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Serviços de apoio ao estudante oferecidos pelas escolas de enfermagem no Brasil

Support services to students offered by the colleges of nursing in Brazil

Servicios de apoyo al estudiante, ofrecidos por las escuelas de enfermería en el Brasil

Resumos

As autoras apresentam um estado exploratório realizado junto às 103 escolas de enfermagem brasileiras. Procuram identificar os tipos de atendimento oferecido ao ingressante. O resultado de 61 (sessenta e um) cursos respondentes indica duas (2) categorias: as escolas que oferecem serviços de apoio pedagógico-administrativos demonstrando preocupação com a orientação formal e referente ao ensino de enfermagem; os que acrescentam algum tipo de atendimento voltado para as necessidades do estudante, sendo nove (9) os cursos que se preocupam com a saúde mental do estudante.

crise em estudantes; ingressante na enfermagem; apoio ao estudante; saúde mental do estudante


The authors present an exploratory study realized with 103 Brazilian Colleges of Nursing. They aimed at identifying the types of assistance offered to the undergraduate students. The results of 61 courses revealed two categories: 1 - offering pedagogic-administrative support services, showing the concern with the formal orientation about nursing education; 2 - adding any kind of care delivered to the students needs. Nine courses surpassed the essential needs (mentioned above), concerning with the student's mental health.

students' crises; nurses' new-academic; support to the student; student's mental health


Las autoras presentan un estudio exploratorio realizado en las 103 Escuelas de Enfermería brasileñas. Intentan conocer el tipo de asistencia que, es ofrecido al alumno ingresante. Los resultados de de 61 cursos han indicado dos categorías: 1- Las que ofrecen servicios de apoyo pedagógico-administrativos demostrando 2- Las que además ofrecen algún tipo de atendimiento volcado a las necesidades del estudiante. Son 9 los cursos que se preocupan por la salud mental del estudiante.

alumnos en crisis; ingresantes en enfermería; apoyo al estudiante; salud mental del estudiante


ARTIGO ORIGINAL

Serviços de apoio ao estudante oferecidos pelas escolas de enfermagem no Brasil

Support services to students offered by the colleges of nursing in Brazil

Servicios de apoyo al estudiante, ofrecidos por las escuelas de enfermería en el Brasil

Maria Salete Bessa JorgeI; Antonia Regina Furegato RodriguesII

IProfessor Associado da Universidade Estadual do Ceará. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto e Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

IIProfessor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

RESUMO

As autoras apresentam um estado exploratório realizado junto às 103 escolas de enfermagem brasileiras. Procuram identificar os tipos de atendimento oferecido ao ingressante. O resultado de 61 (sessenta e um) cursos respondentes indica duas (2) categorias: as escolas que oferecem serviços de apoio pedagógico-administrativos demonstrando preocupação com a orientação formal e referente ao ensino de enfermagem; os que acrescentam algum tipo de atendimento voltado para as necessidades do estudante, sendo nove (9) os cursos que se preocupam com a saúde mental do estudante.

Descritores: crise em estudantes, ingressante na enfermagem, apoio ao estudante, saúde mental do estudante

ABSTRACT

The authors present an exploratory study realized with 103 Brazilian Colleges of Nursing. They aimed at identifying the types of assistance offered to the undergraduate students. The results of 61 courses revealed two categories: 1 - offering pedagogic-administrative support services, showing the concern with the formal orientation about nursing education; 2 - adding any kind of care delivered to the students needs. Nine courses surpassed the essential needs (mentioned above), concerning with the student's mental health.

Descriptors: students' crises, nurses' new-academic, support to the student, student's mental health

RESUMEN

Las autoras presentan un estudio exploratorio realizado en las 103 Escuelas de Enfermería brasileñas. Intentan conocer el tipo de asistencia que, es ofrecido al alumno ingresante. Los resultados de de 61 cursos han indicado dos categorías: 1- Las que ofrecen servicios de apoyo pedagógico-administrativos demostrando 2- Las que además ofrecen algún tipo de atendimiento volcado a las necesidades del estudiante. Son 9 los cursos que se preocupan por la salud mental del estudiante.

