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CONHECIMENTOS DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL ACERCA DE PRIMEIROS SOCORROS

RESUMO

Objetivo:

avaliar o conhecimento dos professores do ciclo fundamental I no atendimento de urgência/emergência em ambiente escolar.

Método:

trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, de caráter transversal, analítico. Participaram deste estudo 269 professores do ensino fundamental - Ciclo I, das 19 escolas que estão sob gestão do Município de Marília, SP. A coleta de dados ocorreu em setembro de 2021 e o instrumento utilizado foi um questionário elaborado na plataforma digital Google Forms, divido em três seções: a primeira contendo o termo de consentimento livre e esclarecido e questões de cunho socioeconômico, seguida de questões objetivas sobre vivências prévias dos participantes e casos simulados de urgência em ambiente escolar. Os dados coletados foram analisados no software SPSS (versão 24.0), sendo realizado o teste do Qui-quadrado para associação da distribuição da proporção com o nível de significância adotado de 5%.

Resultados:

entre os participantes, 53,2% já presenciaram alguma situação de urgência dentro da escola, em que 11,9% atuaram com segurança. Menos da metade (42,7%) dos professores tiveram conteúdo acerca do tema durante a graduação, e 68,8% relatam nunca terem recebido treinamentos sobre prevenção de acidentes escolares e primeiros socorros.

Conclusão:

mediante os resultados, identificamos que há necessidade de treinamentos para os professores no que se refere às situações de urgência emergência voltadas ao atendimento de crianças no ambiente escolar, procurando, desta forma, dar subsídios para o enfrentamento em situações consideradas graves que podem ocorrer na escola.

DESCRITORES:
Primeiros socorros; Saúde da criança; Prevenção de acidentes; Saúde escolar; Emergências

ABSTRACT

Objective:

evaluate the knowledge of elementary school teachers on urgency/emergency care in the school environment.

Method:

this is a quantitative, cross-sectional, analytical study. The study participants were 269 elementary school teachers - Cycle I, from 19 schools under the management of the Municipality of Marilia - SP. Data collection occurred in September 2021 and the instrument used was a questionnaire prepared in the digital platform Google Forms, divided into three sections: the first containing the informed consent and socioeconomic questions, followed by objective questions about previous experiences of the participants and simulated cases of emergency in the school environment. The data collected was analyzed using the SPSS software (version 24.0), using the chi-square test for association of the proportion distribution with a significance level of 5%.

Results:

among the participants, 53.2% had already witnessed some emergency situation inside the school, in which 11.9% had acted safely. Less than half (42.7%) of the teachers had content about the subject during their graduation, and 68.8% reported never having received training on school accident prevention and first aid.

Conclusion:

based on the results, we identified that there is a need for teacher training regarding urgency and emergency situations related to the care of children in the school environment, thus trying to provide subsidies for coping with serious situations that may occur at school.

DESCRIPTORS:
First aid; Child health; Accident prevention; School health; Emergencies

RESUMEN

Objetivo:

evaluar los conocimientos de los profesores de enseñanza primaria sobre la atención de urgencia/emergencia en un entorno escolar.

Método:

se trata de un estudio cuantitativo, transversal y analítico. Participaron en este estudio 269 profesores de escuelas primarias - Ciclo I, de las 19 escuelas que están bajo la gestión del Municipio de Marilia, SP. La recolección de datos ocurrió en septiembre de 2021 y el instrumento utilizado fue un cuestionario elaborado en la plataforma digital Google Forms, dividido en tres secciones: la primera conteniendo el consentimiento informado y preguntas socioeconómicas, seguida de preguntas objetivas sobre experiencias previas de los participantes y casos simulados de emergencia en el ambiente escolar. Los datos recogidos fueron analizados en el software SPSS (versión 24.0), realizándose la prueba de Chi-cuadrado para asociación de la distribución de proporciones con el nivel de significación adoptado del 5%.

Resultados:

entre los participantes, el 53,2% ya había presenciado alguna situación de emergencia dentro de la escuela, en la que el 11,9% había actuado con seguridad. Menos de la mitad (42,7%) de los profesores tuvieron contenidos sobre el tema durante la graduación, y el 68,8% declararon no haber recibido nunca formación sobre prevención de accidentes escolares y primeros auxilios.

