento para a identificação da violência contra a mulher durante a gestação.1414 Reichenheim ME, Moraes CL, Hasselmann MH. Semantic equivalence of the Portuguese version of the Abuse Assessment Screen tool used for the screening of violence against pregnant women. Rev Saúde Pública [Internet]. 2000 Dec [cited 2016 Jul 12]; 34(6):610-6. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102000000600008
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
O AAS consiste de um instrumento pouco extenso, composto por cinco questões que identificam as experiências de maus-tratos ao longo da vida, violência física no último ano e na gestação.

Além disso, o AAS permite qualificar o tipo de agressão, a área afetada e quem foi o perpetrador, bem como, rastrear o abuso sexual nos últimos 12 meses e o medo atual do parceiro ou de alguém próximo. Essas variáveis foram trabalhadas como variáveis independentes, apresentadas somente de forma descritiva.

A análise dos dados foi realizada com o software Stata® 13.0. A prevalência de violência durante a gestação foi definida por respostas positivas às questões do AAS. Para a análise bivariada entre as variáveis socioeconômicas e reprodutivas e os desfechos do estudo, foram utilizados os testes do Qui-quadrado (χ22 Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Andrade MGG, Pèrez-Escamila R. Violence against pregnant women: prevalence and associated factors. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 Oct [cited 2016 Dec 04]; 42(5):877-85. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000500013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
) e o Exato de Fisher, e considerado um nível de confiança de 5%. Segundo um modelo hierárquico, onde as características socioeconômicas encontram-se entre os fatores mais distais, ao passo que as características reprodutivas mantêm uma relação mais proximal com a violência doméstica, foi realizada a análise ajustada, controlando para os possíveis fatores de confusão. Para a inclusão no modelo múltiplo, não se limitou um valor de p para evitar a exclusão de variáveis potencialmente confundidoras, sendo mantidas no modelo as variáveis que apresentavam significância estatística (p<0,05). A regressão de Poisson com variância robusta foi utilizada. A medida de efeito foi a Razão de Prevalência (RP).

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, estando registrado sob o número 55247716.5.0000.5071.

RESULTADOS

Das 314 puérperas que procuraram a maternidade no período da pesquisa, e que atendiam aos critérios de inclusão na pesquisa, 12 se recusaram a participar do estudo, totalizando uma amostra de 302 participantes.

Verifica-se que, na sua maioria, as puérperas se encontravam na faixa entre 24 e 30 anos (35,4%), eram evangélicas (53,0%), coabitavam com seus parceiros (69,2%), possuíam até oito anos de estudo (55,0%), pertenciam à classificação econômica C (61,3%) e não tinham trabalho remunerado (59,6%) (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição das características socioeconômicas segundo as experiências de violência. Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2016. (n=302)

Quanto às características reprodutivas, 42% referiam três gestações ou mais e a coitarca foi após os 15 anos (52,7%). Além disso, 86,0% foi submetida a seis consultas ou mais de pré-natal, cerca de 76% negou história de abortamento prévio e a maioria não planejou a gravidez atual (67,9%), entretanto, a mesma foi desejada (86,1%) (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição das características reprodutivas segundo a experiência de violência. Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2016. (n=302)

Em relação às prevalências de violência, observa-se que 43% das entrevistadas relataram ter vivenciado situações de maus tratos ao longo da vida, sendo que 7,6% foram vítimas de violência física nos 12 meses anteriores à entrevista, e um percentual um pouco menor (4,6%) esteve em situação de violência física durante a gestação. É interessante pontuar, no que tange às características da agressão, que a violência física no último ano ou na gestação tem como principal perpetrador o próprio marido (39,1% e 35,7%, respectivamente) e o ex-marido (39,1% e 35,7%, respectivamente). Quanto ao tipo de agressão, na gestação, o tapa e o empurrão (50,0%) são os mais cometidos, e a área mais afetada do corpo é a cabeça (71,4%) (dados não apresentados em tabela).

Já a violência sexual no último ano e o medo atual, foram relatadas por 1,3% e 1,0% das participantes, respectivamente (dados não apresentados em tabela).

