ANÁLISE DA FADIGA EM ENFERMEIROS DOCENTES DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19

RESUMO

Objetivo:

analisar a fadiga em enfermeiros docentes de universidades públicas brasileiras durante o trabalho remoto e híbrido na pandemia da Covid-19.

Método:

estudo de abordagem quantitativa, do tipo transversal, realizado com 318 enfermeiros docentes de universidades públicas federais e estaduais brasileiras entre os meses de julho a novembro de 2021. Para avaliar a ocorrência de fadiga, utilizou-se a escala Three-Dimensional Work Fatigue Inventory (3D-WFI) adaptada e validada para o português. Realizou-se a comparação das médias, análise de variância (ANOVA) com emprego do teste de Bonferroni, e teste t. No modelo, permaneceram as variáveis significantes estatisticamente (p< 0,05).

Resultados:

a média de idade dos participantes foi de 42 anos (± 9,4). A maioria era do sexo feminino 279 (87,7%), 225 (70,8%) tinham filhos e 313 (98,4%) referiram desenvolver atividades domésticas junto com o trabalho remoto. Além das atividades na graduação, 88 (27,7%) docentes também desenvolviam atividades na pós-graduação. Observou-se associação entre o modo de trabalho (totalmente online, híbrido ou presencial) e as dimensões: fadiga física (p= 0,041), fadiga mental (p= 0,001) e fadiga emocional (p= 0,019), e cuidar dos filhos e ajudar com as atividades escolares durante o trabalho remoto com fadiga física (p=0,012), fadiga mental (p= 0,001) e fadiga emocional (p= 0,000).

Conclusão:

as diferenças significativas entre o modo de trabalho e as três dimensões de fadiga (física, mental e emocional) permitiram evidenciar o que os enfermeiros docentes da amostra pesquisada identificaram como esgotamento físico e mental durante e ao final do dia de trabalho.

DESCRITORES:
Enfermagem; Docentes de enfermagem; Educação superior; Teletrabalho; Universidades; Fadiga

ABSTRACT

Objective:

to analyze fatigue among nurse educators affiliated with Brazilian public universities while teaching online and hybrid courses during the Covid-19 pandemic.

Method:

qualitative, cross-sectional study addressing 318 nurse educators teaching in federal and state public universities between July and November 2021. The adapted and validated version of the Three-Dimensional Work Fatigue Inventory (3D-WFI) was used to assess fatigue. The means were compared, and variance analysis (ANOVA) was performed with the Bonferroni test and t-test. The statistically significant variables (p<0.05) remained in the model.

Results:

the participants were 42 (± 9.4) on average; most were women, 279 (87.7%); 225 (70.8%) had children; and 313 (98.4%) reported performing house chores along with online teaching. In addition to the activities concerning undergraduate programs, 88 (27.7%) participants also performed activities in graduate programs. An association was found between course modality (entirely online or face-to-face, or hybrid) and the dimensions: physical fatigue (p=0.041), mental fatigue (p=0.001), and emotional fatigue (p=0.019), and between taking care of children and help them with school tasks while also teaching classes online and physical fatigue (p=0.012), mental fatigue (p=0.001), and emotional fatigue (p=0.000).

Conclusion:

the significant differences between course modality and the three dimensions of fatigue (physical, mental, and emotional) showed that the participants experienced physical and mental fatigue during and after work.

DESCRIPTORS:
Faculty Nursing; Higher Education; Teleworking; Universities; Fatigue

Objetivo: analizar la fatiga en enfermeros docentes de universidades públicas brasileñas durante el trabajo remoto e híbrido en la pandemia de Covid-19.

Método:

estudio de abordaje cuantitativo, del tipo transversal, realizado en 318 enfermeros docentes de universidades públicas federales y estatales brasileñas, entre los meses de julio y noviembre de 2021. Para evaluar la ocurrencia de fatiga; se utilizó la escala Three-Dimensional Work Fatigue Inventory (3D-WFI) adaptada y validada para el portugués. Se realizó la comparación de las medias, el análisis de variancia (ANOVA) con empleo del test de Bonferroni y el teste t. En el modelo, permanecieron las variables estadísticamente significativas (p< 0,05).

Resultados:

la media de edad de los participantes fue de 42 años (± 9,4). La mayoría era del sexo femenino 279 (87,7%), 225 (70,8%) tenían hijos y 313 (98,4%) refirieron realizar actividades domésticas, junto con el trabajo remoto. Además de las actividades en la graduación, 88 (27,7%) docentes también realizaron actividades en la postgraduación. Se observó asociación entre el modo de trabajo (totalmente online, híbrido o presencial) con las dimensiones: fatiga física (p= 0,041), fatiga mental (p= 0,001) y fatiga emocional (p= 0,019); y, cuidar de los hijos y ayudar con las actividades escolares durante el trabajo remoto con fatiga física (p=0,012), fatiga mental (p= 0,001) y fatiga emocional (p= 0,000).

Conclusión:

las diferencias significativas entre el modo de trabajo y las tres dimensiones de fatiga (física, mental y emocional) permitieron evidenciar que los enfermeros docentes de la muestra investigada identificaron agotamiento físico y mental durante y al final del día de trabajo.

DESCRIPTORES:
Enfermería; Docentes de enfermería; Educación superior; Teletrabajo; Universidades; Fatiga

INTRODUÇÃO

A busca pela eficiência nas universidades contribui para que os docentes intensifiquem sua rotina de trabalho1. Nesse cenário, o trabalho docente passa por uma redefinição na posição da organização social desse, na qual a subjetividade da profissão se constrói pautada no produtivismo imediato, com profissionais resolutivos e atentos às atualizações constantes, além de uma excessiva competição2.

Ainda, em relação ao seu trabalho, desenvolvem mais de 40 horas semanais de atividades, participam de atividades extraclasse, de gestão e desenvolvem pesquisas3. Assim, com o aumento de funções a serem desenvolvidas, os docentes universitários brasileiros necessitam de mais tempo e esforço em suas atividades laborais. O aumento da carga de trabalho pode levar ao adoecimento físico e mental e, consequentemente, ao desequilíbrio na vida profissional e pessoal4.

