Acessibilidade / Reportar erro

ADESÃO ÀS BARREIRAS DE SEGURANÇA NO PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA PEDIATRIA

RESUMO

Objetivo:

investigar a adesão das barreiras de segurança adotadas no preparo e na administração de medicamentos endovenosos em unidades de Pediatria e Terapia Intensiva Pediátrica.

Método:

estudo descritivo exploratório, observacional, realizado com a equipe de enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e uma clínica pediátrica de um hospital público de grande porte de Belo Horizonte, no período de agosto a novembro de 2017.

Resultados:

a amostra foi constituída por 334 oportunidades de observação do preparo e administração de medicamentos em pacientes pediátricos. A maior parte das ações foi realizada por profissionais do sexo feminino, técnicos de enfermagem e concursados. Em nenhum dos procedimentos o profissional executou todas as barreiras de segurança necessárias. As ações de higienização do local do preparo, desinfecção da ampola, conexão, conferência do medicamento/dose/via administrada com a prescrição e checagem dupla dos medicamentos foram as que tiveram menor adesão.

Conclusão:

o estudo aponta para a fragilidade quanto à adesão das barreiras de segurança no preparo e na administração de medicamentos, resultando em risco para a segurança das crianças hospitalizadas. Acredita-se que a educação continuada pautada nas boas práticas seja uma estratégia importante para a segurança.

DESCRITORES
Segurança do paciente; Sistemas de medicação no hospital; Pediatria; Enfermagem pediátrica; Cuidados de enfermagem; Qualidade da assistência à saúde

ABSTRACT

Objective:

to investigate the compliance to safety barriers adopted in the preparation and administration of intravenous drugs in Pediatric and Pediatric Intensive Care Units.

Method:

exploratory, observational descriptive study, conducted with the nursing team of a pediatric intensive care unit and a pediatric clinic of a large public hospital in Belo Horizonte, from August to November 2017.

Results:

the sample consisted of 334 opportunities to observe the preparation and administration of medications in pediatric patients. Most of the actions were performed by female professionals, nursing technicians and civil servants. The professionals did not perform all the necessary safety barriers in any of the procedures. The hygiene of the preparation site, disinfection of the ampoule, connection, conference of the drug/dose/route administered with the prescription and double checking of the drugs were those that had the lowest compliance.

Conclusion:

the study highlights the fragility regarding compliance to safety barriers in the preparation and administration of medicines, resulting in a risk to the safety of hospitalized children. Continued education based on good practice is believed to be an important strategy for security.

DESCRIPTORS
Patient safety; Medication systems in the hospital; Pediatrics; Pediatric Nursing; Nursing care; Quality of health care

RESUMEN

Objetivo:

investigar la adherencia a las barreras de seguridad adoptadas en la preparación y administración de fármacos intravenosos en unidades de cuidados intensivos pediátricos y pediátricos.

Método:

estudio exploratorio, observacional, descriptivo realizado con el equipo de enfermería de una Unidad de Cuidados Intensivos Pediátricos y una clínica pediátrica en un gran hospital público de Belo Horizonte, en el período de agosto del nuevo 2017.

Resultados:

la muestra consistió en 334 oportunidades para observar la preparación y administración de medicamentos en pacientes pediátricos. La mayoría de las acciones fueron realizadas por mujeres profesionales, técnicas de enfermería y candidatas. En ninguno de los procedimientos el profesional realizó todas las barreras de seguridad necesarias. Las acciones de higiene del sitio de preparación, desinfección de la ampolla, conexión, control del medicamento / dosis / vía administrada con la prescripción y doble control de los medicamentos fueron los que tuvieron menor adherencia.

Conclusión:

el estudio apunta a la fragilidad en la adherencia a las barreras de seguridad en la preparación y administración de medicamentos, lo que se traduce en un riesgo para la seguridad de los niños hospitalizados. Se cree que la educación continua basada en buenas prácticas es una estrategia importante para la seguridad.

DESCRITPORES
Seguridad del paciente; Sistemas de medicación en el hospital; Pediatría; Enfermería pediátrica; Cuidado de enfermería; Calidad de la asistencia sanitaria

INTRODUÇÃO

A ocorrência de eventos adversos (EA) no ambiente profissional da pediatria impacta significativamente na vida do paciente e de seus familiares, e reflete no aumento da morbimortalidade, tempo de hospitalização e custos para o sistema de saúde. Dentre os principais EA, estão os erros de medicação, definido como evento adverso evitável ocorrido em qualquer etapa da administração de medicamentos, causando danos ao paciente. O dano é compreendido por comprometimento estrutural ou funcional do corpo, incluindo doença, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção11. Ministério da Saúde (BR), Fundação Oswaldo Cruz; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília, DF(BR): Ministério da Saúde; 2014 [cited 2018 Feb 8]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
. Tais eventos podem estar relacionados às condições de trabalho e conhecimentos técnico-científicos dos profissionais22. National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention (US). What is a medication error? [Internet] 2018 [cited 2018 Feb 8]. Available from: http://www.nccmerp.org/about-medication-errors
http://www.nccmerp.org/about-medication-...
.

Com intuito de fortalecer a segurança do paciente, a World Health Organization (WHO) criou as seis metas internacionais, incluindo a segurança na administração de medicamentos. No Brasil foram desenvolvidos protocolos básicos para a segurança do paciente, dentre eles, o protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos, visando promover práticas seguras no uso de medicamentos e minimizar a ocorrência de erros de medicação e consequentemente de EA33. Ministério da Saúde (BR); Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Fiocruz; Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Brasília, DF(BR): Ministério da Saúde ; 2013 [cited 2018 Feb 8]. Available from: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de-medicamentos
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadop...
. Os erros de medicação podem ser classificados em: erro de prescrição, dispensação, omissão, horário, uso de medicamentos não autorizados ou deteriorados, dosagem, apresentação, preparo, administração e monitoração22. National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention (US). What is a medication error? [Internet] 2018 [cited 2018 Feb 8]. Available from: http://www.nccmerp.org/about-medication-errors
http://www.nccmerp.org/about-medication-...
.

