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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA CATETERIZAÇÃO INTRAVENOSA PERIFÉRICA EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS: REVISÃO INTEGRATIVA

RESUMO

Objetivo:

descrever os cuidados de enfermagem na cateterização intravenosa periférica em crianças hospitalizadas.

Método:

revisão integrativa realizada em novembro de 2020 nas bases de dados LILACS, CINAHL, MEDLINE, SciELO, BDENF e COCHRANE. A análise foi construída a partir dos processos desta revisão.

Resultados:

foram analisados 19 artigos, classificados quanto ao nível de evidência: nível II (5%), nível IV (21%), nível V (5%), nível VI (63%) e nível VII (5%). Categoria analítica “Assistência à criança hospitalizada que necessita de cateter intravenoso periférico”. A ultrassonografia foi considerada uma tecnologia que pode ser útil. O cateter mais utilizado e recomendando é o de calibre 24 Gauge e o ideal da fixação é utilizar filme transparente estéril. A punção em crianças é mais difícil do que adultos e está frequentemente associada a evento adverso. Não se recomenda a troca eletiva do cateter em crianças, mas ainda existem dúvidas. O escore de Acesso Intravenoso Difícil determina probabilidade de insucesso da cateterização. Profissionais de enfermagem especializados e treinados fazem a diferença nesse procedimento. Deve-se ter preocupação com a dor, utilizando artifícios farmacológicos e não farmacológicos para minimizá-la.

Conclusão:

esta revisão contribui para as boas práticas na assistência à cateterização intravenosa periférica em crianças e baseou-se em dados sobre as principais tecnologias utilizadas, formas de prevenção de eventos adversos, bem como ações de enfermagem que garantem o processo mais seguro e menos estressante para as crianças e seus familiares.

DESCRITORES:
Cateterismo periférico; Enfermagem pediátrica; Enfermagem neonatal; Segurança do paciente; Cuidados de enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to describe nursing care in peripheral intravenous catheterization in hospitalized children.

Method:

integrative review carried out in November 2020 in LILACS, CINAHL, MEDLINE, SciELO, BDENF and COCHRANE databases. The analysis was constructed from the processes of this review.

Results:

19 articles were analyzed, classified according to the level of evidence: level II (5%), level IV (21%), level V (5%), level VI (63%) and level VII (5%). Analytical category "Care for hospitalized child requiring peripheral intravenous catheter". Ultrasound was considered a useful technology. The most used and recommended catheter is the 24 Gauge caliber and the ideal dressing is to use sterile transparent film. Venipuncture in children is more difficult than adults and is often associated with adverse events. Elective catheter replacement is not recommended in children, but there are still doubts. The Difficult Intravenous Access score determines the probability of catheterization failure. Specialized and trained nursing professionals make a difference in this procedure. One should be concerned with pain, using pharmacological and non-pharmacological devices to minimize it.

Conclusion:

this review contributes to good practices in the care of peripheral intravenous catheterization in children and was based on data on the main technologies used, forms of prevention of adverse events, as well as nursing actions that ensure the safest and least stressful process for children and their families.

DESCRIPTORS:
Peripheral catheterization; Pediatric nursing; Neonatal nursing; Patient safety; Nursing care

RESUMEN

Objetivo:

describir los cuidados de enfermería en el cateterismo intravenoso periférico en niños hospitalizados.

Método:

revisión integradora realizada en noviembre de 2020 en las bases de datos LILACS, CINAHL, MEDLINE, SciELO, BDENF y COCHRANE. El análisis se construyó a partir de los procesos de esta revisión.

Resultados:

se analizaron 19 artículos, clasificados según el nivel de evidencia: nivel II (5%), nivel IV (21%), nivel V (5%), nivel VI (63%) y nivel VII (5%). Categoría analítica “Asistencia a niños hospitalizados que necesitan catéter intravenoso periférico”. La ecografía se consideró una tecnología que podría ser útil. El catéter más utilizado y recomendado es el catéter de calibre 24 Gauge y lo ideal para la fijación es utilizar una película transparente estéril. La punción en los niños es más difícil que en los adultos y, a menudo, se asocia con un evento adverso. No se recomienda el intercambio electivo de catéter en niños, pero aún existen dudas. La puntuación de acceso intravenoso difícil determina la probabilidad de falla del catéter. Profesionales de enfermería especializados y capacitados marcan la diferencia en este procedimiento. Uno debe preocuparse por el dolor, utilizando dispositivos farmacológicos y no farmacológicos para minimizarlo.

Conclusión:

esta revisión contribuye a las buenas prácticas en la asistencia al cateterismo intravenoso periférico en niños y se basó en datos sobre las principales tecnologías utilizadas, las formas de prevenir eventos adversos, así como las acciones de enfermería que garantizan un proceso más seguro y menos estresante para los niños y su familia.

DESCRIPTORES:
Cateterismo periférico; Enfermería pediátrica; Enfermería neonatal; Seguridad del paciente; Cuidados de enfermería

INTRODUÇÃO

A cateterização intravenosa periférica (CIP) é um procedimento invasivo muito utilizado na pediatria para a administração de medicamentos ou fluidos. A CIP permite a conexão entre a superfície cutânea e o interior de uma veia periférica. Os cateteres usados para essa finalidade são equipados com um tubo fino constituído de material biocompatível11. Bolcato M, Russo M, Donadello D, Rodriguez D, Aprile A. Disabling outcomes after peripheral vascular catheter insertion in a newborn patient: a case of medical liability? Am J Case Rep [Internet]. 2017 Oct 23 [cited 2020 Nov 28];18:1126-9. Available from: https://doi.org/10.12659/ajcr.904736
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. O procedimento faz parte do ofício diário de profissionais de enfermagem, no entanto, fatores relacionados às características físicas e clínicas da criança, além do tipo e da qualidade dos materiais, podem dificultar a punção, aumentando o tempo do procedimento e interferindo no tratamento22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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.

A equipe de enfermagem é responsável pelo processo da CIP, desde a verificação dos dispositivos, do lugar de punção até checagem da bomba de infusão correspondente33. Vória JO, Padula BLD, Abreu MNS, Correa AR, Rocha PK, Manzo BF. Compliance to safety barriers in the medication administration process in pediatrics. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2021 Apr 19];29:e20180358. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0358
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. É um procedimento extremamente doloroso, e uma experiência estressante para recém-nascidos, crianças e familiares. No contexto de cuidado, a manutenção da CIP deve seguir protocolos que promovam a segurança do paciente neonatal e pediátrico, assim como a durabilidade do acesso venoso pelo maior tempo possível44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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-66. Rodrigues EC, Cardoso MVLML, Campos FMC, Gazelle TGA, Nobre KSS, Oliveira NR. Content translation and validation of the Pediatric PIV Infiltration Scale into Brazilian portuguese. Rev Bras Enferm [Internet]. 2020 Jun 1 [cited 2021 Apr 19];73(4):e20190300. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0300
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.

A faixa etária que abrange a definição de criança pelo Estatuto da Criança é de zero a 12 anos incompletos77. Brasil. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências [Internet]. 1990 [cited 2020 Dec 03]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...
. Pensando nessa clientela, algumas ações específicas podem garantir a segurança durante a CIP como selecionar a veia adequada da mão, do antebraço e braço, evitar a área antecubital, e para as crianças menores de três anos, avaliar as veias da cabeça, para depois considerar as veias dos pés. No caso de rede venosa difícil e/ou após tentativas de punção sem sucesso, deve-se utilizar tecnologia de visualização. Ademais, não se recomenda trocar o acesso venoso rotineiramente em pacientes pediátricos e neonatais, diferentemente do paciente adulto88. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde [Internet]. 2nd ed. Brasília, DF(BR): Anvisa; 2017. 126 p. [cited 2020 Nov 17]. Available from: http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2BR0%3D
http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico...
.

Como exposto, existem conhecimentos e técnicas específicas da CIP em neonatologia e pediatria, porém na prática são percebidos problemas, principalmente no se refere à rede venosa de difícil acesso e à permanência do cateter pelo tempo adequado sem ocorrência de eventos adversos44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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-66. Rodrigues EC, Cardoso MVLML, Campos FMC, Gazelle TGA, Nobre KSS, Oliveira NR. Content translation and validation of the Pediatric PIV Infiltration Scale into Brazilian portuguese. Rev Bras Enferm [Internet]. 2020 Jun 1 [cited 2021 Apr 19];73(4):e20190300. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0300
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. Pode-se deduzir que a necessidade do procedimento agrega o peso da responsabilidade na equipe de enfermagem, que deve obter sucesso na CIP mesmo em condições desfavoráveis. Portanto, é imperativo que os profissionais se atualizem quanto à técnica adequada e às condutas que evitem complicações nessa clientela.

