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ESTRESSE E SOFRIMENTO EM ENFERMEIROS HOSPITALARES: RELAÇÃO COM VARIÁVEIS PESSOAIS, LABORAIS E HÁBITOS DE VIDA

RESUMO

Objetivo:

identificar as possíveis associações entre o estresse e o sofrimento com as variáveis pessoais, laborais e hábitos de vida.

Método:

estudo transversal, quantitativo, exploratório, correlacional, realizado no período de junho de 2019 a fevereiro de 2020. Os dados sobre as características pessoais, hábitos de vida e as condições de trabalho foram obtidos com a aplicação de questionário. Para avaliação do estresse, utilizou-se o Inventário de Estresse em Enfermeiros e, para o sofrimento, aplicou-se a Escala de Indicadores de Prazer e sofrimento no Trabalho, ambos nas versões brasileiras.

Resultados:

o estresse esteve associado à insatisfação com a remuneração, indicadores de sofrimento e interesse em mudar de emprego e profissão. As comparações entre os indicadores de sofrimento e os domínios de investigação do estresse foram significativas.

Conclusão:

o estresse vivenciado na atividade laboral do enfermeiro recebe forte influência da baixa remuneração, levando-o a desejar mudar de emprego e profissão. O esgotamento profissional e a falta de reconhecimento são estressores que impulsionam mecanismos de defesa, dentre eles, o desejo de mudar de emprego.

DESCRITORES:
Estresse psicológico; Estresse ocupacional; Angústia psicológica; Saúde mental; Saúde do trabalhador; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to identify the possible associations between stress and suffering with personal, work and lifestyle variables.

Method:

cross-sectional, quantitative, exploratory, correlational, conducted from June 2019 to February 2020. Data on personal characteristics, life habits and working conditions were obtained with the application of a questionnaire. To assess stress, the Nurses’ Stress Inventory (Inventário de Estresse em Enfermeiros) was used and, for suffering, the Pleasure and Suffering Indicators at Work Scale was applied, both in the Brazilian versions.

Results:

stress was associated with dissatisfaction with remuneration, indicators of suffering and interest in changing jobs and professions. The comparisons between the indicators of suffering and the domains of stress investigation were significant.

Conclusion:

the stress experienced in nurses' work activity is strongly influenced by low remuneration, leading them to wish to change jobs and professions. Professional burnout and lack of recognition are stressors that drive defense mechanisms, among them, the desire to change jobs.

DESCRIPTORS:
Psychological stress; Occupational stress; Psychological distress; Mental health; Occupational health; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

identificar posibles asociaciones entre estrés y sufrimiento con variables personales, laborales y hábitos de vida.

Método:

estudio transversal, cuantitativo, exploratorio, correlacional, realizado de junio de 2019 a febrero de 2020. Los datos sobre características personales, hábitos de vida y condiciones de trabajo se obtuvieron mediante la aplicación de un cuestionario. Para la evaluación del estrés, se utilizó el Inventario de Estrés en Enfermeras y, para el sufrimiento, se aplicó la Escala de Indicadores de Placer y Sufrimiento en el Trabajo, ambas en versiones brasileñas.

Resultados:

el estrés se asoció a la insatisfacción con el salario, indicadores de sufrimiento e interés por cambiar de trabajo y profesión. Las comparaciones entre los indicadores de angustia y los dominios de investigación del estrés fueron significativas.

Conclusión:

el estrés experimentado en el trabajo de los enfermeros está fuertemente influenciado por la baja remuneración, llevándolos a querer cambiar de trabajo y de profesión. El agotamiento profesional y la falta de reconocimiento son factores estresantes que impulsan los mecanismos de defensa, incluido el deseo de cambiar de trabajo.

DESCRIPTORES:
Estrés psicológico; Estrés laboral; Trastorno sicologico; Salud mental; Salud del trabajador; Enfermería

INTRODUÇÃO

O prazer e o sofrimento são inerentes a qualquer atividade laborativa11. Dejours C, Abdoucheli E. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas; 1994. . No trabalho dos enfermeiros, vivências positivas como a contribuição na cura, reabilitação dos enfermos e o sentimento de gratidão dos envolvidos no processo do cuidar reforçam as sensações de prazer. Entretanto, o estresse, a sobrecarga de trabalho, as cargas horárias exaustivas e as elevadas exigências de conhecimentos, habilidades técnicas e gerenciais, tornam o trabalho penoso, sofrido.

A compreensão desses sentimentos antagônicos foi proposta pelo psiquiatra francês Christophe Dejours, através do referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho11. Dejours C, Abdoucheli E. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas; 1994. . Para o autor, o sofrimento pode operar como um fator mobilizador de investimentos para a transformação da realidade e conferir prazer ao trabalhador22. Dejours C. Trabalhe hoje: novas formas de sofrimento e ação coletiva. In: Wlosko M, Ros CO, orgs. Trabalho entre o prazer e o sofrimento. remédios para escalada. Buenos Aires: Universidade Nacional de Lanús; 2019. p. 51-9.. Nesse contexto, a criatividade é utilizada para ressignificar o sofrimento numa vivência positiva que, por sua vez, contribuirá na construção da identidade profissional e potencializará a resistência diante dos riscos de desestabilização psicossomática33. Mendes AM, Ferreira MC, Cruz RM. O diálogo psicodinâmico, ergonomia, psicometria. In: Mendes AM, editor. Psicodinâmica do Trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007. p. 89-110..