Neste processo, a equipe de enfermagem constitui-se como uma barreira importante para prevenção de erros, já que é responsável pelo preparo e administração de medicamentos, podendo a todo instante estar envolvida em situações de risco. Em se tratando da administração de medicamentos em pediatria, essa situação torna-se ainda mais complexa, pois grande parte das formulações de medicamentos foram desenvolvidas para adultos, implicando a necessidade de calcular a dosagem individual da criança com base em seu peso corporal e maturidade dos órgãos, além de ter que considerar o metabolismo e a excreção, elevando a possibilidade de erros44. Antonucci R, Porcella A. Preventing medication errors in neonatology: is it a dream? World J Clin Pediatr [Internet]. 2014 [cited 2018 Feb 8];3(3):37-44. Available from: https://doi.org/10.5409/wjcp.v3.i3.37
https://doi.org/10.5409/wjcp.v3.i3.37...
.

Estudos mostram que a taxa de incidentes com medicação em pediatria é variada55. Volpatto BM, Wegner W, Gerhardt LM, Pedro ENR, Cruz SS, Bandeira LE. Medication errors in pediatrics and prevention strategies: integrative review. Cogitare Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 Feb 8];22(1):e45132. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v22i1.46569
https://doi.org/10.5380/ce.v22i1.46569...
, sendo que para os neonatos essa taxa é maior e a maioria desses incidentes podem ser considerados evitáveis66. Santesteban E, Arenas S, Campino A. Medication errors in neonatal care: a systematic review of types of errors and effectiveness of preventive strategies. J Neonatal Nurs [Internet]. 2015 [cited 2018 Feb 8];21(5):200-8. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jnn.2015.04.002
https://doi.org/10.1016/j.jnn.2015.04.00...
. Nesse processo, a maioria das falhas ocorre na etapa de administração, sendo mais comuns os erros de dose, horário e omissão77. Esqué Ruiz MT, Moretones Suñol MG, Rodrìguez Miguélez JM, Sánchez Ortiz E, Izco Urroz M, Lamo Camino M, et al. Medication errors in a neonatal unit: one of the main adverse events. Pediatr [Internet]. 2016 [cited 2018 Feb 15];84(4):211-7. Available from: https://doi.org/10.1016/j.anpedi.2015.09.009
https://doi.org/10.1016/j.anpedi.2015.09...
-88. Truter A, Schellack N, Meyer JC. Identifying medication errors in the neonatal intensive care unit and paediatric wards using a medication error checklist at a tertiary academic hospital in Gauteng, South Africa. SAJCH [Internet]. 2017 [cited 2018 Feb 15];11(1):5-10. Available from: http://doi.org/10.7196/sajch.2017.v11i1.1101
http://doi.org/10.7196/sajch.2017.v11i1....
. Entre as principais causas que contribuem para o erro estão a comunicação ineficaz, carga de trabalho e distração da equipe de enfermagem88. Truter A, Schellack N, Meyer JC. Identifying medication errors in the neonatal intensive care unit and paediatric wards using a medication error checklist at a tertiary academic hospital in Gauteng, South Africa. SAJCH [Internet]. 2017 [cited 2018 Feb 15];11(1):5-10. Available from: http://doi.org/10.7196/sajch.2017.v11i1.1101
http://doi.org/10.7196/sajch.2017.v11i1....
.

Durante a assistência ao paciente pediátrico hospitalizado, é frequente a indicação de medicamentos endovenosos como sedativos, anestésicos, opioides e antibióticos, o que requer vigilância e monitoramento contínuos para garantir a segurança o preparo e administração de medicamentos. Porém, o que se observa na prática é que, mesmo com a implementação de protocolos, algumas barreiras de segurança no processo de administração de medicamentos parecem ser negligenciadas por parte dos profissionais, podendo prejudicar o paciente, os familiares, os profissionais e o serviço de saúde99. Perin DC, Erdmann AL, Higashi GDC, Sasso GTM. Evidence-based measures to prevent central line-associated blood stream infections: a systematic review. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 13];24:e2787. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1233.2787
https://doi.org/10.1590/1518-8345.1233.2...
.

Diante do exposto, denota-se que o processo de administração de medicamentos constitui-se uma prática de fundamental importância para a segurança do paciente pediátrico. Nesse sentido, o presente estudo objetivou investigar a adesão das barreiras de segurança adotadas pela equipe no preparo e na administração de medicamentos endovenosos em unidades de Pediatria e Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP).

Este estudo poderá contribuir para a identificação de potencialidades e fragilidades do processo de preparo e administração de medicamentos na pediatria, a fim de elaborar estratégias para melhorar a prática assistencial, tornando-a mais segura.

MÉTODO

Estudo descritivo exploratório e observacional realizado com a equipe de enfermagem de uma UTIP e uma unidade de internação pediátrica de um hospital público de grande porte de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, sendo a coleta de dados realizada no período de agosto a novembro de 2017. A UTIP apresenta dez leitos e uma relação de um técnico de enfermagem para dois leitos. Enquanto a unidade de internação dispõe de 25 leitos e a relação de um técnico de enfermagem para cinco leitos. Ressalta-se que ambas unidades do estudo possuem pequenos espaços destinados exclusivamente ao preparo de medicações, porém observa-se um fluxo grande de pessoas nesses locais nos horários estipulados para tal, acarretando excesso de ruído e interrupções inevitáveis.

Participaram do estudo profissionais que, durante a coleta de dados possuíssem no mínimo três meses de experiência e executassem o preparo e/ou administração de medicamentos endovenosos na UTIP ou na unidade de internação pediátrica. Foram excluídas observações em que essas atividades não foram concluídas, e não foram feitas observações de preparo e administração de medicamentos em situações de urgência ou mediante prescrição verbal.