Conclusión:

con base en los resultados, identificamos que existe la necesidad de capacitación de los profesores en relación a situaciones de emergencia y urgencia para el cuidado de los niños en el ambiente escolar, en el intento de proporcionar subsidios para el abordaje de situaciones graves que puedan ocurrir en la escuela.

DESCRIPTORES:
Primeros auxilios; Salud infantil; Prevención de accidentes; Salud Escolar; Emergencias

INTRODUÇÃO

As crianças, como consequência das características da fase de desenvolvimento que se encontram, são mais vulneráveis a emergências11. Calandrim LF, Santos AB, Oliveira RL, Massaro LG, Vedovato CA, Boaventura AP. Primeiros socorros na escola: Treinamento de professores e funcionários. Rev Rene [Internet]. 2017 [cited 2021 Jan 20];18(3):292-9. Available from: https://doi.org/10.15253/2175-6783.2017000300002
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. No Brasil o maior número de mortes infantis foi decorrente de causas externas, como: quedas, acidentes, intoxicações e afogamentos, com mais de 28.000 óbitos notificados no período de 2008 a 201822. Brasil. Ministério da Saúde. Óbitos p/ Residência por Faixa Etária segundo Causa - CID-BR-10 Faixa etária: 1 a 4 anos, 5 a 9 anos. DATASUS [Internet]. 2019 [cited 2021 Jun 20]. Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def
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. Os acidentes na infância tem sido um grave problema para o sistema de saúde, representando cerca 30% de todos os atendimentos de urgência33. Gonçalves AC, Araujo PBA, Paiva KV, Menezes CSA, Silva AEMC, Santa GO, et al. Acidentes na infância: Casuística de um serviço terciário em uma cidade de médio porte do Brasil. Rev Col Bras Cir [Internet]. 2019 [cited 2021 Jan 20];46(2):e2104. Available from: https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20192104
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A escola é um ambiente social onde ocorrem inúmeras trocas de saberes e que faz parte da formação infantil. Com o intuito de alcançar melhor aprendizagem, no Brasil, desde 2012, tem sido implantada a escola em tempo integral, aumentando o tempo de permanência da criança no ambiente escolar e, consequentemente, a possibilidade da ocorrência de situações de urgência a ela assistidas pelos professores. Além disso, é de iniciativa governamental o Programa Saúde na Escola, que tem a finalidade de contribuir com os estudantes por meio da articulação intersetorial entre os profissionais de saúde da Atenção Primária e a escola, acerca da promoção à saúde e prevenção de agravos, e fortalecer a relação entre as redes públicas de saúde e de educação44. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria interministerial nº 1.055, de 25 de abril de 2017. Redefine as regras e os critérios para adesão ao Programa Saúde na Escola - PSE por estados, Distrito Federal e municípios e dispõe sobre o respectivo incentivo financeiro para custeio de ações [Internet]. Brasília: Diário Oficial da União; 2017 [cited 2023 May 03]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/pri1055_26_04_2017.html
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Decorrente do número de situações de urgência em escolas e do despreparo dos professores em agir, em 2018 torna-se obrigatório em território nacional a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de Educação Básica e de estabelecimentos de recreação infantil por meio da Lei 13.72255. Brasil. Lei 13.722, de 04 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação o básica e de estabelecimentos de recreação infantil [Internet]. Brasília: Diário Oficial da União; 2018 [cited 2021 Feb 5]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm
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, que carrega o nome de Lei Lucas em homenagem ao garoto Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu em setembro de 2017 ao se engasgar com um lanche durante um passeio escolar.

A Lei torna responsabilidade dos estabelecimentos a capacitação dos professores e funcionários anualmente, ministrada por entidades especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial à população, e prevê também a presença de kits de primeiros socorros conforme a orientação especializada em urgência, e o não cumprimento pode acarretar notificação e multa para o estabelecimento educacional55. Brasil. Lei 13.722, de 04 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação o básica e de estabelecimentos de recreação infantil [Internet]. Brasília: Diário Oficial da União; 2018 [cited 2021 Feb 5]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm
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A criança é responsabilidade das famílias, comunidades, sociedades e federações, sendo dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos seus direitos. É direito de a criança receber proteção e socorro em qualquer circunstância66. Brasil. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Brasília: Presidência da República [Internet]. 1988 [cited 2021 Jan 20]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
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A deficiência de conhecimento acerca dos primeiros socorros é estendida a toda população, mas destacam-se os professores quando falamos de crianças, pensando que é na escola em que elas vivenciam grande parte das experiências da infância. Além disso, é comum que, nas situações de urgência, o medo e o desespero influenciem a tomada decisão, o que pode ser minimizado quando se obtiver conhecimento de como prosseguir nessas situações.