O esgotamento profissional e a falta de reconhecimento no trabalho são considerados como indicadores de sofrimento. Vivências de situações que geram estresse, esgotamento emocional e sobrecarga, além dos sentimentos de frustração, insegurança, insatisfação e medo, contribuem para o esgotamento profissional. Outrossim, a falta de reconhecimento advém da desvalorização, falta de reconhecimento dos esforços desempenhados, discriminação, desqualificação, bem como sentimentos de injustiça, indignação e inutilidade.

Dos fatores intervenientes na atividade laboral dos enfermeiros, o estresse tem posição de destaque. Pesquisas identificaram sintomas de estresse com riscos à saúde dos enfermeiros44. Cavalcante FLNF, Negreiros BTC, Maia RS, Maia EMC. Depresión, ansiedad y estrés en profesionales de primera línea COVID-19. Rev Port Enferm Saúde Mental [Internet]. 2022 [cited 2022 Apr 21];27:6-20. Available from: https://doi.org/10.19131/rpesm.321
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,55. Zhou Y, Guo X, Yin H. Um modelo de equação estrutural da relação entre estresse ocupacional, estilos de enfrentamento e saúde mental de enfermeiros pediátricos na China: um estudo transversal. Psiquiatria BMC [Internet]. 2022 [cited 2022 Jun 21];22(1):416. Available from: https://doi.org/10.1186/s12888-022-04061-4
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. As situações estressantes da enfermagem incluem o elevado ritmo de trabalho, transferência de pacientes, cargas horárias exaustivas, trabalho noturno, múltiplos vínculos, horas extras, envolvimento emocional com pacientes e respectivos acompanhantes, responsabilidades assistenciais, salários insuficientes e relações interpessoais conflituosas no ambiente de trabalho66. Emmanuel T, Dall'Ora C, Ewings S, Griffiths P. Are long shifts, overtime and staffing levels associated with nurses’ opportunity for educational activities, communication and continuity of care assignments? A cross-sectional study. Int J Nurs Stud Adv [Internet]. 2020 [cited 2022 Apr 21];2:100002. Available from: https://doi.org/10.1016/j.ijnsa.2020.100002
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,77. Pekurinen V, Willman L, Virtanen M, Kivimäki M, Vahtera J, Välimäki M. Patient Aggression and the wellbeing of nurses: a cross-sectional survey study in psychiatric and non-psychiatric settings. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2017 [cited 2022 Apr 21];14(10):1245. Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph14101245
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. Tais estressores podem ser fonte de sofrimento e gerar esgotamento profissional e falta de reconhecimento.

Destarte, investigar o estresse e o sofrimento em enfermeiros considerando variáveis pessoais, laborais e de hábitos de vida corresponde um importante investimento na saúde desse profissional que desenvolve papel indispensável na sociedade. Apesar das evidências científicas demonstrarem níveis de estresse com riscos à saúde desses profissionais44. Cavalcante FLNF, Negreiros BTC, Maia RS, Maia EMC. Depresión, ansiedad y estrés en profesionales de primera línea COVID-19. Rev Port Enferm Saúde Mental [Internet]. 2022 [cited 2022 Apr 21];27:6-20. Available from: https://doi.org/10.19131/rpesm.321
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,55. Zhou Y, Guo X, Yin H. Um modelo de equação estrutural da relação entre estresse ocupacional, estilos de enfrentamento e saúde mental de enfermeiros pediátricos na China: um estudo transversal. Psiquiatria BMC [Internet]. 2022 [cited 2022 Jun 21];22(1):416. Available from: https://doi.org/10.1186/s12888-022-04061-4
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, a presente pesquisa vem se agregar às demais, na tentativa de reiterar, com mais clareza o estresse, os estressores, as vivências de sofrimento e os fatores associados.

A importância da investigação desses fenômenos é sustentada pela capacidade de compreender fatores que comprometem o desempenho da atividade laboral dos enfermeiros e trazer contribuições para a enfermagem do futuro. O fato de o estudo ter se desenrolado em hospitais escola, torna os resultados ainda mais relevantes devido à proximidade entre os enfermeiros e os graduandos que desempenham atividades práticas, estágios curriculares ou visitas técnicas, na perspectiva que essa relação interpessoal pode fundamentar-se em vivências de prazer ou gerar estresse e sofrimento àqueles que ainda estão no processo de formação.