A amostra foi calculada considerando o número de internações mensais e a quantidade de administrações de drogas endovenosas no paciente pediátrico diariamente, em ambos os setores. Constatou-se uma média de sessenta administrações de drogas endovenosas por dia, sendo vinte na pediatria e quarenta na UTIP. Esse dado foi lançado no programa informatizado de análise estatística Open Epi (versão 3.01), com nível de confiança de 95%. Assim, a amostra foi composta por 334 observações referentes ao preparo e à administração de medicamentos, sendo 111 na pediatria e 223 na UTIP.

As 334 observações das ações de preparo e administração dos medicamentos endovenosos foram não participantes, diretas e sistemáticas, sendo realizadas durante os plantões diurno e noturno no período da coleta. Os horários para as observações foram definidos considerando os períodos nos quais era realizado o maior número de procedimentos. Assim, as observações ocorreram em três períodos distintos: das 8h às 11h, das 14h às 17h e das 19h às 22h. Os dados foram coletados por três pesquisadores treinados, por meio de um instrumento de checklist pautado no documento de práticas seguras no uso de medicamentos99. Perin DC, Erdmann AL, Higashi GDC, Sasso GTM. Evidence-based measures to prevent central line-associated blood stream infections: a systematic review. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 13];24:e2787. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1233.2787
https://doi.org/10.1590/1518-8345.1233.2...
e nas diretrizes de prevenção de infecção relacionadas à cateter1010. O’Grandy NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Atlanta (US): Centers for Disease Control and Prevention Morbidity and Mortality Weekly Report. [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 12]; Available from: https://www.cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/pdf/bsi/bsi-guidelines-H.pdf
https://www.cdc.gov/infectioncontrol/gui...
.

As variáveis que constituíram o instrumento foram distribuídas em três grupos: caracterização sociodemográfica dos participantes, itens relativos às barreiras de segurança no preparo e na administração de medicamentos.

A caracterização sociodemográfica dos participantes contemplou as seguintes variáveis: sexo (feminino ou masculino), idade (em anos), categoria profissional (técnico de enfermagem ou enfermeiro), formação complementar (nenhuma, superior completo, superior incompleto ou especialização), vínculo institucional (contrato ou concurso público), setor de trabalho (UTIP ou Unidade de Internação Pediátrica), turno de trabalho (manhã: 07h-13h, tarde: 13h-19h, diurno: 07h-19h ou noturno: 19h-07h), tempo de atuação na unidade (em anos),e outros vínculos empregatícios (sim ou não). Foi inserida nesta etapa a variável participação em capacitação sobre preparo e administração de medicamentos nos últimos doze meses (sim ou não).

Constituíram as variáveis das barreiras de segurança no preparo: transcrição da prescrição em rótulo de identificação do medicamento, conferência do medicamento/dose/via com os dados da prescrição, higienização do local, das mãos e dos frascos ou ampolas, dupla checagem no preparo e interrupção do profissional durante o preparo.

Em relação à administração, estabeleceram-se os seguintes itens de segurança: conferência dos dados do paciente na prescrição com a pulseira/leito de identificação, verificação do medicamento/dose/via administrada com a prescrição, identificação e desinfecção da conexão, verificação dos dispositivos desde o lugar de punção até a bomba de infusão correspondente, checagem do paciente e orientação ao acompanhante sobre a finalidade do medicamento, checagem da medicação no prontuário após a administração (considerando adequado quando inferior a cinco minutos). Foi verificado se houve atraso na administração do medicamento, para essa variável foi considerado atraso os medicamentos administrados trinta minutos após o horário prescrito.

Ressalta-se que para cada ação observada existiam três alternativas: “realizou”, “não realizou” e “não se aplica”, que deveriam ser assinaladas pelas pesquisadoras no momento da observação do procedimento.

Destaca-se que o instrumento foi analisado por quatro enfermeiros assistenciais com título de mestre e com experiência nas áreas de segurança e saúde da criança quanto à relevância, clareza e concordância dos itens, os quais sugeriram modificações em relação AA clareza dos itens. Após adequação do instrumento, foi realizado teste piloto com dez observações da equipe quanto ao preparo e a administração de medicamentos, a fim de avaliar a aplicabilidade do instrumento, assim o nível de concordância entre os avaliadores foi considerado superior a 90%.

Para a análise descritiva do estudo utilizou-se frequências absolutas e relativas para as variáveis qualitativas. Para as variáveis quantitativas, depois de verificada a assimetria pelo teste de Shapiro-Wilk, os dados foram apresentados por meio de média e desvio padrão. O software utilizado nas análises foi o R (versão 3.4.3).

A pesquisa respeitou as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde (Resolução CNS 466/2012).

RESULTADOS

Foram observados 334 procedimentos relativos ao preparo e à administração de medicamentos em pacientes pediátricos, realizados por 97 profissionais da equipe de enfermagem. Desses, predominou o sexo feminino (99,0%) e a média da idade foi de 42,34 anos (±9,68). Mais da metade atua na UTIP (58,8%) e o tempo de atuação nas unidades teve média de 8,51 anos (±7,82). As demais características estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 -
Caracterização dos profissionais de enfermagem, segundo variáveis sociodemográficas. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2017. (n=97)

Dos 334 procedimentos relativos ao preparo e administração de medicamentos em pacientes pediátricos, a maioria ocorreu na UTIP (n = 223; 67,0%) e, quanto à classe dos medicamentos, predominaram os antibióticos (n= 160; 47,9%), seguido por anestésicos (n= 38; 11,4%), sedativos (n= 36; 10,8%) e analgésicos/antipiréticos (n= 22; 6,6%).

O estudo verificou que 100% das observações tiveram pelo menos uma barreira de segurança rompida no que tange ao processo completo, incluindo as etapas de preparo e administração do medicamento. Quando avaliadas separadamente, houve ruptura de barreiras no preparo das medicações em 81,4% (n=272) das observações, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 -
Dados da observação durante o preparo das medicações. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2017. (n=334)

Ressalta-se que durante o preparo e administração das medicações, em nenhuma observação foi realizada dupla checagem. Na etapa de administração dos medicamentos a ruptura de barreiras ocorreu em 76,3% (n=255) das observações.