Descriptores: alumnos en crisis, ingresantes en enfermería, apoyo al estudiante, salud mental del estudiante

INTRODUÇÃO

A finalidade principal deste estudo é conhecer os tipos de serviço de apoio oferecidos pelas Escolas de Enfermagem, aos estudantes do Curso de Graduação, tendo em vista o nosso interesse pela temática e à escassez de publicações a esse respeito.

Temos observado que o apoio ao estudante está voltado apenas para os aspectos pedagógicos e a assistência emergencial e curativo, havendo pouca preocupação com os aspectos da saúde mental.

Importa assinalar que os estudantes universitários passam por processos de adaptação que no decorrer de sua formação no mundo universitário podem gerar situações de crises, expressas através de depressões, alcoolismo, evasão escolar, dificuldades de aprendizagem, relacionamentos pessoais insatisfatórios, ligações de amizade prejudiciais e isolamento.

A entrada na Universidade envolve processos de mudança, em geral bastante significativos, para os jovens. Há dificuldades de adaptação quanto à mudança de cidade, de uma metrópole cosmopolita para uma cidade média do interior, acarretando limitações, ou de um pequeno município para uma capital, acarretando ameaças. Há dificuldades de adaptação ao ensino universitário porque se deixa, na maioria das vezes, um primeiro grau ou um cursinho com orientação rígida e meramente reprodutora de conhecimento para enfrentar uma universidade, que exige ao estudante iniciativa no seu aprendizado e exercícios de crítica. Em alguns casos, a mudança opera-se no sentido contrário, quando o aluno, vindo de um colegial dinâmico, enfrenta aulas expositivas sem nenhuma motivação, acarretando decepções. Pode haver também dificuldades de adaptação ao currículo escolar. As expectativas quanto à profissão nem sempre são acompanhadas pelo estudante da avaliação dos requisitos exigidos e das aptidões necessárias para formação naquela profissão (BUENO, 1993).

Ao iniciar o curso, destacam-se ainda dois fatores de real importância. Primeiro o estudante enfrenta a sensação de independência, pois sai de casa e tem que administrar seu dia-a-dia. As atividades e convívio com colegas independentes estimulam cobranças de iniciativa própria. Segundo, porque ao reavaliar sua opção profissional diante da realidade que está experimentando, o faz constantemente reafirmando sua escolha, ou criando sérias dúvidas a esse respeito (RODRIGUES et al. no prelo). Estes autores oferecem uma disciplina aos ingressantes no Curso de Graduação em Enfermagem na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP, em forma de Grupos de vivência nos 3 meses iniciais, denominada "Integração do estudante de enfermagem à escola e à profissão". Essa atividade surgiu justamente com a finalidade de possibilitar ao aluno compreender as nuances advindas do seu ingresso em um curso universitário ou o desvelamento de sentimentos ao enfrentar a dinâmica do viver universitário, ajudando-o a refletir sobre a experiência e as dificuldades surgidas nesse momento, com o objetivo de ajudá-lo na compreensão dessa experiência e no seu processo de adaptação.

Estudo realizado junto ao aluno ingressante na enfermagem da Universidade Estadual do Cerará (UECE) identificou sentimentos em relação ao próprio aluno e sua percepção da realidade universitária. Nesta perspectiva, foi assim possível ampliar a compreensão o aluno neste momento crítico de sua vida, e destacar a necessidade de programas que ajudem a superar suas crises (JORGE, 1992). Em um outro estudo, realizado com estudantes da UECE, observou intensa preocupação dos alunos em assumir seu papel no mercado de trabalho e em retribuir à sociedade com os serviços profissionais; sentimentos de apreensão, ansiedade, entre outros. Apontaram como alternativas utilizadas por eles para superar as dificuldades: o isolamento, a luta com a participação dos colegas que já vivenciaram situações semelhantes, utilizando as experiências para repensar os valores e, finalmente, o enfrentamento através da luta e conscientização de seus direitos e deveres (JORGE, 1994).