Ademais, a enfermagem ganhou visibilidade no contexto mundial devido à pandemia da COVID-19. Preocupados com os impactos dessa crise, pesquisas nacionais e internacionais 88. Al Maqbali M. Sleep disturbance among frontline nurses during the COVID‑19 pandemic. Sleep Biol Rhythms [Internet]. 2021 [cited 2022 Apr 21];19:467-73. Available from: https://doi.org/10.1007/s41105-021-00337-6
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,99. Miranda FBG, Yamamura M, Pereira SS, Pereira CS, Protti-Zanatta ST, Costa MK, et al. Psychological distress among nursing professionals during the COVID-19 pandemic: Scoping Review. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Apr 21];25(spe):e2020036. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0363
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,1010. Sirois FM, Owens J. Factors associated with psychological distress in health-care workers during an infectious disease outbreak: a rapid systematic review of the evidence. Front Psychiatry [Internet]. 2021 [cited 2022 Apr 22];11:589545. Available from: https://doi.org/10.3389/fpsyt.2020.589545
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foram desenvolvidas com o intuito de investigar o sofrimento e os acometimentos físicos e psicológicos nos enfermeiros. Vale salientar que, a presente pesquisa foi realizada num contexto pré-pandêmico, o que por sua vez torna-se de grande relevância, uma vez que servirá de suporte para analisar os impactos, atenuados ou agravados, à saúde. Desse modo, é oportuno identificar as possíveis associações entre o estresse e o sofrimento com as variáveis pessoais, laborais e hábitos de vida.

MÉTODO

Pesquisa com delineamento transversal, de abordagem quantitativa, exploratória, do tipo correlacional, realizada no Complexo Hospitalar da Universidade de Pernambuco (UPE), localizado em Recife - Pernambuco, Brasil. O Complexo Hospitalar é composto por três unidades, denominadas A, B e C, a fim de respeitar a confidencialidade e o anonimato. Os hospitais oferecem assistência hospitalar de média e alta complexidade em diversas especialidades médicas e são cenário de práticas acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão para os cursos da saúde da UPE.

Dentre os profissionais que compõem as categorias de enfermagem, optou-se por realizar a pesquisa com enfermeiros. As listas com o quantitativo de profissionais por setor foram disponibilizadas pelas gerências de enfermagem. A população do estudo foi composta por 500 enfermeiros, sendo 110 vinculados ao hospital A, 172 no B e 218 na unidade C.

O estudo contou com a participação de 221 enfermeiros selecionados a partir da realização de uma amostragem estratificada por setor, na qual o número de participantes da pesquisa foi definido com base no quantitativo de enfermeiros lotados em cada área hospitalar. A coleta de dados foi planejada para evitar que quaisquer setores fossem priorizados.

A coleta de dados foi realizada pela primeira autora desse estudo, no período de junho de 2019 a fevereiro de 2020, momento em que se iniciava o surto pandêmico da COVID-19 no Brasil. Os dados foram coletados presencialmente e de forma individual durante o horário de trabalho, levando cerca de 10 minutos para integralizar os questionamentos contidos no formulário de entrevista.

Para evitar vieses nos resultados da pesquisa, optou-se por interromper a coleta de dados quando foi registrado o primeiro caso de COVID no Brasil, considerando a possibilidade de elevar os níveis de estresse e sofrimento nos enfermeiros em decorrência da pandemia. Foram incluídos na pesquisa os enfermeiros concursados, atuantes na gestão e na assistência direta ao paciente, cumprindo quaisquer tipos de escala, sendo excluídos aqueles com menos de um ano de atuação profissional e os afastados devido a férias, licença saúde, prêmio ou maternidade.

Os dados que caracterizaram os trabalhadores foram obtidos a partir de um instrumento, elaborado pelos autores, abordando questões pessoais, laborais e de hábitos de vida, como: sexo, raça/cor, estado civil, titulação, número de vínculos empregatícios, remuneração em salários mínimos, carga horária semanal, plantão extra, hora extra, satisfação com a remuneração, dobra de plantão, interesse em mudar de emprego e profissão, descanso e tempo de descanso durante o plantão, consumo/frequência de bebidas alcoólicas e fumo, horas de sono por dia e qualidade do sono.

Para mensurar o estresse, utilizou-se o Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE).¹¹11. Stacciarini JMR, Troccoli BT. Instrumento para mensurar o estresse ocupacional: Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE). Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2000 [cited 2022 Sep 21];8(6):40-9. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-11692000000600007
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Trata-se de uma escala de 5 pontos de intensidade, composta por 44 itens considerados como fontes de estresse e tensão na atuação do enfermeiro. O inventário investiga três fatores específicos, a saber: relações interpessoais, papéis estressores na carreira e fatores intrínsecos ao trabalho. Ademais, o fator 4 foi assim intitulado por não apresentar comunalidades, sendo mantido na escala por indicar confiabilidade.¹¹11. Stacciarini JMR, Troccoli BT. Instrumento para mensurar o estresse ocupacional: Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE). Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2000 [cited 2022 Sep 21];8(6):40-9. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-11692000000600007
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Os resultados podem ser descritos pela média e desvio padrão, escore bruto e escore z. A pontuação mínima é de 44 pontos e a máxima é de 220. Escores superiores a 145 são fortes indicadores de que o enfermeiro considera a atividade laboral estressante.¹¹11. Stacciarini JMR, Troccoli BT. Instrumento para mensurar o estresse ocupacional: Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE). Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2000 [cited 2022 Sep 21];8(6):40-9. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-11692000000600007
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O sofrimento foi investigado pela pela Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST). A EIPST é composta por 47 vivências que investigam quatro indicadores, sendo dois positivos ou referentes ao prazer (realização profissional e liberdade de expressão) e dois negativos ou de sofrimento (esgotamento profissional e falta de reconhecimento). Embora a escala avalie o prazer e sofrimento, nesse estudo serão consideradas apenas as vivências de sofrimento. A avaliação dos indicadores de sofrimento foi classificada como: grave ≥ 4; moderada ou crítica, entre 3,9 e 2,1; e satisfatória ≤ 2,0. ¹²12. Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo ; 2007.