Desta forma, após a leitura dos artigos que constituem nosso propósito de pesquisa, surge a seguinte indagação: qual é o conhecimento dos professores do ciclo fundamental I referente ao atendimento de situações de urgência e emergência em ambiente escolar?

Diante desse problema, propusemo-nos a executar esta pesquisa, tendo como objetivo avaliar o conhecimento dos professores do ciclo fundamental I no atendimento de urgências/emergências em ambiente escolar.

MÉTODO

Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, de caráter transversal, analítico, realizado na cidade de Marília, São Paulo. A população estudada constou de profissionais da educação, incluindo professores graduados em Pedagogia, Educação Física ou Artes Visuais que atuam em uma das escolas de Ensino Fundamental - Ciclo I sob gestão do município de Marília. No que tange à distribuição do instrumento de coleta de dados, este foi encaminhado a todas as escolas do município, totalizando 19 escolas e um total de 359 professores, dos quais aceitaram participar deste estudo, 269 professores. Vale considerar que tivemos como critério de exclusão os profissionais que, durante o período da coleta, estivessem afastados de suas funções.

A coleta aconteceu em setembro de 2021, e foi utilizado como instrumento um questionário elaborado na plataforma digital Google Forms, disparado pela coordenadora do ensino fundamental de Marilia por meio de e-mail e via WhatsApp dos professores. Após a socialização do instrumento, aguardamos um período de 45 dias para devolutiva, entendendo que o não atendimento ao prazo seria por desinteresse em responder ao questionário.

O questionário foi divido em três sessões, sendo a primeira constituída pelo termo de consentimento livre e esclarecido para a confirmação do consenso da participação da pesquisa, e por seis questões de cunho socioeconômico para a caracterização do perfil da população estudada.

A segunda foi composta de sete questões objetivas que abordaram as vivências prévias acerca do tema. E na última seção foram apresentados três casos simulados com histórias ilustrativas e fictícias de urgência no ambiente escolar, de caráter objetivo, com quatro alternativas de ações, sendo apenas uma alternativa correta. Os casos apresentavam situações de: criança vítima de engasgo, com crise convulsiva ou parada cardiorrespiratória com as atualizações do cenário COVID-19. Os casos abordados foram construídos com base nas vivências da prática profissional do serviço de urgência especializado em pediatria, correlacionando com os índices apontados pelos autores dos principais acometimentos de urgência e emergência à saúde das crianças.

No questionário o professor teria apenas uma alternativa correta, que já estavam descritas e agrupadas as respostas a serem indicadas pelo professor pesquisado. Após a devolutiva do instrumento, fizemos uma categorização, na qual agrupamos as informações, conforme a resposta no instrumento, de forma quantitativa.

Os dados coletados passaram por análise estatística; sendo assim, as variáveis qualitativas foram descritas pela distribuição de frequência absoluta (N) e relativa (%) e, para analisar as diferenças na distribuição de proporção, foi realizado o teste do Qui-quadrado para associação. O nível de significado adotado foi de 5% e os dados foram analisados no software SPSS (versão 24.0).

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa obedecendo aos critérios estabelecidos disposto na Resolução 466 de 12 de dezembro de 2012.

RESULTADOS

Dos questionários enviados aos professores, totalizando 359, obtivemos resposta de 269, perfazendo um percentual de 74,93% dos professores do ensino fundamental I.

Quanto à caracterização da população estudada, optamos por apresentá-la em frequência, percentuais e teste Qui-quadrado, revelando p-valor para respostas dos profissionais. Desta forma, conforme apresentada na Tabela 1, no aspecto relacionado ao sexo, identificamos que a maioria é do feminino (91,8%). A faixa etária predominante (72,1%) está entre 40 e 59 anos. No que tange à graduação, 97% possuem formação em pedagogia. Dentre todos os entrevistados, 70,8% possuem mais de 11 anos de experiência profissional e 73,2% estão há mais de 10 anos em escolas municipais.

Tabela 1 -
Apresentação dos resultados referente ao sexo, idade, formação acadêmica e tempo de experiência profissional. Marília, SP, Brasil, 2021. (n=269)

Entre os participantes (Tabela 2), 53,2% já presenciaram alguma situação de urgência dentro da escola, mas somente 11,9% relataram segurança ao atuar. No que se refere a estarem aptos para o atendimento em situação de urgência/emergência, 63,9% não se sentem preparados para a realização de primeiros socorros em crianças.