Conforme a tabela 1, as associações entre maus tratos ao longo da vida e as variáveis socioeconômicas que se mostraram estatisticamente significantes (p< 0,05) foram: ter entre 31 e 43 anos de idade (P=52,7%; p=0,023) e ser de religião evangélica (P=50,6%; p=0,026). As demais variáveis em estudo (situação conjugal, escolaridade, classe econômica e trabalho remunerado) não apresentaram significância estatística. Outros desfechos avaliados foram violência física nos últimos 12 meses e violência física na gestação, observando-se maior prevalência desses agravos entre as mulheres que relataram não ter companheiro (P=12,9%; p=0,022; P=9,7%; p=0,009; respectivamente).

No que diz respeito às características reprodutivas das puérperas associadas à experiência de maus-tratos ao longo da vida, constatou-se que houve significância estatística em ter vivenciado três ou mais gestações (P=42,0%, p=0,000) e referir história prévia de abortamento (P=56,8%, p=0,006). As violências físicas no último ano e na gestação não apresentaram associação com as variáveis reprodutivas das puérperas (Tabela 2).

Nas análises bruta e ajustada das associações entre as características das puérperas e a história de maus-tratos na vida (Tabela 3) observa-se uma associação significativa com as variáveis idade, religião e número de gestações, que se manteve mesmo após o ajuste para os potenciais fatores de confusão. O mesmo não aconteceu com a variável história de abortamento, que na análise bruta aparecia fortemente associada (p=0,003), porém quando realizada análise ajustada, a associação deixou de existir (p=0,317).

Tabela 3
Análise bruta e ajustada das associações entre características socioeconômicas e reprodutivas e a maus-tratos na vida. Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2016. (n=302)

Os resultados mostram que mulheres com idade entre 31 a 43 anos e que tiveram três ou mais gestações possuem 50,0% e 80,0%, respectivamente, mais prevalência de relato de maus-tratos ao longo da vida, quando comparadas às que estão na faixa dos 13 aos 23 anos, e àquelas que engravidaram uma única vez. Nesse mesmo sentido, nota-se, entre as que se declararam evangélicas, uma frequência 60,0% maior de maus-tratos em relação às católicas.

Na tabela 4 verificam-se as análises bruta e ajustada das associações entre as características das puérperas e a violência física nos últimos 12 meses, onde a variável situação conjugal apresentou associação com o desfecho em questão. Observa-se que a mulher que atualmente não possui companheiro tem 2,3 vezes mais prevalência de violência física no último ano do que as que declararam ter companheiro.

Tabela 4
Análise bruta e ajustada das associações entre características socioeconômicas e reprodutivas e a violência física nos últimos 12 meses. Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2016. (n=302)

Verifica-se na tabela 5 uma associação significativa entre a variável situação conjugal e a violência física na gestação. Puérperas que referiram não ter um companheiro durante a gestação apresentam 4,6 vezes mais ocorrência desse tipo de violência se comparadas às mulheres que tiveram um companheiro no período gestacional.

Tabela 5
Análise bruta e ajustada das associações entre características socioeconômicas e reprodutivas e a violência doméstica na gestação. Vitória, Espírito Santo, Brasil 2016. (n=302)

DISCUSSÃO

Nota-se o quanto a violência doméstica encontra-se presente na vida e no cotidiano das mulheres. Os achados revelam que, de cada dez mulheres entrevistadas, cerca de quatro já haviam sido vítimas de maus-tratos ao longo da vida; prevalência próxima à encontrada em estudos realizados no Rio de Janeiro (42,6%)1111 Santos AS, Lovisi GM, Valente CCB, Legay L, Abelha L. Domestic violence during pregnancy: a descriptive study in a basic health unit in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Colet [Internet]. 2010 [cited 2016 Jul 12]; 18(4):483-93. Available from: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2010_4/artigos/CSC_v18n4_483-493.pdf
http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/caderno...
e em São Paulo (36,9%),1010 Okada MM, Hoga LA, Borges AL, Albuquerque RS, Belli MA. Domestic violence against pregnant women. Acta Paul Enferm [Internet]. 2015 Jun 2015 [cited 2016 Oct 14]; 28(3):270-4. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002015000300270&script=sci_abstract&tlng=es
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
bem como no sul da Suécia (44,3%),1515 Finnbogadóttir H, Dykes AK, Wann-Hansson C. Prevalence and incidence of domestic violence during pregnancy and associated risk factors: a longitudinal cohort study in the south of Sweden. BMC Pregnancy and Childbirth [Internet]. 2016 Aug [cited 2016 Aug 12]; 16(228):1-10. Available from: https://bmcpregnancychildbirth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12884-016-1017-6
https://bmcpregnancychildbirth.biomedcen...
o que exemplifica a dimensão global que a violência possui e a sua magnitude enquanto grave problema de saúde pública. Além disso, as altas taxas encontradas podem ser reflexo de um movimento contínuo de menor aceitabilidade da violência e consequente maior sensibilidade e visibilidade do tema.11 Lucena KDT, Deininger LSC, Coelho HFC, Monteiro ACC, Vianna RPT, Nascimento JA. Analysis of the cycle of domestic violence against women. J Hum Growth Dev [Internet]. 2016 [cited 2017 Sep 27]; 26(2):139-46 Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822016000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...