Para eliminar erros de digitação os dados, foram digitados em dupla entrada no Microsoft Excel, versão 2010. A conferência foi realizada pelo programa Epi-Info versão 3.5.4. Os dados foram conferidos em sua totalidade e só seguiram para a fase de análises após completa paridade. Finalizada esta etapa, os dados foram exportados e analisados pelo Software for Statistics and Data Science - STATA, versão 12. As análises descritivas foram desenvolvidas a partir de frequências absolutas (n) e relativas (%). O teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov foi aplicado para a avaliação da distribuição dos dados. As associações entre as variáveis categóricas foram verificadas por meio do teste de Qui-Quadrado ou teste exato de Fisher. A ANOVA one-way foi utilizada para a comparação das variáveis contínuas entre os grupos. Para as análises estatísticas, adotou-se o nível de significância de p<0,05. Em caso de missing, as análises foram realizadas apenas com os participantes com informações completas.

O projeto de pesquisa foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa. A participação dos enfermeiros foi voluntária e formalizada com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS

Os/As enfermeiros/as são em sua maioria do sexo feminino (87,8%), pardos/as (42,5%), casados/as (52,9%), com titulação de pós-graduação Lato Sensu (77,4%), vinculados a dois empregos (69,2%) e com carga horária semanal de 30 horas (46,1%) e 60 horas ou mais (31,7%). Ademais, 3,2% possuem três vínculos empregatícios. No que se refere a remuneração, 12,2% recebem menos de 3 salários mínimos, 24% recebem 3 salários mínimos, 43,0% recebem mais de 3 a 6 salários mínimos, 15,4% recebem mais de 6 salários e 5,4% não declararam.

Os dados acerca do relato de descanso durante o plantão revelaram que 45,3% descansam, sendo 16,7% por até duas horas. Os plantões extras são executados por 27,6%, sendo em 21,3% para complementar a renda. Além disso, 18,9% fazem horas extras por necessidade do serviço, devido à espera para passar o plantão, e 33,9% dobram de plantão decorrente de faltas e carência de profissionais na instituição.

A avaliação do IEE constatou que 19,9% dos/as enfermeiros/as estão estressados/as. As principais fontes de estresse e tensão no domínio relações interpessoais foram atender um número grande de pessoas (µ=3,17; DP=1,51) e resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho (µ=3,13; DP=1,27). Nos papéis estressores na carreira, trabalhar em instalações físicas inadequadas (µ=3,35; DP=1,39), trabalhar em ambiente insalubre (µ=3,20; DP=1,52) e trabalhar com pessoas despreparadas (µ=3,02; DP=1,29). Os fatores intrínsecos ao trabalho foram representados com maiores médias em falta de recursos humanos (µ=3,58; DP=1,24), sentir desgaste emocional com o trabalho (µ=3,31; DP=1,23), falta de material necessário para ao trabalho (µ=3,29; DP=1,32) e administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas (µ=3,26; DP=1,42). O fator 4 foi representado por receber este salário (µ=3,71; DP=1,48). A média do IEE total foi de (µ=117,27; DP=33,96), enquanto que as médias por domínios evidenciaram (µ=42,52; DP=14,42) em relações interpessoais, (µ=30,12; DP=11,11) em papéis estressores na carreira, (µ=28,88; DP=8,75) em fatores intrínsecos ao trabalho e (µ=15,76; DP=4,92) no fator 4.

O esgotamento profissional foi “satisfatório” em 19,4% dos enfermeiros/as, “crítico” em 47,1% e “grave” em 33,5%. A falta de reconhecimento foi “satisfatório” em 44,3%, “crítico” 38,5% e “grave” em 17,2%. As vivências de esgotamento profissional foram representadas pelo estresse (µ=4,14; DP=1,86), sobrecarga (µ=3,96; DP=2,00), frustração (µ=3,14; DP=2,14), insatisfação (µ=3,30; DP=2,01), insegurança (µ=2,62; DP=2,07) e medo (µ=2,09; DP=2,06). Na falta de reconhecimento, evidenciou-se a falta de reconhecimento do meu esforço (µ=2,96; DP=2,09), falta de reconhecimento do meu desempenho (µ=2,74; DP=2,10), desvalorização (µ=2,84; DP=2,27), indignação (µ=2,74; DP=2,25), injustiça (µ=2,48; DP=2,22), inutilidade (µ=1,69; DP=1,96), desqualificação (µ=1,57; DP=1,95) e discriminação (µ=1,54; DP=2,02). Os indicadores de sofrimento evidenciaram médias superiores para o esgotamento profissional (µ=3,31; DP=1,57), quando comparadas à falta de reconhecimento (µ=2,32; DP=1,72), porém ambos foram “críticos”.

Os dados das associações entre o estresse e as variáveis pessoais, laborais e de hábitos de vida estão na Tabela 1.