Considerando a importância da enfermagem na CIP e as dificuldades com relação à punção e à manutenção do acesso venoso periférico em crianças, verificou-se a necessidade de aprofundamento teórico na temática com vistas a direcionar a prática, fundamentando-a em conhecimento científico para respaldo no cuidado de enfermagem e adequação da assistência prestada, como propõe a Prática Baseada em Evidências99. Melnyk B, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in nursing & healthcare: a guide to best practice. 3rd ed. Philadelphia, PA(US): Lippincott Williams & Wilkins; 2015. 656 p..

Mantendo essa perspectiva sob a especificidade da CIP em pediatria, o objeto de estudo são os cuidados de enfermagem com a punção e manutenção do cateter venoso periférico em crianças hospitalizadas. O objetivo proposto para esta pesquisa consiste em descrever os cuidados de enfermagem na CIP em crianças hospitalizadas.

MÉTODO

Desenvolveu-se uma revisão integrativa da literatura, que contribui com a síntese dos resultados de pesquisas relevantes e reconhecidas mundialmente, facilitando a incorporação de evidências para utilização na prática1010. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Integrative literature review: a research method to incorporate evidence in health care and nursing. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2008 Dec [cited 2017 Jul 5];17(4):758-64. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
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,1111. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Integrative review: What is it? How to do it? Einstein (Sao Paulo) [Internet]. 2010 Jan-Mar [cited 2020 Nov 17];8(1):102-6. https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134
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. A estrutura deste estudo foi baseada nos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Metanálises (PRISMA), construindo-se a revisão com base nesse checklist, desde o título, até a conclusão e a explicitação sobre o financiamento da pesquisa, além do apontamento do fluxograma contemplando a identificação, seleção, elegibilidade e inclusão dos artigos encontrados1212. Galvão TF, Pansani TS, Harrad D. Principais itens para relatar revisões sistemáticas e meta-análises: a recomendação PRISMA. Epidemiol Serv Saude [Internet]. 2015 Apr-Jun [cited 2020 Dec 3];24(2):335-42. Available from: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742015000200017&lng=pt
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-1313. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG; The PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. PLoS Med [Internet]. 2009 Jul 21 [cited 2020 Dec 13];6(7):e1000097. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097
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.

Por se tratar de uma revisão integrativa da literatura, foram seguidas as etapas de pesquisa de identificação do problema, pesquisa bibliográfica, avaliação dos estudos incluídos, apresentação dos dados e análise1414. Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs [Internet]. 2005 Dec [cited 2020 Nov 9];52(5):546-53. Available from: https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x
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. Para a formulação da pergunta de pesquisa, adotou-se o formato PICOT (P: população alvo; I: intervenção ou área de interesse; C: comparar tipos de intervenção ou grupos; O: resultados ou efeitos alcançados com a intervenção e T: tempo necessário para obter o resultado), resultando na pergunta: As crianças hospitalizadas (P) com necessidade de CIP (I) recebem quais cuidados de enfermagem para punção e manutenção do cateter intravenoso periférico(O) durante a permanência no ambiente hospitalar (T)? Como não se trata de uma pesquisa clínica intervencionista, o tópico C (comparação) não é obrigatório99. Melnyk B, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in nursing & healthcare: a guide to best practice. 3rd ed. Philadelphia, PA(US): Lippincott Williams & Wilkins; 2015. 656 p..

A busca foi realizada no mês de novembro de 2020. As bases de dados utilizadas foram Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature(CINAHL), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online(MEDLINE), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Cochrane Database of Systematic Reviews (COCHRANE).

Os critérios de inclusão foram artigos científicos que exibissem texto completo, publicados no recorte temporal de outubro de 2017 a outubro de 2020, no intuito de analisar os artigos mais recentes sobre o assunto, gerando evidências atuais; nos idiomas português, inglês ou espanhol; cujos participantes ou objeto de estudo fossem crianças, profissionais de saúde ou responsáveis pelas crianças hospitalizadas. Os critérios de exclusão foram artigos científicos em duplicidade; artigos que não contemplassem especificamente os cuidados em neonatologia e/ou pediatria; e que não tratassem da CIP.

Utilizaram-se os descritores em inglês extraídos do vocabulário de Medical Subject Headings (MeSH): Catheterization, Peripheral; Nursing Care; Child; Infant, Newborn. A combinação com os operadores booleanos AND e OR foi avaliada em cada base de dados. A busca 1 foi: (Catheterization, Peripheral AND Nursing Care AND Infant, Newborn); busca 2: (Catheterization, Peripheral AND Nursing Care AND Child); busca 3: (Catheterization, Peripheral AND Nursing Care); e a busca 4: (Catheterization, Peripheral). Houve a priorização das buscas 1, 2 e 3. Se o resultado fosse considerado com quantitativo de artigos baixo, expandia-se para a busca 4 no intuito de abranger artigos dentro dos critérios que não estivessem bem categorizados.

As bases consultadas foram LILACS e BDENF, por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), em busca avançada com os seguintes filtros: texto completo; a base (LILACS ou BDENF); idioma inglês, português e espanhol; e intervalo do ano de publicação de 2017 a 2020. A MEDLINE e CINAHL foram acessadas pela EBSCOhost em busca avançada; modo de busca Booleano/Frase; Aplicar assuntos equivalentes; texto completo; humano; data de publicação de outubro de 2017 a outubro de 2020. Em relação à idade: marcados todos de Infant, Newborn à Child. A SciELO foi acessada pela scielo.org em pesquisa avançada; idiomas inglês, português e espanhol; ano de publicação: 2017, 2018, 2019 e 2020. O acesso à COCHRANE se deu pela Cochrane Library, em pesquisa avançada; tipo: Cochrane reviews; data: outubro de 2017 a outubro 2020. Nesta base de dados, foram consideradas apenas as revisões, visto que são o principal tipo de pesquisa disponível na plataforma.

Os artigos foram selecionados por dois revisores, separadamente. Após seleção e leitura na íntegra do material, comparou-se o resultado entre os dois, sendo os artigos excluídos ou mantidos após análise conjunta das divergências com um terceiro pesquisador. Foi criado um formulário para coleta dos dados, adaptado para revisão integrativa, para melhor observação e análise de cada artigo1515. Ursi ES, Gavão CM. Perioperative prevention of skin injury: an integrative literature review. Rev Lat Am Enfermagem. 2006 Jan-Feb [cited 2020 Nov 9];14(1):124-31. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-11692006000100017
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. Os itens deste formulário foram: título, ano de publicação, nome do periódico, idioma de publicação, graduação dos autores, país de origem dos autores/do estudo, objetivos, tipo de estudo, nível de evidência, faixa etária das crianças/quantidade, participante profissional -qual/quantidade, participante responsável/quantidade, número de artigos analisados, dispositivos utilizados, principais resultados, conclusões e vieses ou limitações desses estudos.

A análise foi organizada a partir dos processos da revisão integrativa, incluindo a plausibilidade, as comparações, a busca de padrões, o resumo, os dados em geral e a construção de uma cadeia lógica de evidência que permitisse uma visualização numérica básica da distribuição dos estudos. Os resultados foram analisados e representam os principais dados de todo o material que possibilitou a formulação de categorias1414. Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs [Internet]. 2005 Dec [cited 2020 Nov 9];52(5):546-53. Available from: https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x
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.

RESULTADOS

Foram encontrados 221 artigos. Na BDENF e LILACS, utilizaram-se as buscas 1, 2 e 3. Nas demais bases, foram realizadas as buscas 1, 2, 3 e 4. Foram excluídos os artigos em duplicidade e os que não atendiam aos critérios prévios, conforme demonstrado na Figura 1. A diferença entre os revisores resultou na exclusão de um artigo pelo segundo revisor, confirmado pelo terceiro, pois o artigo não especificava o cuidado com criança.

Figura 1 -
Fluxo de busca e exclusão de artigos por base de dados - agosto (2017 a 2020). Rio de Janeiro, RJ, Brazil, 2020.

A amostra total dos artigos analisados foi de 19, sendo 42% em português, 58% em inglês e nenhum em espanhol. Quanto ao ano de publicação e à quantidade de estudos, 2017, 2019 e 2020 tiveram quatro artigos cada; e 2018, sete artigos.