Em relação à violência física nos últimos 12 meses, o estudo mostra uma prevalência de 7,6%, com queda no número de relatos quando perguntado sobre violência física na gestação atual (4,6%). Estudos com metodologias semelhantes trazem valores aproximados, como em pesquisas no Rio de Janeiro (9,4% e 5,1%, respectivamente)1111 Santos AS, Lovisi GM, Valente CCB, Legay L, Abelha L. Domestic violence during pregnancy: a descriptive study in a basic health unit in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Colet [Internet]. 2010 [cited 2016 Jul 12]; 18(4):483-93. Available from: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2010_4/artigos/CSC_v18n4_483-493.pdf
http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/caderno...
e em Recife (13,1% e 7,4%, respectivamente).1616 Menezes TC, Amorim MMR, Santos LC, Faúndes A.. Domestic physical violence and pregnancy: results of a survey in the postpartum period. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet] Jun 2003 [cited 2016 Jul 12]; 25(5):309-16. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032003000500002
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
Vale pontuar que, apesar de não haver consenso entre os pesquisadores,1010 Okada MM, Hoga LA, Borges AL, Albuquerque RS, Belli MA. Domestic violence against pregnant women. Acta Paul Enferm [Internet]. 2015 Jun 2015 [cited 2016 Oct 14]; 28(3):270-4. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002015000300270&script=sci_abstract&tlng=es
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
,1717 Silva EP, Ludermir AB, Araújo TVB, Valongueiro SA. Frequency and pattern of intimate partner violence before, during and after pregnancy. Rev Saúde Pública [Internet]. 2011 Dec [cited 2016 Dec 06]; 45(6):1044-53. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102011000600006
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
a menor proporção de vítimas de violência na gestação conduz a uma reflexão acerca da possibilidade da gravidez ter uma característica protetora na ocorrência da violência doméstica.1616 Menezes TC, Amorim MMR, Santos LC, Faúndes A.. Domestic physical violence and pregnancy: results of a survey in the postpartum period. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet] Jun 2003 [cited 2016 Jul 12]; 25(5):309-16. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032003000500002
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
Todavia, considerando os danos na saúde das mulheres, é importante refletir que a experiência desse fenômeno durante o ciclo gravídico-puerperal pode levar a complicações obstétricos e neonatais.1818 Shneyderman Y, Kiely M. Intimate partner violence during pregnancy: victim or perpetrator? Does it make a difference? BJOG. 2013 Oct; 120(11):1375-85.

19 Alhusen JL, Lucea MB, Bullock L, SharpsP. Intimate partner violence, substance use, and adverse neonatal outcomes among urban women. J Pediatr. 2013 Aug; 163(2):471-6.

20 Nongrum R, Thomas E, Lionel J, Jacob KS. Domestic violence as a risk factor for maternal depression and neonatal outcomes: a hospital-based cohort study. Indian J Psychol Med. 2014 Apr-Jun; 36(2):179-81.
-2121 Miranda AE, Pinto VM, Szwarcwald CL, Golub ET. Prevalence and correlates of preterm labor among young parturient women attending public hospitals in Brazil. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2012 Nov [cited 2016 Nov 22]; 32(5):330-4. Available from: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1020-49892012001100002
http://www.scielosp.org/scielo.php?scrip...

