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COVID-19 EM TRABALHADORES DA SAÚDE: UM ESTUDO ECOLÓGICO A PARTIR DE DADOS DO SINAN, 2020-2021

RESUMO

Objetivo:

analisar o perfil epidemiológico e ocupacional dos trabalhadores da saúde notificados para COVID-19 no Brasil, nos anos de 2020 e 2021.

Método:

trata-se de um estudo ecológico, que utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), dos anos de 2020 e 2021. Analisaram-se variáveis sociodemográficas e ocupacionais. Foram calculadas as taxas de prevalência de COVID-19 em trabalhadores da saúde, modeladas por Regressão de Poisson no software Stata 14.

Resultados:

em 2020 e 2021, 35.545 trabalhadores da saúde foram acometidos pela COVID-19. Observou-se maior prevalência da doença no sexo feminino (79,0%), entre 30 e 49 anos (65,5%) e em pretos e pardos (41,4%). Foram observadas maiores taxas em mulheres (793,9/100.000 em 2020), trabalhadores jovens (839,9/100.000 em 2020), não brancos (1.497,4/100.000 em 2020) e no Norte do Brasil, com 1.688,1 casos a cada 100.000 trabalhadores em 2020. Profissionais da enfermagem, médicos e fisioterapeutas apresentaram as maiores taxas da doença em 2020 e 2021.

Conclusão:

observou-se diferença entre os sexos, bem como iniquidades sociais, raciais e ocupacionais que traduzem a necessidade de ampliar medidas de vigilância em saúde, a fim de garantir maior prevenção, proteção e assistência aos trabalhadores de saúde.

DESCRITORES:
COVID-19; Saúde do trabalhador; Notificações; Trabalhadores da saúde; Brasil

ABSTRACT

Objective:

to analyze the epidemiological and occupational profile of health workers notified for COVID-19 in Brazil, in the years 2020 and 2021.

Method:

this is an ecological study, which used data from the Information System of Notifiable Diseases (SINAN) and the Annual Social Information List (RAIS), from the years 2020 and 2021. Sociodemographic and occupational variables were analyzed. The prevalence rates of COVID-19 in health workers were calculated, modeled by Poisson regression in the Stata 14 software.

Results:

in 2020 and 2021, 35,545 health workers were affected by COVID-19. A higher prevalence of the disease was observed in females (79.0%), between 30 and 49 years (65.5%) and in blacks and browns (41.4%). Higher rates were observed in women (793.9/100,000 in 2020), young workers (839.9/100,000 in 2020), non-whites (1,497.4/100,000 in 2020) and in northern Brazil, with 1,688.1 cases per 100,000 workers in 2020. Nursing professionals, physicians and physical therapists had the highest rates of the disease in 2020 and 2021.

Conclusion:

there was a difference between the sexes, as well as social, racial and occupational inequities that reflect the need to expand health surveillance measures in order to ensure greater prevention, protection and assistance to health workers.

DESCRIPTORS:
COVID-19; Occupational health; Notifications; Health workers; Brazil

RESUMEN

Objetivo:

analizar el perfil epidemiológico y ocupacional de los trabajadores de la salud notificados por COVID-19 en Brasil, en los años 2020 y 2021.

Método:

se trata de un estudio ecológico, que utilizó datos del Sistema de Información de Enfermedades de Declaración Obligatoria (SINAN) y del Registro Anual de Información Social (RAIS), de los años 2020 y 2021. Se analizaron variables sociodemográficas y ocupacionales. Se calcularon las tasas de prevalencia de COVID-19 en trabajadores de la salud, modeladas por regresión de Poisson en el software Stata 14.

Resultados:

En 2020 y 2021, 35.545 trabajadores de la salud se vieron afectados por COVID-19. Se observó una mayor prevalencia de la enfermedad en el sexo femenino (79,0%), entre 30 y 49 años (65,5%) y en negros y pardos (41,4%). Se observaron tasas más altas en mujeres (793,9/100.000 en 2020), trabajadores jóvenes (839,9/100.000 en 2020), no blancos (1.497,4/100.000 en 2020) y en el norte de Brasil, con 1.688,1 casos por 100.000 trabajadores en 2020. Profesionales de enfermería, médicos y fisioterapeutas tuvieron las tasas más altas de la enfermedad en 2020 y 2021.

Conclusión:

hubo diferencia entre los sexos, así como desigualdades sociales, raciales y ocupacionales que reflejan la necesidad de ampliar las medidas de vigilancia de la salud para garantizar una mayor prevención, protección y asistencia a los trabajadores de la salud.

DESCRIPTORES:
COVID-19; Salud del trabajador; Notificaciones; Personal de Salud; Brasil

INTRODUÇÃO

A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-Cov-2, caracterizada como uma pandemia em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS)11. Pan American Health Organization (PAHO), World Health Organization (WHO). Cumulative confirmed and probable COVID-19 cases reported by Countries and Territories in the Region of the Americas [Internet]. Washington: Pan American Health Organization; 2022 [cited 2023 Apr 10]. Available from: https://ais.paho.org/phip/viz/COVID19Table.asp
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. De acordo com o relatório diário da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a COVID-19 acumulou 68.073.235 casos e 1.346.472 mortes na América do Sul até 10 de abril de 202311. Pan American Health Organization (PAHO), World Health Organization (WHO). Cumulative confirmed and probable COVID-19 cases reported by Countries and Territories in the Region of the Americas [Internet]. Washington: Pan American Health Organization; 2022 [cited 2023 Apr 10]. Available from: https://ais.paho.org/phip/viz/COVID19Table.asp
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.