A identificação dos artigos segundo o nível de evidência baseou-se no modelo da Prática Baseada em Evidências, que classifica a pesquisa de acordo com a abordagem metodológica, de forma hierárquica, variando de 1 a 7. Não foram encontrados artigos classificados como nível I (revisão sistemática ou da metanálise de múltiplos estudos clínicos controlados e randomiza dos), nem nível III (estudos quase-experimentais - sem randomização). A maioria dos artigos compôs o nível VI (pesquisa descritiva ou qualitativa) 63%11. Bolcato M, Russo M, Donadello D, Rodriguez D, Aprile A. Disabling outcomes after peripheral vascular catheter insertion in a newborn patient: a case of medical liability? Am J Case Rep [Internet]. 2017 Oct 23 [cited 2020 Nov 28];18:1126-9. Available from: https://doi.org/10.12659/ajcr.904736
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,22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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,55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8....
,1616. Sena EMAB, Bastos MLA, Nagliate PC, Costa LC, Lopes MMCO, Lúcio IML. Peripheral venipucture in prematuros: nursing care for patient safety. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2018 Jan [cited 2020 Nov 28];12(1):1-10. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i1a25229p1-10-2018
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-2424. Silva CSG, Santos LM, Souza MJ, Passos SSS, Santos SSBS. Validation of booklet on peripheral intravenous catheterization for families. Av Enferm [Internet]. 2020 Jan-Apr [cited 2020 Nov 29];38(1):28-36. Available from: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-45002020000100028&lng=pt
http://www.scielo.org.co/scielo.php?scri...
, seguidos por 21% de artigos de nível IV (estudos caso-controle e coorte)2525. Cooke M, Ullman AJ, Ray-Barruel G, Wallis M, Corley A, Rickard CM. Not “just” an intravenous line: consumer perspectives on peripheral intravenous cannulation (PIVC): an international cross-sectional survey of 25 countries. PLoS One [Internet]. 2018 Feb 28 [cited 2020 Nov 28];13(2):e0193436. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0193436-2828. Otani T, Morikawa Y, Hayakawa I, Atsumi Y, Tomari K, Tomobe Y, et al. Ultrasound-guided peripheral intravenous access placement for children in the emergency department. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Oct [cited 2020 Nov 28];177(10):1443-9. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3201-3
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, e dos níveis II (estudos individuais com delineamento experimental controlados e randomiza dos)44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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, V (revisões sistemáticas de estudos descritivos (não ex perimentais) ou com abordagem qualitativa)2929. Santos LM, Santos SA, Silva BSM, Santana RCB, Avelar AFM. Influence of vascular assessment/visualization in peripheral intravenous catheterization technologies: an integrative review. Esc Anna Nery [Internet]. 2020 [cited 2020 Nov 29];24(3):e20190355. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0355
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e VII (opiniões de espe cialistas)3030. Carey B. Promoting paediatric IV access. Br J Nurs [Internet]. 2017 Oct 26 [cited 2020 Nov 28];26(19):S40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2017.26.19.S40 com 5% cada99. Melnyk B, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in nursing & healthcare: a guide to best practice. 3rd ed. Philadelphia, PA(US): Lippincott Williams & Wilkins; 2015. 656 p.. Continuando a análise de cada artigo, elaborou-se o Quadro 1 para melhor visualização sobre participantes e objetivos relacionados à CIP.

Quadro 1 -
Identificação da amostra de artigos entre 2017-2020 sobre cuidados relacionados à cateterização intravenosa periférica em neonatologia e pediatria por número de participantes e faixa etária das crianças. Rio de Janeiro, RJ, Brazil, 2020. (n=19).

Percebe-se que a idade das crianças não foi especificada em sete dos estudos analisados. Entretanto, esses estudos tinham como foco a pediatria ou a neonatologia, logo a limitação da faixa etária pode ser entendida de recém-nascido a 18 anos de idade. Quanto aos participantes da pesquisa, 21% dos artigos tiveram como participantes profissionais de saúde; e 16%, os acompanhantes das crianças. No que concerne à metodologia, 5% (apenas um) utilizaram metodologia de revisão, tendo como objeto de estudo outros artigos, e 48% realizou a observação da própria criança para a pesquisa.

Categoria analítica: Assistência à criança hospitalizada que necessita de cateter intravenoso periférico

Os principais temas encontrados nos artigos foram organizados dando origem à categoria analítica: Assistência à criança hospitalizada que necessita de cateter intravenoso periférico. Nesta categoria foram analisadas as diferentes formas de assistência observadas, pois todos os estudos destacaram algum cuidado referente à assistência à criança que necessitava de CIP. Para melhor visualização do contexto da análise, a categoria foi subdividida em três subcategorias: Tecnologia dura auxiliando na CIP em crianças; Eventos adversos e a CIP em crianças; Enfermagem promotora dos cuidados na CIP em crianças.

Tecnologia dura auxiliando na CIP em crianças

Tecnologia dura é uma classificação de tecnologias envolvidas no trabalho em saúde, caracterizada por envolver equipamentos tecnológicos como máquinas, além de normas e estruturas organizacionais3131. Merhy EE. A cartografia do trabalho vivo. 4th ed. São Paulo, SP(BR): Hucitec; 2014. 192 p. . Foram encontrados estudos que avaliaram se esse tipo de tecnologia poderia ser benéfico ou não no auxílio da CIP em crianças. Uma revisão sistemática sobre tecnologias no auxílio à CIP em crianças que estavam na emergência pediátrica identificou, dentre as tecnologias estudadas, que os equipamentos utilizadores de transiluminação por luz de fibra ótica aumentam a taxa de sucesso global da CIP em comparação ao método tradicional (visualização e palpação) 2929. Santos LM, Santos SA, Silva BSM, Santana RCB, Avelar AFM. Influence of vascular assessment/visualization in peripheral intravenous catheterization technologies: an integrative review. Esc Anna Nery [Internet]. 2020 [cited 2020 Nov 29];24(3):e20190355. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0355
https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-20...
.

As tecnologias que mais aumentaram a taxa de sucesso na primeira tentativa da CIP foram a luz infravermelha e a ultrassonografia (USG). A USG foi a que mais reduziu o tempo dispendido no procedimento, gerando intervenções mais rápidas, o que melhora a assistência e ameniza o estresse da criança e dos familiares2929. Santos LM, Santos SA, Silva BSM, Santana RCB, Avelar AFM. Influence of vascular assessment/visualization in peripheral intravenous catheterization technologies: an integrative review. Esc Anna Nery [Internet]. 2020 [cited 2020 Nov 29];24(3):e20190355. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0355
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. O estudo também revelou que enfermeiros treinados para utilizar a USG em CIP na pediatria possuem altas taxas de sucesso no procedimento3030. Carey B. Promoting paediatric IV access. Br J Nurs [Internet]. 2017 Oct 26 [cited 2020 Nov 28];26(19):S40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2017.26.19.S40.

No entanto, outro estudo com crianças submetidas à CIP em emergência pediátrica constatou que, após a primeira tentativa falha de CIP pelo método tradicional, a segunda tentativa, utilizando USG, foi menos eficiente (apenas 68% de sucesso) do que o método tradicional de punção (84% de sucesso). Logo, não recomendaram a USG para auxílio na CIP na população pediátrica em geral, pois a agitação da criança dificulta a visualização estável pelo aparelho, tornando o procedimento mais demorado e contribuindo para mais movimentos e choro, podendo levar à venoconstricção. Acrescentaram que o cateter utilizado geralmente é curto como os de 24 Gauge (G), o que os levou a crer que a assistência da USG durante a CIP é ineficiente2828. Otani T, Morikawa Y, Hayakawa I, Atsumi Y, Tomari K, Tomobe Y, et al. Ultrasound-guided peripheral intravenous access placement for children in the emergency department. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Oct [cited 2020 Nov 28];177(10):1443-9. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3201-3
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.

Os dados apontaram que o calibre de cateter mais usado para CIP em pediatria é o de 24G22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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,55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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,2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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,3030. Carey B. Promoting paediatric IV access. Br J Nurs [Internet]. 2017 Oct 26 [cited 2020 Nov 28];26(19):S40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2017.26.19.S40, porém o cateter fora da agulha em Vialon® com abas antiderrapantes, tubo extensor transparente flexível e dispositivo para reencape da agulha calibre 22G demonstrou melhor empunhadura para o profissional, aumentando o sucesso da punção e diminuindo o tempo do procedimento em comparação ao calibre 24G e a outros materiais22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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. Somando-se ao achado, o protocolo de um hospital infantil em Washington, nos Estados Unidos da América, sugere que o cateter utilizado para CIP seja de 24G para crianças menores de três anos e de 22G para crianças maiores55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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O adequado material para a CIP é importante para o sucesso e maior tempo de permanência do acesso. É recomendado o uso de filme transparente estéril para fixação de cateteres, especialmente em pacientes pediátricos, já que o esparadrapo e a fita microporosa não permitem uma boa visualização do óstio de inserção do cateter, dificultando a identificação de sinais flogísticos e boa fixação2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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.