A respeito do relato de violência sexual no último ano, encontrou-se prevalência de 1,3%, percentual próximo ao revelado em outro estudo brasileiro que mostrou prevalência de 2,1%.1111 Santos AS, Lovisi GM, Valente CCB, Legay L, Abelha L. Domestic violence during pregnancy: a descriptive study in a basic health unit in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Colet [Internet]. 2010 [cited 2016 Jul 12]; 18(4):483-93. Available from: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2010_4/artigos/CSC_v18n4_483-493.pdf
http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/caderno...
Quanto ao medo atual, apenas 1,0% das participantes responderam positivamente, resultado inferior ao observado em pesquisas realizadas no Rio de Janeiro (5,4% e 8,3%).1111 Santos AS, Lovisi GM, Valente CCB, Legay L, Abelha L. Domestic violence during pregnancy: a descriptive study in a basic health unit in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Colet [Internet]. 2010 [cited 2016 Jul 12]; 18(4):483-93. Available from: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2010_4/artigos/CSC_v18n4_483-493.pdf
http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/caderno...
,2222 Pereira PK, Lovisi GM, Lima LA, Legay LF. Obstetric complications, stressful life events, violence and depression during pregnancy in adolescents at primary care setting. Rev Psiquiatr Clín [Internet]. 2010 [cited 2016 Dez 06]; 37(5):216-22. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832010000500006
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

Os resultados deste estudo confirmam o companheiro ou o ex-companheiro como os principais responsáveis pela agressão, dado que evidencia as questões de gênero que a violência doméstica traz consigo. A relação de conjugalidade que essas mulheres possuem com o seu agressor aponta para o direito socialmente aceito do homem dispor da vida da mulher, bem como para a invisibilidade e a naturalização do fenômeno.2323 Lettiere A, Nakano MAS, Bittar DB. Violence against women and its implications for maternal and child health. Acta Paul Enferm [internet] 2012 [cited 2015 Nov 25]; 25(4):524-9. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000400007
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
-2424 Silva RA, Araújo TVB, Valongueiro S, Ludermir AB. Facing violence by intimate partner: the experience of women in an urban area of Northeastern Brazil. Rev Saúde Pública [Internet]. 2012 [cited 2016 Nov 28]; 46(6):1014-22. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102012000600011
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
Sobre o tipo de agressão, predominaram neste estudo o tapa e o empurrão, semelhante ao encontrado em pesquisa no Recife.1616 Menezes TC, Amorim MMR, Santos LC, Faúndes A.. Domestic physical violence and pregnancy: results of a survey in the postpartum period. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet] Jun 2003 [cited 2016 Jul 12]; 25(5):309-16. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032003000500002
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
Além das marcas físicas deixadas no corpo da mulher, esse tipo de violência pode desencadear sentimentos de vergonha, culpa, medo, queda da autoestima e isolamento social, além de ansiedade e depressão.2525 Mattar R, Silva EYK, Camano L, Abrahão AR, Colás OR, Andalaft Neto J, et al . Domestic violence as a risk factor in the screening of for post-partum depression. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet]. 2007 Sep [cited 2017 Oct 04]; 29(9):470-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v29n9/06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v29n9/06.p...

Neste estudo, mulheres com idade de 31 a 43 anos, e com três gestações ou mais, apresentaram mais frequentemente relatos de maus-tratos. De maneira geral, mulheres mais velhas possuem mais experiências de vida se comparadas às mulheres jovens, inclusive quando se trata de situações de violência; além disso, acredita-se que aquelas com maior número de filhos sejam mais suscetíveis à violência doméstica pelo estresse gerado no cotidiano familiar, bem como por sua situação de submissão e entrega à família, o que diminui o seu poder de negociação e a sua autonomia sobre questões básicas como contracepção e gravidez.2626 Sgobero JKGS, Monteschio LVC, Zurita RCM, Oliveira RR, Freitas Mathias TAF. Intimate partner violence perpetrated during pregnancy: prevalence and several associated factors. Aquichan [Internet]. 2015 Jul [cited 2017 Oct 04]; 15(3). Available from: http://www.scielo.org.co/pdf/aqui/v15n3/v15n3a03.pdf
http://www.scielo.org.co/pdf/aqui/v15n3/...