Embora a profissão docente seja reconhecida como uma das mais estressantes, a pandemia da Covid-19 trouxe desafios sem precedentes e criou novas demandas e estressores1. O uso de máscaras, lavagem das mãos e o distanciamento social foram adotados como medidas restritivas de propagação do vírus. Todos os setores foram atingidos, inclusive, a educação. Dessa forma, docentes e estudantes precisaram se adaptar a uma nova modalidade de ensino: o remoto5.

Assim, o Ensino Remoto Emergencial (ERE), que foi uma mudança temporária do ensino presencial para atividades totalmente online ou híbridas (determinado de acordo com a gravidade dos contágios e as restrições locais), foi uma alternativa que as instituições de ensino utilizaram para garantir aos estudantes a continuidade na formação.6 Com os novos modelos de trabalho adotados, os docentes realizavam atividades síncronas (ao vivo) e assíncronas (e-mail, ambientes virtuais de aprendizagem, WhatsApp, entre outros), além de ser desafiados a estabelecer conexões com estudantes, familiares e colegas, e ainda conviviam com as preocupações com a saúde e incerteza em torno da transmissão do vírus2^,5.

Para exercer o ERE, passaram a usar ferramentas e plataformas digitais, tornando-se necessário aprender rapidamente a utilização dessas tecnologias em suas atividades de ensino1^-2. Isso incluiu também as extensas e cansativas videochamadas, o que exigiu a proximidade com câmeras e uma maior necessidade de concentração. Tudo isso fez com que os docentes se sentissem despreparados e o uso excessivo da tecnologia resultou em techno stress afetando, portanto, a saúde física e mental desses trabalhadores, pois as ferramentas digitais e de videoconferência são consideradas mais exigentes psicologicamente7.

Dentre os problemas do trabalho remoto entre os docentes, pode-se incluir a incapacidade de ter contato e interação social com os colegas, ausência de experiência anterior ao trabalho em casa, problemas com o equilíbrio trabalho/vida pessoal, incapacidade de se concentrar, fragilidades ergonômicas para exercer o trabalho em casa e falta de equipamentos tecnológicos necessários para executar as tarefas8. Nesse contexto, o enfermeiro docente das instituições públicas brasileiras, em razão da pandemia, viveu/conviveu em um “novo ambiente” de trabalho: a sua própria casa.

Ainda, com o advento da vacina contra a Covid-19 e a flexibilização das restrições de distanciamento, com uma proposta de ensino híbrido que integra as tecnologias educacionais, onde o estudante aprende de forma presencial e complementa seu conhecimento com o ensino online, aos poucos, algumas atividades presenciais nas universidades foram restabelecidas5. Especificamente, nos cursos de graduação em enfermagem, muitas instituições retomaram as atividades presenciais nos laboratórios de simulação realística e nas instituições de saúde, que ainda enfrentavam a pandemia8.

Dessa maneira, os docentes precisaram organizar suas atividades para o ensino híbrido, o que exigiu um planejamento atualizado e dinâmico5. Ainda, além da sobrecarga emocional causada pelas cobranças das atividades laborais, precisaram lidar com as angústias e preocupações das atividades presenciais ainda em contexto pandêmico, configurando um indicador para o adoecimento e o desenvolvimento de fadiga7.

A fadiga aparece com destaque em amplas perspectivas teóricas sobre a saúde dos trabalhadores, pois é vista como um resultado pessoal relacionado ao desconforto físico e cognitivo associado a sentimentos de cansaço e exaustão relacionados às atividades laborais. É um fator que contribui para o adoecimento dos trabalhadores, que coloca em risco a sua segurança, pois contribui para o acontecimento de acidentes de trabalho9.

A fadiga do trabalho é sentida durante e ao final do dia de trabalho e envolve três tipos de recursos energéticos: físico (envolvendo movimento muscular), mental (envolvendo processamento cognitivo) e emocional (envolvendo expressão e controle das emoções)10. Ademais, nos contextos profissionais comumente relacionados como ambientes com maior probabilidade de desenvolvimento de fadiga nos profissionais estão os serviços hospitalares,11^-13 farmacêuticos14 e professor15.

Assim, considerando o contexto educacional durante o ERE na pandemia da Covid-19 e os grandes desafios enfrentados pelos enfermeiros docentes, para os quais muitos não estavam preparados e nem capacitados, essas situações indicaram a necessidade de aprofundar os estudos acerca do fenômeno fadiga e as variáveis que pudessem alterar a saúde do trabalhador docente, pois, embora existam publicações sobre isso,11^-15 não foram identificados até o momento estudos que associassem o trabalho remoto e híbrido durante a pandemia da Covid-19 com a fadiga no trabalho em enfermeiros docentes atuantes em universidades públicas.

Além disso, o desgaste do trabalhador docente está atrelado a diversas consequências como menor satisfação laboral, menores níveis de comprometimento, intenção de abandonar sua posição docente e absentismo16. Dessa maneira, a fadiga tem influência no trabalho e na vida humana constituindo uma grande ameaça à saúde e ao bem-estar do trabalhador17.

Conhecer mais profundamente o fenômeno da fadiga e sua relação com o trabalho docente e verificar os aspectos envolvidos no processo de trabalho dos docentes durante as restrições causadas pela pandemia permitirá a implantação de ações que favoreçam a qualidade de vida dos docentes. Além disso, nossos resultados podem ajudar as universidades, os gestores e as políticas públicas de educação no fornecimento de uma base teórica capaz de ajudar os docentes sobre possíveis mecanismos para moderar os impactos da fadiga não somente em crises de saúde, mas também fora do contexto pandêmico. Diante do exposto, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: os enfermeiros docentes das universidades públicas brasileiras desenvolveram fadiga durante o Ensino Remoto Emergencial e híbrido na pandemia da Covid-19?

Sendo assim, este estudo objetiva analisar a fadiga em enfermeiros docentes de universidades públicas durante o Ensino Remoto Emergencial na pandemia da Covid-19.