Quanto a conhecimentos adquiridos no período de formação profissional, observou-se que 42,7% dos profissionais relataram que tiveram aproximação com o conteúdo referente ao nosso propósito de pesquisa; no entanto, vale ressaltar que, no ambiente de trabalho, 68,8% apontaram que nunca receberam capacitações e/ou treinamento sobre prevenção de acidentes escolares e primeiros socorros.

No que se refere às atualizações da prática de primeiros socorros no cenário de pandemia por Covid-19, 75,7% referiram não ter conhecimento sobre o assunto e, quando se faz necessário, 78,4% solicitam o atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Tabela 2 -
Apresentação dos resultados quanto a experiência dos profissionais para o atendimento de crianças em situação de urgência/emergência. Marília, SP, Brasil, 2021. (n=269)

Acerca dos casos com as histórias simuladas de uma criança vítima de engasgo, uma vítima de crise convulsiva e uma vítima de parada cardiorrespiratória, a alternativa incorreta para as questões assertivas foi apontada em 58,6% para o primeiro caso, 82% para o segundo e 91,7% para o terceiro (Tabela 3). Nessa categoria, o teste Qui-quadrado revelou um valor de p entre 0,001 e 0,005, mantendo um nível de significância importante em relação aos casos apresentados.

Tabela 3 -
Análise dos casos de histórias simuladas. Marília, SP, Brasil, 2021. (n=269)

DISCUSSÃO

A urgência faz parte do cotidiano das pessoas, e os professores têm presenciado tais situações no ambiente escolar. Tendo em vista que cerca de 26,3% dos atendimentos realizados nos serviços de urgência e emergência no Brasil a crianças e adolescentes ocorreram na escola, é possível compreender que situações de urgência e emergência neste ambiente ocorrem, e, por isso, discutir, pesquisar e fomentar questões sobre o tema são de extrema importância para a proteção da criança e dos professores, bem como para o atendimento das questões legais que norteiam o processo de trabalho de profissionais que atuam na educação escolar77. Cruz KB, Luchesi BM, Cunha PHB, Godas AGL, Cesario GS, Martins TCRM. Intervenções de educação em saúde de primeiros socorros, no ambiente escolar: Uma revisão integrativa. Enferm Actual Costa Rica [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];40. Available from: https://doi.org/10.15517/revenf.v0i40.43542
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A insegurança e o nervosismo têm como raiz o sentimento de despreparo e levam o professor à não realização do manejo inicial ou ao manejo inadequado da vítima. Um estudo realizado no interior do estado de São Paulo apontou que os professores referem ter vivenciado situações de urgência, e que apresentaram aumento significativo de confiança em atuar nestas situações após o treinamento realizado pelo autor88. Zonta JB, Eduardo AHA, Ferreira MVF, Chaves GH, Okido ACC. Autoconfiança no manejo das intercorrências de saúde na escola entre professores da educação infantil e fundamental I. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2019 [cited 2021 Nov 20];27:3174. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2909.3174
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A autonomia e autoconfiança estão diretamente correlacionadas ao saber, pois o conhecimento nos proporciona segurança em realizar escolhas e tomar atitudes. É compreensível que os professores não se sintam preparados em atuar em situações de urgência e emergência no ambiente escolar se eles não tiveram isso em sua formação profissional. Cabe às instituições de ensino se mobilizarem a incluir como parte da formação do professor a disciplina de primeiros socorros, garantindo que eles não se sintam desamparados e promovendo o que é de direito das crianças.