Quanto à checagem da droga na prescrição imediatamente após a administração (menos de cinco minutos após administração), essa não foi efetuada em 54,2% das observações (n=181). Em relação ao tempo para realização das medicações, a maior parte foi administrada sem atraso, considerando a administração até trinta minutos após o horário prescrito (n=190; 56,9%), enquanto que as medicações que sofreram atraso totalizam 24,3% das observações (n=81) e as demais medicações (n=63; 18,9%) foram prescritas a critério médico, portanto não se aplicaram a esse quesito. Os demais dados da observação da etapa administração de medicamentos estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 -
Dados da observação durante a administração das medicações. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2017. (n=334)

DISCUSSÃO

Os profissionais de enfermagem representam a categoria profissional com maior envolvimento no processo de preparo e administração de medicamentos e, consequentemente, apresentam maior atuação na prevenção de complicações1111. Horta HHL, Oliveira KHA, Xavier ACP. Strategies for reducing errors in medication administration by nursing. Rev Enferm UFJF [Internet] 2017 [cited 2019 Mar 17];3(2):127-33. Available from: https://doi.org/10.2147/OAEM.S64174
https://doi.org/10.2147/OAEM.S64174...
. Dessa forma, corroborando outros estudos, foi verificado que a maioria dos procedimentos foi realizada por técnicos de enfermagem, sendo o sexo feminino predominante1212. Oliveira JKA, Llapa-Rodriguez EO, Lobo IMF, Silva LSL, Godoy S, Silva GG. Patient safety in nursing care during medication administration. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2018 [cited 2018 Aug 30];26:e3017. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2350.3017
https://doi.org/10.1590/1518-8345.2350.3...
-1515. Giordani AT, Sonobe HM, Ezaias GM, Valério MA, Andrade D. The nursing team’s compliance with hand hygiene: motivational factors. Rev Rene [Internet]. 2014 [cited 2018 May 10];15(4):559-68. Available from: https://doi.org/10.15253/2175-6783.2014000400002
https://doi.org/10.15253/2175-6783.20140...
. Neste contexto, infere-se que mesmo com a recomendação do Conselho Federal de Enfermagem sobre a supervisão do enfermeiro em relação a essas atividades por parte dos técnicos de enfermagem, esse procedimento tem sido frequentemente delegado ao profissional do nível técnico sem nenhum acompanhamento, podendo prejudicar a segurança do paciente. Em relação ao vínculo empregatício dos profissionais avaliados, os achados reforçam outro estudo cujo objetivo foi avaliar a cultura de segurança em três hospitais públicos do estado do Ceará, que observou que os profissionais contratados apresentam a melhor percepção da cultura de segurança em comparação aos profissionais estatuários1616. Carvalho REFL, Arruda LP, Nascimento NKP, Sampaio RL, Cavalcante MLSN, Costa ANP. Assessment of the culture of safety in public hospitals in Brazil. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2019 Mar 13];25:e2849. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1600.2849
https://doi.org/10.1590/1518-8345.1600.2...
.

Os resultados evidenciaram que houve rompimento de pelo menos uma das barreiras de segurança em todas as oportunidades de observação, sendo que na fase do preparo ocorreu em 81,4% das ações observadas e no momento da administração em 76,3% das vezes. Para evitar ou minimizar possíveis erros, a equipe de enfermagem deve atentar para detectar e corrigir falhas existentes quanto à prescrição e à dispensação dos medicamentos, além de implementar em sua totalidade as barreiras de segurança relacionadas a essas atividades1313. Forte ECN, Machado FL, Pires DEP. Nursing’s relationship with medication errors: an integrative review. Cogitare Enferm [Internet]. 2016 [cited 2018 Apr 22];21(Spe):1-10. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/download/43324/pdf_1
https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...
.Os dados encontrados mostraram divergências quanto a outros estudos, os quais revelaram taxas de adesão maior que 80% nas práticas assistenciais desenvolvidas pela equipe de enfermagem, justificadas por uma cultura de segurança sólida1414. Rosetti KAG, Tronchin DMR. Evaluation of the conformity of assistential practice in the maintenance of the temporary double-lumen dialysis catheter. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2014 [cited 2018 Feb 27];22(1):129-35. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-1169.2959.2378
https://doi.org/10.1590/0104-1169.2959.2...
-1515. Giordani AT, Sonobe HM, Ezaias GM, Valério MA, Andrade D. The nursing team’s compliance with hand hygiene: motivational factors. Rev Rene [Internet]. 2014 [cited 2018 May 10];15(4):559-68. Available from: https://doi.org/10.15253/2175-6783.2014000400002
https://doi.org/10.15253/2175-6783.20140...
.Nesse sentido, estudo salienta que, na medida em que todos os profissionais da saúde aprimorarem a ideia de responsabilidade coletiva, será possível avançar em direção a uma cultura de segurança do paciente mais consistente1717. Wegner W, Silva SC, Kantorski KJC, Predebon CM, Sanches MO, Pedro ENR. Education for culture of patient safety: implications to professional training. Esc Anna Nery [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 13];20(3):e20160068. Available from: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160068
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201600...
.

Problemas com o preenchimento incorreto ou inexistência dos rótulos das medicações também foram achados em outro estudo na pediatria, em que 310 (94,9%) observações tiveram inconformidades1818. Mota RO, Brito EAWS, Souza TLV, Farias LMVC, Matias EO, Lima FET. Preparation of intramuscular drugs in pediatrics: nursing team. Cogitare Enferm [Internet]. 2016 [cited 2018 May 18];21(5):1-9. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/45619/pdf_1
https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...
. Em contrapartida, no mesmo setor em um hospital do Sul do Brasil a transcrição foi realizada173 (90,6%) vezes, porém, não ficou claro no estudo sobre a verificação do preenchimento completo do rótulo1919. Souza S, Rocha PK, Cabral PFA, Kusahara DM. Use of safety strategies to identify children for drug administration. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [cited 2018 May 18];27(1):6-11. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-0194201400003
https://doi.org/10.1590/1982-01942014000...
. A etapa da transcrição contribui para que o preparo e a administração da medicação não sejam realizados apenas pela memorização, predispondo a erros, mas sim como momento de checagem e possível identificação de inconsistências1919. Souza S, Rocha PK, Cabral PFA, Kusahara DM. Use of safety strategies to identify children for drug administration. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [cited 2018 May 18];27(1):6-11. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-0194201400003
https://doi.org/10.1590/1982-01942014000...
. Destaca-se que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomenda considerar os “sete certos na administração de medicamentos”, sendo que cinco deles devem estar descritos no rótulo -paciente certo, medicamento certo, via certa, hora certa e dose certa33. Ministério da Saúde (BR); Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Fiocruz; Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Brasília, DF(BR): Ministério da Saúde ; 2013 [cited 2018 Feb 8]. Available from: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de-medicamentos
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadop...
.