Ainda sobre a ocorrência de maus-tratos na vida, nota-se maior ocorrência entre as mulheres que relataram ser da religião evangélica. Estudo recente revela que a religião pode produzir na mulher que experimenta a violência um sentimento de culpa, de tal maneira que as mulheres tornam-se frágeis e pensam muito mais antes de tomar qualquer atitude concernente ao rompimento da relação.2727 Silva GV. A violência de gênero no Brasil e o gemido das mulheres evangélicas. Discernindo - Rev Teol Discente da Metodista. 2013; 1(1):131-42.

Nesta pesquisa, não ter companheiro esteve associado à violência conjugal. Mulheres que relataram no momento da entrevista não possuir companheiro apresentaram prevalência 2,3 vezes maior de violência física no último ano e 4,6 vezes mais ocorrência de violência física na gestação. Estudos apontam que mulheres sem companheiro estão mais propensas à violência doméstica na gestação quando comparadas àquelas que possuem.1515 Finnbogadóttir H, Dykes AK, Wann-Hansson C. Prevalence and incidence of domestic violence during pregnancy and associated risk factors: a longitudinal cohort study in the south of Sweden. BMC Pregnancy and Childbirth [Internet]. 2016 Aug [cited 2016 Aug 12]; 16(228):1-10. Available from: https://bmcpregnancychildbirth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12884-016-1017-6
https://bmcpregnancychildbirth.biomedcen...
,2828 Doubova (Dubova) SV, Pámanes-González V, Billings DL, Torres-Arreola LP. Violencia de pareja en mujeres embarazadas en la Ciudad de México. Rev Saúde Pública [Internet]. 2007 Aug [cited 2017 Oct 04]; 41(4):582-90. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400012
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007...
O aparente efeito protetor do relacionamento estaria associado à existência de valores comuns entre os parceiros e ao comprometimento com a formação e a relação familiar; contrário àquelas em situação conjugal mais frágil.2929 Urquia ML, O’Campo PJ, Ray JG. Marital status, duration of cohabitation, and psychosocial well-being among childbearing women: a canadian nationwide survey. Am J Public Health [Internet]. 2013 Feb [cited 2017 Oct 04]; 103(2):e8-e15. Available from: https://doi.org/10.2105/AJPH.2012.301116
https://doi.org/10.2105/AJPH.2012.301116...

Apesar da escolaridade, da classe econômica e do trabalho remunerado não se apresentarem associados a nenhum dos desfechos em estudo, outros autores relacionam a violência doméstica na gravidez ao menor nível educacional da mulher e à situação financeira desfavorável. Condições socioeconômicas precárias e baixa escolaridade da mulher são fatores que podem interferir no relacionamento interpessoal familiar e consequentemente dificultar o manejo de problemas cotidianos, gerando como consequência reações violentas.44 Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Pérez-Escamilla R. Adverse health events associated with domestic violence during pregnancy among Brazilian women. Midwifery. 2012; 28(4):356-61.,1515 Finnbogadóttir H, Dykes AK, Wann-Hansson C. Prevalence and incidence of domestic violence during pregnancy and associated risk factors: a longitudinal cohort study in the south of Sweden. BMC Pregnancy and Childbirth [Internet]. 2016 Aug [cited 2016 Aug 12]; 16(228):1-10. Available from: https://bmcpregnancychildbirth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12884-016-1017-6
https://bmcpregnancychildbirth.biomedcen...
-1616 Menezes TC, Amorim MMR, Santos LC, Faúndes A.. Domestic physical violence and pregnancy: results of a survey in the postpartum period. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet] Jun 2003 [cited 2016 Jul 12]; 25(5):309-16. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032003000500002
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