Tabela 1 -
Associação entre o estresse e variáveis pessoais, laborais e de hábitos de vida em enfermeiros/as do Complexo Hospitalar da Universidade de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, 2019-2020.

Conforme a Tabela 1, o estresse esteve associado à satisfação com a remuneração (p=0,019), ao interesse em mudar de emprego (p=0,000) e à profissão (p=0,002), porém não houve associação significativa com o sexo (p=0,055), titulação (p=0,189), número de vínculos empregatícios (p=0,271), qualidade do sono (p=0,173), consumo de bebidas alcoólicas (p=0,393) e frequência de consumo de bebidas alcoólicas (p=0,871). As associações com os indicadores de sofrimento estão nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 2 -
Associação do esgotamento profissional com o IEE, variáveis pessoais, laborais e hábitos de vida em enfermeiros/as do Complexo Hospitalar da Universidade de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, 2019-2020.

De acordo com a Tabela 2, o esgotamento profissional esteve associado ao interesse em mudar de emprego (p=0,001), ao interesse em mudar de profissão (p=0,006) e ao IEE (p=0,000). Na Tabela 3, observou-se associação significativa da falta de reconhecimento com o IEE (p=0,000).

Tabela 3 -
Associação da falta de reconhecimento com o IEE, variáveis pessoais, laborais e hábitos de vida em enfermeiros/as do Complexo Hospitalar da Universidade de Pernambuco (UPE), Recife - Pernambuco, Brasil, 2019-2020.

A falta de reconhecimento não esteve associada ao sexo (p=0,630), à titulação (p=0,307), ao número de vínculos empregatícios (p=0,791), à satisfação com a remuneração (p=0,290), ao interesse em mudar de emprego (p=0,026), ao interesse em mudar de profissão (p=0,143), à qualidade do sono (p=0,282), ao consumo de bebidas alcoólicas (p=0,793) à frequência de consumo (p=0,442). As comparações foram significativas em sua totalidade entre os domínios do estresse e a classificação dos indicadores de sofrimento, conforme a Tabela 4.

Tabela 4 -
Comparação dos domínios do estresse de acordo com a classificação dos indicadores de sofrimento em enfermeiros/as do Complexo Hospitalar da Universidade de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, 2019-2020.

DISCUSSÃO

A pesquisa demonstrou posição de destaque ao sexo feminino, no que diz respeito ao estresse. Nesse contexto, considera-se que o estresse das profissionais de enfermagem está atrelado ao acúmulo de tarefas e funções profissionais e/ou pessoais, uma vez que a mulher não se desvincula do papel de mãe e chefe do lar1313. Pinto APCM, Silva MF, Azevedo ACB, Rodrigues CCFM, Salvador PTCO, Santos VEP. Estresse no cotidiano dos profissionais de enfermagem: reflexos da rotina laboral hospitalar. Rev Enferm UFSM [Internet]. 2016 [cited 2022 Sep 22];6(4):548-58. Available from: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/21779
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, estando mais propensa a níveis eminentes de estresse e a uma qualidade de vida prejudicada1414. Souza AMN, Teixeira ER. Perfil sociodemográfico da equipe de enfermagem do ambulatório de um hospital universitário. Rev Enferm UFPE Online [Internet]. 2015 [cited 2023 Jan 05];9(3):7547-55. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/10493
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. Outrossim, embora exista uma tendência cada vez maior de homens na enfermagem, a predominância feminina é sustentada na profissão1515. Machado MH, Aguiar Filho WA, Lacerda WF, Oliveira E, Lemos W, Wermelinger M, et al. Características gerais da enfermagem: o perfil sócio demográfico. Enferm Foco [Internet]. 2017 [cited 2023 Jan 05];7:9-14. Available from: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686
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.

Com relação à titulação, o maior quantitativo de enfermeiros/as estressados possui pós-graduação Lato Sensu, porém o quantitativo de estressados/as com titulação de mestre/a e doutor/a foi considerável, o que sugere que a formação Strictu Sensu não exerce um papel amortecedor para o estresse. Ao se empenhar nessas qualificações, os profissionais criam expectativas diversas que, quando não supridas, podem gerar frustração e eventualmente estressar-se ainda mais diante da profissão. Estudo realizado com enfermeiros mestres e doutores egressos do programa de pós-graduação Stricto Sensu, evidenciou a relevância dessa qualificação para o maior reconhecimento e valorização no trabalho. Entretanto, enfatizou-se o aumento de responsabilidades e carga horária de trabalho, diminuição do tempo para lazer e descanso, o que resultou em desgaste e sofrimento psíquico1616. Souza NVD de O, Silva M de S, Roque ABM, Costa CCP da, Andrade KBS de, Carvalho EC, et al. Perspectivas de egressos de enfermagem de cursos stricto sensu sobre o mundo do trabalho. Cogitare Enferm [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 20];27:e76136. Available from: http://doi.org/10.5380/ce.v27i0.76136
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.

