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UNIFORME DE ALUNAS DE ENFERMAGEM: ESTRATÉGIA PARA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL (1950-1960)

RESUMO

Objetivo:

analisar o uso do uniforme de aluna como estratégia de formação da identidade profissional da enfermeira diplomada pela Escola de Enfermagem Anna Nery, nas décadas de 1950-1960.

Método:

estudo sócio-histórico, cujas fontes foram documentos da época e entrevistas realizadas pela técnica da história oral temática com sete ex-alunas da Escola de Enfermagem Anna Nery, Rio de Janeiro, Brasil. O conceito de identidade de Claude Dubar subsidiou a discussão dos dados.

Resultados;

o uniforme nivelava as estudantes, igualando-as e definindo um padrão de comportamento a ser seguido. Também as diferenciava hierarquicamente e era um objeto incluso na avaliação durante o curso.

Conclusão:

o uniforme foi uma estratégia determinante da identidade profissional durante o cotidiano no curso, pois, na visão das ex-alunas, era um elemento que demarcava posições e comportamentos deste grupo, permitindo compreender os possíveis papéis da enfermeira diplomada na sociedade à época.

DESCRITORES:
História da enfermagem; Enfermeiras e enfermeiros; Vestuário; Estudantes; Escolha da profissão

ABSTRACT

Objective:

to analyze the use of the student uniform as one of the determinants in the establishment of the professional identity of the nurse graduated from Escola de Enfermagem Anna Nery in the 1950-1960.

Method:

Socio-historical study, using documents of that time and interviews by means of the thematic oral history technique with seven former Escola de Enfermagem Anna Nery students as sources, Rio de Janeiro, Brazil. Claude Dubar’s concept of identity supported the discussion of the data.

Results:

the uniform leveled the students, equaled them and set a standard of behavior to be followed. It also distinguished them hierarchically and served as an assessment item during the course.

Conclusion:

the uniform was a determinant strategy of the professional identity during the daily course reality as, according to the former students, it was an element that distinguished this group’s positions and behaviors, permitting the understanding of the graduated nurse’s possible roles in the society of that time.

DESCRIPTORS:
History of nursing; Nurses; Clothing; Culture; Socialization; Career choice

RESUMEN

Objetivo:

analizar el uso del uniforme de alumna como uno de los determinantes de formación de la identidad profesional de la enfermera diplomada por la Escola de Enfermagem Anna Nery, en las décadas de 1950-1960.

Método:

Estudio socio-histórico, cuyas fuentes fueron documentos de la época y entrevistas llevadas a cabo por la técnica de la historia oral temática con siete antiguas alumnas de la Escola de Enfermagem Anna Nery, Rio de janeiro, Brasil. El concepto de identidad de Claude Dubar apoyó la discusión de los datos.

Resultados:

el uniforme nivelaba las estudiantes, igualándolas y definiendo un patrón de conducta a ser seguido. También las diferenciaba jerárquicamente y era un objeto incluso en la evaluación durante el curso.

Conclusion:

El uniforme fue una estrategia determinante de la identidad profesional durante el cotidiano en el curso de la Escuela pues, según las antiguas alumnas, era un elemento que demarcaba posiciones y comportamientos de este grupo, permitiendo comprender los posibles papeles de la enfermera diplomada en la sociedad de aquel tiempo.

DESCRIPTORES:
Historia de la enfermería; Enfermeros; Vestuario; Cultura; Socialización; Selección de profesión