A experiência com CIP pode ser dolorosa, estressante e frustrante para os pacientes. É importante que se incluam medidas de alívio da dor como prática padrão1616. Sena EMAB, Bastos MLA, Nagliate PC, Costa LC, Lopes MMCO, Lúcio IML. Peripheral venipucture in prematuros: nursing care for patient safety. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2018 Jan [cited 2020 Nov 28];12(1):1-10. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i1a25229p1-10-2018
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,1818. Bai J, Swanson K, Harper FWK, Penner LA, Santacroce SJ. Parent caring response scoring system: development and psychometric evaluation in the context of childhood cancer-related port starts. Scand J Caring Sci [Internet]. 2018 Jun [cited 2020 Dec 2];32(2):734-45. Available from: https://doi.org/10.1111/scs.12504
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,2525. Cooke M, Ullman AJ, Ray-Barruel G, Wallis M, Corley A, Rickard CM. Not “just” an intravenous line: consumer perspectives on peripheral intravenous cannulation (PIVC): an international cross-sectional survey of 25 countries. PLoS One [Internet]. 2018 Feb 28 [cited 2020 Nov 28];13(2):e0193436. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0193436,2727. Gomes PPS, Lopes APA, Santos MSN, Façanha SMA, Silva AVS, Chaves EMC. Non-pharmacological measures for pain relief in venipuncture in newborns: description of behavioral and physiological responses. BrJP [Internet]. 2019 Apr-Jun [cited 2020 Nov 29];2(2):142-6. Available from: https://doi.org/10.5935/2595-0118.20190026
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,3232. Kappesser J, de Laffolie J, Faas D, Ehrhardt H, Hermann C. Comparison of two neonatal pain assessment tools (Children and Infant’s Postoperative Pain Scale and the Neonatal Facial Coding System-Revised) and their relations to clinicians’ intuitive pain estimates. Eur J Pain [Internet]. 2019 Apr [cited 2020 Dec 2];23(4):708-18. Available from: https://doi.org/10.1002/ejp.1338
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. Uma tecnologia farmacológica para o controle da dor causada pela punção venosa, utilizada por profissionais especializados em CIP em pediatria, é o J-Tip - aplicação de lidocaína por pressão sem agulha por via subcutânea, que fornece anestesia local dentro de dois a três minutos2626. Diener ML, Lofgren AO, Isabella RA, Magana S, Choi C, Gourley C. Children’s distress during intravenous placement: the role of child life specialists. Child Health Care [Internet]. 2019 [cited 2020 Nov 28];48(1):103-19. Available from: https://doi.org/10.1080/02739615.2018.1492410.

Eventos adversos e a CIP em crianças

É notório que os pacientes pediátricos apresentam maior dificuldade para obtenção da CIP devido ao menor calibre e quantitativo de vasos apropriados para a punção. Além disso, são clientes que geralmente não cooperam durante o procedimento, dificultando ainda mais a execução da técnica2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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. Ademais, observa-se que as taxas de falha na primeira tentativa de inserção da CIP são maiores em crianças em comparação com os adultos2525. Cooke M, Ullman AJ, Ray-Barruel G, Wallis M, Corley A, Rickard CM. Not “just” an intravenous line: consumer perspectives on peripheral intravenous cannulation (PIVC): an international cross-sectional survey of 25 countries. PLoS One [Internet]. 2018 Feb 28 [cited 2020 Nov 28];13(2):e0193436. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0193436. Em vista disso, considera-se necessário estudar as razões para a baixa durabilidade do cateter periférico nessa clientela, o que requer intervenções e novas CIP em intervalos de tempo pequenos44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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Dentre os fatores de risco relacionados ao paciente pediátrico, que podem ocasionar múltiplas tentativas e maior tempo no processo de punção, estão: a faixa etária menor de três anos; baixo peso ou obesidade; histórico de prematuridade; cor da pele; agitação psicomotora; ansiedade ou medo; doenças vasculares; ou acometimentos agudos que interfiram na circulação sanguínea, como desidratação ou choque de etiologia variada, ocasionando maior fragilidade vascular, interferência na visualização e palpação do vaso22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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.