Durante o curso da pandemia no Brasil, os trabalhadores de saúde configuraram-se como parte essencial à contenção do vírus22. Bandyopadhyay S, Baticulon RE, Kadhum M, Alser M, Ojuka DK, Badereddin Y, et al. Infection and mortality of healthcare workers worldwide from COVID-19: a systematic review. BMJ Glob Health [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];5(12):e003097. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjgh-2020-003097
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. Por esse motivo, esses profissionais sofreram impactos significativos que incluem absenteísmo ocupacional, prejuízo à saúde mental, maior risco de contaminação e elevada quantidade de óbitos22. Bandyopadhyay S, Baticulon RE, Kadhum M, Alser M, Ojuka DK, Badereddin Y, et al. Infection and mortality of healthcare workers worldwide from COVID-19: a systematic review. BMJ Glob Health [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];5(12):e003097. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjgh-2020-003097
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. Uma revisão sistemática com metanálise, realizada na Índia, apontou que os profissionais da saúde constituíram uma parcela significativa do total de casos de COVID-19 naquele país (10,1%)33. Sahu AK, Amrithanand VT, Mathew R, Aggarwal P, Nayer J, Bhoi S. COVID-19 in health care workers - A systematic review and meta-analysis. Am J Emerg Med [Internet]. 2020 [cited 2022 Mar 12];38(9):1727-31. Available from: https://doi.org/10.1016/j.ajem.2020.05.113
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.

Outrossim, dados associados à mortalidade e letalidade por essa infecção em trabalhadores de saúde revelaram disparidades sociais e trabalhistas entre as diferentes categorias e ambientes de trabalho44. Baker JM, Nelson KN, Overton E, Lopman BA, Lash TL, Photakis M, et al. Quantification of Occupational and Community Risk Factors for SARS-CoV-2 Seropositivity Among Health Care Workers in a Large U.S. Health Care System. Ann Intern Med [Internet]. 2021 [cited 2022 Apr 5];174(5):649-654. Available from: https://doi.org/10.7326/m20-7145
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. Foi visto, por exemplo, maior número de casos confirmados em ambientes de trabalho da área clínica que em salas de procedimento44. Baker JM, Nelson KN, Overton E, Lopman BA, Lash TL, Photakis M, et al. Quantification of Occupational and Community Risk Factors for SARS-CoV-2 Seropositivity Among Health Care Workers in a Large U.S. Health Care System. Ann Intern Med [Internet]. 2021 [cited 2022 Apr 5];174(5):649-654. Available from: https://doi.org/10.7326/m20-7145
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. No aspecto profissional, observou-se uma taxa de letalidade (2,65%) considerável em profissionais da enfermagem quando comparados em níveis globais, colocando-os como uma das categorias de alto risco de desfechos desfavoráveis55. Oliveira H, Oliveira ASFSR, Azevedo SL, Souza CJ, Motta ROL, Marques NAC. Análise do perfil epidemiológico dos profissionais da enfermagem acometidos pela COVID-19: repercussões para assistência. Glob Acad Nurs J [Internet]. 2022 [cited 2022 Nov 5];3(1). Available from: https://doi.org/10.5935/2675-5602.20200222
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. De acordo com os dados do Observatório de Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em julho de 2021 o número de óbitos dessa categoria chegou a 838, com um total de 57.626 casos notificados55. Oliveira H, Oliveira ASFSR, Azevedo SL, Souza CJ, Motta ROL, Marques NAC. Análise do perfil epidemiológico dos profissionais da enfermagem acometidos pela COVID-19: repercussões para assistência. Glob Acad Nurs J [Internet]. 2022 [cited 2022 Nov 5];3(1). Available from: https://doi.org/10.5935/2675-5602.20200222
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.

No que tange ao sexo, trabalhadoras atuantes em diversos setores da saúde foram amplamente afetadas pela COVID-1966. Connor J, Madhavan S, Mokashi M, Amanuel H, Johnson NR, Pace LE, Barths D. Health risks and outcomes that disproportionately affect women during the Covid-19 pandemic: A review. Soc Sci Med [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];266:113364. Available from: https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2020.113364
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. De acordo com uma revisão feita nos Estados Unidos, a pandemia de COVID-19 aprofundou desigualdades na população geral e determinou incremento do risco de eventos desfavoráveis à saúde em mulheres que trabalham em serviços de saúde66. Connor J, Madhavan S, Mokashi M, Amanuel H, Johnson NR, Pace LE, Barths D. Health risks and outcomes that disproportionately affect women during the Covid-19 pandemic: A review. Soc Sci Med [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];266:113364. Available from: https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2020.113364
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.