INTRODUÇÃO

A identidade profissional da enfermeira, a partir da Enfermagem Moderna, foi construída baseada nos atributos profissionais descritos por Florence Nightingale, considerando os princípios de cuidado, administração, disciplina e formação da enfermeira.11. Medeiros ABA, Enders BC, Lira ALBC. The Florence Nightingale’s Environmental Theory: A Critical Analysis. Esc Anna Nery [Internet]. 2015. [cited 2018 Apr 06];19(3):518-24. Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20150069
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-22. Carvalho V. Por uma epistemologia do cuidado de enfermagem e a formação dos sujeitos do conhecimento na área da enfermagem - do ângulo de uma visão filosófica. Esc Anna Nery Enferm. [Internet]. 2009. [cited 2017 Jun 07];13(2):406-14. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n2/v13n2a24
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O processo de socialização que construiu esta identidade profissional compreendia a interação entre os indivíduos de um mesmo grupo, apoiados no conhecimento teórico-prático, o que garantia a expertise deste grupo, e consequentemente, o seu reconhecimento como profissionais.33. Dubar C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes;2005.-44. Bellaguarda MLR, Padilha MI, Peres MAA, Paim L. The nursing profession: its status - that is the question. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2016. [cited 2018 Apr 06];24(2):e8591. Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2016.8591
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Resultados de um estudo produzido no Irã em 2012 demonstram que o conceito da imagem da enfermagem é multidimensional, paradoxal, dinâmico e complexo. Implicam, para sua definição, elementos como invisibilidade, estilo de roupa, comportamentos dos enfermeiros, questões de gênero e as organizações profissionais. No que diz respeito à roupa, os autores destacam que, se por um lado, a razão original para usar o uniforme era refletir a imagem de asseio, limpeza e servidão, acreditando que uma aparência arrumada e limpa facilita a profissionalização da enfermagem e projete uma imagem corporativa, por outro lado, consideram que a aparência impressiona significativamente e, que os uniformes explicitam um senso de identidade, apesar de não serem capazes de garantir o profissionalismo do enfermeiro.55. Rezaei-Adaryani M, Salsali M, Mohammadi E. Nursing image: An evolutionary concept analysis. Contemp Nurse [Internet]. 2012 [cited 2018 Apr 06];43(1):81-9. Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.5172/conu.2012.43.1.81
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Nos últimos anos, estudos sobre o uso de uniformes e a construção da identidade profissional da enfermeira começaram a ser produzidos no Brasil e alguns têm como cenário a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), que tem seu valor histórico no desenvolvimento da profissão no país e que instituiu o uniforme como elemento de múltiplas funções no cotidiano de seu espaço social. O uniforme de estudantes de enfermagem, quando observado a partir do advento da Enfermagem Moderna no mundo, sempre foi constituído de roupa (vestido, saia, calça comprida, blusa, etc.) e acessórios (avental, jaleco, broche, touca, braçadeira, maleta, chapéu, etc.) sendo registrado, ao longo dos anos, a inserção e retirada de alguns desses acessórios, bem como a mudança dos modelos e cores das roupas, a depender do tempo histórico e da instituição.66. Almeida RLM, Aperibense PGGS, Peters AAR, Gonçalves MAF, Santos TCS, Almeida Filho AJ, Peres MAA. Vestuário de alunas de uma Escola de Enfermagem brasileira: relações com a identidade profissional (1947-1965). Cienc enferm [Internet]. 2016 Sep [cited 2016 Sep 30];22(3):125-36. Available from: Available from: http://www.scielo.cl/pdf/cienf/v22n3/0717-9553-cienf-22-03-00125.pdf
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-1010. Almeida RLM, Aperibense PGGS , Rodrigues AAP, Figueiredo MAG, Santos TCF, Almeida Filho AJ, Peres MAA . Student uniforms in a brazilian nursing school: its relation with professional identity (1947-1965). Cienc Enferm [Internet]. 2016 Sep [cited 2018 Mar 26];22(3):125-36. Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.4067/S0717-95532016000300125
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Na EEAN, os uniformes, cujos modelos eram importados de escolas norte-americanas, eram parte dos emblemas utilizados como estratégia de construção da identidade profissional de suas alunas, para o que também contava com rigorosa disciplina, cerimônias ritualísticas, juramentos, eventos comemorativos e eventos sociais.88. Peres MAA , Padilha MICS. Uniform as a sign of a new nursing identity in Brazil (1923-1931). Esc Anna Nery [Internet]. 2014 [cited 2014 Apr 02];18(1):112-21. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_1414-8145-ean-18-01-0112.pdf
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,1111. Santos TCF. Significado dos emblemas e rituais na formação da identidade da enfermeira brasileira: uma reflexão após oitenta anos. Esc Anna Nery [Internet]. 2004 [cited 2015 Jun 17];8(1):81-6. Available from: Available from: http://eean.edu.br/detalhe_artigo.asp?id=1042
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-1212. Porto F, Santos TCF. O rito e os emblemas na formatura das enfermeiras brasileiras no distrito federal (1924-1925). Esc Anna Nery. [Internet]. 2009 [cited 2015 Jun 17];13(2):249-55. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n2/v13n2a03.pdf
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As relações da EEAN com a identidade profissional e social da enfermeira brasileira foi notada em estudos que trataram da sua criação, implantação e desenvolvimento, processos que incluíram a difusão de enfermeiras por ela formadas para quase todos os estados do Brasil, por meio da contratação de suas ex-alunas pelo Serviço de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, na década de 1920-1940; do Decreto n. 20.109/31 que a fez escola oficial padrão de 1931-1949; do movimento de criação de escolas de enfermagem em universidades federais nas cinco regiões do país, na década de 1970, por um grupo setorial de saúde que contava com uma ex-aluna e professora, que representava a EEAN no então Departamento de Assuntos Universitários do Ministério da Educação e Cultura.88. Peres MAA , Padilha MICS. Uniform as a sign of a new nursing identity in Brazil (1923-1931). Esc Anna Nery [Internet]. 2014 [cited 2014 Apr 02];18(1):112-21. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_1414-8145-ean-18-01-0112.pdf
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,1313. Ministério da Educação e Cultura (BR). Departamento de Assuntos Universitários. Desenvolvimento do Ensino superior de enfermagem no Brasil. Brasília (DF): MEC;1979.-1717. Santos JFE, Santos RM, Costa LMC, Almeida LMWS, Macêdo AC, Santos TCF. The importance of civilian nursing organizations: integrative literature review. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016. [cited 2018 Apr 06];69(3):610-8. Available from: https://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2016690326i
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O uso do uniforme nas escolas de enfermagem brasileiras foi uma importante estratégia de construção da imagem da Enfermeira e da sua identidade profissional, sendo que, na EEAN, vários elementos tinham significados simbólicos, dos quais podemos citar: touca, avental, broche, braçadeira.88. Peres MAA , Padilha MICS. Uniform as a sign of a new nursing identity in Brazil (1923-1931). Esc Anna Nery [Internet]. 2014 [cited 2014 Apr 02];18(1):112-21. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_1414-8145-ean-18-01-0112.pdf
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,1010. Almeida RLM, Aperibense PGGS , Rodrigues AAP, Figueiredo MAG, Santos TCF, Almeida Filho AJ, Peres MAA . Student uniforms in a brazilian nursing school: its relation with professional identity (1947-1965). Cienc Enferm [Internet]. 2016 Sep [cited 2018 Mar 26];22(3):125-36. Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.4067/S0717-95532016000300125
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Os estudos que tratam dos uniformes na EEAN identificam que, nas décadas de 1920 a 1950, estes eram parte essencial da imagem da aluna e seu uso inquestionável diante das professoras.88. Peres MAA , Padilha MICS. Uniform as a sign of a new nursing identity in Brazil (1923-1931). Esc Anna Nery [Internet]. 2014 [cited 2014 Apr 02];18(1):112-21. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_1414-8145-ean-18-01-0112.pdf
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As mudanças ocorridas nos uniformes, apontadas nesses estudos, revelam influência da moda feminina no sentido de acompanhar a evolução cultural da sociedade, sem que a imagem da enfermeira diplomada pela escola, que reproduzia o modelo norte-americano com base na Escola Nightingaleana, fosse modificada radicalmente.88. Peres MAA , Padilha MICS. Uniform as a sign of a new nursing identity in Brazil (1923-1931). Esc Anna Nery [Internet]. 2014 [cited 2014 Apr 02];18(1):112-21. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_1414-8145-ean-18-01-0112.pdf
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O objetivo deste estudo foi analisar o uso do uniforme de aluna como estratégia de formação da identidade profissional da enfermeira diplomada pela Escola de Enfermagem Anna Nery, nas décadas de 1950-1960.