MÉTODO

Estudo de abordagem quantitativa, do tipo transversal, baseado nas diretrizes do Strengtheneing the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE)18. A população foi composta por 318 enfermeiros docentes de universidades federais e estaduais brasileiras. O estudo compreendeu as cinco regiões do Brasil (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste) e a coleta de dados foi realizada em ambiente virtual com o auxílio da ferramenta digital Google Forms. Aqueles que concordaram participar do estudo, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Participaram do estudo 336 enfermeiros docentes de universidades públicas federais e estaduais. Destes, 18 foram excluídos por não estarem de acordo com os critérios de inclusão. Sendo assim, participaram da amostra estudada 318 enfermeiros docentes, dos quais 252 tinham vínculo com universidades federais e 66 com universidades estaduais. Estabeleceu-se como critérios de elegibilidade da amostra: ser enfermeiro docente do ensino superior em enfermagem de universidade pública do Brasil e estar em trabalho remoto, híbrido ou presencial durante a pandemia da Covid-19. Foram excluídos os docentes em contrato temporário na instituição.

O método de amostragem utilizado foi não probabilístico, do tipo por conveniência. Para estimar o tamanho da amostra, primeiramente realizou-se um levantamento prévio do número total de universidades federais e estaduais brasileiras com curso de graduação em enfermagem. Após, para obter a relação do número total de docentes por universidade, realizou-se um levantamento através do endereço eletrônico e contato por e-mail com cada uma das universidades, e se obteve um total de 1.525 docentes de universidades públicas federais e estaduais de cursos de graduação em enfermagem. O cálculo da amostra foi operacionalizado no software EpiInfo, versão 7.2 e se empregou o nível de confiança de 95% e erro amostral de 5%, obtendo-se um número amostral mínimo de 307 pessoas. Dessa forma, objetivou-se alcançar o maior número possível de participantes com base no valor mínimo, a fim de obter uma margem de segurança.

O recrutamento dos participantes e a coleta de dados se deu individualmente entre os meses de julho a novembro de 2021. Foram enviados convites por meio de e-mails destinados ao corpo docente das universidades. Seu conteúdo descreveu a proposta do estudo, seus respectivos objetivos, link de acesso ao instrumento, instruções e prazo de sete dias para o preenchimento online do questionário. Além disso, para que cada participante lembrasse de participar do estudo, fez-se cinco tentativas de contato por e-mail ao longo do período de pesquisa. Ademais, os convites também foram enviados através das mídias sociais (Facebook® e Instagram®) e em grupos de WhatsApp®. Ainda, como material de divulgação, utilizou-se um vídeo de 46 segundos e uma arte convite com acesso ao link para o formulário e TCLE.

Para a coleta de dados, utilizou-se dois instrumentos: um construído pelos autores, contendo variáveis sociodemográficas (sexo, idade e filhos) e variáveis das atividades laborais investigadas como: tipo de universidade, atividades na pós-graduação e modo de trabalho durante a pandemia; o segundo instrumento foi a escala Three-Dimensional Work Fatigue Inventory (3D-WFI) traduzida e validada para o português, para avaliar a ocorrência de fadiga nos enfermeiros docentes. Integraram o inventário 18 itens que mensuravam a fadiga em três dimensões (física, mental e emocional), os quais foram avaliados em escala Likert: “Durante os últimos 12 meses, quão frequente você se sentiu...”: 1 (todos os dias), 2 (pelo menos uma vez na semana), 3 (pelo menos uma vez ao mês), 4 (menos que uma vez ao mês) e 5 (nunca), fato que necessita de cuidado na interpretação dos escores, uma vez que escores elevados são indicadores de baixa fadiga e escores baixos um indicador de alta fadiga10.

Cada dimensão é composta por seis questões. A dimensão 1 - Fadiga Física envolve cansaço físico extremo e incapacidade para desenvolver atividade física ao final da jornada de trabalho. A dimensão 2 - Fadiga Mental está relacionada ao cansaço mental extremo e incapacidade para pensar ou se concentrar ao final da jornada de trabalho. Por fim, a dimensão 3 - Fadiga Emocional envolve cansaço emocional extremo e incapacidade para sentir ou demonstrar emoções ao final da jornada de trabalho.

Os dados que integram esse estudo constituíram um banco de dados organizados no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 23.0, por meio do qual foram analisados. As variáveis descritivas foram exibidas com frequências absolutas (n) e relativas (%) (limite inferior e superior, média, desvio-padrão e coeficiente de variação). Aplicou-se o teste de normalidade Shapiro-Wilk.

Após a verificação da distribuição normal dos dados, realizou-se a comparação das médias, análise de variância (ANOVA) com emprego do teste de Bonferroni, e teste t. Adotou-se como significativas associações com (p<0,05).

RESULTADOS

Participaram do estudo 318 enfermeiros docentes de cursos de graduação em enfermagem. A média de idade dos participantes foi de 42 anos (±9,4). A maioria dos participantes era do sexo feminino 279 (87,7%), 225 (70,8%) referiram filhos e 313 (98,4%) citaram desenvolver atividades domésticas junto com o trabalho remoto.

Além das atividades na graduação, 88 (27,7%) docentes também desenvolviam atividades na pós-graduação (Lato sensu e Stricto sensu). Com relação à localização da instituição pública de ensino de atuação, 83 (26,1%) registraram atuar no estado do Rio Grande do Sul, 30 (9,4%) no estado do Paraná, 27 (8,5%) no estado da Bahia, 26 (8,2%) no estado de Santa Catarina, 24 (7,5%) no estado do Rio de Janeiro e 128 (40%) distribuídos em outros estados brasileiros.

De acordo com os resultados obtidos pela análise descritiva (Tabela 1), identificou-se que o constructo “1 - Se sentiu fisicamente cansado ao final do dia de trabalho?” apresentou maior média do inventário (1,53), evidenciando que os docentes apresentavam esgotamento físico ao final da jornada de trabalho. Na sequência, encontra-se o constructo “7 - Se sentiu mentalmente cansado ao final do dia de trabalho?” (1,66), identificando que os docentes estavam com cansaço mental e incapacidade para pensar ou se concentrar durante e ao final da jornada de trabalho.