A qualidade do sono foi considerada por boa parte dos enfermeiros/as estressados/as como “ruim” ou “péssima”. O sono é um processo essencial para o estabelecimento das funções do organismo e a sua privação ou a sua irregularidade resultam em alterações hormonais e ganho de peso1717. Silva AF, Dalri RCMB, Eckeli AL, Sousa-Uva A, Mendes AC, Robazzi MLCC. Sleep quality, personal and work variables and life habits of hospital nurses. Rev Lat Am Enferm [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 21];30:e3538. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35584413/
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, podendo o estresse trazer consequências diversas como ansiedade e alterações no padrão do sono e ingestão alimentar1818. Reis CD, Amestoy SC, Silva GT, Santos SD, Varanda PA, Santos IA, et al. Situações estressoras e estratégias de enfrentamento adotadas por enfermeiras líderes. Acta Paul Enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Jan 21];33:eAPE20190099. Available from: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020AO0099
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.

No que se refere ao estresse, estudos brasileiros realizados em serviço privado1818. Reis CD, Amestoy SC, Silva GT, Santos SD, Varanda PA, Santos IA, et al. Situações estressoras e estratégias de enfrentamento adotadas por enfermeiras líderes. Acta Paul Enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Jan 21];33:eAPE20190099. Available from: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020AO0099
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e com profissionais de enfermagem em hospital universitário1919. Llapa-Rodriguez O, Oliveira JKA, Lopes NetoDL, Gois CFL, Campos MPA, Mattos MCT. Estresse ocupacional em profissionais de enfermagem. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2018 [cited 2023 Jan 21];26:e19404. Available from: https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.19404
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identificaram os papéis estressores na carreira como principais fatores de influência no estresse. A investigação do estresse em enfermeiros do Centro de Terapia Intensiva evidenciou que as pontuações mais elevadas nos itens do IEE foram: “administrar ou supervisionar o trabalho de outras pessoas”, “restrição da autonomia profissional” e “interferência da política institucional no trabalho”2020. Trettene AS, Costa RB, Prado PC, Tabaquim MLM, Razera APR. Stress - realities experienced by nurses working in an Intensive Care Unit. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2018 [cited 2023 Jan 21];26:e17523. Available from: https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.17523
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.

Para Reis et al. (2020)1818. Reis CD, Amestoy SC, Silva GT, Santos SD, Varanda PA, Santos IA, et al. Situações estressoras e estratégias de enfrentamento adotadas por enfermeiras líderes. Acta Paul Enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Jan 21];33:eAPE20190099. Available from: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2020AO0099
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, as principais situações estressoras foram “ter um prazo curto para cumprir ordens”, “executar tarefas distintas simultaneamente” e “trabalhar com pessoas despreparadas”. Contrariamente aos estudos supracitados, as relações interpessoais foram as principais fontes de estresse, sendo representados principalmente por “resolver imprevistos que acontecem no local de trabalho” e “atender a um número grande de pessoas”, o que comprova as fragilidades dos serviços de saúde pública quanto à superlotação e carência de recursos de diversas naturezas, exigindo dos enfermeiros/as capacidade de resolução e improviso.

Ademais, a pesquisa revelou que os enfermeiros/as estão lidando com diversos riscos inerentes à atividade laboral, trabalham em instalações físicas inadequadas, convivem com profissionais despreparados, não dispõem dos materiais e recursos humanos necessários para desenvolver sua função, sentem desgaste emocional ao desempenhar sua função e ao administrar e supervisionar a equipe e recebem baixos salários.

No tocante à remuneração, os/as enfermeiros/as vinculam-se a dois ou mais empregos para obter salário digno. Tal insatisfação reflete no desejo de mudar de emprego e profissão. Destarte, acredita-se que com a aprovação da Lei 14.4342121. Brasil. Lei 14.434, de 4 de agosto de 2022. Altera a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, para instituir o piso salarial nacional do Enfermeiro, do Técnico de Enfermagem, do Auxiliar de Enfermagem e da Parteira. Diário oficial da União [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 21]. Available from: https://in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.434-de-4-de-agosto-de-2022-420535072
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, que estabelece o piso salarial dos profissionais de enfermagem, haja a redução do número de enfermeiros estressados e insatisfeitos com o emprego e a profissão.

Contrariamente ao presente estudo em Cartagena, Colômbia, o estresse esteve associado com a idade inferior a 30 anos, ter companheiro, ter mais de um filho, trabalhar em ambulatório, ser contratado, estar vinculado à empresa há mais de dois anos e ter mais de cinco anos de experiência no cargo2222. Avila IYC, Llanos NT, Gomez AH, Tapias KC, Castro SL. Estrés laboral en enfermería y factores asociados Cartagena (Colombia). Salud Uninorte [Internet]. 2014 [cited 2023 Jan 21];30(1):34-43. Available from: http://www.redalyc.org/html/817/81730850005
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. Em Taiwam, China, os preditores da síndrome de Burnout foram a idade, sintomas físicos/psicológicos, satisfação no trabalho e o envolvimento no trabalho2323. Lee HF, Yen M, Susan F. Predictors of Burnout Among Nurses in Taiwan. Community Ment Health J [Internet]. 2015 [cited 2023 Jan 25];51(6):733-7. Available from: http://doi.org/10.1007/s10597-014-9818-4
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.