O embasamento teórico é constituído por autores que tratam de vestuário e identidade profissional, com destaque para Roland Barthes que estudou o vestuário como linguagem não verbal e os conceitos de vestuário-imagem; vestuário escrito e vestuário real; e Claude Dubar, que trata do conceito de identidade, e sua forma de construção. Para melhor compreender a função dos uniformes na EEAN, acrescentam-se os conceitos de disciplinarização do corpo, de Michel Foucault. A integração destes autores permitiu perceber-se como o vestuário interferiu na construção da identidade profissional do enfermeiro.

O filósofo Michel Foucault escreveu sobre diferentes aspectos relacionados ao Poder do Estado na Sociedade. Em sua perspectiva, o conceito de Estado que chamou de Estado Disciplinar, tem o objetivo de formatar os indivíduos em instituições como a escola, o trabalho e a família. Assim, eles devem se tornar úteis para a sociedade.1818. Foucault M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8th ed. São Paulo: Martins Fontes ;1999. Essa noção de utilidade tem relação com o que se chamou de corpos dóceis. É dócil “um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado [...] em qualquer sociedade o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações”.1818. Foucault M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8th ed. São Paulo: Martins Fontes ;1999.:118 Esta relação de docilidade-utilidade é determinada por meio de certos mecanismos, como a disciplina (processos disciplinares), que manipula, normaliza e regulariza a fim de que se cumpram determinados objetivos.

MÉTODO

Estudo sócio-histórico, qualitativo, cujas fontes orais foram obtidas a partir de entrevistas realizadas de janeiro a agosto de 2015, com duração média de 75 minutos cada. Definiu-se como critério de inclusão ter sido discente e/ou docente da EEAN no período do estudo. O instrumento que norteou a entrevista seguiu um roteiro pré-estabelecido abordando questões sobre as características dos uniformes usados, mudanças e adaptações observadas durante o tempo em que foram aluna e/ou professoras e percepções sobre o uso do uniforme, principalmente o significado que atribuíam a ele. Os documentos escritos foram selecionados no Centro de Documentação da EEAN e no acervo pessoal das ex-alunas da Escola. A análise dessas fontes foi feita mediante crítica interna e externa ao documento a fim de garantir a sua interpretação de acordo com a realidade em que foram produzidos buscando eliminar ou explicitar eventuais contradições.1919. Lemos FCS, Galdino D, Reis LP, Moreira MM, Borges AG. Análise documental: algumas pistas de pesquisa em psicologia e história. Psicol Est [Internet]. 2015. [cited 2018 Apr 06];20(3). Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.4025/psicolestud.v20i3.27417
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As fontes secundárias foram constituídas do acervo bibliográfico produzido sobre a temática.

A técnica para a obtenção de documentos orais foi a História Oral Temática que, ao ser confrontada com outras fontes, torna mais rico seu potencial como fonte de pesquisa.2020. Padilha MI, Bellaguarda MLR, Nelson S, M ARC, Costa R. The use of sources in historical research. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 Mar 26];26(4):e2760017. Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017002760017
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Para a seleção das colaboradoras, utilizou-se a lógica de formação de uma comunidade de destino, colônia e rede. A comunidade de destino constituiu-se por enfermeiras assistenciais e docentes que usaram uniformes quando alunas na EEAN.2121. Meihy JCSB, Holanda F. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto;2013. Para este artigo fez-se um recorte que abarca como participantes 07 ex-alunas, atualmente professoras aposentadas da EEAN.

Na análise documental, que inclui o material transcrito, foram formuladas perguntas com o intuito de problematizar e responder os questionamentos da pesquisa.2222. Le Goff J. História e memória. Campinas (SP):UNICAMP;1990. Ao corpus documental, empregou-se um conjunto de procedimentos sistemáticos e objetivos seguindo as etapas de pré-análise; exploração do material ou codificação; tratamento dos resultados, inferência e interpretação.2323. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70;2009. As colaboradoras foram identificadas pela letra A de aluna, seguida do número ordinal correspondente à sequência da entrevista (ex: A1 - Aluna - primeira entrevista).