Tabela 1 -
Média e desvio padrão dos itens. Rio Grande, RS, Brasil, 2021. (n=318).

Dimensões/ Constructos	Média	DP
Fadiga Física
1. Se sentiu fisicamente cansado ao final do dia de trabalho?	1,53	0,58
2. Teve dificuldade em se envolver em atividade física ao final do dia de trabalho?	1,68	0,91
3. Se sentiu fisicamente exausto (fatigado/gasto fisicamente) ao final do dia de trabalho?	1,82	0,95
4. Quis se afastar fisicamente do trabalho ao final do dia?	2,24	1,09
5. Se sentiu fisicamente esgotado (sem energia) ao final do dia de trabalho?	1,93	0,83
6. Quis evitar qualquer situação que exigisse muita energia física ao final do dia de trabalho?	1,91	0,94
Fadiga Mental
7. Se sentiu mentalmente cansado ao final do dia de trabalho?	1,66	0,73
8. Teve dificuldade para pensar e se concentrar ao final do dia de trabalho?	1,87	0,88
9. Se sentiu mentalmente exausto (fatigado/gasto mentalmente) ao final do dia de trabalho?	1,82	0,80
10. Quis se desligar mentalmente do trabalho ao final do dia?	1,70	0,80
11. Se sentiu mentalmente esgotado (sem energia) ao final do dia de trabalho?	1,86	0,82
12. Quis evitar qualquer situação que exigisse muita energia mental ao final do dia de trabalho?	1,82	0,88
Fadiga Emocional
13. Se sentiu emocionalmente cansado ao final do dia de trabalho?	1,98	0,87
14. Teve dificuldade para demonstrar ou lidar com emoções ao final do dia de trabalho?	2,32	0,99
15. Se sentiu emocionalmente exausto (fatigado/gasto emocionalmente) ao final do dia de trabalho?	2,17	0,97
16. Quis se desligar emocionalmente do trabalho ao final do dia?	2,06	1,02
17. Se sentiu emocionalmente esgotado (sem energia) ao final do dia de trabalho?	2,15	0,98
18. Quis evitar qualquer situação que exigisse muita energia emocional ao final do dia de trabalho?	2,14	1,05

• *DP- desvio padrão.

Posteriormente, o constructo “2 - Teve dificuldade em se envolver em atividade física ao final do dia de trabalho?”, com média de 1,68, identificou que os docentes apresentavam esgotamento dos recursos físicos ao final do dia de trabalho. Já o constructo “10 - Quis se desligar mentalmente do trabalho ao final do dia?” evidenciou média de 1,70, indicando que os docentes estavam com cansaço mental e incapacidade para pensar ou se concentrar durante e ao final da jornada de trabalho.

Os constructos “14 - Teve dificuldade para demonstrar ou lidar com emoções ao final do dia de trabalho?”, “15 - Se sentiu emocionalmente exausto (fatigado/gasto emocionalmente) ao final do dia de trabalho?”, “17 - Se sentiu emocionalmente esgotado (sem energia) ao final do dia de trabalho?”, “18 - Quis evitar qualquer situação que exigisse muita energia emocional ao final do dia de trabalho?” e “16 - Quis se desligar emocionalmente do trabalho ao final do dia?”, integrantes da dimensão emocional, apresentaram as menores médias 2. 32, 2.17, 2.15, 2.14 e 2. 06, respectivamente, o que mostrou que os docentes quase nunca apresentaram cansaço emocional e incapacidade para sentir ou demonstrar emoções durante e ao final da jornada de trabalho.

Realizou-se o teste ANOVA, o qual evidenciou diferença estatisticamente significativa entre modo de trabalho (totalmente online, híbrido ou presencial) e as dimensões: fadiga física (p=0,041), fadiga mental (p=0,001) e fadiga emocional (p=0,019). Também se identificou estatística significativa entre horas de trabalho (8 horas/dia; entre 8h e 12 horas/dia; mais de 12 horas/dia) e as dimensões: fadiga física (p=0,000), fadiga mental (p=0,000) e fadiga emocional (p=0,006) (Tabela 2).

Tabela 2 -
Diferenças entre as médias das dimensões e as variáveis modo de trabalho e horas de trabalho. Rio Grande, RS, Brasil, 2021.

Variáveis	FF ||			FM ¶			FE **
	n	$\stackrel{-}{\mathrm{x}}$†	p*	n	$\stackrel{-}{\mathrm{x}}$†	p*	n	$\stackrel{-}{\mathrm{x}}$†	p*
Modo de trabalho			0,041‡			0,001‡			0,019
Online	167	1,82		167	1,79		167	2,12
Híbrido	150	1,87		150	1,79		150	2,13
Presencial	1	3,5		1	4,33		1	4,50
Total	318
Horas de trabalho			0,000‡			0,000‡			0,006‡
Menos de 8h/dia	18	2,41		18	2,18		18	2,55	0,008 §
8h/dia	46	2,05		46	2,05		46	2,33	0,003 §
Entre 8h/dia e 12h/dia	178	1,84	0,002 §	178	1,75		178	2,13
Mais de 12h/dia	76	1,61	0,000 §	76	1,61	0,003 §	76	1,91	0,021 §
Total	318			318			318

• *p<0,05; †x-: média; ‡p-valor obtido por meio do teste ANOVA; §p-valor por meio do teste de Bonferroni; FF ||: Fadiga Física; FM ¶: Fadiga Mental; FE **: Fadiga Emocional.

Na Tabela 3, para cada uma das três dimensões (fadiga física, fadiga mental e fadiga emocional), aplicou-se a estatística descritiva e o teste t. Constatou-se que houve diferença estatisticamente significativa entre a variável cuidar dos filhos e ajudar com as atividades escolares durante o trabalho remoto e fadiga física (p=0,012), fadiga mental (p=0,001) e fadiga emocional (p=0,000). Quanto à variável “Precisou desenvolver atividades domésticas junto com o trabalho remoto”, houve diferença estatística significante com a dimensão fadiga emocional (p=0,013).

Tabela 3 -
Comparação das dimensões e médias e as variáveis precisou cuidar dos filhos e ajudar com as atividades escolares durante o trabalho remoto e precisou desenvolver atividades domésticas junto com o trabalho remoto. Rio Grande, RS, Brasil, 2021.