Da mesma maneira, outros estudos encontraram associação entre a violência doméstica na gestação e variáveis ligadas à saúde reprodutiva das mulheres. As violências física e sexual foram fortemente associadas a problemas obstétricos.44 Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Pérez-Escamilla R. Adverse health events associated with domestic violence during pregnancy among Brazilian women. Midwifery. 2012; 28(4):356-61.,2020 Nongrum R, Thomas E, Lionel J, Jacob KS. Domestic violence as a risk factor for maternal depression and neonatal outcomes: a hospital-based cohort study. Indian J Psychol Med. 2014 Apr-Jun; 36(2):179-81. Mulheres que não planejaram a gravidez e que não frequentaram as consultas do pré-natal adequadamente tiveram mais chances de sofrer violência.55 Viellas EF, Gama SGN, Carvalho ML, Pinto LW. Factors associated with physical aggression in pregnant women and adverse outcomes for the newborn. J Pediatr (Rio J.) [Internet]. 2013 Fev [cited 2016 Oct 10]; 89(1):83-90. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000100013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
,1010 Okada MM, Hoga LA, Borges AL, Albuquerque RS, Belli MA. Domestic violence against pregnant women. Acta Paul Enferm [Internet]. 2015 Jun 2015 [cited 2016 Oct 14]; 28(3):270-4. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002015000300270&script=sci_abstract&tlng=es
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
Esses achados apontam para o papel primordial dos profissionais de saúde na assistência ao pré-natal de qualidade, tanto na prevenção quanto no enfrentamento à violência.55 Viellas EF, Gama SGN, Carvalho ML, Pinto LW. Factors associated with physical aggression in pregnant women and adverse outcomes for the newborn. J Pediatr (Rio J.) [Internet]. 2013 Fev [cited 2016 Oct 10]; 89(1):83-90. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000100013
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

Diante dos resultados aqui apresentados, evidencia-se a violência contra a mulher como um fenômeno presente ao longo da vida, assim como durante a gestação. Somado a isso, características socioeconômicas e reprodutivas podem estar associadas à maior prevalência desse agravo. Esse fato implica na necessidade de um acolhimento e assistência às mulheres com foco na humanização e no rastreamento da violência. Ainda, a prática de enfermagem deve focar nas demandas da mulher e da sua família, com ações de prevenção e educação acerca da valorização da mulher, bem como na promoção do vínculo familiar, ações fundamentais no enfrentamento da violência.3030 Acosta, DF, Gomes VLO, Dora AF, Gomes, GC. Violence against women commited by intimate partners: (in)visibility of the problem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [cited 2017 Jan 20]; 24(1):121-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00121.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_01...

Como limitação do estudo, vale pontuar que o delineamento, por ser a pesquisa de corte transversal, não possibilita estabelecer uma relação de causalidade entre os desfechos e as associações estabelecidas, devido à temporalidade dos fatos. Outro fator limitante deste estudo refere-se à falta de informações sobre o parceiro, o que limita a análise de algumas características do relacionamento que podem influenciar nas situações de violência. Sugere-se a realização de novos estudos para aprofundar a compreensão sobre os diversos fatores individuais, sociais, culturais e a interação entre eles, relacionados ao risco de agressão por parceiros íntimos, assim como a proposição de medidas de intervenção.

CONCLUSÃO

A violência constitui um fenômeno presente na vida da mulher, inclusive no período gestacional, e se mostrou associado às condições socioeconômicas e obstétricas da mulher. Ainda, por meio dos resultados, esta pesquisa possibilitou identificar o perfil de mulheres gestantes vitimadas e, por conseguinte, reafirmar a importância de ações educativas de prevenção e enfrentamento, principalmente nos momentos em que as mulheres acessam os serviços de saúde mais corriqueiramente, como durante o pré-natal e nas maternidades.

Nesse contexto, os profissionais de enfermagem possuem um papel relevante em todos os âmbitos da assistência, não somente no rastreamento, mas também na promoção de estratégias de enfrentamento e ruptura desse ciclo, nas abordagens das consultas de pré-natal e no atendimento às gestantes e puérperas nas maternidades e centros especializados. Deste modo, faz-se necessário o uso de instrumentos apropriados para a identificação da violência doméstica e a inserção da temática no cotidiano assistencial para a adequada promoção de cuidados às vítimas.