RESULTADOS

Ao ingressar na Escola, a aluna passava a ter seus gestos e comportamento moldado para construir a identidade esperada para a futura profissional. A colaboradora que prestou a prova em 1957 descreveu o momento em que foi admoestada pela professora da Escola à época. Sua reação emotiva ao saber da aprovação foi a razão para ser repreendida: passei. Dona O. [cita uma professora] que mostrou os resultados e observou que eu estava com muita emoção, porque não podia ter muita emoção! [...] Mas não fez mal que ela dissesse assim, foi bom que ela me controlou na hora, [...] e na hora o estímulo dela foi bom, de retrair um pouco a manifestação, tudo é aprendizagem. [...] Nunca tive raiva da escola, eu achava tudo tão lúdico, tão interessante, parecia que eu estava vivendo uma época em outra época (A1).

É importante salientar que o recorte temporal desta pesquisa circunscreve-se em um período no qual a EEAN ainda era uma escola só para mulheres. As colaboradoras citam os espaços físicos da escola com frequência, especialmente o pavilhão de aulas e o internato, o que demarca a importância destes locais como cenários nos quais o uniforme prevalecia como objeto de construção de identidade pessoal, social e profissional.

Nos anos de 1960, não se circulava nas dependências da Escola sem o uniforme, assim como os militares não circulam em um ambiente militar sem o uso da farda. As falas das colaboradoras demonstram essa relação de rigorosidade e disciplina em relação a usar o uniforme dentro da EEAN. Uma destaca o uso desde o início, em que afirma: desde a entrada já tinha um uniforme. Não podia ficar sem uniforme. O uniforme fazia o grupo, e o grupo era uma representação social e isso era muito claro para a gente (A1). A outra destaca que as mulheres não podiam usar calça no ambiente do pavilhão de aulas. A gente usava raramente roupa comum em algumas aulas no pavilhão de aulas [...] Só podia ir para lá de saia, tinha que ter uma roupa adequada, composta, mas a maioria das vezes quando era aula de Fundamentos, sempre estávamos de uniforme, não tinha como ser de outra forma (A2).

Além de receberem o uniforme completo, inclusive sapato e meia, as estudantes também recebiam uma ajuda de custo para manterem-se estudando, conforme se vê na fala da colaboradora: a escola fornecia [o uniforme]. Algumas alunas ganharam até bolsa [bolsa de estudos], eu por exemplo, tive bolsa na escola, mas a gente ganhava o uniforme (A3).

Fornecer ajuda de custo e bolsas de estudo era uma estratégia para manter as estudantes no curso, que era integral. Por esta razão, as estudantes tinham alimentação e moradia garantidas. Assim, a EEAN provia meios para incentivar a entrada no curso e a não desistência. Por outro lado, ao compartilhar o mesmo ambiente de moradia com as estudantes, as dirigentes da Escola se faziam presentes no cotidiano das mesmas, influenciando também na formação social destas moças.

No interior da EEAN, seja no pavilhão de aulas ou no internato, o período em que a estudante estava era fundamental para determinar o seu cotidiano. Além da distinção nas condições de convívio nos espaços sociais, também havia uma distinção hierárquica visível no uniforme, identificável através de um acessório presente nele - a braçadeira.

Os uniformes utilizados na década de 1950-1960 guardavam o mesmo simbolismo do momento da implantação da EEAN, uma vez que a Escola ainda mantinha lugar de destaque no campo da educação em enfermagem. Era característica importante na identidade em construção das estudantes, que nessa primeira década da segunda metade do século XX, chegavam com outra mentalidade social e cultural, mas continuavam entendendo o valor do uniforme, transmitido através dos anos de uma turma para outra e mantido pelas dirigentes e professoras. Era uma herança simbólica, parte da memória institucional, que levava ao aceite e ao desejo de usar o uniforme.

A EEAN mantinha formas de vigilância e controle do vestuário que se dava pela inspeção do uniforme. A partir do momento que o recebiam, as estudantes deveriam responsabilizar-se por conservá-los: Nós éramos encaminhadas para a Sala de Ferro e uma das professoras mais antigas, enfermeira, orientava como fazia e começamos a engomar. [...] Cada um se preocupava com a sua nitidez (A3).

Nitidez era o nome dado ao quesito que avaliava o uniforme das estudantes no que diz respeito à aparência, apresentação, limpeza, higiene, conservação. Uma professora mais antiga era designada para instruir as estudantes quanto à forma de manter o asseio de seus uniformes, principalmente no que diz respeito ao processo de engomar o vestido e o avental.

Este ensinamento era realizado a fim de preparar as estudantes para um critério de avaliação que era a nitidez de seu uniforme pelo qual recebiam os graus: Má, Sofrível, Regular, Bom, Superior e Excelente no instrumento de avaliação de estudantes em campo de prática. A partir de 1963, não existiu mais esta ficha de avaliação nos Dossiês das Estudantes da EEAN.