Ainda no que tange às divergências socioeconômicas e raciais da classe trabalhadora, verificou-se maior ocorrência de infecção nas parcelas negras, as quais consistiram no maior número de casos entre diferentes populações77. Lin Q, Paykin S, Halpern D, Martinez-Cardoso A, Kolak M. Assessment of Structural Barriers and Racial Group Disparities of COVID-19 Mortality With Spatial Analysis. JAMA Netw Open [Internet]. 2022 [cited 2022 May 5];5(3):e220984. Available from: https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2022.0984
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. Em um estudo multicêntrico envolvendo 11 hospitais do Sistema Nacional de Saúde Inglês (NHS), destacou-se que a raça negra é considerada fator de risco para testagem positiva de COVID-19, juntamente com contato com casos suspeitos ou confirmados da doença88. Lenggenhager L, Martischang R, Sauser J, Perez M, Vieux L, Graf C, et al. Occupational and community risk of SARS-CoV-2 infection among employees of a long-term care facility: an observational study. Antimicrob Resist Amp Infect Control [Internet]. 2022 [cited 2022 May 5];11(1):51. Available from Available from https://doi.org/10.1186/s13756-022-01092-0
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. Esses dados ratificam a persistência de relações não equitativas que se manifestam no ambiente do trabalho e traduzem um maior risco de exposição ao vírus em populações negras.

Nota-se ainda, que trabalhadores da saúde foram submetidos à maior carga de transtornos psiquiátricos99. Silva FCT, Rolim NetoML. Psychiatric symptomatology associated with depression, anxiety, distress, and insomnia in health professionals working in patients affected by COVID-19: A systematic review with meta-analysis. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry [Internet]. 2021 [cited 2022 Dec 5];104:110057. Available from: https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2020.110057
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. Estima-se que esses profissionais apresentam maior chance de traumatização e danos psicológicos, indiretamente associados com a sobrecarga e estresse inerentes a suas atividades laborais99. Silva FCT, Rolim NetoML. Psychiatric symptomatology associated with depression, anxiety, distress, and insomnia in health professionals working in patients affected by COVID-19: A systematic review with meta-analysis. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry [Internet]. 2021 [cited 2022 Dec 5];104:110057. Available from: https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2020.110057
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. Além disso, encontrou-se maior incidência de transtornos obsessivo-compulsivos e somatoformes em trabalhadores atuantes na linha de frente de enfrentamento à COVID-1999. Silva FCT, Rolim NetoML. Psychiatric symptomatology associated with depression, anxiety, distress, and insomnia in health professionals working in patients affected by COVID-19: A systematic review with meta-analysis. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry [Internet]. 2021 [cited 2022 Dec 5];104:110057. Available from: https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2020.110057
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.

Em relação aos dados referentes aos casos de infecção por SARS-CoV-2, são notáveis as taxas de subnotificação encontradas nos mais variados sistemas informacionais públicos e privados, incluindo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)1010. Orellana JDY, Cunha GM, Marrero L, Moreira RI, Costa Leite I, Horta BL. Excesso de mortes durante a pandemia de COVID-19: subnotificação e desigualdades regionais no Brasil. Cad Saúde Pública [Internet]. 2021 [cited 2022 May 5];37(1):e00259120. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311x00259120
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. Tais discrepâncias podem revelar níveis de subnotificação que interferem na formulação de medidas preventivas do sistema da saúde, com impacto nas populações trabalhadoras1010. Orellana JDY, Cunha GM, Marrero L, Moreira RI, Costa Leite I, Horta BL. Excesso de mortes durante a pandemia de COVID-19: subnotificação e desigualdades regionais no Brasil. Cad Saúde Pública [Internet]. 2021 [cited 2022 May 5];37(1):e00259120. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311x00259120
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.

Diante deste contexto, ao considerar a maior vulnerabilidade dos trabalhadores da área da saúde à COVID-19, esta pesquisa tem por objetivo analisar o perfil epidemiológico e ocupacional dos trabalhadores da saúde notificados para COVID-19 no Brasil, nos anos de 2020 e 2021.

MÉTODO

Trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, que estimou as taxas de prevalência de COVID-19 em trabalhadores da saúde, e descreveu o perfil epidemiológico e ocupacional das notificações da doença nestes trabalhadores no Brasil, entre 01 de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021. Este período foi delimitado por apresentar dados consolidados nas bases de dados.