  • 1
    Artigo extraído da dissertação - Prevalência e fatores associados à violência doméstica: estudo em uma maternidade de alto risco, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em 2016.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Lucena KDT, Deininger LSC, Coelho HFC, Monteiro ACC, Vianna RPT, Nascimento JA. Analysis of the cycle of domestic violence against women. J Hum Growth Dev [Internet]. 2016 [cited 2017 Sep 27]; 26(2):139-46 Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822016000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
    » http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822016000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
  • 2
    Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Andrade MGG, Pèrez-Escamila R. Violence against pregnant women: prevalence and associated factors. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 Oct [cited 2016 Dec 04]; 42(5):877-85. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000500013
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000500013
  • 3
    Organização Panamericana de Saúde (OPS). Informe mundial sobre la violência y la salud. Washington (US): OPS; 2002.
  • 4
    Audi CAF, Segall-Corrêa AM, Santiago SM, Pérez-Escamilla R. Adverse health events associated with domestic violence during pregnancy among Brazilian women. Midwifery. 2012; 28(4):356-61.
  • 5
    Viellas EF, Gama SGN, Carvalho ML, Pinto LW. Factors associated with physical aggression in pregnant women and adverse outcomes for the newborn. J Pediatr (Rio J.) [Internet]. 2013 Fev [cited 2016 Oct 10]; 89(1):83-90. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000100013
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572013000100013
  • 6
    Lourenco MA, Deslandes SF. Maternal care and breastfeeding experience of women suffering intimate partner violence. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008 Aug [cited 2016 Oct 10]; 42(4):615-21. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000400006
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000400006
  • 7
    Ahmed S, Koenig MA, Stephenson R. Effects of domestic violence on perinatal and early-childhood mortality: evidence from north India. Am J Public Health [Internet]. 2006 Aug [cited 2016 Oct 10]; 96(8):1423-8. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1522123/pdf/0961423.pdf
    » https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1522123/pdf/0961423.pdf
  • 8
    Brasil. Lei n. 11.340/2006: coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher. Presidência da República; 2006.
  • 9
    Garcia-Moreno C. WHO multi-country study on women’s health and domestic violence against women: Initial results on prevalence, health outcomes and women’s responses. Geneva: World Health Organization, 2005.
  • 10
    Okada MM, Hoga LA, Borges AL, Albuquerque RS, Belli MA. Domestic violence against pregnant women. Acta Paul Enferm [Internet]. 2015 Jun 2015 [cited 2016 Oct 14]; 28(3):270-4. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002015000300270&script=sci_abstract&tlng=es
    » http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002015000300270&script=sci_abstract&tlng=es
  • 11
    Santos AS, Lovisi GM, Valente CCB, Legay L, Abelha L. Domestic violence during pregnancy: a descriptive study in a basic health unit in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Colet [Internet]. 2010 [cited 2016 Jul 12]; 18(4):483-93. Available from: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2010_4/artigos/CSC_v18n4_483-493.pdf
    » http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2010_4/artigos/CSC_v18n4_483-493.pdf
  • 12
    Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critérios de Classificação Econômica Brasil. São Paulo: ABEP; 2014 [cited 2017 Sep 22]. Available from: http://www.abep.org/Servicos/Download.aspx?id=09&p=cb
    » http://www.abep.org/Servicos/Download.aspx?id=09&p=cb
  • 13
    McFarlane J, Parker B, Soeken K, Bullock L. Assessing for abuse during pregnancy: severity and frequency of injuries and associated entry into prenatal care. JAMA [Internet]. 1992 Jun [cited 2017 Sep 22]; 267:3176-8. Available from: http://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/397890
    » http://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/397890
  • 14
    Reichenheim ME, Moraes CL, Hasselmann MH. Semantic equivalence of the Portuguese version of the Abuse Assessment Screen tool used for the screening of violence against pregnant women. Rev Saúde Pública [Internet]. 2000 Dec [cited 2016 Jul 12]; 34(6):610-6. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102000000600008
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102000000600008
  • 15
    Finnbogadóttir H, Dykes AK, Wann-Hansson C. Prevalence and incidence of domestic violence during pregnancy and associated risk factors: a longitudinal cohort study in the south of Sweden. BMC Pregnancy and Childbirth [Internet]. 2016 Aug [cited 2016 Aug 12]; 16(228):1-10. Available from: https://bmcpregnancychildbirth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12884-016-1017-6
    » https://bmcpregnancychildbirth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12884-016-1017-6