Nas décadas de 1950-1960, não era costume comprar uniformes em lojas, as estudantes precisavam encomendar a sua confecção, para facilitar o atendimento às exigências do modelo indicado pela Escola. O Manual da Aluna, de 1963, ao tratar das aulas e estágios, destaca acerca do uniforme: “As alunas devem comparecer às aulas e aos estágios em uniforme completo. Por uniforme completo fica subentendido o modelo oferecido pela sala de costura”.2323. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70;2009.:3

Como se tratava de um modelo com vários detalhes, para garantir a homogeneidade e a padronização, a Escola possuía a sua própria sala de costura: Todos [os uniformes] eram iguais porque a Escola tinha costureira, com sala de costura, então não tinha como ser diferente (A2). As costureiras se encarregavam de tirar as medidas das estudantes e confeccionar os uniformes: Os uniformes eram criados pelas próprias pessoas do grupo. Nossos primeiros modelos eram copiados um pouco das americanas ainda (A1). Eles eram entregues aproximadamente em uma semana após o ingresso no curso, inclusive com identificação nominal no lado avesso de cada modelo para identificar caso misturasse com o de outras alunas: fomos encaminhadas à sala de costura, tiraram as nossas medidas e logo na semana seguinte, com menos de quinze dias, nós já estávamos com o uniforme (A3).

As colaboradoras reconheciam que a EEAN mantinha um regime rigoroso, disciplinar, rígido e autoritário na formação das estudantes: então, era assim, um regime exigente, aparentemente parecido que era uma força militar [ênfase], mas, na verdade não era, tinha uma certa razão que quem aprendesse a razão não ia ter discussão ali e nem ia achar isso, e eu achava muito interessante e muito bonito (A1). Entretanto este reconhecimento sempre vem acompanhado de uma fala que justifica tal dinâmica, no sentido de reconhecer também que aquelas ações se faziam necessárias para garantir a formação de profissionais competentes, responsáveis e disciplinadas: Era duro, para aguentar a Escola Anna Nery não era fácil não. A gente tinha que se esforçar porque a disciplina era rigorosíssima, era um regime militar, mas que nos serviu muito para nós sermos excelentes profissionais posteriormente (A4).

Apesar do reconhecimento da disciplina, as colaboradoras relatam o sentimento de orgulho e honra por usar o uniforme conforme a fala: a gente tinha prazer e até orgulho de usar uniforme (A3); e a fala: o uniforme é usado com simbólico orgulho e prestigiado pelas ações do profissional que o veste, era assim que a gente aprendia (A1).

A escola trabalhava tanto na formação da identidade das estudantes, nelas imprimindo sentimento de orgulho, honra, importância e imponência que o uso do uniforme representava, que se consideravam parte da Instituição e incorporavam todas essas qualidades conforme relato a seguir: eu gostava de vestir meu uniforme [...] tinha um modelo padrão [...] elas vestidas ninguém mostrava uma coisa diferente, era todo mundo padronizado. [...] a finalização do vestido era igual, e ficava muito bom, muito bom, muito bom (A1). Outrossim, a colaboradora destaca o lado positivo do uso do uniforme: Orgulho-me de participar de nosso grupo profissional, estar de uniforme sempre foi um alerta para mim quanto à autoridade que em meu uniforme me sinto investida (A1).

Outro instrumento usado pela EEAN para a construção e manutenção identitária do corpo discente era o Manual da Aluna. O Manual revisado, datado de 1963, explica a sua função, de modo que não fosse visto como um instrumento de imposição de comportamentos, mas de contribuição para a formação pessoal/moral/social das estudantes: “A Comissão encarregada da revisão deste manual deseja fazer sentir as alunas o esforço dispendido a fim de que o mesmo [o manual] não seja um meio coercitivo à sua vida estudantil, e sim um fator de ajuda real para que os anos passados na Escola Anna Nery venham a ser férteis em aproveitamento e alegria sã”. 2424. Nursing School Anna Nery. Student’s Manual. Placed at: module G; Box 15.3; year 1950/1967; origin: Director’s Office; Content: director Waleska Paixão; doc09. [Description: Manual with 16 pages of guidelines regarding the rights, duties and conducts of the student admitted at EEAN.] 1963.:4

O mesmo Manual supracitado destaca também a questão do viver em grupo: “das características e uma atividade democrática ressalta a capacidade de cada um aceitar a responsabilidade da autodisciplina, respeito aos direitos de outrem, respeito inteligente à autoridade, cooperação ou esforços conjugados para o bem comum. Sendo esses os princípios básicos seguidos na Escola Anna Nery, cada um de seus membros respeita o Sistema de Honra - prova de confiança - acarretando grande soma de responsabilidade pessoal”. 2424. Nursing School Anna Nery. Student’s Manual. Placed at: module G; Box 15.3; year 1950/1967; origin: Director’s Office; Content: director Waleska Paixão; doc09. [Description: Manual with 16 pages of guidelines regarding the rights, duties and conducts of the student admitted at EEAN.] 1963.:4

O trecho destacado mostra aspectos importantes na formação das identidades, como o Sistema de Honra, que moldava mais do que o comportamento da estudante, pois ia além deste, por requerer delas atitudes ético-morais como respeito e confiança, entre outras citadas. Criava-se, então, um ambiente social de formação na vida cotidiana do qual o uniforme fazia parte e construía identidades individuais e grupais, como um espaço simbólico de ensino-aprendizagem: a gente aprendia pelo ambiente simbólico o sentido dos uniformes (A1).

O modelo do uniforme promovia o ocultamento e a padronização dos corpos, dificultando o reconhecimento, impondo um anonimato para as estudantes, negando o indivíduo. Seu uso, associado à proibição de qualquer adorno ou maquiagem, tornava todas iguais, indistintas visualmente no espaço da Escola.