Ainda assim, a CIP é um dos procedimentos invasivos mais comuns realizados em neonatos e pacientes pediátricos e é frequentemente associada a eventos adversos11. Bolcato M, Russo M, Donadello D, Rodriguez D, Aprile A. Disabling outcomes after peripheral vascular catheter insertion in a newborn patient: a case of medical liability? Am J Case Rep [Internet]. 2017 Oct 23 [cited 2020 Nov 28];18:1126-9. Available from: https://doi.org/10.12659/ajcr.904736
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,44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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,1717. Atay S, Sen S, Cukurlu D. Incidence of infiltration/extravasation in newborns using peripheral venous catheter and affecting factors. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2018 Oct 4 [cited 2020 Nov 28];52:e03360. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2017040103360
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,1919. Abdelaziz RB, Hafsi H, Hajji H, Boudabous H, Chehida AB, Mrabet A, et al. Peripheral venous catheter complications in children: predisposing factors in a multicenter prospective cohort study. BMC Pediatr [Internet]. 2017 Dec 19 [cited 2020 Nov 28];17(1):208. Available from: https://doi.org/10.1186/s12887-017-0965-y
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-2020. Bitencourt ES, Leal CN, Boostel R, Mazza VA, Felix JVC, Pedrolo E. Prevalence of phlebitis related to the use of peripheral intravenous devices in children. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 28];23(1):e49361. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.49361
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,2525. Cooke M, Ullman AJ, Ray-Barruel G, Wallis M, Corley A, Rickard CM. Not “just” an intravenous line: consumer perspectives on peripheral intravenous cannulation (PIVC): an international cross-sectional survey of 25 countries. PLoS One [Internet]. 2018 Feb 28 [cited 2020 Nov 28];13(2):e0193436. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0193436. A título de exemplo, foram encontradas, através de imagens de USG, alterações venosas em 73% das veias mais utilizadas para colocação de CIP em pacientes pediátricos de três a 15 anos de idade com tempo médio de utilização do cateter de três em três dias. As alterações mais significativas foram o estreitamento do lúmen (47%), espessamento de parede (33%), presença de trombo (20%) e ausência de fluxo sanguíneo em torno da ponta do cateter (40%). Vale ressaltar que essas alterações não foram sempre visualizadas em exame físico, ou seja, não apresentavam sinais de flebite, o que dificulta a avaliação da permeabilidade do acesso venoso e contribui para as altas taxas de perdas de CIP em crianças55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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Levando-se em consideração as múltiplas CIP e seus possíveis eventos adversos, o prazo para troca eletiva do cateter foi destaque entre os estudos. Um estudo randomizado com neonatos não mostrou impacto da substituição eletiva do cateter intravenoso periférico a cada 72h a 96h em relação ao risco de lesão por extravasamento. Por outro lado, foi observado um aumento do risco de extravasamento ao redor do sítio de punção em bebês que tiveram a CIP substituída eletivamente44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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. Salienta-se que o risco de extravasamento ou infiltrações em CIP é proporcional à prematuridade, ao baixo peso de nascimento, ao múltiplo uso de antibióticos e ao uso de nutrição parenteral1717. Atay S, Sen S, Cukurlu D. Incidence of infiltration/extravasation in newborns using peripheral venous catheter and affecting factors. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2018 Oct 4 [cited 2020 Nov 28];52:e03360. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2017040103360
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No entanto, um estudo de caso reportou que, apesar de não terem aparecido sinais ou sintomas claros de flebite no sítio de inserção do acesso venoso periférico de um neonato prematuro que, durante seis dias, recebia antibioticoterapia, hidratação venosa e hemocomponentes pelo cateter, após removê-lo, houve um processo trombolítico secundário à flebite, causando danos graves à criança como a amputação de falanges distais da mão onde se localizava o acesso intravenoso11. Bolcato M, Russo M, Donadello D, Rodriguez D, Aprile A. Disabling outcomes after peripheral vascular catheter insertion in a newborn patient: a case of medical liability? Am J Case Rep [Internet]. 2017 Oct 23 [cited 2020 Nov 28];18:1126-9. Available from: https://doi.org/10.12659/ajcr.904736
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. Os dados sobre flebite em crianças foram relevantes e evidenciaram a prevalência em 26% das crianças analisadas, acometendo sobretudo os menores de dois anos2020. Bitencourt ES, Leal CN, Boostel R, Mazza VA, Felix JVC, Pedrolo E. Prevalence of phlebitis related to the use of peripheral intravenous devices in children. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 28];23(1):e49361. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.49361
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. A pesquisa indicou que 70,3% dos 111 técnicos de enfermagem que lidam com a clientela pediátrica acreditam que é correto realizar troca do cateter após 96h da punção, mesmo que esteja pérvio e sem sinais de infecção2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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Alguns fatores de risco para eventos adversos na CIP são o calibre pequeno do cateter mais utilizado (24G); infusão venosa por bomba de infusão com controle de volume; terapia intravenosa de longa duração; diagnóstico médico de doença respiratória ou infecção; uso de antibióticos, incluindo vancomicina e cefotaxime; uso de inibidores da bomba de prótons; solução glicosada 10% em vez de 5%; e solução fisiológica1919. Abdelaziz RB, Hafsi H, Hajji H, Boudabous H, Chehida AB, Mrabet A, et al. Peripheral venous catheter complications in children: predisposing factors in a multicenter prospective cohort study. BMC Pediatr [Internet]. 2017 Dec 19 [cited 2020 Nov 28];17(1):208. Available from: https://doi.org/10.1186/s12887-017-0965-y
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. No entanto, considera-se que muitos dos fatores de risco que levam à flebite são passíveis de prevenção1919. Abdelaziz RB, Hafsi H, Hajji H, Boudabous H, Chehida AB, Mrabet A, et al. Peripheral venous catheter complications in children: predisposing factors in a multicenter prospective cohort study. BMC Pediatr [Internet]. 2017 Dec 19 [cited 2020 Nov 28];17(1):208. Available from: https://doi.org/10.1186/s12887-017-0965-y
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-2020. Bitencourt ES, Leal CN, Boostel R, Mazza VA, Felix JVC, Pedrolo E. Prevalence of phlebitis related to the use of peripheral intravenous devices in children. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 28];23(1):e49361. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.49361
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. Dentre as práticas que podem ser implementadas sem custo adicional estão a racionalização do uso deste dispositivo, redução da duração da terapia intravenosa, remoção de cateteres venosos desnecessários, maior aderência ao uso de medicamentos e às formas adequadas de administração1919. Abdelaziz RB, Hafsi H, Hajji H, Boudabous H, Chehida AB, Mrabet A, et al. Peripheral venous catheter complications in children: predisposing factors in a multicenter prospective cohort study. BMC Pediatr [Internet]. 2017 Dec 19 [cited 2020 Nov 28];17(1):208. Available from: https://doi.org/10.1186/s12887-017-0965-y
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As condições de trabalho dos profissionais de enfermagem também podem desfavorecer a prática segura na promoção da CIP em pediatria22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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,1616. Sena EMAB, Bastos MLA, Nagliate PC, Costa LC, Lopes MMCO, Lúcio IML. Peripheral venipucture in prematuros: nursing care for patient safety. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2018 Jan [cited 2020 Nov 28];12(1):1-10. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i1a25229p1-10-2018
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. Foi verificado que o maior tempo para o sucesso da punção ocorre entre os profissionais que trabalham 60 horas semanais, que possuem como atividades que antecedem o procedimento o preparo e a administração de medicamentos e que estão puncionando a criança no terceiro período do turno noturno22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
. Fatores que podem prevenir complicações relacionadas à CIP são o aumento do número de enfermeiras por paciente e a aquisição de bombas de infusão suficientes1919. Abdelaziz RB, Hafsi H, Hajji H, Boudabous H, Chehida AB, Mrabet A, et al. Peripheral venous catheter complications in children: predisposing factors in a multicenter prospective cohort study. BMC Pediatr [Internet]. 2017 Dec 19 [cited 2020 Nov 28];17(1):208. Available from: https://doi.org/10.1186/s12887-017-0965-y
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. Assim, buscar medidas que reduzam os eventos adversos é fundamental para garantir um atendimento de qualidade, diminuir a necessidade de múltiplas punções, a dor dos pacientes, a angústia de familiares, o tempo de internação e os custos hospitalares2020. Bitencourt ES, Leal CN, Boostel R, Mazza VA, Felix JVC, Pedrolo E. Prevalence of phlebitis related to the use of peripheral intravenous devices in children. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 28];23(1):e49361. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.49361
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Enfermagem promotora do cuidado na CIP em crianças

A enfermagem possui papel central no cuidado com a terapia intravenosa, sendo a CIP um procedimento comumente realizado para administrar fluidos, medicamentos e aspirar sangue em pacientes pediátricos internados em hospitais e unidades de saúde55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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,2020. Bitencourt ES, Leal CN, Boostel R, Mazza VA, Felix JVC, Pedrolo E. Prevalence of phlebitis related to the use of peripheral intravenous devices in children. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 28];23(1):e49361. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.49361
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,2222. Freire MHS, Arreguy-Sena C, Müller PCS. Cross-cultural adaptation and content and semantic validation of the Difficult Intravenous Access Score for pediatric use in Brazil. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2020 Nov 29];25:e2920. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1785.2920
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. Infelizmente, os acessos venosos periféricos não permanecem funcionantes durante todo o tempo necessário, o que resulta em nova intervenção de punção pela enfermagem55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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. Entende-se que a prática da CIP em pediatria é, em suma, um procedimento simples, porém existem cuidados que devem ser conhecidos pelo profissional que irá realizá-lo, visando o bem-estar do paciente2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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.

Tendo em vista a enfermagem como principal promotora da CIP, elaborou-se o escore em inglês Difficult Intravenous Access (DIVA), traduzido para o português como Escore de Acesso Intravenoso Difícil (DIVA escore) em pediatria. Esse escore analisa a visibilidade da veia após o torniquete como: visível (zero pontos) e não visível (2 pontos); a palpabilidade da veia depois do torniquete como palpável (zero pontos) e não palpável (2 pontos); idade da criança: maior ou igual a 36 meses de idade (zero pontos), de 12 a 35 meses (1 ponto) e menor de 12 meses (3 pontos); prematuridade: histórico de nascimento a termo (zero pontos) e prematuro - idade gestacional menor de 38 semanas ao nascimento (3 pontos); tonalidade da pele: clara (zero pontos) e escura (1 ponto) 2222. Freire MHS, Arreguy-Sena C, Müller PCS. Cross-cultural adaptation and content and semantic validation of the Difficult Intravenous Access Score for pediatric use in Brazil. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2020 Nov 29];25:e2920. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1785.2920
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,2323. Shaukat H, Neway B, Breslin K, Watson A, Poe K, Boniface K, et al. Utility of the DIVA score for experienced emergency department technicians. Br J Nurs [Internet]. 2020 Jan 23 [cited 2020 Nov 28];29(2):S35-40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.2.S35
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Crianças que são identificadas com o escore DIVA maior ou igual a 4 terão 50% a mais de probabilidade de insucesso no estabelecimento da CIP na primeira tentativa2222. Freire MHS, Arreguy-Sena C, Müller PCS. Cross-cultural adaptation and content and semantic validation of the Difficult Intravenous Access Score for pediatric use in Brazil. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2020 Nov 29];25:e2920. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1785.2920
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,2323. Shaukat H, Neway B, Breslin K, Watson A, Poe K, Boniface K, et al. Utility of the DIVA score for experienced emergency department technicians. Br J Nurs [Internet]. 2020 Jan 23 [cited 2020 Nov 28];29(2):S35-40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.2.S35
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. Por esta razão, é necessário o desenvolvimento de estratégias para aumentar o successo na primeira tentativa da CIP, principalmente para crianças2525. Cooke M, Ullman AJ, Ray-Barruel G, Wallis M, Corley A, Rickard CM. Not “just” an intravenous line: consumer perspectives on peripheral intravenous cannulation (PIVC): an international cross-sectional survey of 25 countries. PLoS One [Internet]. 2018 Feb 28 [cited 2020 Nov 28];13(2):e0193436. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0193436. O escore DIVA também aponta que o tempo para a instalação do acesso nessas crianças é maior do que nas crianças com pontuação menor2323. Shaukat H, Neway B, Breslin K, Watson A, Poe K, Boniface K, et al. Utility of the DIVA score for experienced emergency department technicians. Br J Nurs [Internet]. 2020 Jan 23 [cited 2020 Nov 28];29(2):S35-40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.2.S35
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Com relação aos profissionais de enfermagem, o estudo demonstrou que profissionais com cinco anos ou mais de experiência em emergência pediátrica obtiveram significativamente mais sucesso na primeira tentativa de CIP e maior rapidez para instalação do cateter2323. Shaukat H, Neway B, Breslin K, Watson A, Poe K, Boniface K, et al. Utility of the DIVA score for experienced emergency department technicians. Br J Nurs [Internet]. 2020 Jan 23 [cited 2020 Nov 28];29(2):S35-40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.2.S35
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. Entretanto, em cenário semelhante de emergência pediátrica, enfermeiros levantaram variáveis que influenciam no tempo para o sucesso da punção, sendo o tempo médio para puncioná-las maior do que o recomendado pela literatura devido à necessidade de mais de uma tentativa de punção venosa, à hipotermia da criança a ser puncionada e à faixa etária dos lactentes22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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.