Alguns países apresentam resultados semelhantes, na Etiópia um estudo apontou que 41,1% dos professores tinham bons conhecimentos de primeiros socorros, e 85% dos participantes já presenciaram uma criança precisando de primeiros socorros em sua escola99. Workneh BS, Mekonen EG, Ali MA. Determinants of knowledge, attitude, and practice towards first aid among kindergarten and elementary school teachers in Gondar city, Northwest Ethiopia. BMC Emerg Med [Internet]. 2021 [cited 2023 May 03];21(1):73. Available from: https://doi.org/10.1186/s12873-021-00468-6
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. E uma pesquisa realizada em Jeddah (Arábia Saudita), mostrou que 57% dos professores tiveram formação em primeiros socorros e a maioria deles (85%) concorda que há necessidade de treinamentos acerca do tema1010. Alsulami M, Madkhali AA, Alharbi MT, Alzahrani AR, Aljohani IN, Al-Thaqafy MS, et al. Knowledge and attitude of paediatric first aid among elementary schoolteachers in Jeddah, Saudi Arabia. J Family Med Prim Care [Internet]. 2022 [cited 2023 May 03];11(11):6795-800. Available from: https://doi.org/10.4103/jfmpc.jfmpc_369_22
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. Enquanto na Turquia os resultados foram divergentes desta pesquisa, com bons índices de conhecimento em primeiros socorros por parte dos professores1111. Kaya AA, Ayker B. Assessment of knowledge, emotion, and attitude levels of kindergarten and elementary school teachers on the disaster management and pediatric first aid. Disaster Med Public Health Prep [Internet]. 2022 [cited 2023 May 02]:17:e130. Available from: https://doi.org/10.1017/dmp.2022.39
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Ainda temos que considerar que a saúde é uma área de conhecimento que está constante mudança, com avanços tecnológicos e descobertas de novos desafios. Sendo assim, não é possível que a educação em saúde seja pontual e episódica; é necessário que faça parte da vida das pessoas. Mesmo que as instituições formadoras incluam em seu currículo os primeiros socorros, o que é de extrema importância, ainda se faz necessário que os gestores municipais da educação deem recursos para a continuidade do saber no ambiente de trabalho.

O déficit no conhecimento sobre o assunto se perpetua quando os professores, ao longo de suas carreiras profissionais, relatam que nunca tiveram capacitações ou treinamentos por parte das instituições que trabalham88. Zonta JB, Eduardo AHA, Ferreira MVF, Chaves GH, Okido ACC. Autoconfiança no manejo das intercorrências de saúde na escola entre professores da educação infantil e fundamental I. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2019 [cited 2021 Nov 20];27:3174. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2909.3174
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-1212. Lima PA, Oliveira TMN, Moreira ACMG, Martins EAP, Costa AB. Primeiros socorros como objeto de educação em saúde para profissionais de escolas municipais. Rev Enferm UFSM [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];11:e10. Available from: https://doi.org/10.5902/2179769243292
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. Os protocolos são sempre atualizados; sendo assim, não basta haver capacitações isoladas, elas têm de ser frequentemente ministradas77. Cruz KB, Luchesi BM, Cunha PHB, Godas AGL, Cesario GS, Martins TCRM. Intervenções de educação em saúde de primeiros socorros, no ambiente escolar: Uma revisão integrativa. Enferm Actual Costa Rica [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];40. Available from: https://doi.org/10.15517/revenf.v0i40.43542
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. A prova da afirmação de que o conhecimento em saúde é mutável é o novo coronavírus, o SARS-Cov-2, considerando que, no dia 20 de março de 2020, foi declarada em todo território nacional a transmissão comunitária desta doença, que modificou estilos de vida, ações em saúde, e práticas em primeiros socorros e, até dezembro de 2021, levou mais de meio milhão de brasileiros a morte1313. Brasil. Ministério da Saúde. Painel coronavirus. DATASUS [Internet]. 2021 [cited 2021 Dec 20]. Available from: https://covid.saude.gov.br/