Outra característica do cotidiano com o uso do uniforme era a apresentação à chefe de disciplina para avaliação: tínhamos que fazer apresentação diária às instrutoras desfilando e sendo avaliadas critério de qualificação da ordem e aparência com que portávamos o uniforme completo. Andávamos em grupo ordenados e tínhamos uma hierarquia a zelar com os alunos já avançados, os que, conforme o tempo, usavam braçadeira com divisão, touca, avental e sapato branco (A1).

À medida que as estudantes passavam a ser consideradas pré-profissionais, intensificavam-se o discurso da vigilância, da ordem e o controle da instituição. Usar o uniforme significava estar atento às responsabilidades com regras e compromissos da EEAN. A fala da colaboradora a seguir expressa bem essa questão: até hoje eu aprendi isso, que roupa de trabalho é roupa discreta, não se faz de roupa de trabalho motivo de mostrar seu corpo a outras pessoas, não há porque. Você pode mostrar assim, insinua, mas não mostra, e eu acho que isso é discrição e eu aprendi lá, nossas mestras todas, cada uma com o seu rigor (A1).

Do mesmo modo, a professora mais nova na instituição era incumbida de vigiar os uniformes, dentre outros aspectos não verbais do comportamento das estudantes: A V. [cita uma professora] já era diferente, ela ficava olhando a gente porque ela era a [professora] mais nova da Escola quando nós entramos [...] A V. ficava na escada e olhava a gente descer, porque tinha que olhar mesmo [ênfase], você vai querer que um grupo entre lá com meia furada, sapato sem limpar, sujo? Voltava! [ênfase] Se fizesse isso, voltava! Porque já tinha mais de 18 anos todo mundo. Quer dizer, era falta de respeito consigo mesmo e, mais ainda, com o grupo, um grupo ainda pior, que estava se instituindo naquela época, apesar de já ser anos cinquenta [1950]. Mas, de 20 [de 1920] para 50 [1950], na história não é nada (A1).

DISCUSSÃO

A identidade profissional não se desenvolve apenas em determinados momentos, mas perpassa toda uma trajetória de vida, sempre num processo de construção/desconstrução e reconstrução de modo que “a identidade nunca é dada, ela sempre é construída e deverá ser (re)construída em uma incerteza maior ou mais ou menos duradoura”.33. Dubar C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes;2005.:135

A identidade de qualquer profissão se constrói por diferentes fatores que incluem o vestuário, a postura, a formação teórico-prática, dentre outros. A identidade profissional é coletiva e não se constrói apenas com a escolha de um ofício ou mediante a aquisição de um diploma, pois se articula com a identidade individual, numa transação ao mesmo tempo interna e externa, estabelecida entre o indivíduo e as instituições com as quais interage.33. Dubar C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes;2005.,2525. Teodosio SSC, Padilha MI. To be a nurse: a professional choice and the construction of identity processes in the 1970s. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016 [cited 2018 Mar 26]; 69(3):401-7. Available from: Available from: https://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2016690303i
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As autoridades da EEAN permitiam que, por meio desse processo de cuidar do uniforme, as estudantes experimentassem tipificações identitárias em um ambiente no qual relações simbólicas e materiais se efetivavam concretamente, tais como a forma de engomar e manter a nitidez do uniforme; a obrigatoriedade de usá-lo nas dependências da escola; a disciplina e cuidado com a roupa; a responsabilidade em manter a individualidade dos uniformes.

Tal consagração à roupa da Escola ocorria de fato, pois se tratava de uma época em que se aspirava usar o uniforme, em que se sentir pertencente à Escola era trajar as vestes de estudante do Curso de Enfermeira, que incluíam, no modelo hospitalar, o avental e a touca brancos. Sendo assim, os marcos de referência da vida na prática, as relações simbólicas e materiais se efetivavam afirmativamente conferindo às estudantes características únicas e impressões de si mesmas enquanto seres humanos e membros de um corpo social, o que reforçava a identidade coletiva, relativa à aparência, que deveria ter a aluna da EEAN.

Uma colaboradora destacou ainda as regras definidas para as peças íntimas que as estudantes deveriam usar. Além da proteção que os botões cobertos proporcionavam, exigia-se que usassem combinação. Trata-se de uma peça inteiriça composta de sutiã com alças finas presas a uma anágua abaixo do busto. Tornou-se popular na década de 1960 quando mudanças na moda criaram a necessidade de lingerie mais funcional e confortável.2626. Callan GO. Enciclopédia da moda: de 1840 à década de 90. São Paulo: Companhia das Letras; 2007.

Embora a disciplina seja um sistema que impõe às pessoas um padrão institucional, as estudantes não viam isso como algo prejudicial, o que demonstra a força da formação da identidade dentro da escola. Elas acatavam, inclusive sem crítica negativa a esta rigorosidade disciplinar sempre verbalizando o orgulho e a honra de que sentiam por estarem usando o uniforme, ou seja, fazendo parte do grupo de mulheres que se distinguia na sociedade por serem alunas da EEAN.

Se por um lado enaltecia-se o uso do uniforme reforçando a autoridade que ele conferia à estudante da Escola, por outro lado, fortalecia-se a ideia de homogeneidade da pessoa em relação ao todo, ou seja, ao serem empoderadas do padrão institucional as estudantes tornavam-se invisíveis enquanto mulheres e seres individualizados, reforçando apenas sua igualdade perante o grupo.