A atividade laboral do/a enfermeiro/a possui nuances que podem proporcionar prazer e/ou sofrimento. O/A enfermeiro/a luta, diariamente, contra a morte e as enfermidades, administra equipes, controla equipamentos e dimensiona materiais, comanda uma equipe e oferece assistência à saúde dos enfermos. Nesse cenário, o prazer emerge como resultado pela contribuição na cura e/ou na reabilitação dos pacientes e o sofrimento surge, quando as condições de trabalho são insatisfatórias para oferecer uma assistência de qualidade ou quando as investidas na assistência à saúde são vãs.

O trabalho é um fundamental para a estruturação da saúde dos indivíduos, isso porque estimula os modos de subjetividade e de realização própria2424. Dejours C, Barros JDO, Lancman S. A centralidade do trabalho para a construção da saúde: entrevista com Christophe Dejours. Rev Ter Ocup Univ São Paulo [Internet]. 2016 [cited 2023 Jan 25];27(2):228-35. Available from: http://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v27i2p228-235
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. O sofrimento inicia quando o trabalhador não alcança o objetivo de conclusão das tarefas no trabalho, apesar do zelo. Não obstante, as sensações de prazer surgem no momento em que, por meio do seu zelo, soluções apropriadas são elaboradas. O zelo é entendido como o envolvimento afetivo da subjetividade, em atrito com os ensinamentos experimentados, ao desempenhar as atividades costumeiras2525. Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C, Stocco MI, coord. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas ; 2012..

Contrariamente aos resultados apresentados, estudos semelhantes classificaram a falta de reconhecimento satisfatoriamente2626. Prestes FC, Beck CLC, Magnago TSBS, Silva RM. Pleasure-suffering indicators of nursing work in a hemodialysis nursing service. Rev da Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2023 Jan 25];49(3):469-77. Available from: https://www.revistas.usp.br/reeusp/article/view/103234
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,2727. Glanzner CH, Olschowsky A, Dal Pai D, Tavares JP, Hoffman DA. Assessment of indicators and experiences of pain and pleasure in family health teams based on the Psychodynamics of Work. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2017 [cited 2023 Jan 26];38(4):e2017-0098. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29933414/
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e o esgotamento profissional crítico2727. Glanzner CH, Olschowsky A, Dal Pai D, Tavares JP, Hoffman DA. Assessment of indicators and experiences of pain and pleasure in family health teams based on the Psychodynamics of Work. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2017 [cited 2023 Jan 26];38(4):e2017-0098. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29933414/
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,2828. Campos JF, David HMSL, Souza NVDO. Placer y sufrimiento: evaluación de las enfermeras intensivistas por la psicodinámica del trabajo. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2014 [cited 2023 Feb 09];18(1):90-5. Available from: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20140013
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,2929. Pimenta CJL, Viana LRC, Bezerra TA, Silva CRR, Costa TF, Costa KNFM. Pleasure, suffering and interpersonal communication in the work of nurses in the hospital setting. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Feb 09];29:e20190039. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2019-0039
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. Na unidade de internação oncopediátrica, o sofrimento foi vivenciado ao prestar cuidados paliativos, realizar procedimentos invasivos e organização do trabalho, bem como lidar com a morte dos pacientes3030. Duarte MLC, Glanzner CH, Bagatini MMC, Silva DG, Mattos LG. Pleasure and suffering in the work of nurses at the oncopediatric hospital unit: qualitative research. Rev Bras Enferm [Internet]. 2021 [cited 2023 Feb 09];74(Suppl 3):e20200735. Available from: http://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0735
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. Na clínica cirúrgica, foram referidas as condições laborais inapropriadas, quadros clínicos difíceis de lidar, falecimento dos enfermos, carência de distração e necessidade optar entre trabalhar e cuidar da família3131. Leite JCRAP, Lisboa MTL, Soares SSS, Queiroz ABA, Souza NVDO. Pleasure and suffering of nursing professionals arising from work in surgical clinics. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2022 [cited 2023 Feb 11];30:e63524. Available from: http://doi.org/10.12957/reuerj.2022.63524
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.

Embora o foco da investigação seja o estresse e o sofrimento, a satisfação foi considerada como multifatorial no trabalho de enfermeiros intensivistas, relacionando-se à autonomia, salários dignos, resultados atingidos em grupo e carga horária excessiva3232. Santos EL, Silva CEP, Oliveira JM, Barros VF, Romão CMSB, Santos JJ, et al. Satisfação profissional do enfermeiro no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva. Rev Baiana Enferm [Internet]. 2021 [cited 2023 Feb 11];33:e42812. Available from: https://doi.org/10.18471/rbe.v35.42812
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. Outrossim, o prazer quando vivenciado no trabalho, melhora a comunicação interpessoal3333. Pimenta CJL, Viana LRC, Bezerra TA, Silva CRR, Costa TF, Costa KNFM. Prazer, sofrimento e comunicação interpessoal no trabalho de enfermeiros no ambiente hospitalar. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Feb 11];29:e20190039. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2019-0039
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. Em setores como a unidade de terapia intensiva pediátrica, o prazer foi vivenciado no êxito da recuperação da criança3434. Vasconcelos LS, Camponogara S, Dias GL, Bonfada MS, Beck CLC, Rodrigues IL. Prazer e sofrimento no trabalho de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. REME - Rev Min Enferm [Internet]. 2019 [cited 2023 Feb 11];23:e-1165. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20190013
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, não obstante na atenção paliativa oncológica no sentimento de motivação e reconhecimento do trabalho prestado3535. Siqueira ASA, Teixeira ER. A atenção paliativa oncológica e suas influências psíquicas na percepção do enfermeiro. REME - Rev Min Enferm [Internet]. 2019 [cited 2023 Feb 11];23:e-1268. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20190116
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.