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Apesar de as crianças apresentarem uma taxa de mortalidade menor que os outros grupos etários em relação a infecção pelo coronavírus, houve um alto impacto social em suas vidas. Ocorreu um movimento para o retorno das aulas presenciais pela sua importância para o desenvolvimento psicossocial e intelectual destas crianças e, para este retorno, seria essencial o preparo dos professores para as novas práticas em saúde na perspectiva de prevenção, promoção e reabilitação em saúde. As orientações encontradas na literatura para o retorno às aulas referem-se à prevenção da transmissão do vírus, mas não foram encontradas orientações para as escolas quanto aos primeiros socorros dentro deste cenário1414. Brasil. Ministério da Educação. Guia de recomendação de protocolos de retorno das atividades presenciais nas escolas de educação básica [Internet]. Brasília: Ministério da Educação; 2020 [cited 2021 Dec 20]. Available from: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/GuiaderetornodasAtividadesPresenciaisnaEducaoBsica.pdf
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-1515. São Paulo. Secretária da Educação. FAQ Volta as aulas 2021 [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20]. Available from: https://www.educacao.sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/12/FAQ-Volta-a%CC%80s-aulas-2021.pdf
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. No entanto, elas existem: a American Heart Association (AHA) responsável pelas publicações das diretrizes de reanimação cardiopulmonar atualizou o protocolo de suporte básico de vida (SBV) devido à Covid-191616. American Heart Association. Interim Guidance for Basic and Advanced Life Support in adults, children, and neonates with suspectedor confirmed COVID-19. Circulation [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20];141(25):933-43. Available from: https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.120.047463
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Ressalta-se que a falta de educação em saúde em urgência e emergência é estendida a toda a população. Tal conteúdo deveria ser incluído na educação infantil e nos ensinos fundamental, médio e universitário, fazendo parte da formação educacional do brasileiro e, em especial, dos professores1717. Vendruscolo C, Trindade LL, Maffissoni AL, Martini JG, Silva Filho CC, Sandri JVA. Implication of the training ad continuing education process for the interprofessional performance. Rev Bras Enferm [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20];73(2):e20180359. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0359
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. Em alguns países como nos Estados Unidos da América e na China o tema tem sido incluído para as crianças e adolescentes na formação escolar1818. Wang MF, Wu Y, Chien C, Tsai L, Chen C, Seak C, et al. Learning effectiveness assessment between primary school students and adults in basic life support education. Emerg Med Int [Internet]. 2021 [cited 2023 May 03];2021:5579402. Available from: https://doi.org/10.1155/2021/5579402
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-1919. Goedde E, Combe LG, Bowlen B, Kerry B. Teaching elementary school students to be emergency responders. Ame J Nurs [Internet]. 2022 [cited 2023 May 03]:122(5):59-62. Available from: https://doi.org/10.1097/01.NAJ.0000830772.77819.7f
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. Um estudo realizado na Noruega mostrou que as crianças de 4 a 5 anos já são capazes de aprender a aplicar os manejos básicos e reforçou a importância da formação em primeiros socorros para a população, afirmando que a maioria das pessoas não realiza por medo de cometer erros2020. Bolling G, Myblebust AG, Ostringen K. Effects of firstaid training in thekindergartenpilotstudy. Scand J Trauma Resusc Emerg Med [Internet]. 2011 [cited 2021 Dec 20];19(1):13. Available from: https://doi.org/10.1186/1757-7241-19-13
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Cabe a reflexão de quanto às equipes de saúde e instituições de ensino em saúde têm se preocupado em realizar processos educacionais em urgência e emergência para a população, em especial nos ambientes escolares. Fica claro que é dever do profissional de saúde propagar este conhecimento, pensando na promoção de saúde e a fim de minimizar prejuízos à sociedade, evitando danos irreversíveis e mortes.