As colaboradoras reforçaram a função de neutralizar os corpos das mulheres pelo uso de um modelo de uniforme que escondia o corpo feminino, denegando a sexualidade, aceitando apenas como possível o compromisso como dever, com a tarefa, mas também a criação de álibis, os quais possibilitaram às enfermeiras sobreviverem ao desafio de fazer a enfermagem sobreviver como profissão.2727. Sobral VRS, Miranda CML, Figueiredo NMA, Santos I. O que escondiam nossos corpos escondidos pelos uniformes?. Rev Enferm UERJ. 1995;3(2):244-8.

O uniforme, em todos os tempos e lugares, não existe sem atender propósitos e ideologias. Se por um lado nivelava as estudantes, igualando-as e definindo um padrão a ser seguido, por outro lado também as diferenciava hierarquicamente, ainda enquanto grupo acadêmico. Qualquer irregularidade era detectada no processo rigorosíssimo de controle dos uniformes. Este representava, além do orgulho por portá-lo, a avaliação de erros ou equívocos do estudante, o que gerava receios de incompletude e anseios de perfeccionismo ao vesti-lo.

Era no discurso das autoridades da Escola e da sociedade que se justificavam a igualdade, a exaltação e a honra por pertencer a este grupo. O objetivo era preservar a imagem pública da enfermeira: “uma pessoa de aparência suave, imaculadamente limpa e bem vestida, de elegância no falar e no vestir”.2828. Carvalho, AC. A docente de enfermagem como modelo a ser imitado. Rev Bras Enferm [Internet]. 1973 Dec [cited 2015 Nov 22];26(6):527-31. Available from: Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v26n6/0034-7167-reben-26-06-0527.pdf
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Também merece destaque a estratégia utilizada pelas professoras norte-americanas, e perpetuada pelas pioneiras da EEAN, no sentido de empoderar as estudantes que poderiam vir a ser futuras professoras para dar continuidade ao legado da escola, reconhecida por sua disciplina, rigor e qualidade das profissionais por ela formadas naquele período. Tal estratégia reforçava na professora a identidade profissional do novo cargo que exercia, ou seja, o de enfermeira, professora da EEAN, que deveria desenvolver a habilidade de impor-se sob uma nova perspectiva, que não apenas a de cumprir com as regras determinadas pela EEAN, no que diz respeito ao seu funcionamento e ao uso do uniforme, mas, acima de tudo, ser exemplo.

A construção de identidade grupal se dá por meio de regras que devem obrigatoriamente ser seguidas.33. Dubar C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes;2005. Nesse sentido, o uniforme se tornou consciente e deliberadamente simbólico, por identificar aquela que o vestia como membro de um grupo diferenciado no campo da enfermagem brasileira.

Neste contexto, os uniformes, aqui entendidos como elementos padronizados, constituíram-se como recurso estratégico na formação da imagem profissional e da identidade do enfermeiro. E este vestuário é analisado com base nas relações entre o seu significante particular (uniforme) e o seu significado geral, que lhe é exterior (época, país, classe social). Esta relação, no entanto, não se dá de modo simples e linear. Há que considerar no tempo, ora a história do significante, ora a história do significado.2929. Barthes R. Imagem e Moda. Trad. Ivone Benedetti. São Paulo: Martins Fontes ;2005.

Entre as múltiplas dimensões da identidade dos indivíduos, a dimensão profissional adquiriu uma importância particular por três motivos principais: um, a atividade laboral escolhida condiciona a construção das identidades socias; dois, no desenvolvimento de seu trabalho o indivíduo sofre sutis transformações identitárias; três, a formação intervém nas dinâmicas identitárias muito além do período escolar, acompanhando intimamente todas as mudanças da profissão.33. Dubar C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes;2005.

Assim, a construção da identidade é tanto simbólica quanto social, ambos os processos são necessários para a construção e manutenção das identidades. Pelo simbólico damos sentido às relações sociais, pelo social é possível vivenciar a diferenciação, a classificação dessas relações.3030. Hoeve YT, Jansen G, Roodbol P. The nursing profession: public image, self-concept and professional identity. A discussion paper. J Adv Nurs [Internet]. 2014. [cited 2018 Apr 06];70(2):295-309. Available from: Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jan.12177
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A construção da identidade envolve reivindicações essencialistas sobre determinado grupo identitário, e essas reivindicações estão baseadas em alguma versão da história e do passado, na qual a história é construída ou representada como uma verdade imutável.3030. Hoeve YT, Jansen G, Roodbol P. The nursing profession: public image, self-concept and professional identity. A discussion paper. J Adv Nurs [Internet]. 2014. [cited 2018 Apr 06];70(2):295-309. Available from: Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jan.12177
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O grupo identitário de estudantes da EEAN tem sua história determinada pela fama consolidada de sua expertise e excelência de ensino, trazida pelas enfermeiras norte-americanas e reafirmada após o Decreto no 20.109/1931, que determinava as condições de equiparação das escolas de enfermagem do país e definia a EEAN como Escola oficial padrão.3131. Brasil. Decreto nº 20.109, de 15 de Junho de 1931. Publicado no DOU de 28/6/1931. Seção I fls 10516. Regula o exercício da enfermagem no Brasil e fixa as condições para a equiparação das escolas de enfermagem. 1931 [cited 2015 Dec 15]; Available from: Available from: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20109-15-junho-1931-544273-publicacaooriginal-83805-pe.html
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Esta trajetória de significância da EEAN tem sido lembrada, guardadas as devidas proporções de desenvolvimento da profissão ao longo dos anos, o que reforça a ideia de verdade imutável.3232. Hall S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11th ed. Rio de Janeiro: DP&A; 2006.