Foram analisadas as notificações dos casos de COVID-19 relacionados ao trabalho, registrados no SINAN como acidentes de trabalho graves, conforme orientação do Ministério da Saúde (MS)1111. Brasil. Ministério da Saúde. Orientações de vigilância epidemiológica de COVID-19 relacionada ao trabalho [Internet]. 2020 [cited 2021 Nov 08]. Available from: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/08/1116664/covid-orienta-es-trabalho.pdf
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. Além do SINAN, também foram utilizadas informações oriundas da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

Os dados do SINAN foram obtidos em agosto de 2022, por meio do Centro Colaborador da Vigilância aos Agravos à Saúde do Trabalhador (CCVISAT), do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA) para a Coordenação Geral em Saúde do Trabalhador, Ministério da Saúde (CGSAT-MS). Os dados da RAIS foram obtidos em outubro de 2022, por meio do painel de informações da RAIS. A RAIS disponibiliza dados sobre a atividade trabalhista do Brasil e constitui insumo para a realização de estudos técnicos de natureza estatística e atuarial, reunindo informações sociais e econômicas dos vínculos empregatícios e dos contratos celetistas, regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Foram selecionados para o estudo os casos dos bancos de dados sobre “Acidente de Trabalho”, em que o código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) constava como B34.2 (Infecção por coronavírus de localização não especificada)1111. Brasil. Ministério da Saúde. Orientações de vigilância epidemiológica de COVID-19 relacionada ao trabalho [Internet]. 2020 [cited 2021 Nov 08]. Available from: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/08/1116664/covid-orienta-es-trabalho.pdf
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.

As variáveis analisadas foram: ano (2020; 2021); sexo (masculino; feminino; ignorado); raça (branca; preta/parda; amarela; indígena; ignorado); raça (brancos; não brancos); escolaridade (sem instrução; fundamental completo e incompleto; médio completo e incompleto; superior completo e incompleto; ignorado); macrorregião onde foi realizada a notificação (Norte; Nordeste; Sudeste; Sul; Centro-Oeste); faixa etária em anos completos (15 a 24; 25 a 29; 30 a 39; 40 a 49; 50 a 59; 60 ou mais; ignorado); emissão da Comunicação do Acidente de Trabalho (CAT) (sim; não; não se aplica; ignorado); evolução do caso (cura; incapacidade temporária; incapacidade parcial permanente; incapacidade total permanente; óbito por acidente de trabalho grave; óbito por outras causas; outro; ignorado); trimestre de notificação (1º, 2º 3º e 4º trimestre de 2020 e 2021) e ocupação (Técnicos e auxiliares de enfermagem; Enfermeiros; Médicos; Agentes Comunitários de Saúde; Fisioterapeutas; Farmacêuticos; Cirurgiões dentistas; Auxiliares de laboratório da saúde; Técnicos de odontologia; Nutricionistas; Outros).

Na variável ocupação, a categoria “outros” englobou trabalhadores de atenção, defesa e proteção à pessoa em situação de risco; diretores e gerentes de operações em empresas de serviços de saúde; veterinários e zootecnistas; técnicos de imobilizações ortopédicas; profissionais da educação física; técnicos em terapias complementares; técnicos em próteses ortopédicas e fonoaudiólogos.

Para caracterizar o perfil da amostra, foram descritas as frequências absolutas e relativas das variáveis sociodemográficas e ocupacionais. Ainda, foram estimadas as taxas de prevalência de COVID-19 e seus respectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC95%) entre os trabalhadores da saúde, modeladas por meio de Regressão de Poisson. Todas as taxas foram calculadas para cada 100.000 trabalhadores e estratificadas segundo sexo, raça, faixa etária, ocupação, trimestre, estados e macrorregião, em 2020 e 2021.

Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Excel e exportados para análise no software estatístico Stata® 14.0. Nessa pesquisa, utilizaram-se dados secundários de acesso e domínio públicos sem a identificação dos participantes. De acordo com a Resolução Nº 510, de 07 de abril de 2016, esse projeto não necessitou de aprovação do sistema Comitê de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS

Nos anos de 2020 e 2021, 35.545 trabalhadores da saúde foram notificados por COVID-19 no Brasil. A maioria era do sexo feminino (79,0%), na faixa de idade entre 30 e 49 anos (65,5%), de raça preta ou parda (41,4%) e com ensino médio completo ou incompleto (40,6%). Dentre as regiões do Brasil, o Nordeste apresentou o maior número de notificações (n=12.274) do período, representando 34,5% do total. A emissão da comunicação do acidente de trabalho não foi realizada em 34,7% dos casos, e a evolução cura foi apresentada pela maioria da amostra (71,3%). Com relação às principais ocupações acometidas pela COVID-19 nos dois anos, destacam-se os técnicos e auxiliares de enfermagem (50,6%), seguido dos enfermeiros (19,7%), médicos (9,5%) e Agentes Comunitários de Saúde (8,4%) (Tabela 1).

Tabela 1 -
Descrição das características sociodemográficas e ocupacionais da amostra. Brasil, 2020-2021. (n=35.545)

No que tange às taxas de COVID-19 em trabalhadores da saúde, no terceiro trimestre de 2020 (julho, agosto e setembro) observou-se 315,3 casos a cada 100.000 trabalhadores. A partir do terceiro trimestre, observa-se queda nas taxas, sendo registrada uma taxa de 60,5:100.000 no quatro trimestre de 2021 (Figura 1).

Figura 1 -
Taxas de COVID-19 em trabalhadores da saúde segundo ano e trimestre de notificação. Brasil, 2020-2021.