Estatística Descritiva
Dimensões	Variáveis	n†	$\stackrel{-}{\mathrm{x}}$‡	DP§	95% *IC||		Teste t p-valor*
					Li¶	Ls**
Precisou cuidar dos filhos e ajudar com as atividades escolares durante o trabalho remoto
FF††	Sim	161	1,76	0,64	-0,44	-0,56	0,012
	Não	69	2,01	0,78	-0,46	-0,39
FM‡‡	Sim	161	1,65	0,65	-0,53	-0,13	0,001
	Não	69	1,99	0,78	-0,54	-0,11
FE***	Sim	161	1,97	0,81	-0,67	-0,20	0,000
	Não	69	2,41	0,89	-0,68	-0,19
Total		230
Precisou desenvolver atividades domésticas junto com o trabalho remoto
FF	Sim	313	1,84	0,67	-0,88	0,31	0,351
	Não	5	2,13	0,36	-0,73	0,16
FM	Sim	313	1,78	0,69	-0,99	0,22	0,215
	Não	5	2,16	0,37	-0,84	0,71
FE	Sim	313	2,12	0,83	-1,68	-0,20	0,013
	Não	5	3,06	0,79	-1,92	0,38
Total		318

• *p<0,05; †: número; ‡: média; §: desvio padrão; ||: intervalo de confiança; ¶: limite inferior; **: limite superior; ††: Fadiga Física; ‡‡: Fadiga Mental; ***: Fadiga Emocional.

DISCUSSÃO

Este estudo analisou a fadiga no trabalho em três dimensões (física, mental e emocional) em numa amostra de enfermeiros docentes de universidades públicas brasileiras. Ele destaca como o corpo docente lidou com as demandas ocupacionais do ensino remoto/híbrido e com as atividades domésticas durante os bloqueios necessários para o controle da propagação do Coronavírus na pandemia da Covid-19 em 2021.

A fadiga no trabalho é o estado de exaustão e cansaço físico, mental e emocional que pode diminuir o desempenho do trabalhador durante e ao final do dia de trabalho10. A fadiga física é uma condição vivenciada por uma pessoa após a realização de atividades. Uma pessoa que vivencia fadiga geralmente apresenta baixos níveis de atividade, de motivação e de condição física17. Neste estudo, o constructo 1 e o constructo 7 apresentaram maior média (1,53 e 1,66, respectivamente) entre os docentes, evidenciando que eles identificam esgotamento físico e mental durante e ao final do dia de trabalho. Em estudo19 de metodologia mista, realizado com professores de diversas áreas de uma universidade pública, os professores relacionaram a sobrecarga de trabalho com sentimentos de solidão, medo, angústia e tristeza, falta de motivação para realizar as atividades laborais e ministrar aulas em ambiente virtual.

Em outro estudo20 qualitativo, realizado com professores de escolas americanos que estavam ministrando aulas online, referiram que a pandemia colocou pressões adicionais nos professores, pois além de ensinar as crianças eles precisavam fornecer materiais e aulas extras para os estudantes, intensificando ainda mais a rotina de trabalho.

Considerando o cansaço mental e a incapacidade para pensar e concentrar-se durante e ao final do dia de trabalho, destacaram-se as médias dos constructos 2 (1,68) e 10 (1,70). Estudo13 realizado com enfermeiros identificou que o trabalhador que vivencia a fadiga mental ao longo do dia de trabalho sente dificuldade para pensar e concentrar-se, cansado ao falar, ansioso e esquecido, não tem confiança, não consegue controlar suas atitudes e não consegue fazer um bom trabalho. Ainda, pode apresentar condição física baixa, caracterizado por ombros rígidos, dor nas costas, respiração pesada, sede e tontura13. Esse fato pode estar relacionado à falta de experiência e infraestrutura necessária que, muitas vezes, levaram os docentes a necessitar de muito mais tempo para se preparar para o ensino online, principalmente para criar um ambiente onde os alunos pudessem interagir livremente19.

Além disso, estudo21 realizado com docentes brasileiros de cursos de Enfermagem de diferentes universidades identificou que a falta de uma maior capacitação para o uso da tecnologia e ferramentas digitais, principalmente nos docentes com maior idade e mais tempo de atuação na docência, gerou insegurança e medo.

No que se refere à dimensão fadiga emocional, identificou-se que todos os constructos (14, 15, 16, 17 e 18) apresentaram a menor média (2. 32, 2.17, 2. 06, 2.15 e 2.14, respectivamente), evidenciando que os docentes quase nunca apresentaram fadiga emocional durante ou ao final da jornada de trabalho. Embora este estudo não tenha explorado as estratégias de recuperação energética durante e após o trabalho remoto acredita-se que o distanciamento psicológico do trabalho e estratégias de relaxamento possam ter sido utilizados pelos docentes em questão, justificando as baixas médias na dimensão fadiga emocional. Professores de escolas públicas de um estudo qualitativo da Inglaterra15 referiram como estratégias de recuperação dos recursos energéticos e emocionais o desapego psicológico do trabalho, como evitar verificar o e-mail ou atender ligações relacionadas ao trabalho nos momentos de descanso e buscaram o relaxamento através da meditação, leitura de livros e ouvir músicas.

Outro estudo,5 também realizado com professores, identificou que para lidar com os desafios do dia a dia durante o trabalho remoto, eles tentavam dormir bem, reduziam o acesso a aplicativos, diminuíam o tempo em frente à televisão e sites de notícias, e buscavam interagir e conversar com seus companheiros(as).

As mudanças no ensino devido às restrições relacionadas a pandemia exigiram que as universidades fechassem seus campos físicos e passassem rapidamente seus cursos presenciais tradicionais para cursos remotos e/ou híbridos. Neste estudo, encontraram-se diferenças significativas entre o modo de trabalho (totalmente online, híbrido ou presencial) e as três dimensões de fadiga (física, mental e emocional). Semelhante a este achado, estudo realizado com 307 professores italianos identificou que os docentes precisaram desenvolver novos métodos e utilizar materiais apropriados para garantir o ensino e a aprendizagem, nas quais tanto professores quanto estudantes, em sua maioria, tinham apenas conhecimentos básicos no uso de ferramentas digitais, o que exigiu diferentes soluções e estratégias para serem efetivamente realizadas6.