  • 16
    Menezes TC, Amorim MMR, Santos LC, Faúndes A.. Domestic physical violence and pregnancy: results of a survey in the postpartum period. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet] Jun 2003 [cited 2016 Jul 12]; 25(5):309-16. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032003000500002
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032003000500002
  • 17
    Silva EP, Ludermir AB, Araújo TVB, Valongueiro SA. Frequency and pattern of intimate partner violence before, during and after pregnancy. Rev Saúde Pública [Internet]. 2011 Dec [cited 2016 Dec 06]; 45(6):1044-53. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102011000600006
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102011000600006
  • 18
    Shneyderman Y, Kiely M. Intimate partner violence during pregnancy: victim or perpetrator? Does it make a difference? BJOG. 2013 Oct; 120(11):1375-85.
  • 19
    Alhusen JL, Lucea MB, Bullock L, SharpsP. Intimate partner violence, substance use, and adverse neonatal outcomes among urban women. J Pediatr. 2013 Aug; 163(2):471-6.
  • 20
    Nongrum R, Thomas E, Lionel J, Jacob KS. Domestic violence as a risk factor for maternal depression and neonatal outcomes: a hospital-based cohort study. Indian J Psychol Med. 2014 Apr-Jun; 36(2):179-81.
  • 21
    Miranda AE, Pinto VM, Szwarcwald CL, Golub ET. Prevalence and correlates of preterm labor among young parturient women attending public hospitals in Brazil. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2012 Nov [cited 2016 Nov 22]; 32(5):330-4. Available from: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1020-49892012001100002
    » http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1020-49892012001100002
  • 22
    Pereira PK, Lovisi GM, Lima LA, Legay LF. Obstetric complications, stressful life events, violence and depression during pregnancy in adolescents at primary care setting. Rev Psiquiatr Clín [Internet]. 2010 [cited 2016 Dez 06]; 37(5):216-22. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832010000500006
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832010000500006
  • 23
    Lettiere A, Nakano MAS, Bittar DB. Violence against women and its implications for maternal and child health. Acta Paul Enferm [internet] 2012 [cited 2015 Nov 25]; 25(4):524-9. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000400007
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000400007
  • 24
    Silva RA, Araújo TVB, Valongueiro S, Ludermir AB. Facing violence by intimate partner: the experience of women in an urban area of Northeastern Brazil. Rev Saúde Pública [Internet]. 2012 [cited 2016 Nov 28]; 46(6):1014-22. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102012000600011
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102012000600011
  • 25
    Mattar R, Silva EYK, Camano L, Abrahão AR, Colás OR, Andalaft Neto J, et al . Domestic violence as a risk factor in the screening of for post-partum depression. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet]. 2007 Sep [cited 2017 Oct 04]; 29(9):470-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v29n9/06.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v29n9/06.pdf
  • 26
    Sgobero JKGS, Monteschio LVC, Zurita RCM, Oliveira RR, Freitas Mathias TAF. Intimate partner violence perpetrated during pregnancy: prevalence and several associated factors. Aquichan [Internet]. 2015 Jul [cited 2017 Oct 04]; 15(3). Available from: http://www.scielo.org.co/pdf/aqui/v15n3/v15n3a03.pdf
    » http://www.scielo.org.co/pdf/aqui/v15n3/v15n3a03.pdf
  • 27
    Silva GV. A violência de gênero no Brasil e o gemido das mulheres evangélicas. Discernindo - Rev Teol Discente da Metodista. 2013; 1(1):131-42.
  • 28
    Doubova (Dubova) SV, Pámanes-González V, Billings DL, Torres-Arreola LP. Violencia de pareja en mujeres embarazadas en la Ciudad de México. Rev Saúde Pública [Internet]. 2007 Aug [cited 2017 Oct 04]; 41(4):582-90. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400012
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400012
  • 29
    Urquia ML, O’Campo PJ, Ray JG. Marital status, duration of cohabitation, and psychosocial well-being among childbearing women: a canadian nationwide survey. Am J Public Health [Internet]. 2013 Feb [cited 2017 Oct 04]; 103(2):e8-e15. Available from: https://doi.org/10.2105/AJPH.2012.301116
    » https://doi.org/10.2105/AJPH.2012.301116
  • 30
    Acosta, DF, Gomes VLO, Dora AF, Gomes, GC. Violence against women commited by intimate partners: (in)visibility of the problem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [cited 2017 Jan 20]; 24(1):121-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00121.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00121.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2018
  • Data do Fascículo
    2018

Histórico

  • Recebido
    16 Fev 2016
  • Aceito
    27 Nov 2017
Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Campus Universitário Trindade, 88040-970 Florianópolis - Santa Catarina - Brasil, Tel.: (55 48) 3721-4915 / (55 48) 3721-9043 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: textoecontexto@contato.ufsc.br