Quando analisados os resultados segundo sexo, observaram-se maiores taxas entre as mulheres, destacando-se a taxa observada em 2020, com 793,9 casos a cada 100.000 trabalhadoras da saúde (IC95%: 781,6 - 806,1). Com relação a raça, entre os trabalhadores não brancos observaram-se as maiores taxas em ambos os períodos (1.497,4/100.000 em 2020; 856,8/100.000 em 2021). As faixas etárias mais jovens foram as mais acometidas, destacando-se trabalhadores de até 24 anos no ano de 2020, observando-se uma taxa de 839,9 (IC95%: 793,3 - 886,6) casos a cada 100.000 indivíduos. Trabalhadores da saúde das macrorregiões Norte e Nordeste obtiveram as maiores taxas em 2020, destacando-se a região Norte, com 1.688,1 casos a cada 100.000 trabalhadores da saúde (IC95%: 1.626,8 - 1.749,5). Em 2021, a região Norte permanece liderando com a maior taxa (1.403,0/100.000), seguido pela região Sul do Brasil (1.020,3/100.000) (Tabela 2).

Em 2020, os enfermeiros apresentaram as maiores taxas de COVID-19, apresentando 1.155,5 casos a cada 100.000 enfermeiros (IC95%: 1.120,1 - 1.190,9). O segundo grupo mais acometido foram os técnicos e auxiliares de enfermagem (1.049,4/100.000), seguido dos fisioterapeutas (989,0/100.000) e médicos (717,3/100.000). Em 2021, observou-se que as taxas diminuíram para todas as categorias profissionais, no entanto, os fisioterapeutas figuraram entre os principais acometidos pela doença (856,1/100.000), seguido dos enfermeiros (823,7/100.000) e técnicos e auxiliares de enfermagem (741,8/100.000) (Tabela 2).

Tabela 2 -
Taxas de COVID-19 em trabalhadores da saúde segundo ano, sexo, raça, faixa etária, macrorregião e ocupações. Brasil, 2020-2021.

A Figura 2 apresenta as taxas de COVID-19 em trabalhadores da saúde segundo Unidades Federativas do Brasil. Tocantins e Rondônia, estados da região Norte do país, figuraram na primeira e segunda posição com as maiores taxas da doença, em ambos os anos. Em 2020, a menor taxa foi observada para o Pará (4,4/100.000), e em 2021 para o Distrito Federal (15,2/100.000). Destaca-se que o estado do Espírito Santo não realizou notificações da doença em ambos os períodos e o estado do Pará não realizou notificações da COVID-19 em trabalhadores da saúde em 2021 (Figura 2).

Figura 2 -
Taxas de COVID-19 em trabalhadores da Saúde segundo estados do Brasil.

DISCUSSÃO

Identificaram-se diferenças importantes no perfil das notificações da doença, em relação ao sexo, raça, faixa etária e tipo de ocupação, acentuando desigualdades sociais, raciais e ocupacionais entre os trabalhadores da saúde. Por outro lado, o não preenchimento completo das fichas de notificação do SINAN evidenciou a baixa qualidade do banco de dados, especialmente em relação às variáveis emissão de CAT, escolaridade e raça/cor/etnia. Com relação às taxas analisadas, observaram-se maiores taxas no sexo feminino, indivíduos não brancos, faixas etárias mais jovens e estados da região Norte do Brasil. Profissionais da enfermagem, médicos e fisioterapeutas apresentaram as maiores taxas da doença em 2020 e 2021.