Um estudo indica que especialistas em CIP em pediatria são importantes no ambiente hospitalar, pois são treinados para avaliar e apoiar as crianças e seus familiares, além de geralmente empregarem cuidados não famacológicos baseados em evidências para o controle da dor, incluindo a distração2626. Diener ML, Lofgren AO, Isabella RA, Magana S, Choi C, Gourley C. Children’s distress during intravenous placement: the role of child life specialists. Child Health Care [Internet]. 2019 [cited 2020 Nov 28];48(1):103-19. Available from: https://doi.org/10.1080/02739615.2018.1492410. Dado o desconforto produzido pela CIP, lança-se mão de tecnologias leve-duras, como a cartilha “Punção venosa periférica para famí lia”, elaborada por enfermeiras pediátricas com a finalidade de preparar os familiares para a CIP em crianças, de modo a intro duzi-los no cuidado, a fim de promover o conforto da criança e amenizar o estresse e o sofrimento decorrentes da CIP2424. Silva CSG, Santos LM, Souza MJ, Passos SSS, Santos SSBS. Validation of booklet on peripheral intravenous catheterization for families. Av Enferm [Internet]. 2020 Jan-Apr [cited 2020 Nov 29];38(1):28-36. Available from: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-45002020000100028&lng=pt
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Ressaltam-se entre as estratégias que os familia res podem adotar durante a CIP para reduzir o estresse, e que devem ser encorajadas pela enfermagem, são a solicitação de informações dos profissionais e a prática de ações de afeto, como acalmar, abraçar, beijar ou segurar a mão do paciente1616. Sena EMAB, Bastos MLA, Nagliate PC, Costa LC, Lopes MMCO, Lúcio IML. Peripheral venipucture in prematuros: nursing care for patient safety. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2018 Jan [cited 2020 Nov 28];12(1):1-10. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i1a25229p1-10-2018
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,2424. Silva CSG, Santos LM, Souza MJ, Passos SSS, Santos SSBS. Validation of booklet on peripheral intravenous catheterization for families. Av Enferm [Internet]. 2020 Jan-Apr [cited 2020 Nov 29];38(1):28-36. Available from: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-45002020000100028&lng=pt
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. Ouvir os familiares e as crianças e tomar decisões para minimizar a dor, as complicações e as tentativas repetidas da CIP é um bom primeiro passo para garantir a participação desses pacientes no procedimento e o compromisso do profissional no cuidado1818. Bai J, Swanson K, Harper FWK, Penner LA, Santacroce SJ. Parent caring response scoring system: development and psychometric evaluation in the context of childhood cancer-related port starts. Scand J Caring Sci [Internet]. 2018 Jun [cited 2020 Dec 2];32(2):734-45. Available from: https://doi.org/10.1111/scs.12504
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,2525. Cooke M, Ullman AJ, Ray-Barruel G, Wallis M, Corley A, Rickard CM. Not “just” an intravenous line: consumer perspectives on peripheral intravenous cannulation (PIVC): an international cross-sectional survey of 25 countries. PLoS One [Internet]. 2018 Feb 28 [cited 2020 Nov 28];13(2):e0193436. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0193436.

Considerando o conhecimento sobre CIP pela enfermagem, dentre as escolhas relativas ao local anatômico de punção, as veias do dorso da mão são comumente escolhidas já que é um local fácil de se visualizarem alterações como flebite e que não provoca grandes alterações na mobilidade da criança1,17,21. A aquisição dos conhecimentos técnico-científicos acerca das medidas de segurança na CIP e a intensificação de atividades educativas para a constante atualização dos profissionais de enfermagem favorecem a prevenção e a redução da incidência de eventos adversos relacionados à assistência neonatal e pediátrica16,21. Ainda se reconhece que há déficit, no conhecimento e na prática, quanto aos produtos vesicantes e ao tipo de cobertura adequada para a CIP21.

Outro ponto relevante para a enfermagem diz respeito à dor provocada pelo processo de CIP16,27,32. A população neonatal apresenta respostas comportamentais e fisiológicas como face contraída, resmungos, braços e pernas contraídos, taquicardia e hipossaturação quando submetida à CIP sem o uso de medidas para o alívio da dor. Na neonatologia, alguns instrumentos para avaliação da dor podem ser empregados, como o Neonatal Facial Coding System - Revised (NFCS‐R) e o Children and Infant’s Postoperative Pain Scale (CHIPPS), com os quais os profissionais conseguem diferenciar as características de dor de um procedimento estressante32. As medidas não farmacológicas mais utilizadas para o alívio da dor em recém-nascidos são a solução de glicose a 25% associada à sucção não nutritiva, seguida pela contenção facilitada e colo16.