As barreiras acerca da higienização do local de preparo da medicação e da desinfecção de ampola/frasco e conexões foram frequentemente rompidas, corroborando estudo observacional em hospital pediátrico do Nordeste do Brasil, que evidenciou que 28,4% dos profissionais realizaram higienização prévia das bancadas e 5,8% efetuaram a desinfecção das ampolas e frascos1818. Mota RO, Brito EAWS, Souza TLV, Farias LMVC, Matias EO, Lima FET. Preparation of intramuscular drugs in pediatrics: nursing team. Cogitare Enferm [Internet]. 2016 [cited 2018 May 18];21(5):1-9. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/45619/pdf_1
https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...
. Estudo observacional na Malásia identificou 311 (91,2%) erros na fase de pré-preparo, que inclui a organização e higiene do ambiente, sendo que a não higiene do local ocorreu 29 (9,2%) vezes e a não desinfecção de frasco/ampola ocorreu em 307 (98,7%) observações2020. Salmasi S, Khan TM, Hong YH, Ming LC, Wong TW. Medication Errors in the Southeast Asian Countries: A Systematic Review. PLoS ONE [Internet] 2015 [cited 2019 Mar 17];10(9):e0136545. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0136545
https://doi.org/10.1371/journal.pone.013...
. Todavia, estudo australiano objetivando monitorar o cumprimento da desinfecção dos injetores verificou uma conformidade de 60%2121. Desra AP, Breen J, Harper S, Slavin MA, Worth LJ. Aseptic technique for accessing central venous catheters: applying a standardized tool to audit ‘scrub the hub’ practices. J Vasc Access [Internet]. 2016 [cited 2018 May 10];17(3):269-72. Available from: https://doi.org/10.5301/jva.5000509
https://doi.org/10.5301/jva.5000509...
. Ressalta-se a recomendação do uso do álcool a 70% como um desinfetante de baixo custo, fácil aplicação e com redução da carga microbiana comprovada mesmo sem limpeza prévia2222. Ribeiro MM, Neumann VA, Padoveze MC, Graziano KU. Efficacy and effectiveness of alcohol in the disinfection of semi-critical materials: a systematic review. Rev Latino-Am Enferm [Internet]. 2015 [cited 2018 May 18];23(4):741-52. Available from: https:// doi.org/10.1590/0104-1169.0266.2611
https:// doi.org/10.1590/0104-1169.0266....
.

Embora a higienização das mãos (HM) tenha sido realizada em pouco mais da metade das observações, pode-se considerar sua adesão baixa, pois se trata de uma medida simples e eficaz para evitar infecções, porém ainda negligenciada pelos profissionais. Estudo observacional em Unidades de Terapia Intensiva da Alemanha identificou adesão de 43% e determinou que em doze horas, para cada paciente, existem em média 134 oportunidades de HM, sendo que o tempo gasto para executá-las é de 58 minutos2323. Stahmeyer JT, Lutze B, von Lengerke T, Chaberny IF, Krauth C. Hand hygiene in intensive care units: a matter of time? J Hosp Infect [Internet]. 2017 [cited 2018 May 18];95(4):338-43. Available from: https://doi.org/10.1016/ j. jhin.2017.01.011
https://doi.org/10.1016/ j. jhin.2017.01...
. A racionalização do tempo é um desafio para os profissionais, contudo a baixa adesão à HM não pode continuar sendo justificada com falhas sistêmicas, uma vez que constitui ação fundamental do cuidado e apresenta implicações éticas em relação à responsabilidade profissional2424. Belela-Anacleto ASC, Peterlini MAS, Pedreira MLG. Hand hygiene as a caring practice: a reflection on professional responsibility. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017[cited 2018 May 18];70(2):442-5. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0189
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0...
. Dessa forma, o aumento da adesão dos profissionais a esse procedimento torna-se um grande desafio para o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde nas diversas instituições1212. Oliveira JKA, Llapa-Rodriguez EO, Lobo IMF, Silva LSL, Godoy S, Silva GG. Patient safety in nursing care during medication administration. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2018 [cited 2018 Aug 30];26:e3017. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2350.3017
https://doi.org/10.1590/1518-8345.2350.3...
. Nesse sentido, estudo ressalta a importância da implantação de ações como o bundle de prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionado ao cateter venoso central nas unidades de pediatria e neonatologia, que consiste de higienização das mãos, precauções de barreira máxima, preparo da pele com clorohexidina 2%, seleção do local de inserção e revisão diária da necessidade do cateter. Essa estratégia visa mitigar os riscos de contaminação e, consequentemente, de infecção hospitalar associada ao uso de dispositivos intravenosos2525. Araújo FL, Manzo BF, Costa ACL, Corrêa AR, Marcatto JO, Simão DAS. Adherence to central venous cateter inserti on bundle in neonatal and pediatric units. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2017 [cited 2018 May 18];51:e03269. Available from: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2017009603269
https://doi.org/10.1590/S1980-220X201700...
.