Também se verificou diferença significativa entre horas de trabalho (8 horas/dia; entre 8h e 12 horas/dia; mais de 12 horas/dia) e as dimensões de fadiga física, mental e emocional. Todo esse processo também gerou aumento da carga horária preparando aulas, vídeos, avaliações e orientações aos discentes19. Professores referiram também, que com a pandemia as situações mudavam constantemente na educação e as expectativas aumentavam constantemente, o que tornava difícil planejar o próximo dia/semana20. Outros docentes referiram também o exaustivo trabalho administrativo que acompanhou essa modalidade de ensino15 somado às longas horas de reuniões virtuais em plataformas de videoconferência, fenômeno que fez os docentes se sentirem mais exaustos7.

No âmbito do processo formativo em enfermagem/saúde, as atividades presenciais nos laboratórios de simulação e nas instituições de saúde são essenciais. Assim, como estratégia de ensino, os cursos de graduação da área da saúde aderiram ao ensino híbrido unindo as práticas presenciais com as atividades online, o que significou uma grande revolução na maneira de ensinar e aprender dos cursos da área da enfermagem/saúde22.

No entanto, estudo realizado com docentes de graduação em Enfermagem da Argentina, referiram que a confluência de trabalho assistencial (hospitalar) e atividades educativas (online), sobrecarregou ainda mais os docentes, gerando desgastes à saúde desses profissionais, revelando um contexto pouco favorável para eles8.

Essas dificuldades da implementação do ensino online e híbrido refletiram também no processo de avaliação educacional, o que deixou alguns docentes preocupados e desconfortáveis. Ademais, o ensino remoto intensificou a sensação de incerteza dos professores, pois não havia garantias quanto aos resultados dos esforços dos docentes1^,8.

A explosão do trabalho remoto durante o confinamento trouxe uma série de novas práticas para dentro de casa, exigindo a reorganização da “vida doméstica” tornando um desafio significativo durante a pandemia23. Enquanto os trabalhadores de algumas profissões e setores permaneceram trabalhando em seus locais de trabalho, outros- especialmente os docentes- foram confinados em suas casas tornando-as um ambiente de trabalho. Muitos precisaram trabalhar no mesmo ambiente em que se encontravam familiares vulneráveis e ensinavam seus próprios filhos5^,20. Assim, ao experienciar o distanciamento social e as atividades do ensino remoto, esses professores precisaram equilibrar o emocional para manter os bons níveis de saúde física, mental e financeira como o restante da população19^,20.

Além disso, em outro estudo,21 docentes universitários identificaram quatro situações relacionadas às mudanças para o trabalho remoto: aumento da carga de trabalho, o processo de adaptação, dedicação expressiva em atividades de pesquisa e a dificuldade em separar o trabalho da vida pessoal.

Neste estudo, identificou-se diferença estatisticamente significativa entre cuidar dos filhos e ajudar com as atividades escolares durante o trabalho remoto e fadiga física, mental e emocional. Também se identificou diferença significativa entre precisar desenvolver atividades domésticas junto com o trabalho remoto e a dimensão fadiga emocional. Com o fechamento das escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, os pais precisaram ainda desempenhar o cuidado de jovens e crianças. Com isso, além das atividades diárias do trabalho, eles precisavam educar, cuidar e brincar com os filhos23. Tiveram que prestar atenção nas aulas online e auxiliá-los nos trabalhos e avaliações escolares24.

Embora para algumas pessoas as medidas de confinamento significassem uma oportunidade de estar com suas famílias, alguns estudos6^,19 mostraram que as mães que trabalhavam em casa achavam difícil conciliar “os mundos” do trabalho e da família dentro do mesmo espaço. O que pode estar relacionado, durante a fase crítica da pandemia, com os limites em termos de turnos e horas de trabalho, frequentemente apagados, e tanto a vida familiar quanto a social se tornaram invisíveis, o que causou incerteza, frustração, fadiga emocional e exaustão mental, gerando também ansiedade, estresse e depressão25.

O lar tem uma longa história de significados ligados aos relacionamentos e à família. Neste estudo, as atividades familiares e de cuidado ganharam destaque como alguns aspectos que possibilitaram a intensificação da fadiga nas três dimensões (física, mental e emocional) entre os docentes. Especialistas apontam a intensificação da culpa materna e da tensão criada entre as práticas de cuidado e as responsabilidades domésticas, ao mesmo tempo em que se esforçaram para manter a identidade de um “trabalhador ideal” durante o trabalho remoto23.

Não se focou no aspecto de gênero no nosso estudo, no entanto, mães e pais, precisaram coordenar os horários de trabalho com as tarefas domésticas e as expectativas dos outros membros da família, que antes do trabalho remoto não eram necessários. Nesse contexto, o papel dos homens em casa também mudou. Pesquisas realizadas com mulheres e homens indicaram que os homens participaram muito mais das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos do que há três ou quatro anos, embora as mulheres ainda lidem com uma carga maior de atividades domésticas e de cuidado com estes23^-24.

Os resultados deste estudo fortalecem a literatura científica acerca da fadiga em docentes. Estas descobertas apresentam o trabalho complexo envolvido no estabelecimento das atividades docentes durante o trabalho remoto e híbrido. As atividades docentes somadas com as dos filhos e as atividades domésticas favoreceram o desenvolvimento da fadiga física, mental e emocional.

Destaca-se que em tempos de mudanças aceleradas e forçadas, a vida cotidiana, muitas vezes, dividida em “mundo” do trabalho e “mundo” da família, colidiu, criando um congestionamento entre os diferentes componentes que juntos a formam. Revelou-se também que a normalidade nas casas dos participantes foi desfeita,25 mas, principalmente, mostrou um docente fatigado, reconhecido pelo cansaço e exaustão física, mental e emocional.