DISCUSSÃO

A categoria analítica evidenciou como a CIP em crianças pode ser complexa. Por isso, os profissionais se valem de algumas tecnologias para auxílio nesse procedimento. Existem contradições entre os estudos analisados, especialmente quando se trata da USG. Dois estudos relacionaram a USG com redução do tempo do procedimento e altas taxas de sucesso2929. Santos LM, Santos SA, Silva BSM, Santana RCB, Avelar AFM. Influence of vascular assessment/visualization in peripheral intravenous catheterization technologies: an integrative review. Esc Anna Nery [Internet]. 2020 [cited 2020 Nov 29];24(3):e20190355. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0355
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-3030. Carey B. Promoting paediatric IV access. Br J Nurs [Internet]. 2017 Oct 26 [cited 2020 Nov 28];26(19):S40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2017.26.19.S40. Porém, a USG também se mostrou menos eficiente do que a técnica tradicional de CIP2828. Otani T, Morikawa Y, Hayakawa I, Atsumi Y, Tomari K, Tomobe Y, et al. Ultrasound-guided peripheral intravenous access placement for children in the emergency department. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Oct [cited 2020 Nov 28];177(10):1443-9. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3201-3
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. No que se refere aos achados positivos, há muitas vantagens em utilizar a USG para CIP, a saber: a maior diversidade de localizações para o acesso, possibilidade de determinar o tamanho e a profundidade do vaso e de predeterminar a curvatura ou obstrução proximal, o que economiza tempo e reduz o estresse de crianças e seus pais. A USG também possui melhor desempenho do que outras tecnologias como a de transiluminação (que só é benéfica para veias não visíveis de crianças pequenas) e o quase infravermelho3333. Haile D, Suominen PK. Technologies in pediatric vascular access: have we improved success rate in peripheral vein cannulation? Acta Anaesthesiol Scand [Internet]. 2017 Aug [cited 2021 Mar 15];61(7):710-3. Available from: https://doi.org/10.1111/aas.12916
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Foram apontados alguns fatores que podem levar a eventos adversos relacionados à CIP em crianças, dentre eles: menor calibre e menor quantitativo de vasos apropriados2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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, pouca durabilidade da CIP44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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-55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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, alterações físicas em veias cateterizadas, perceptíveis apenas na observação de sinais de flebite11. Bolcato M, Russo M, Donadello D, Rodriguez D, Aprile A. Disabling outcomes after peripheral vascular catheter insertion in a newborn patient: a case of medical liability? Am J Case Rep [Internet]. 2017 Oct 23 [cited 2020 Nov 28];18:1126-9. Available from: https://doi.org/10.12659/ajcr.904736
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,55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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, falta de cooperação do paciente22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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,2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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,2525. Cooke M, Ullman AJ, Ray-Barruel G, Wallis M, Corley A, Rickard CM. Not “just” an intravenous line: consumer perspectives on peripheral intravenous cannulation (PIVC): an international cross-sectional survey of 25 countries. PLoS One [Internet]. 2018 Feb 28 [cited 2020 Nov 28];13(2):e0193436. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0193436, e a necessidade, na maioria das vezes, de calibre pequeno do cateter (24G) 22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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,55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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,2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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,3030. Carey B. Promoting paediatric IV access. Br J Nurs [Internet]. 2017 Oct 26 [cited 2020 Nov 28];26(19):S40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2017.26.19.S40. Fatores predisponentes que causam o insucesso da CIP ou a demora no procedimento são, sobretudo, crianças que têm rede venosa comprometida, o que dificulta a visualização, a palpação e o calibre do vaso22. Floriano CMF, Avelar AFM, Peterlini MAS. Time-related factors for peripheral intravenous catheterization of critical children. Rev Bras Enferm [Internet]. 2019 Dec [cited 2020 Nov 28];72(Suppl 3):58-64. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0856
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. Tais fatores estão listados no escore DIVA, que pontua a visualização venosa, a palpabilidade venosa, a idade, o histórico de prematuridade e a cor da pele, realçando a dificuldade da CIP em pediatria2222. Freire MHS, Arreguy-Sena C, Müller PCS. Cross-cultural adaptation and content and semantic validation of the Difficult Intravenous Access Score for pediatric use in Brazil. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2020 Nov 29];25:e2920. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1785.2920
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,2323. Shaukat H, Neway B, Breslin K, Watson A, Poe K, Boniface K, et al. Utility of the DIVA score for experienced emergency department technicians. Br J Nurs [Internet]. 2020 Jan 23 [cited 2020 Nov 28];29(2):S35-40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.2.S35
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Vale acrescentar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomenda, independente da faixa etária do paciente, que as tentativas devem ser limitadas a duas por profissional, num total máximo de quatro, uma vez que múltiplas punções causam dor, postergam o início do tratamento, comprometem o vaso e acarretam maiores custos e riscos de complicações. Os pacientes com dificuldade de acesso precisam de uma minuciosa avaliação multidisciplinar para discussão das opções apropriadas88. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde [Internet]. 2nd ed. Brasília, DF(BR): Anvisa; 2017. 126 p. [cited 2020 Nov 17]. Available from: http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2BR0%3D
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. Ressalta-se, também, a influência da equipe médica nas práticas de enfermagem, pois em algumas situações, quando os enfermeiros contraindicam a CIP, a equipe médica insiste na permanência desse cateter. Tal fato conduz os enfermeiros a sucessivas tentativas de punção venosa sem sucesso, causando sofrimento ao paciente3434. Braga LM, Salgueiro-Oliveira AS, Henriques MAP, Arreguy-Sena C, Albergaria VMP, Parreira PMSD. Peripheral venipuncture: comprehension and evaluation of nursing practices. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2019 [cited 2021 Mar 23];28:e20180018. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2018-0018
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Apesar da necessidade de uma avaliação multiprofissional em casos difíceis, a enfermagem se destaca como promotora da CIP. Os estudos revelam a importância da experiência profissional e da formação de especialistas em CIP em pediatria para melhor atender a essa clientela1616. Sena EMAB, Bastos MLA, Nagliate PC, Costa LC, Lopes MMCO, Lúcio IML. Peripheral venipucture in prematuros: nursing care for patient safety. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2018 Jan [cited 2020 Nov 28];12(1):1-10. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i1a25229p1-10-2018
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,2323. Shaukat H, Neway B, Breslin K, Watson A, Poe K, Boniface K, et al. Utility of the DIVA score for experienced emergency department technicians. Br J Nurs [Internet]. 2020 Jan 23 [cited 2020 Nov 28];29(2):S35-40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.2.S35
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,2626. Diener ML, Lofgren AO, Isabella RA, Magana S, Choi C, Gourley C. Children’s distress during intravenous placement: the role of child life specialists. Child Health Care [Internet]. 2019 [cited 2020 Nov 28];48(1):103-19. Available from: https://doi.org/10.1080/02739615.2018.1492410. A capacitação profissional auxilia na prevenção e redução de eventos adversos, melhorando a escolha do local a ser puncionado e o conhecimento sobre produtos vesicantes e tipos de coberturas para a CIP11. Bolcato M, Russo M, Donadello D, Rodriguez D, Aprile A. Disabling outcomes after peripheral vascular catheter insertion in a newborn patient: a case of medical liability? Am J Case Rep [Internet]. 2017 Oct 23 [cited 2020 Nov 28];18:1126-9. Available from: https://doi.org/10.12659/ajcr.904736
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,1616. Sena EMAB, Bastos MLA, Nagliate PC, Costa LC, Lopes MMCO, Lúcio IML. Peripheral venipucture in prematuros: nursing care for patient safety. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2018 Jan [cited 2020 Nov 28];12(1):1-10. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i1a25229p1-10-2018
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,1717. Atay S, Sen S, Cukurlu D. Incidence of infiltration/extravasation in newborns using peripheral venous catheter and affecting factors. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2018 Oct 4 [cited 2020 Nov 28];52:e03360. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2017040103360
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,2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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. Os estudos estão de acordo com o Código de Ética de Enfermagem, que determina ser um dever do profissional aprimorar os conhecimentos técnico-científicos e estimular a qualificação dos profissionais de enfermagem sob sua supervisão e coordenação3535. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen n. 564/2017: Código de Ética dos profissionais de Enfermagem [Internet]. Biblioteca Virtual de Enfermagem - Cofen; 2017 [cited 2021 Mar 23]. Available from: http://biblioteca.cofen.gov.br/codigo-etica-profissionais-enfermagem/
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. Quanto maior for o conhecimento da enfermagem baseado em evidências, maior será a autonomia na decisão sobre a CIP ou necessidade de outra via de acesso como o Acesso Intravenoso Profundo de Inserção Periférica (PICC), instalado por enfermeiros habilitados3434. Braga LM, Salgueiro-Oliveira AS, Henriques MAP, Arreguy-Sena C, Albergaria VMP, Parreira PMSD. Peripheral venipuncture: comprehension and evaluation of nursing practices. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2019 [cited 2021 Mar 23];28:e20180018. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2018-0018
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.

Os estudos indicam que é preciso atentar para o desconforto causado por esse procedimento nas crianças e familiares, devendo-se promover cuidados para amenizar o estresse como elaborar materiais explicativos, estimular a prática do afeto durante a CIP e a sucção não nutritiva para neonatos, utilizar artifícios farmacológicos e não farmacológicos, ouvir crianças e familiares em suas decisões, além de saber identificar a dor na população pediátrica e neonatal por meio de instrumentos de avaliação da dor1616. Sena EMAB, Bastos MLA, Nagliate PC, Costa LC, Lopes MMCO, Lúcio IML. Peripheral venipucture in prematuros: nursing care for patient safety. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2018 Jan [cited 2020 Nov 28];12(1):1-10. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i1a25229p1-10-2018
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,1818. Bai J, Swanson K, Harper FWK, Penner LA, Santacroce SJ. Parent caring response scoring system: development and psychometric evaluation in the context of childhood cancer-related port starts. Scand J Caring Sci [Internet]. 2018 Jun [cited 2020 Dec 2];32(2):734-45. Available from: https://doi.org/10.1111/scs.12504
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,2424. Silva CSG, Santos LM, Souza MJ, Passos SSS, Santos SSBS. Validation of booklet on peripheral intravenous catheterization for families. Av Enferm [Internet]. 2020 Jan-Apr [cited 2020 Nov 29];38(1):28-36. Available from: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-45002020000100028&lng=pt
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-2626. Diener ML, Lofgren AO, Isabella RA, Magana S, Choi C, Gourley C. Children’s distress during intravenous placement: the role of child life specialists. Child Health Care [Internet]. 2019 [cited 2020 Nov 28];48(1):103-19. Available from: https://doi.org/10.1080/02739615.2018.1492410,3232. Kappesser J, de Laffolie J, Faas D, Ehrhardt H, Hermann C. Comparison of two neonatal pain assessment tools (Children and Infant’s Postoperative Pain Scale and the Neonatal Facial Coding System-Revised) and their relations to clinicians’ intuitive pain estimates. Eur J Pain [Internet]. 2019 Apr [cited 2020 Dec 2];23(4):708-18. Available from: https://doi.org/10.1002/ejp.1338
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. Ainda se discute pouco sobre a atuação farmacológica dos enfermeiros no controle da dor em pediatria. Em Portugal, os enfermeiros usam rotineiramente a mistura de 50% de protóxido de azoto com 50% de oxigênio (MEOPA), vulgarmente denominado “gás do riso”, alcançando resultados como a diminuição da ansiedade e da dor em procedimentos como a CIP em crianças3636. Escobar CA, Silva M, Marques S. Controlo da dor em pediatria: a experiência de utilização da mistura equimolar de protóxido de azoto. Cad Saúde [Internet]. 2018 Jan 2 [cited 2021 Mar 23];11(1):36-41. Available from: https://doi.org/10.34632/cadernosdesaude.2019.5304
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.