Durante o preparo, evidenciou-se que a dupla checagem não foi realizada em nenhuma oportunidade de observação. Esse dado contrapõe estudo que comparou a realização da dupla checagem em várias etapas do processo medicamentoso, em que a taxa de adesão variou de 67 a 99%, exceto durante o cálculo da dose, em que a dupla checagem ocorreu em 30% das vezes2626. Alsulami Z, Choonara I, Conroy S. Pediatric nurses’ adherence to the double-checking process during medication administration in a children’s hospital: an observational study. J Adv Nurs [Internet]. 2014 [cited 2018 June 3];70(6):1404-13. Available from: https://doi.org/10.1111/jan.12303
https://doi.org/10.1111/jan.12303...
. A dupla checagem é essencial no processo medicamentoso, contudo são necessários mais estudos que avaliem o entendimento da equipe sobre o tema55. Volpatto BM, Wegner W, Gerhardt LM, Pedro ENR, Cruz SS, Bandeira LE. Medication errors in pediatrics and prevention strategies: integrative review. Cogitare Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 Feb 8];22(1):e45132. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v22i1.46569
https://doi.org/10.5380/ce.v22i1.46569...
. Portanto, o treinamento desses profissionais e medidas como uso de checklist, protocolos para manejo de doses, fluxograma na administração de medicamentos e potencializar a cultura da segurança são citados como estratégias para promover uma medicação segura sem erros de dosagens2727. Tomazoni A, Rocha PK, Ribeiro MB, Serapião LS, Souza S, Manzo BF. Perception of nursing and medical professionals on patient safety in neonatal intensive care units. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 June 3];38:e64996. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.01.64996
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.0...
.

A identificação das conexões e equipos de infusão das medicações foi outro problema encontrado nesse estudo. Ressalta-se que essa barreira é importante para evitar erros quanto às vias de infusão ou erros de gotejamentos por sequências incorretas das medicações na linha venosa. Além disso, taxas rápidas de infusão estão associadas a dor, flebite e perda do dispositivo2020. Salmasi S, Khan TM, Hong YH, Ming LC, Wong TW. Medication Errors in the Southeast Asian Countries: A Systematic Review. PLoS ONE [Internet] 2015 [cited 2019 Mar 17];10(9):e0136545. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0136545
https://doi.org/10.1371/journal.pone.013...
. Estudo observacional verificou maior frequência de erros (23,5%) relacionados a técnicas incorretas de administração, que incluem erros de velocidade e de via2828. Nguyen HT, Nguyen TD, van den Heuvel ER, Haaijer-Ruskamp FM, Taxis K. Medication errors in Vietnamese hospitals: prevalence, potential outcome and associated factors. PLosONE [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 22];10(9):e0138284. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0138284
https://doi.org/10.1371/journal.pone.013...
.

Antes da administração é imprescindível que ocorra a checagem do nome do medicamento e explicação da finalidade da droga ao acompanhante, uma vez que esse momento é considerado a última barreira de segurança antes do contato da droga com o paciente. Estudo identificou como segundo e terceiro erros mais comuns a administração de medicamento incorreto e no paciente errado, respectivamente. Tais falhas podem ser evitadas se o profissional confirmar o nome do paciente e explicar a finalidade do medicamento a ser administrado previamente ao acompanhante2929. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Pacientes pela segurança do paciente em serviços de saúde: como posso contribuir para aumentar a segurança do paciente? Orientações aos pacientes, familiares e acompanhantes. Brasília, DF(BR): Anvisa; 2017 [cited 2018 June 3]; Available from: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/guia-como-posso-contribuir-para-aumentar-a-seguranca-do-paciente-orientacoes-aos-pacientes-familiares-e-acompanhantes
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadop...
. É fundamental o envolvimento da família/acompanhante no cuidado prestado ao paciente, tornando-os aliados na prevenção de EA, já que, munidos de informação, podem alertar o profissional de alguma inconformidade3030. Chatziioannidis I, Mitsiakos G, Vouzas F. Focusing on patient safety in the Neonatal Intensive Care Unit environment. J Pediatr Neonat Individual Med [Internet]. 2017 [cited 2018 June 3];6(1):e060132. Available from: https://doi.org/10.7363/060132
https://doi.org/10.7363/060132 ...
. Em se tratando do público infantil, essa recomendação é ainda maior, visto a vulnerabilidade desses pacientes. Destaca-se que no caso de o acompanhante não estar presente, a conferência do paciente com os dados da placa e pulseira de identificação são estratégias importantes para a prevenção de erros, considerando que a identificação correta é a primeira meta internacional de segurança do paciente2929. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Pacientes pela segurança do paciente em serviços de saúde: como posso contribuir para aumentar a segurança do paciente? Orientações aos pacientes, familiares e acompanhantes. Brasília, DF(BR): Anvisa; 2017 [cited 2018 June 3]; Available from: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/guia-como-posso-contribuir-para-aumentar-a-seguranca-do-paciente-orientacoes-aos-pacientes-familiares-e-acompanhantes
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadop...
.

Ao finalizar a administração do medicamento, o profissional deve checar o procedimento realizado na prescrição e documentá-lo no prontuário. A inobservância dessa barreira também foi significativa em outros estudos2626. Alsulami Z, Choonara I, Conroy S. Pediatric nurses’ adherence to the double-checking process during medication administration in a children’s hospital: an observational study. J Adv Nurs [Internet]. 2014 [cited 2018 June 3];70(6):1404-13. Available from: https://doi.org/10.1111/jan.12303
https://doi.org/10.1111/jan.12303...
,2828. Nguyen HT, Nguyen TD, van den Heuvel ER, Haaijer-Ruskamp FM, Taxis K. Medication errors in Vietnamese hospitals: prevalence, potential outcome and associated factors. PLosONE [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 22];10(9):e0138284. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0138284
https://doi.org/10.1371/journal.pone.013...
,3030. Chatziioannidis I, Mitsiakos G, Vouzas F. Focusing on patient safety in the Neonatal Intensive Care Unit environment. J Pediatr Neonat Individual Med [Internet]. 2017 [cited 2018 June 3];6(1):e060132. Available from: https://doi.org/10.7363/060132
https://doi.org/10.7363/060132 ...
, que alertaram que esse problema configura risco para a dupla administração da mesma medicação, um perigo para a segurança do paciente.