No entanto, apesar dos desafios relacionados à adequação dos conteúdos e práticas pedagógicas, e às cargas de trabalho somadas às atividades do cotidiano familiar, o trabalho remoto/híbrido possibilitou evidenciar aspectos positivos no desenvolvimento profissional dos enfermeiros docentes ao adquirirem novas competências no processo de educar e a redução da distância geográfica entre professores e estudantes, e a integração das tecnologias digitais, as quais poderão contribuir significativamente na formação em Enfermagem23.

Embora sejam necessárias mais pesquisas para entender as práticas do trabalho remoto e híbrido, argumenta-se que este estudo fornece um contexto importante para a compreensão da organização espacial, material e social das práticas do trabalho docente durante a pandemia da Covid-19 e suas repercussões na saúde desses trabalhadores, contribuindo para um melhor entendimento entre as relações trabalho/casa/família/saúde.

Como uma das limitações do estudo se destaca o desenho transversal, que impossibilita estabelecer relações de causa e efeito, sendo necessária a realização de estudos longitudinais e com amostras maiores. Outra limitação do estudo é a escassez de estudos realizados no Brasil sobre a fadiga (física, mental e emocional), o que dificulta realizar comparações. Destaca-se que, até o momento, este é o primeiro estudo que avaliou a fadiga em três dimensões em enfermeiros docentes de universidades públicas brasileiras. Sugere-se a avaliação da fadiga nas três dimensões entre docentes em momentos diferentes do contexto apresentado para que os resultados encontrados possam ser confrontados com os deste estudo.

CONCLUSÃO

Os achados da presente pesquisa permitiram identificar a fadiga em enfermeiros docentes do ensino superior de enfermagem de universidades públicas durante o trabalho remoto e híbrido. Verificou-se diferenças significativas entre as dimensões da fadiga e o modo de trabalho, assim como com as horas de trabalho realizadas.

Além disso, investigou-se a significância entre as dimensões de fadiga e a variável cuidar dos filhos e ajudar com as atividades escolares durante o trabalho remoto, e desenvolver atividades domésticas junto com o trabalho remoto e a dimensão fadiga emocional. O estudo permitiu evidenciar por meio das atividades desenvolvidas pelos docentes durante o trabalho remoto aspectos que fortaleceram para o desenvolvimento de fadiga, revelando um docente cansado e exausto fisicamente, mentalmente e emocionalmente.