Sobre a variável sexo, percebe-se maior taxa e frequência de casos no sexo feminino em comparação ao sexo masculino. Esse fato pode apontar para a manutenção de desigualdades entre homens e mulheres no país1212. Reis AP dos, Góes EF, Pilecco FB, Almeida M da CC de, Diele-Viegas LM, Menezes GM de S, et al. Desigualdades de gênero e raça na pandemia de Covid-19: implicações para o controle no Brasil. Saúde Debate [Internet]. 2020 [cited 2021 Nov 08];44(4):324-40. Available from: https://doi.org/10.1590/0103-11042020E423
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, bem como explicita a disparidade de distribuição desse perfil entre os trabalhadores de saúde, majoritariamente composto por mulheres1313. Vieira J, Anido I, Calife K. Mulheres profissionais da saúde e as repercussões da pandemia da Covid-19: é mais difícil para elas? Saúde Debate [Internet]. 2022 [cited 2022 May 5];46(132):47-62. Available from: https://doi.org/10.1590/0103-1104202213203
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. Estimou-se uma participação feminina perto de 70% no setor de saúde, segundo dados do Censo de 2000 no Brasil1414. Brasil. A pandemia de COVID-19 e (os)as profissionais de saúde pública: uma perspectiva de gênero e raça sobre a linha de frente [Internet]. 2021 [cited 2022 Jun 07]. Available from: https://portal.fiocruz.br/documento/pandemia-de-covid-19-e-osas-profissionais-de-saude-publica-uma-perspectiva-de-genero-e
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. Paralelamente, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (Centers for Disease Control and Prevention), entre fevereiro e abril de 2020, mulheres atuantes nas áreas de saúde foram proporcionalmente mais afetadas, refletindo sua maioria entre os profissionais de saúde daquele país1515. United States. Characteristics of Health Care Personnel with COVID-19 - United States [Internet]. 2020 [cited 2022 Jun 07]. Available from: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/php/reporting-pui.html
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Com relação à raça, é fundamental elucidar os motivos pelos quais os pretos e pardos responderam por 41,4% dos casos notificados entre trabalhadores de saúde. Ademais, maiores taxas foram apresentadas por indivíduos não brancos. Em continuidade ao seu processo histórico e social, a iniquidade racial aprofundou-se na pandemia de COVID-19 nos mais diversos setores da sociedade, não diferente no âmbito trabalhista77. Lin Q, Paykin S, Halpern D, Martinez-Cardoso A, Kolak M. Assessment of Structural Barriers and Racial Group Disparities of COVID-19 Mortality With Spatial Analysis. JAMA Netw Open [Internet]. 2022 [cited 2022 May 5];5(3):e220984. Available from: https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2022.0984
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. Essa constatação é ainda mais agravada ao se analisar o sexo e a raça, como se observa na maior exposição de mulheres negras na saúde e em trabalhos essenciais1212. Reis AP dos, Góes EF, Pilecco FB, Almeida M da CC de, Diele-Viegas LM, Menezes GM de S, et al. Desigualdades de gênero e raça na pandemia de Covid-19: implicações para o controle no Brasil. Saúde Debate [Internet]. 2020 [cited 2021 Nov 08];44(4):324-40. Available from: https://doi.org/10.1590/0103-11042020E423
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. Dito isso, averiguou-se que os trabalhadores de saúde da linha de frente do combate à pandemia autodeclarados negros receberam menos treinamento, instruções, equipamentos de proteção individual (EPIs), orientações de chefia e suporte geral quando comparados com profissionais da mesma atuação “brancos”, durante o enfrentamento ao vírus, conforme evidenciado em dados coletados no período de setembro à outubro de 2020 pelo Núcleo de Estudos de Burocracias da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Rede COVID-19 Humanidades1414. Brasil. A pandemia de COVID-19 e (os)as profissionais de saúde pública: uma perspectiva de gênero e raça sobre a linha de frente [Internet]. 2021 [cited 2022 Jun 07]. Available from: https://portal.fiocruz.br/documento/pandemia-de-covid-19-e-osas-profissionais-de-saude-publica-uma-perspectiva-de-genero-e
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No que tange às ocupações, os profissionais de saúde demonstraram as maiores taxas de COVID-19 relacionadas ao trabalho1616. Maeno M. COVID-19 como uma doença relacionada ao trabalho. Rev Bras Saude Ocup [Internet]. 2021 [cited 2022 May 5];46:e54. Available from: https://doi.org/10.1590/2317-6369ed0000121
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ao longo do curso pandêmico, que variaram, inclusive, por perfil ocupacional. Diversos fatores influem na maior taxa de casos notificados entre trabalhadores da saúde, tais quais o contato direto com pacientes infectados, fatores de risco inerentes ao ambiente laboral, a escassez ou não adequação de EPIs, bem como a maior instrumentalização e facilidade de acesso aos meios de notificação do SINAN1717. Teixeira CFS, Soares CM, Souza EA, Lisboa ES, Pinto IC de M, Andrade LR, et al. A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];25(9):3465-74.Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.19562020
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,1818. Nguyen LH, Drew DA, Graham MS, Joshi AD, Guo CG, Ma W, et al. Risk of COVID-19 among front-line health-care workers and the general community: a prospective cohort study. Lancet Public Health [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];5(9):e475-e483. Available from: https://doi.org/10.1016/s2468-2667(20)30164-x
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. No entanto, a partir desse estudo, notou-se o maior acometimento de certas categorias ocupacionais, com destaque para as taxas entre técnicos e auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos e fisioterapeutas, os quais em conjunto corresponderam a cerca de 83,3% das notificações por COVID-19. Esses dados expressam as desigualdades presentes no próprio exercício do trabalho em saúde, até mesmo entre as diferentes categorias de trabalhadores da saúde, atingindo, majoritariamente, profissionais que estão em contato frequente com o paciente1919. Minayo MCS, Freire NP. Pandemia exacerba desigualdades na Saúde. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];25(9):3555-6. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.13742020