Os achados apresentados estão diretamente relacionados às especificidades do cenário avaliado, fato que limita a generalização. Por outro lado, foi observado que os achados dessa pesquisa não divergem da maioria dos estudos encontrados. Portanto, é necessário que os profissionais busquem boas estratégias no preparo e administração de medicamentos, garantindo uma assistência segura para o paciente.

CONCLUSÃO

O estudo identificou a fragilidade quanto à adesão das barreiras de segurança no preparo e na administração de medicamentos na área da pediatria, resultando em risco para as crianças. Ressalta-se que em nenhum dos procedimentos observados o profissional executou todas as barreiras necessárias para garantira segurança do paciente pediátrico. As ações de higienização do local do preparo, desinfecção da ampola, conexão, conferência do medicamento/dose/via administrada com a prescrição e checagem dupla dos medicamentos foram as que tiveram menor adesão.

Diante do exposto, é notória a relevância dos resultados apresentados, uma vez que a capacitação da equipe de enfermagem se torna indispensável para a adesão de boas práticas e, consequentemente, para a segurança do paciente no processo de administração de medicamentos em unidades pediátricas.

Além disso, espera-se que os resultados contribuam para motivar o desenvolvimento de estudos por meio da produção de evidências científicas que possibilitem melhores práticas assistenciais da equipe de enfermagem, uma vez que não há estudos nacionais com a mesma temática na pediatria, bem como para a construção de uma cultura de segurança, favorecendo assim as políticas e programas na área de segurança do paciente.