REFERENCES

• 1. Kotowski SE, Davis KG, Barratt CL. Teachers feeling the burden of COVID-19: Impact on well-being, stress, and burnout. Work [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 30];71(2):407-15. Available from: http://doi.org/10.3233/WOR-210994
  » http://doi.org/10.3233/WOR-210994
• 2. Zamarro G, Camp A, Fuchsman D, McGee J. Understanding how Covid-19 has changed teachers’ chances of remaining in the classroom. SLU Research Institute [Internet]. 2022 [cited 2023 Apr 04]. Working Paper N^o. 22-01.Available from: http://doi.org/10.2139/ssrn.4047354
  » http://doi.org/10.2139/ssrn.4047354
• 3. Gatto JúniorJR, Fortuna CM, Sousa LA, Santana FR. Nursing professor in higher education: time, money and resistance in the management vision. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Mar 30];29:e20180407.Available from: http://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0407
  » http://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0407
• 4. Barreto MFC, Galdino MJQ, Fernandes FG, Martins JT, Marziale MHP, Haddad MCFL. Workaholism and burnout among stricto sensu graduate professors. Rev Saude Publica [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 10];56:48.Available from: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003883
  » https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003883
• 5. Winters JRF, Nogueira DR, Heidemann ITSB, Durand MK, Magagnin AB, Arakawa-Belaunde AM. Remote teaching during the COVID-19 pandemic: repercussions from professors’ perspective. Rev Bras Enferm [Internet]. 2023 [cited 2023 Apr 04];76(Suppl 1):e20220172.Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2022-0172pt
  » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2022-0172pt
• 6. Procentese F, Gatti F, Ceglie E. Protective and risk social dimensions of emergency remote teaching during COVID‐19 pandemic: a multiple mediation study. J Communit Psychol [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 30];51(1):67-83.Available from: https://doi.org/10.1002/jcop.22879
  » https://doi.org/10.1002/jcop.22879
• 7. Moralista R, Oducado RM, Robles BR, Rosano D. Determinants of Zoom fatigue among graduate students of teacher education program. Int J Emerg Technol Learn [Internet]. 2022 [cited 2023 Apr 30];17(13):176-85.Available from: https://doi.org/10.3991/ijet.v17i13.31511
  » https://doi.org/10.3991/ijet.v17i13.31511
• 8. Hernández SS, Méndez PG, Sosa LR, Flores MA, Rodríguez MA, Canova Barrios CJ. Percepción de los docentes de la Licenciatura en Enfermería sobre la educación a distancia durante la pandemia COVID-19. Salud Cienc Tecnol [Internet]. 2023 [cited 2023 Mar 30];3:183.Available from: https://doi.org/10.56294/saludcyt2023183
  » https://doi.org/10.56294/saludcyt2023183
• 9. Frone M, Reis D, Ottenstein C. A German version of the Three‐Dimensional Work Fatigue Inventory (3D-WFI): factor structure, internal consistency, and correlates. Stress Health [Internet]. 2018 [cited 2023 Apr 04];34(5):674-80.Available from: http://doi.org/10.1002/smi.2828
  » http://doi.org/10.1002/smi.2828
• 10. Frone MR, Tidwell MO. The meaning and measurement of work fatigue: Development and evaluation of the Three-Dimensional Work Fatigue Inventory (3D-WFI). J Occup Health Psychol [Internet]. 2015 [cited 2022 Dec 20];20(3):273-88.Available from: http://doi.org/10.1037/a0038700
  » http://doi.org/10.1037/a0038700
• 11. Nazario EG, Silva RM, Beck CL, Centenaro AP, Freitas EO, Miranda FM, et al. Fatigue and sleep in intensive care nursing workers in the COVID-19 pandemic. Acta Paul Enferm [Internet]. 2023 [cited 2023 Apr 04];36:eAPE000881.Available from: https://acta-ape.org/article/fadiga-e-sono-em-trabalhadores-de-enfermagem-intensivistas-na-pandemia-covid-19/
  » https://acta-ape.org/article/fadiga-e-sono-em-trabalhadores-de-enfermagem-intensivistas-na-pandemia-covid-19/
• 12. Sfeir E, Rabil JM, Obeid S, Hallit S, Khalife MC. Work fatigue among Lebanese physicians and students during the COVID-19 pandemic: validation of the 3D-Work Fatigue Inventory (3D-WFI) and correlates. BMC Public Health [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 12];22(1):292.Available from: https://doi.org/10.1186/s12889-022-12733-9
  » https://doi.org/10.1186/s12889-022-12733-9
• 13. Dewanti NP, Jingga NA, Wahyudiono YDA. The relationship between work shifts and work environment with nurse fatigue in the emergency department. Int J Occup Saf Health [Internet]. 2022 [cited 2023 Mar 30];11(2):178-86.Available from: http://doi.org/10.20473/ijosh.v11i2.2022.178-186
  » http://doi.org/10.20473/ijosh.v11i2.2022.178-186
• 14. Rahme D, Lahoud N, Sacre H, Akel M, Hallit S, Salameh P. Work fatigue among Lebanese community pharmacists: prevalence and correlates. Pharm Pract (Granada) [Internet]. 2020 [cited 2023 Mar 30];18(2):1844.Available from: https://doi.org/10.18549/pharmpract.2020.2.1844
  » https://doi.org/10.18549/pharmpract.2020.2.1844
• 15. Kim LE, Oxley L, Asbury K. “My brain feels like a browser with 100 tabs open”: A longitudinal study of teachers’ mental health and well-being during the COVID-19 pandemic. Br J Educ Psychol [Internet]. 2022 [cited 2023 Mar 30];92(1):299-318.Available from: https://doi.org/10.1111/bjep.12450
  » https://doi.org/10.1111/bjep.12450
• 16. Ramos DK, Anastácio BS, Silva da GA, Rosso LU, Mattar J. Burnout syndrome in differnt teaching levels during the covid‑19 pandemic in Brazil. BMC Public Health [Internet]. 2023 [cited 2023 Apr 04];23(1):235.Available from: https://doi.org/10.1186/s12889-023-15134-8
  » https://doi.org/10.1186/s12889-023-15134-8
• 17. Frone MR, Blais AR. Work fatigue in a non-deployed military setting: assessment, prevalence, predictors, and outcomes. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2019 [cited 2023 Mar 30];16(16):2892.Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph16162892
  » https://doi.org/10.3390/ijerph16162892
• 18. Cuschieri S. The STROBE guidelines. Saudi J Anaesth [Internet]. 2019 [cited 2023 Jan 12];13(5):S31-4.Available from: https://doi.org/10.4103/sja.sja_543_18
  » https://doi.org/10.4103/sja.sja_543_18
• 19. Matias AB, Couto MT, Grosseman S, Germani ACC, Silva ATCS. The COVID-19 pandemic and teachers’ work: perceptions of teachers from a public university in the state of São Paulo, Brazil. Cienc Saude Colet [Internet]. 2023 [cited 2023 Mar 30];28(2):537-546.Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232023282.11972022
  » https://doi.org/10.1590/1413-81232023282.11972022
• 20. Robinson LE, Valido A, Drescher A, Woolweaver A, Espelage D, LoMurray S. et al. Teachers, Stress, and the COVID‑19 Pandemic: A Qualitative Analysis. School Ment Health [Internet]. 2023 [cited 2023 Jan 30];15:78-89.Available from: https://doi.org/10.1007/s12310-022-09533-2
  » https://doi.org/10.1007/s12310-022-09533-2
• 21. Araújo ARL, Sousa LMC, Carvalho RBS, Oliveira ADS, Amorim FCM, Sousa KH, et al. Remote work of nurse-professors in pandemic times. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2021 [cited 2023 Mar 30];25(spe):e20210198.Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0198
  » https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0198
• 22. Prata JA, Mello AS. Safe return to face-to-face teaching in nursing: challenges to ways of living at the university. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 12];30:e65713.Available from: http://doi.org/10.12957/reuerj.2022.65713
  » http://doi.org/10.12957/reuerj.2022.65713
• 23. Wethal U, Ellsworth- Krebs K, Hansen A, Changede S, Spaargaren G. Reworking boundaries in the home-as-office: boundary traffic during COVID-19 lockdown and the future of working from home. Sustain: Sci Pract Policy [Internet]. 2022 [cited 2023 Apr 04];18(1):325-43.Available from: https://doi.org/10.1080/15487733.2022.2063097
  » https://doi.org/10.1080/15487733.2022.2063097
• 24. Calleja N, Mota C. Mothers in Lockdown due to COVID-19 in Mexico: does having a paid job make a difference? Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2022 [cited 2023 Mar 30];19:11014.Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph191711014
  » https://doi.org/10.3390/ijerph191711014
• 25. Klusmann U, Aldrup K, Roloff-Bruchmann J, Carstensen B, Wartenberg G, Hansen J, et al. Teachers’ emotional exhaustion during the COVID-19 pandemic: levels, changes, and relations to pandemic-specific demands. Teach Teach Educ [Internet]. 2023 [cited 2023 Mar 30];121:103908.Available from: https://doi.org/10.1016/j.tate.2022.103908
  » https://doi.org/10.1016/j.tate.2022.103908

NOTAS

• ORIGEM DO ARTIGO

  Extraído da tese - Workaholism e fadiga entre os enfermeiros docentes dos cursos de graduação em enfermagem durante o Ensino Remoto Emergencial, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal do Rio Grande, em 2022.

• APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

  Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande, parecer n. 4.643.971/21, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 45149121.7.0000.5324.

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Renata Cristina de Campos Pereira Silveira, Ana Izabel Jatobá de Souza. Editor-chefe: Elisiane Lorenzini.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  29 Maio 2023
• Data do Fascículo
  2023

Histórico

• Recebido
  19 Jan 2023
• Aceito
  06 Abr 2023