Em um estudo publicado em 2021, 40% dos professores que participaram já haviam presenciado situações de crianças engasgadas no ambiente escolar, mas apenas 26,7% dos participantes acertaram quanto às ações que deveriam ser realizadas2121. Pereira JP, Mesquita DD, Garbuio DC. Educação em saúde: efetividade de uma capacitação para equipe do ensino infantil sobre a obstrução de vias aéreas por corpo estranho. Rev Bras Multi [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20];23(2):17-25. Available from: https://doi.org/10.25061/2527-2675/ReBraM/2020.v23i2Supl828
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. Caracteriza se como obstrução de vias aéreas por corpo estranho quando algum objeto ou substância causa uma oclusão na passagem do ar para pulmões, seja total ou parcial. O engasgo ocupa terceiro lugar entre os acidentes com morte entre crianças, o que pode ser explicado pela maior facilidade de a criança levar objetos à boca, somado à anatomia dos brônquios, que são aspectos do desenvolvimento infantil2222. Shimoda-Sakano TM, Sako IK, Ikari NM, Foronda G, Tanaka ACS. Suporte básico de vida em pediatria atualização da diretriz de ressuscitação cardiopulmonar e cuidados cardiovasculares de emergência. Soc Bras Cardiol [Internet]. 2019 [cited 2021 Dec 20]. Available from: http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11303/pdf/11303025
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As ações para a retirada do objeto estranho variam de acordo com a faixa etária e se a obstrução é total ou parcial. As obstruções parciais são reconhecidas quando a criança ainda consegue realizar sons, devendo ser estimulada a tossir. Em crianças com obstrução total, a indicação são golpes dorsais como primeira escolha, sendo sugerido que as compressões abdominais sejam usadas em adultos e crianças com mais de um ano de idade quando os golpes dorsais forem ineficazes, até que a via aérea seja desobstruída. Isso foi motivado por preocupações de que a proteção limitada dos órgãos abdominais superiores pelas costelas inferiores pode significar que o dano potencial das compressões abdominais supera o benefício. Ressalta-se que, caso a criança apresente-se inconsciente, é necessário iniciar a manobra de reanimação cardiopulmonar2323. Olasveengen MT, Mancini ME, Perkins GD, Brooks S, Castrén M. International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment Recommendations. Circulation [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20];142(16):41-91. Available from: https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000001017
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Pesquisas apontam que cerca de 18 a 20% dos professores já presenciaram crises em ambiente escolar e, em sua maioria, obtiveram acertos no manejo em crises convulsivas2424. Cabral EV, Oliveira MFA. Primeiros socorros na escola: conhecimento dos professores. Rev Práxis [Internet]. 2019 [cited 2021 Aug 20]:11(22). Available from: https://doi.org/10.47385/praxis.v11.n22.712
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. A crise convulsiva, ou epilética, é a ocorrência de sinais e sintomas transitórios causados por uma atividade neuronal anormal e excessiva. Ao longo da vida, cerca de 10% da população pode apresentar ao menos uma crise epilética e, ainda que o evento seja único, este pode ser um sinal de alteração neurológica grave. Entre as crianças, cerca de 2 a 5% apresentaram crises, sendo a maioria de origem febril2525. Brito JG, Oliveira IP, Godoy CB, França APSJ. Efeito de capacitação sobre primeiros socorros em acidentes para equipes de escolas de ensino especializado. Rev Bras Enferm [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20]:73(2):e20180288. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0288
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.