REFERENCES

  • 1. Ministério da Saúde (BR), Fundação Oswaldo Cruz; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília, DF(BR): Ministério da Saúde; 2014 [cited 2018 Feb 8]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf
    » http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf
  • 2. National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention (US). What is a medication error? [Internet] 2018 [cited 2018 Feb 8]. Available from: http://www.nccmerp.org/about-medication-errors
    » http://www.nccmerp.org/about-medication-errors
  • 3. Ministério da Saúde (BR); Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Fiocruz; Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Brasília, DF(BR): Ministério da Saúde ; 2013 [cited 2018 Feb 8]. Available from: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de-medicamentos
    » https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de-medicamentos
  • 4. Antonucci R, Porcella A. Preventing medication errors in neonatology: is it a dream? World J Clin Pediatr [Internet]. 2014 [cited 2018 Feb 8];3(3):37-44. Available from: https://doi.org/10.5409/wjcp.v3.i3.37
    » https://doi.org/10.5409/wjcp.v3.i3.37
  • 5. Volpatto BM, Wegner W, Gerhardt LM, Pedro ENR, Cruz SS, Bandeira LE. Medication errors in pediatrics and prevention strategies: integrative review. Cogitare Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 Feb 8];22(1):e45132. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v22i1.46569
    » https://doi.org/10.5380/ce.v22i1.46569
  • 6. Santesteban E, Arenas S, Campino A. Medication errors in neonatal care: a systematic review of types of errors and effectiveness of preventive strategies. J Neonatal Nurs [Internet]. 2015 [cited 2018 Feb 8];21(5):200-8. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jnn.2015.04.002
    » https://doi.org/10.1016/j.jnn.2015.04.002
  • 7. Esqué Ruiz MT, Moretones Suñol MG, Rodrìguez Miguélez JM, Sánchez Ortiz E, Izco Urroz M, Lamo Camino M, et al. Medication errors in a neonatal unit: one of the main adverse events. Pediatr [Internet]. 2016 [cited 2018 Feb 15];84(4):211-7. Available from: https://doi.org/10.1016/j.anpedi.2015.09.009
    » https://doi.org/10.1016/j.anpedi.2015.09.009
  • 8. Truter A, Schellack N, Meyer JC. Identifying medication errors in the neonatal intensive care unit and paediatric wards using a medication error checklist at a tertiary academic hospital in Gauteng, South Africa. SAJCH [Internet]. 2017 [cited 2018 Feb 15];11(1):5-10. Available from: http://doi.org/10.7196/sajch.2017.v11i1.1101
    » http://doi.org/10.7196/sajch.2017.v11i1.1101
  • 9. Perin DC, Erdmann AL, Higashi GDC, Sasso GTM. Evidence-based measures to prevent central line-associated blood stream infections: a systematic review. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 13];24:e2787. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1233.2787
    » https://doi.org/10.1590/1518-8345.1233.2787
  • 10. O’Grandy NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Atlanta (US): Centers for Disease Control and Prevention Morbidity and Mortality Weekly Report. [Internet]. 2011 [cited 2018 Apr 12]; Available from: https://www.cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/pdf/bsi/bsi-guidelines-H.pdf
    » https://www.cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/pdf/bsi/bsi-guidelines-H.pdf
  • 11. Horta HHL, Oliveira KHA, Xavier ACP. Strategies for reducing errors in medication administration by nursing. Rev Enferm UFJF [Internet] 2017 [cited 2019 Mar 17];3(2):127-33. Available from: https://doi.org/10.2147/OAEM.S64174
    » https://doi.org/10.2147/OAEM.S64174
  • 12. Oliveira JKA, Llapa-Rodriguez EO, Lobo IMF, Silva LSL, Godoy S, Silva GG. Patient safety in nursing care during medication administration. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2018 [cited 2018 Aug 30];26:e3017. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2350.3017
    » https://doi.org/10.1590/1518-8345.2350.3017
  • 13. Forte ECN, Machado FL, Pires DEP. Nursing’s relationship with medication errors: an integrative review. Cogitare Enferm [Internet]. 2016 [cited 2018 Apr 22];21(Spe):1-10. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/download/43324/pdf_1
    » https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/download/43324/pdf_1
  • 14. Rosetti KAG, Tronchin DMR. Evaluation of the conformity of assistential practice in the maintenance of the temporary double-lumen dialysis catheter. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2014 [cited 2018 Feb 27];22(1):129-35. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-1169.2959.2378
    » https://doi.org/10.1590/0104-1169.2959.2378
  • 15. Giordani AT, Sonobe HM, Ezaias GM, Valério MA, Andrade D. The nursing team’s compliance with hand hygiene: motivational factors. Rev Rene [Internet]. 2014 [cited 2018 May 10];15(4):559-68. Available from: https://doi.org/10.15253/2175-6783.2014000400002
    » https://doi.org/10.15253/2175-6783.2014000400002
  • 16. Carvalho REFL, Arruda LP, Nascimento NKP, Sampaio RL, Cavalcante MLSN, Costa ANP. Assessment of the culture of safety in public hospitals in Brazil. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2019 Mar 13];25:e2849. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1600.2849
    » https://doi.org/10.1590/1518-8345.1600.2849
  • 17. Wegner W, Silva SC, Kantorski KJC, Predebon CM, Sanches MO, Pedro ENR. Education for culture of patient safety: implications to professional training. Esc Anna Nery [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 13];20(3):e20160068. Available from: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160068
    » https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160068
  • 18. Mota RO, Brito EAWS, Souza TLV, Farias LMVC, Matias EO, Lima FET. Preparation of intramuscular drugs in pediatrics: nursing team. Cogitare Enferm [Internet]. 2016 [cited 2018 May 18];21(5):1-9. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/45619/pdf_1
    » https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/45619/pdf_1
  • 19. Souza S, Rocha PK, Cabral PFA, Kusahara DM. Use of safety strategies to identify children for drug administration. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [cited 2018 May 18];27(1):6-11. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-0194201400003
    » https://doi.org/10.1590/1982-0194201400003
  • 20. Salmasi S, Khan TM, Hong YH, Ming LC, Wong TW. Medication Errors in the Southeast Asian Countries: A Systematic Review. PLoS ONE [Internet] 2015 [cited 2019 Mar 17];10(9):e0136545. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0136545
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0136545
  • 21. Desra AP, Breen J, Harper S, Slavin MA, Worth LJ. Aseptic technique for accessing central venous catheters: applying a standardized tool to audit ‘scrub the hub’ practices. J Vasc Access [Internet]. 2016 [cited 2018 May 10];17(3):269-72. Available from: https://doi.org/10.5301/jva.5000509
    » https://doi.org/10.5301/jva.5000509
  • 22. Ribeiro MM, Neumann VA, Padoveze MC, Graziano KU. Efficacy and effectiveness of alcohol in the disinfection of semi-critical materials: a systematic review. Rev Latino-Am Enferm [Internet]. 2015 [cited 2018 May 18];23(4):741-52. Available from: https:// doi.org/10.1590/0104-1169.0266.2611
    » https:// doi.org/10.1590/0104-1169.0266.2611
  • 23. Stahmeyer JT, Lutze B, von Lengerke T, Chaberny IF, Krauth C. Hand hygiene in intensive care units: a matter of time? J Hosp Infect [Internet]. 2017 [cited 2018 May 18];95(4):338-43. Available from: https://doi.org/10.1016/ j. jhin.2017.01.011
    » https://doi.org/10.1016/ j. jhin.2017.01.011
  • 24. Belela-Anacleto ASC, Peterlini MAS, Pedreira MLG. Hand hygiene as a caring practice: a reflection on professional responsibility. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017[cited 2018 May 18];70(2):442-5. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0189
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0189
  • 25. Araújo FL, Manzo BF, Costa ACL, Corrêa AR, Marcatto JO, Simão DAS. Adherence to central venous cateter inserti on bundle in neonatal and pediatric units. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2017 [cited 2018 May 18];51:e03269. Available from: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2017009603269
    » https://doi.org/10.1590/S1980-220X2017009603269
  • 26. Alsulami Z, Choonara I, Conroy S. Pediatric nurses’ adherence to the double-checking process during medication administration in a children’s hospital: an observational study. J Adv Nurs [Internet]. 2014 [cited 2018 June 3];70(6):1404-13. Available from: https://doi.org/10.1111/jan.12303
    » https://doi.org/10.1111/jan.12303
  • 27. Tomazoni A, Rocha PK, Ribeiro MB, Serapião LS, Souza S, Manzo BF. Perception of nursing and medical professionals on patient safety in neonatal intensive care units. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 June 3];38:e64996. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.01.64996
    » https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.01.64996
  • 28. Nguyen HT, Nguyen TD, van den Heuvel ER, Haaijer-Ruskamp FM, Taxis K. Medication errors in Vietnamese hospitals: prevalence, potential outcome and associated factors. PLosONE [Internet]. 2015 [cited 2018 Apr 22];10(9):e0138284. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0138284
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0138284
  • 29. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Pacientes pela segurança do paciente em serviços de saúde: como posso contribuir para aumentar a segurança do paciente? Orientações aos pacientes, familiares e acompanhantes. Brasília, DF(BR): Anvisa; 2017 [cited 2018 June 3]; Available from: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/guia-como-posso-contribuir-para-aumentar-a-seguranca-do-paciente-orientacoes-aos-pacientes-familiares-e-acompanhantes
    » https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/guia-como-posso-contribuir-para-aumentar-a-seguranca-do-paciente-orientacoes-aos-pacientes-familiares-e-acompanhantes
  • 30. Chatziioannidis I, Mitsiakos G, Vouzas F. Focusing on patient safety in the Neonatal Intensive Care Unit environment. J Pediatr Neonat Individual Med [Internet]. 2017 [cited 2018 June 3];6(1):e060132. Available from: https://doi.org/10.7363/060132
    » https://doi.org/10.7363/060132

NOTAS

  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Municipal Odilon Behrens-MG, Parecer n° 1.363.357. Certificado de apresentação para apreciação ética CAAE: 47994215.9.0000.5129

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    04 Out 2018
  • Aceito
    29 Abr 2019
Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Campus Universitário Trindade, 88040-970 Florianópolis - Santa Catarina - Brasil, Tel.: (55 48) 3721-4915 / (55 48) 3721-9043 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: textoecontexto@contato.ufsc.br