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. Só o COFEN apontou que o Brasil é o país com maior número de mortes de enfermeiros por COVID-19 no mundo durante esse período analisado2020. Brasil. Cofen - Conselho Federal de Enfermagem. Brasil é o país com mais mortes de enfermeiros por Covid-19 no mundo [Internet]. 2020 [cited 2022 Jun 07]. Available from: http://www.cofen.gov.br/brasil-e-o-pais-com-mais-mortes-de-enfermeiros-por-covid-19-no-mundo-dizem-entidades_80181.html#:~:text=28%2F05%2F2020-,Brasil%20%C3%A9%20o%20pa%C3%ADs%20com%20mais%20mortes%20de%20enfermeiros%20por,Reino%20Unido%20e%20Estados%20Unidos
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. Também se evidenciou a falta de qualificação e disponibilidade de EPIs de forma mais gritante nesses trabalhadores, além de uma carga laboral que intensificou o processo de adoecimento biopsicossocial dessa categoria2121. Alves LS, Ramos ACV, Crispim JA, Martoreli Júnior JF, Santos MS, Berra TZ, et al. Magnitude e severidade da COVID-19 entre profissionais de enfermagem no brasil. Cogitare Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];25:e74537. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.74537
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,2222. Moreira WC, Sousa AR, Nóbrega MPSS. Mental illness in the general population and health professionals during COVID-19: a scoping review. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];29:e20200215. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2020-0215
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Outros profissionais intensamente contaminados pelo vírus SARS-CoV-2 no Brasil foram os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), no seu contexto de atuação na Atenção Primária de Saúde (APS). Durante as ondas pandêmicas, a APS e as suas Equipes de Saúde da Família (ESF) tonaram-se gradativamente um dos eixos centrais de articulação de fluxos e contrafluxos dentro da Rede de Atenção à Saúde (RAS), onde pessoas procuram assistência quando sintomáticas ou como instrumento longitudinal do seu processo de cuidado2323. Frota AC, Barreto ICHC, Carvalho ALB de, Ouverney ALM, Andrade LOM de, Machado NM da S. Vínculo longitudinal da Estratégia Saúde da Família na linha de frente da pandemia da Covid-19. Saude em Debate [Internet]. 2022 [cited 2021 May 5];46(1):131-51. Available from: https://doi.org/10.1590/0103-11042022e109
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. Dessa forma, os trabalhadores atuantes na ESF ficaram expostos a diversas situações de risco infeccioso2424. Lackermair K, William F, Grzanna N, Lehmann E, Fichtner S, Kucher HB, et al. Infection with SARS-CoV-2 in primary care health care workers assessed by antibody testing. Fam Pract [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];38(2):76-9. Available from: https://doi.org/10.1093/fampra/cmaa078
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, em particular os ACS ao entrar em contato direto com a comunidade adscrita no território da Unidade Básica de Saúde (UBS), inclusive em seus domicílios. Ademais, esse tipo de ocupação está associado a um maior recorte de iniquidade em saúde, compatível com as desigualdades regionais do país1010. Orellana JDY, Cunha GM, Marrero L, Moreira RI, Costa Leite I, Horta BL. Excesso de mortes durante a pandemia de COVID-19: subnotificação e desigualdades regionais no Brasil. Cad Saúde Pública [Internet]. 2021 [cited 2022 May 5];37(1):e00259120. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311x00259120
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, por acessar regiões heterogêneas do espaço geográfico, marcadas por menor ou maior vulnerabilidade social. Evidenciou-se maiores taxas de infecções em distritos menos vulneráveis, enquanto uma maior mortalidade de ACS foi identificada em locais mais vulneráveis2525. Vieira-Meyer APGF, Morais APP, Campelo ILB, Guimarães JMX. Violência e vulnerabilidade no território do agente comunitário de saúde: implicações no enfrentamento da COVID-19. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2021 [cited 2022 May 5];26(2):657-68. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232021262.29922020
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Na perspectiva da evolução temporal de casos, esse estudo constatou maior número de notificações e maior taxa no terceiro trimestre de 2020, em comparação com os demais trimestres analisados. Destaca-se que no ano de 2020 não haviam testes diagnósticos para toda a população2626. World Health Organization. Population-based age-stratified seroepidemiological investigation protocol for coronavirus 2019 (COVID-19) infection [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2020 [cited 2020 Aug 23]. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/331656
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. Devido à escassez de testes, as políticas públicas enfatizavam que a distribuição dos mesmos deveria ser direcionada para casos graves e profissionais da saúde, o que pode ter impactado nos resultados encontrados no presente estudo.2626. World Health Organization. Population-based age-stratified seroepidemiological investigation protocol for coronavirus 2019 (COVID-19) infection [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2020 [cited 2020 Aug 23]. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/331656
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Além disso, deve-se considerar que os métodos diagnósticos para detecção de COVID-19 no início do curso pandêmico somaram elevada quantidade de resultados falsos negativos, fato que mudou com a qualificação desses testes, possibilitando a identificação de maior número de profissionais da saúde acometidos2727. Ministério da Saúde (BR). Acurácia dos testes diagnósticos registrados na Anvisa para a COVID-19 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2021 [cited 2022 Apr 1]. Available from: https://pncq.org.br/acuracia-dos-testes-diagnosticos-registrados-na-anvisa-para-a-covid-19/