Nesta pesquisa, o esgotamento profissional mostrou-se grave, recebendo forte influência do estresse, esgotamento emocional, insatisfação, sobrecarga, frustração, insegurança e medo. Estas sensações de sofrimento, aliadas com a falta de reconhecimento do esforço e do desempenho empregado, desvalorização, indignação e injustiça, inserem o/a enfermeiro/a numa posição de vulnerabilidade. O esgotamento profissional e a falta de reconhecimento são estressores que motivam os/as enfermeiros/as a mudar de emprego e profissão.

A enfermagem é uma profissão que tem por missão “cuidar”, porém, é injusto exigir tanto de uma profissão que não é “cuidada”. O sentimento de quem cuida é de “ingratidão”, por se doar tanto e pouco receber em troca. Diante do exposto, pode-se inferir que a insatisfação no trabalho dos/as enfermeiros/as é multifatorial e exige investigação constante, considerando que os contextos laborais estão em constante transformação.

Ao considerar o importante papel social desempenhado pelos/as enfermeiros/as, tornam-se imperativas condições de trabalho dignas que permitam esses profissionais experimentarem constantes sensações de prazer ao exercer a profissão. Embora os resultados apresentados sirvam de disparadores para que estratégias de proteção à saúde sejam traçadas, a pesquisa é limitada por não estabelecer relação de causa e efeito, tampouco medidas laboratoriais do dimensionamento do estresse. Outrossim, questionamentos como o número de pacientes sob responsabilidade dos/as enfermeiros/as por plantão e o número de horas dedicadas à família e atividades de vida diária não foram abordadas.

Nesse contexto, sugere-se que estudos futuros se empenhem em questionamentos não abordados, bem como investiguem os fundamentos e consequências do estresse e sofrimento, para que o seu enfrentamento seja delineado considerando a individualidade dos/as enfermeiros/as. Acredita-se que a realidade da pesquisa é específica, pois representa o cenário de três hospitais da capital pernambucana. Contudo, diante da diversidade econômica, social e cultural do país, estudos dessa natureza merecem ser realizados, problematizados e discutidos em outras localidades, para que sejam pontuadas semelhanças e diferenças.

Diante do exposto, considera-se relevante que as entidades de classe da profissão tomem conhecimento dos resultados ora apresentados, para que sejam tomadas medidas de acordo com suas competências. Ademais, faz-se necessário que as unidades hospitalares priorizem a saúde do trabalhador, mediante ações que minimizem os estressores, reduzam os riscos ocupacionais, operem mudanças nas condições de trabalho e os/as enfermeiros sejam ativos/as na construção e no acompanhamento das condições de saúde.

CONCLUSÃO

Estresse, sobrecarga, esgotamento emocional, insatisfação, frustração, desvalorização, falta de reconhecimento do esforço e desempenho, indignação e injustiça assinalaram as sensações de sofrimento. O estresse vivenciado na atividade laboral do/a enfermeiro/a recebe forte influência da baixa remuneração, levando-os a desejar mudar de emprego e profissão. O esgotamento profissional e a falta de reconhecimento são estressores que impulsionam mecanismos de defesa, dentre estes, o desejo de mudar de emprego.

O fato desse estudo ter sido desenvolvido em hospitais-escola agrava ainda mais os resultados dessa pesquisa, porque os estudantes desenham um cenário ideal dos campos de estágio, no entanto, em muitos casos, essa realidade é frustrada ao se depararem com um contexto diverso, gerando desestímulo, insegurança e insatisfação desde a formação profissional.

Os resultados da pesquisa servem de alerta para que seja reconhecido que a enfermagem está adoecendo em decorrência de condições de trabalho inadequadas, sobrecargas físicas, mentais e emocionais, estresse ocupacional e falta de reconhecimento.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído da tese - Vivências de assédio moral e estresse no trabalho de enfermeiros hospitalares à luz da teoria da psicodinâmica do trabalho, apresentada ao Programa de Pós-Graduação Associado em Enfermagem da Universidade de Pernambuco e Universidade Estadual da Paraíba, em 2021.
  • FINANCIAMENTO

    Auxílio para Projetos de Pesquisa (APQ) da Universidade de Pernambuco (UPE).
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo Hospitalar HUOC/PROCAPE, parecer n. 3.280.781/2019, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 07293218.7.0000.5192.

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Renata Cristina de Campos Pereira Silveira, Ana Izabel Jatobá de Souza. Editor-chefe: Elisiane Lorenzini.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    12 Dez 2022
  • Aceito
    06 Abr 2023
Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Campus Universitário Trindade, 88040-970 Florianópolis - Santa Catarina - Brasil, Tel.: (55 48) 3721-4915 / (55 48) 3721-9043 - Florianópolis - SC - Brazil
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