As crises costumam ser autolimitadas e, quando chegam aos profissionais da saúde, as crianças já costumam ter saído das crises, mas alguns cuidados devem ser tomados para minimizar os prejuízos: acomodar a criança no chão e, se possível, em local acolchoado e afastar objetos ao redor, evitando possíveis traumatismos cranianos. Não se deve tentar interferir nos movimentos convulsivos, tentando segurar a vítima, mas lateralizá-la para evitar possível asfixia 2626. Saker TS, Katson M, Herskovitz SE. Knowledge and emotional attitudes of health care practitioners regarding patients with psychogenic nonepileptic seizures. Arq Neuropsiquiatr [Internet]. 2022 [cited 2023 May 03];80(11):1097-103. Available from: https://doi.org/10.1055/s-0042-1758646
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. O manejo adequado, mesmo que pareça simples, previne complicações graves na vida da criança em crise convulsiva, pois uma queda com trauma cranioencefálico ou uma bronco aspiração podem levar a sérias sequelas.

O termo “parada cardiorrespiratória” é utilizado quando há uma cessação da função mecânica cardíaca associada ao colapso hemodinâmico, e pode ser utilizado nos eventos em que ainda há possibilidade do retorno da circulação espontânea por meio da reanimação cardiopulmonar (RCP). Em cenário pré-hospitalar de 11 a 13% das crianças sobrevivem, mas há grande dificuldade de avaliação do prognóstico neurológico2323. Olasveengen MT, Mancini ME, Perkins GD, Brooks S, Castrén M. International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment Recommendations. Circulation [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20];142(16):41-91. Available from: https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000001017
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. Os estudos, mesmo antes da atualização devido à COVID-19, retratavam o déficit de conhecimento em realizar a RCP, pois, apesar de a maioria dos professores (95,5%) apresentar conhecimento sobre identificar a PCR e acionar o serviço móvel de emergência, apenas 8% dos entrevistados sabiam a importância da compressão torácica e o modo correto de realizá-la88. Zonta JB, Eduardo AHA, Ferreira MVF, Chaves GH, Okido ACC. Autoconfiança no manejo das intercorrências de saúde na escola entre professores da educação infantil e fundamental I. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2019 [cited 2021 Nov 20];27:3174. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2909.3174
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. Os acertos sobre a ressuscitação cardiopulmonar entre os estudos variaram de 8% a 44%, o que vai de encontro com esta pesquisa88. Zonta JB, Eduardo AHA, Ferreira MVF, Chaves GH, Okido ACC. Autoconfiança no manejo das intercorrências de saúde na escola entre professores da educação infantil e fundamental I. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2019 [cited 2021 Nov 20];27:3174. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2909.3174
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,1212. Lima PA, Oliveira TMN, Moreira ACMG, Martins EAP, Costa AB. Primeiros socorros como objeto de educação em saúde para profissionais de escolas municipais. Rev Enferm UFSM [Internet]. 2021 [cited 2021 Nov 20];11:e10. Available from: https://doi.org/10.5902/2179769243292
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,2121. Pereira JP, Mesquita DD, Garbuio DC. Educação em saúde: efetividade de uma capacitação para equipe do ensino infantil sobre a obstrução de vias aéreas por corpo estranho. Rev Bras Multi [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20];23(2):17-25. Available from: https://doi.org/10.25061/2527-2675/ReBraM/2020.v23i2Supl828
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A cadeia de sobrevivência em parada cardiorrespiratória (PCR) pediátrico extra-hospitalar consiste em: prevenção, acionamento do serviço médico de emergência, RCP de alta qualidade, ressuscitação avançada, cuidados pós-PCR e recuperação. Após o reconhecimento da PCR e acionamento do serviço de emergência, a RCP deve seguir a ordem C - A - B, sendo iniciada com as compressões torácicas, que comprimem o coração e aumentam a pressão intratorácica, otimizando a oferta de oxigênio para o cérebro e coração, fazendo o movimento semelhante da sístole e, durante o recuo da compressão, o movimento da diástole, o que sempre é necessário para a efetividade da RCP. Seria ideal que a RCP sempre incluísse as ventilações intercaladas às compressões cardíacas, já que a maior causa de PCR em crianças é hipóxia; porém, não é recomendada a ventilação boca a boca e nem o uso da máscara de bolso neste momento de pandemia, mas estes podem ser realizados se o socorrista leigo quiser e puder2323. Olasveengen MT, Mancini ME, Perkins GD, Brooks S, Castrén M. International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment Recommendations. Circulation [Internet]. 2020 [cited 2021 Dec 20];142(16):41-91. Available from: https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000001017
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A PCR é a maior de todas as emergências, pois, se nada for feito, a vítima evoluirá para a morte O tempo entre a PCR e o início das compressões torácicas está diretamente ligado às chances de sobrevivência e prognóstico, por isso é tão importante que a população, em especial os professores, saiba o manejo e inicie as compressões até a chegada do serviço móvel de urgência para que as crianças nessas situações possam ter a chance de sobreviver sem graves déficits neurológicos.

CONCLUSÃO

Concluímos que o conhecimento dos professores de escolas municipais referente ao atendimento de urgência e emergência no ambiente escolar não é suficiente para que executem o atendimento apropriado às necessidades de urgência e emergência de crianças que apresentam engasgo, crise convulsiva e PCR. Assim, acreditamos que há necessidade de treinamentos e capacitações para qualificar estes profissionais, procurando dar subsídios para o enfrentamento das urgências/emergências que podem ocorrer no ambiente de trabalho.

AGRADECIMENTO

Agradecemos a Secretária Municipal de Educação de Marília por autorizar esta pesquisa.

O presente trabalho foi realizado com apoio da “Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001”.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído do trabalho de conclusão de residência multiprofissional - conhecimentos e habilidades dos professores do ensino fundamental em prestar os primeiros socorros, apresentada ao Programa de Pós-Graduação Residência Multiprofissional em Urgência, da Faculdade de Medicina de Marília, em 2022.
  • CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

    Concepção do estudo: Hadge RB, Barbosa VBA, Barbosa PMK. Coleta de dados: Hadge RB. Análise e interpretação dos dados: Hadge RB, Chagas EFB, Barbosa VBA, Barbosa PMK. Discussão dos resultados: Hadge RB, Barbosa VBA, Barbosa PMK. Redação e/ou revisão crítica do conteúdo: Barbosa VBA, Barbosa PMK. Revisão e aprovação final da versão final: Barbosa VBA, Barbosa PMK.
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Marília, parecer n. 081.749/2021, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 49994821.6.0000.5413.

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Glilciane Morceli, Ana Izabel Jatobá de Souza. Editor-chefe: Elisiane Lorenzini.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Set 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    17 Fev 2023
  • Aceito
    19 Maio 2023
Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Campus Universitário Trindade, 88040-970 Florianópolis - Santa Catarina - Brasil, Tel.: (55 48) 3721-4915 / (55 48) 3721-9043 - Florianópolis - SC - Brazil
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