A escala, o objeto e a modalidade do controle exercida pela EEAN foram analisados aqui com base no uniforme e na disciplina para sua manutenção. Ao analisar essas questões à luz da disciplinarização do corpo, é preciso considerar a concepção de poder proposta por Foucault, em que a disciplina (ou poder disciplinar) é um tipo específico de poder. “É falso definir o poder como algo que diz não, que impõe limites, que castiga. O poder possui uma eficácia produtiva, uma riqueza estratégica, uma positividade”.1818. Foucault M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8th ed. São Paulo: Martins Fontes ;1999.:118

A “mecânica do poder” define como é possível ter domínio sobre o corpo dos outros não simplesmente para que se faça o que se quer, mas para que operem como se quer. Assim, a disciplina fabrica corpos submissos e exercitados, dóceis; um corpo caracterizado por “aptidão aumentada” em detrimento de “dominação acentuada”.1818. Foucault M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8th ed. São Paulo: Martins Fontes ;1999.:118

De maneira discreta, mas permanente, as formas de organização espacial e os regimes disciplinares da EEAN conjugam controle de movimentos, de horários, de rituais, regularização do cotidiano por meio do controle dos corpos, assumindo a tarefa de formar, corrigir e qualificar o estudante, tornando-o um ente capaz de produzir.

Utilizou-se deste conceito de Foucault para analisar como o uniforme e as circunstâncias que cercavam seu uso foram importantes objetos de disciplinarização do corpo dos estudantes da EEAN, no sentido de moldar um estereótipo para as alunas e determinar uma identidade profissional para a categoria.

A construção da identidade profissional do enfermeiro é um movimento dinâmico, que integra um contexto sociocultural, histórico e econômico, e envolve mudanças estruturais, como processos centrais na forma de agir e pensar de uma sociedade. São as tendências sociais que levam à reorganização de seu significado.3333. Pereira JG, Oliveira MAC, Yamashita CH. Identidade profissional da Enfermeira no Brasil: Passado, presente e futuro. In: Anais do Congresso Internacional de Humanidades & Humanização em Saúde [Blucher Medical Proceedings], 2014 mar; São Paulo, Brasil. São Paulo (SP): Editora Blucher. p. 89. Available from: https://dx.doi.org/10.5151/medpro-cihhs-10361
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CONCLUSÃO

Os uniformes utilizados na EEAN no recorte temporal do estudo formavam uma estrutura cujos elementos eram significantes por estarem interligados por um conjunto de normas coletivas, expressas principalmente nos rituais que consagravam seu uso, que regulavam a disposição das peças num usuário, conferindo-lhe valor enquanto indumentária.

Desse modo, esta pesquisa possui uma vertente em outras áreas de estudo que abrangem, por exemplo, a historiografia, sociologia, a antropologia, as ciências sociais e a moda, uma vez que esta temática discute, para além do significado da roupa, a relação desta com a formação da identidade de um grupo profissional e, mais especificamente, o caso da identidade do enfermeiro formado pela EEAN por meio do uso de uniformes durante a graduação.

O uniforme foi aqui discutindo considerando-se o conjunto de elementos que indicam a problemática histórica, a vida social e cultural de um grupo e da sociedade à época, permitindo compreender as relações sociais, a vida e o cotidiano estabelecidos por meio de seu uso.

Mesmo sabendo que o método escolhido para pesquisar tem local, tempo e grupo determinados, considera-se que as representações destes enfermeiros sobre identidade devem desencadear reflexões a respeito da prática profissional e acadêmica. Tais reflexões fazem do tema uma questão atual, visto que hoje em dia há uma crise de identidade na categoria da enfermagem e da área da saúde como um todo.

O estudo conclui que o uniforme foi uma estratégia para a construção da identidade profissional durante o cotidiano no curso da EEAN, pois, na visão das ex-alunas, era um elemento que demarcava posições e comportamentos deste grupo, permitindo compreender os possíveis papéis da enfermeira diplomada na sociedade à época.

Estudar os uniformes de enfermeiros é tarefa ainda em andamento por diversos pesquisadores da enfermagem. A questão da construção de uma identidade é amplamente discutida no campo das ciências, sendo que muitos autores concordam que a aquisição da identidade é um processo contínuo que sofre mudanças no decorrer dos tempos.

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    » https://dx.doi.org/10.5151/medpro-cihhs-10361

NOTAS

  • AGRADECIMENTO
    À Faculdade de Enfermagem da Universidade de Toronto, no Canadá (Lawrence S. Bloomberg Faculty of Nursing), pela oportunidade de ampliação e aprofundamento acadêmico, o que muito enriqueceu nossa visão de mundo e o desenvolvimento dessa pesquisa.
  • ORIGEM DO ARTIGO
    Artigo extraído da tese - Uniformes e suas relações com a identidade profissional do enfermeiro formado pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1969-1985), apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2016.
  • FINANCIAMENTO
    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - concessão de bolsa de doutorado sanduíche, no período de janeiro a abril de 2015.
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, protocolo n. 773.523/2014, CAAE: 32989414.4.0000.5238.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Maio 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    20 Dez 2017
  • Aceito
    25 Abr 2018
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