Trabalhar com a clientela neonatal e pediátrica é desafiador. A CIP em crianças requer compreensão de complexidades legais, éticas e morais de prestação de cuidados. Exige conhecimento de anotomia e fisiologia pediátrica, de cuidado centrado na família, de como brincar e distrair a criança3030. Carey B. Promoting paediatric IV access. Br J Nurs [Internet]. 2017 Oct 26 [cited 2020 Nov 28];26(19):S40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2017.26.19.S40. Um instrumento que pode ser utilizado para compreender a dificuldade de acesso venoso em pediatria é o escore DIVA, mencionado em dois estudos, que pode servir como base para a busca de soluções para o problema enfrentado2222. Freire MHS, Arreguy-Sena C, Müller PCS. Cross-cultural adaptation and content and semantic validation of the Difficult Intravenous Access Score for pediatric use in Brazil. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2017 [cited 2020 Nov 29];25:e2920. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.1785.2920
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,2323. Shaukat H, Neway B, Breslin K, Watson A, Poe K, Boniface K, et al. Utility of the DIVA score for experienced emergency department technicians. Br J Nurs [Internet]. 2020 Jan 23 [cited 2020 Nov 28];29(2):S35-40. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.2.S35
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Houve divergências quanto ao tempo de permanência da CIP em crianças. Alguns estudos apontaram que a troca eletiva a cada 72h a 96h não diminuiu o risco de extravasamento44. Chin LY, Walsh TA, Van Haltren K, Hayden L, Davies-Tuck M, Malhotra A. Elective replacement of intravenous cannula in neonates: a randomised trial. Eur J Pediatr [Internet]. 2018 Nov [cited 2020 Nov 28];177(11):1719-26. Available from: https://doi.org/10.1007/s00431-018-3234-7
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, o que está de acordo com as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária de não trocar rotineiramente o acesso venoso periférico de pacientes pediátricos e neonatos88. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde [Internet]. 2nd ed. Brasília, DF(BR): Anvisa; 2017. 126 p. [cited 2020 Nov 17]. Available from: http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2BR0%3D
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. No entanto, apesar das recomendações e das alterações venosas visualizadas por USG em crianças com até três dias de CIP55. Goel D, Smitthimedhin A, Yadav B, Vellody R, Lele M, Meagher E, et al. Ultrasound-detected venous changes associated with peripheral intravenous placement in children. Br J Nurs [Internet]. 2020 Apr 23 [cited 2020 Nov 28];29(8):S44-9. Available from: https://doi.org/10.12968/bjon.2020.29.8.S44
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, a maioria dos técnicos de enfermagem respondeu, em um estudo, que substituem o cateter após 96h de CIP mesmo sem sinais flogísticos, o que contraria as recomendações2121. Bezerra A-SBC, Medeiros LNB, Neves AD, Barbosa MMB, Silva RGS, Siqueira RM. Nursing techniques and peripheral venous catheterism in pediatrics. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2020 [cited 2020 Dec 2];14:e244663. Available from: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.244663
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.

Quanto às alterações venosas causadas pela CIP, considera-se que muitos dos fatores de risco que causam flebite são passíveis de prevenção1919. Abdelaziz RB, Hafsi H, Hajji H, Boudabous H, Chehida AB, Mrabet A, et al. Peripheral venous catheter complications in children: predisposing factors in a multicenter prospective cohort study. BMC Pediatr [Internet]. 2017 Dec 19 [cited 2020 Nov 28];17(1):208. Available from: https://doi.org/10.1186/s12887-017-0965-y
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,2020. Bitencourt ES, Leal CN, Boostel R, Mazza VA, Felix JVC, Pedrolo E. Prevalence of phlebitis related to the use of peripheral intravenous devices in children. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 28];23(1):e49361. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.49361
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. Dentre as práticas que podem ser implementadas sem custo adicional estão a racionalização do uso da CIP, reduzindo-se a duração da terapia intravenosa; a remoção de cateteres venosos desnecessários; e a melhor aderência ao uso de medicamentos e formas adequadas de administração1919. Abdelaziz RB, Hafsi H, Hajji H, Boudabous H, Chehida AB, Mrabet A, et al. Peripheral venous catheter complications in children: predisposing factors in a multicenter prospective cohort study. BMC Pediatr [Internet]. 2017 Dec 19 [cited 2020 Nov 28];17(1):208. Available from: https://doi.org/10.1186/s12887-017-0965-y
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. assim como são necessárias intervenções de enfermagem que previnam e detectem precocemente o extravasamento de infusões venosas de modo a evitar o agravamento das lesões66. Rodrigues EC, Cardoso MVLML, Campos FMC, Gazelle TGA, Nobre KSS, Oliveira NR. Content translation and validation of the Pediatric PIV Infiltration Scale into Brazilian portuguese. Rev Bras Enferm [Internet]. 2020 Jun 1 [cited 2021 Apr 19];73(4):e20190300. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0300
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. Nesse sentido, a implantação de protocolos institucionais que visem à prevenção da flebite é essencial para um cuidado seguro2020. Bitencourt ES, Leal CN, Boostel R, Mazza VA, Felix JVC, Pedrolo E. Prevalence of phlebitis related to the use of peripheral intravenous devices in children. Cogitare Enferm [Internet]. 2018 [cited 2020 Nov 28];23(1):e49361. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.49361
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e estejam de acordo com as teorias que reforçam a importância das tecnologias leve-duras nos modelos de cuidado. Dessa maneira, construir-se-á o conhecimento por meio de saberes estruturados, mas com grau de liberdade que proporcionará aos profissionais possibilidades de ação, melhorando, assim, o cuidado de enfermagem3737. Sabino LMM, Brasil DRM, Caetano JA, Santos MCL, Alves MDS. Uso de tecnologia leve-dura nas práticas de enfermagem: análise de conceito. Aquichan [Internet]. 2016 Jun [cited 2021 Jan 5];16(2):230-9. Available from: https://doi.org/10.5294/aqui.2016.16.2.10
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CONCLUSÃO

A CIP em neonatologia e pediatria é um procedimento que demanda cuidados de enfermagem específicos a essa clientela. Acredita-se que o objetivo do estudo foi alcançado ao descrever os cuidados de enfermagem da CIP em crianças hospitalizadas. Identificou-se que a dificuldade da CIP em crianças vai além da dedução empírica, pois abrange fatores físicos, emocionais e comportamentais, a experiência, a qualificação e as condições de trabalho dos profissionais, e a adequação dos materiais. Entendendo o protagonismo da enfermagem na CIP, o escore DIVA pode ser utilizado para justificar essa dificuldade e ser base para discussão multidisciplinar quanto à via de administração possível para a criança.

Eventos adversos relacionados à CIP em crianças geralmente são preveníveis. Foram destacadas a qualificação dos recursos humanos de enfermagem e a importância dos recursos materiais para manter esse procedimento com menor possibilidade de riscos, o que inclui a escolha do cateter, das bombas de infusão e do fixador adequados, bem como o conhecimento sobre as infusões vesicantes e o uso de tecnologias de imagem como USG, apesar das divergências encontradas.

Esta pesquisa contribui para as boas práticas na assistência de enfermagem a essas crianças e baseou-se em evidências sobre as principais tecnologias utilizadas na CIP em pediatria e neonatologia, as formas de prevenção de eventos adversos e ações de enfermagem que garantem o processo mais seguro e menos estressante ao paciente e seus familiares. Este estudo teve como limitação a própria metodologia, que se caracteriza como revisão do que já foi pesquisado sobre o tema, gerando dados controversos entre si. A idade das crianças pesquisadas nos artigos pode ser considerada um viés, uma vez que alguns não a delimitaram; porém, foram incluídos por se referirem à pediatria. Outro dado importante é nenhum dos artigos encontrados contemplou a idade inicial de interesse da pesquisa, ou seja, de zero a 12 anos.

Reforça-se a necessidade de mais estudos randomizados para determinar os melhores cuidados com a CIP em pediatria e neonatologia, bem como estudos qualitativos para entender e problematizar o universo de profissionais, familiares e crianças entrelaçadas neste procedimento

AGRADECIMENTO

Às crianças que necessitam ou passaram pela experiência da internação hospitalar em enfermaria pediátrica que serviram como inspiração para aperfeiçoamento de nossas práticas de enfermagem

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EDITORES

Editores Associados: Gisele Cristina Manfrini, Monica Motta Lino. Editor-chefe: Roberta Costa.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    05 Ago 2021
  • Aceito
    26 Ago 2021
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