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Ao analisar os casos notificados por estado brasileiro, reconheceu-se a diferença do nível de notificação na esfera estadual. Enquanto os estados de Tocantins e Rondônia figuraram entre os estados com as maiores taxas, estados como Espírito Santo e Pará não registraram casos notificados. Isso marca a vigência de medidas públicas distintas de testagem e notificação da população, processo observado entre os trabalhadores de saúde de cada estado2828. Prado MF, Antunes BBP, Bastos LSL, Peres IT, Silva AAB, Dantas LF, et al. Analysis of COVID-19 under-reporting in Brazil. Rev Bras Ter Intensiv [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];32(2). Available from: https://doi.org/10.5935/0103-507x.20200030
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. Nesse processo, destaca-se, ainda, o fato de hospitais e instituições públicas ou privadas adotarem meios diversos, não padronizados, de notificação, variando inclusive no próprio território estadual2828. Prado MF, Antunes BBP, Bastos LSL, Peres IT, Silva AAB, Dantas LF, et al. Analysis of COVID-19 under-reporting in Brazil. Rev Bras Ter Intensiv [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];32(2). Available from: https://doi.org/10.5935/0103-507x.20200030
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. No presente estudo, identificaram-se diferenças entre as taxas das macrorregiões brasileiras, com ênfase às regiões Norte e Sudeste. Este achado também pode estar relacionado ao fato de que as medidas de enfrentamento contra a COVID-19 não foram nacionais, mas realizadas no âmbito estadual, ou seja, variaram segundo unidade federativa2929. Hallal P, Hartwig F, Horta B, Victora GD, Silveira M, Struchiner C, et al. Variabilidade notável nos anticorpos SARS-CoV-2 nas regiões brasileiras: inquérito domiciliar sorológico nacional em 27 estados. medRxiv [Internet] 2020 [cited 2022 May 5]. Available from: https://doi.org/10.1101/2020.05.30.20117531
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. Corroborando com este ponto, resultados de um inquérito sorológico realizado em 27 estados brasileiros sugeriram que a pandemia é altamente heterogênea, com rápida escalada nas regiões Norte e Nordeste do Brasil2929. Hallal P, Hartwig F, Horta B, Victora GD, Silveira M, Struchiner C, et al. Variabilidade notável nos anticorpos SARS-CoV-2 nas regiões brasileiras: inquérito domiciliar sorológico nacional em 27 estados. medRxiv [Internet] 2020 [cited 2022 May 5]. Available from: https://doi.org/10.1101/2020.05.30.20117531
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Esse estudo apresenta algumas limitações. É notável a baixa qualidade do preenchimento de algumas variáveis do banco do SINAN, notando-se grande proporção de ignorados nas variáveis escolaridade, raça e emissão de CAT. Ainda, destaca-se a incompletude no preenchimento da variável raça no banco da RAIS, podendo afetar a estimação da taxa encontrada. Semelhante ao ocorrido com outras afecções de importância epidemiológica no Brasil, como a tuberculose3030. Silva GDM, Bartholomay P, Cruz OG, Garcia LP. Avaliação da qualidade dos dados, oportunidade e aceitabilidade da vigilância da tuberculose nas microrregiões do Brasil. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2017 [cited 2022 May 5];22(10):3307-19. Available from:Available from:https://doi.org/10.1590/1413-812320172210.18032017
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, juntamente com as diferenças numéricas de outros bancos de dados, aponta-se para a manutenção do processo histórico de subnotificação do SINAN2828. Prado MF, Antunes BBP, Bastos LSL, Peres IT, Silva AAB, Dantas LF, et al. Analysis of COVID-19 under-reporting in Brazil. Rev Bras Ter Intensiv [Internet]. 2020 [cited 2022 May 5];32(2). Available from: https://doi.org/10.5935/0103-507x.20200030
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, o qual leva à carência de dados essenciais aos serviços de vigilância em saúde e formulação de políticas públicas. Apesar disso, vale salientar que o SINAN é um dos poucos bancos de dados nacionais que trazem informações sobre acidentes, doenças e agravos relacionados à saúde do trabalhador no país.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os resultados encontrados apontaram diferença entre os sexos, bem como iniquidades sociais, raciais e ocupacionais que traduzem a necessidade de ampliar medidas de vigilância em saúde, a fim de garantir maior prevenção, proteção e assistência aos trabalhadores de saúde. Este estudo pretendeu contribuir com o campo de saúde do trabalhador ao demonstrar a presença de iniquidades raciais e ocupacionais, que determinaram uma maior proporção de contaminação e morbimortalidade entre os profissionais de saúde. A identificação de necessidades específicas dos diferentes setores produtivos é fundamental para que se desenvolvam estratégias de prevenção à exposição ao vírus. A raça e o sexo parecem desempenhar um papel importante na ocorrência da doença. Nesse sentido, as ações de vigilância em saúde do trabalhador e da trabalhadora devem considerar fortemente estes aspectos, de forma a delinear intervenções que reduzam riscos, tais como a testagem rápida e a distribuição de EPIs, de forma a aumentar os padrões de segurança nos ambientes de trabalho. Para tanto, destaca-se também a importância do preparo e qualificação dos profissionais para melhorar a qualidade do preenchimento das fichas de notificação do SINAN, a fim de disponibilizar dados mais confiáveis no campo de saúde do trabalhador, que poderão subsidiar ações mais resolutivas de prevenção, proteção e assistência aos trabalhadores brasileiros.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído do Trabalho de Conclusão de Curso - Notificações de COVID-19 em trabalhadores da saúde: análise do perfil epidemiológico e ocupacional a partir dos dados do SINAN, Brasil, 2020, apresentada ao Curso de Graduação em Medicina, da Universidade Federal de Santa Catarina, em 2022.

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Glilciane Morceli, Maria Lígia Bellaguarda. Editor-chefe: Elisiane Lorenzini.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    23 Jan 2023
  • Aceito
    25 Abr 2023
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