Entretanto, num processo educacional reflexivo, todas as etapas evolutivas das experiências vividas pelas pessoas têm que ser consideradas como potencialmente capazes de causar modificações em sua estrutura de pensar e agir. A educação deve partir justamente dessas vivências pessoais, guiada pelo conhecimento técnico do profissional. Para LAGANA (1989) uma vez que é proporcionada às pessoas a oportunidade de discutirem sobre sua atividade diária de vida ou de trabalho, elas são capazes de refletir sobre suas experiências e buscar a dimensão de sua própria vida em sua prática de trabalho; de passarem as significações de suas experiências para contextos mais gerais como o social e o econômico; de tomarem consciência das relações sociais de denominação extrapoladas para todos os segmentos de sua vida, permitindo-lhes refletir sobre sua vida e seu trabalho. Assim, sentem-se mais capazes de ser o que são, tomando ciência da sua condição humana e social enquanto ser-no-mundo e adquirindo forças para superarem as crises frente ao mundo, motivadas pela compreensão da situação em que se encontram.

Para CAPLAN (1966), momentos de crise podem ser responsáveis pelo amadurecimento e o fortalecimento da pessoa ou pelo desencadeamento do desajustamento e até da doença.

O ajustamento sadio pode ser determinado pelo sucesso da pessoa na utilização de recursos para atendimento de suas necessidades e pela sua capacidade para lidar com os sentimentos decorrentes do stress.

Apesar dos conhecimentos teóricos e do preparo profissional do enfermeiro para atendimento da pessoa em crise, o que temos feito para ajudar o aluno com crise?

Os alunos de enfermagem e/ou os alunos universitários de uma forma geral, têm sido assistidos apenas de uma forma assistencialista, o que não os ajuda a desenvolver a consciência e a capacidade de reflexão que provavelmente contribuiu para gerar oportunidades de aprendizado ou até mesmo para resolver situações difíceis de seu cotidiano, assim como, na futura profissão que vão exercer.

Para HEIDEGGER (1981), relacionar-se com alguém, de uma maneira envolvente e significativa implica em ter consideração e paciência com o outro. Isto permite ao outro assumir seus próprios caminhos, amadurecer e encontrar-se consigo mesmo.

O autor acima ressalta, ainda, que a indiferença, a apatia, a competição são sintomas muito mais atuais em nossa vida de grandes cidades e uma forma deficiente de "solicitude". No entanto, a compreensão do ser com os outros é de primordial importância para os novos caminhos da criatividade, especialmente para as atividades educacionais.

ROGERS (1987) questiona diversos pressupostos do ensino tradicional e propõe uma nova postura para o ensino universitário através do qual se possa promover o crescimento e desenvolvimento sadio do estudante.

Num sistema educacional que considera os alunos como objetos manipuláveis, não é difícil entender que a pouca atenção à saúde que lhes é dada centra-se na assistência emergencial, curativa e dicotomizada. Sabemos que muitos aspectos do ensino e da assistência ao estudante, vigentes na atualidade, precisam ser repensados levando em consideração tanto o ensino propriamente dito como a saúde (física e mental) dos aprendizes.

Frente às nossas atuais observações da situação que vivenciamos como docentes de Escolas de Enfermagem, inquietava-nos saber das demais unidades de ensino universitário em nossa área, sobre o que estão oferecendo aos seus alunos. Assim, este estudo tem como objetivos:

01. identificar as instituições universitárias que oferecem serviços de apoio ao estudante de enfermagem.

02. identificar as formas de atendimento oferecidas ao estudante pelos profissionais das Escolas de Enfermagem.

METODOLOGIA

Realizamos um estudo exploratório que reúne dados quantitativos sobre as instituições de Ensino de Enfermagem de todo o Brasil e dados qualitativos sobre as formas e as propostas de atendimento oferecidas ao aluno de enfermagem.

Inicialmente, fizemos um levantamento de todas as Instituições de Ensino de Enfermagem cadastradas no Ministério da Educação e Cultura (MEC).

O Instrumento de coleta de dados, encaminhado a uma cada uma das Escolas

De posse dos dados, procedemos à leitura para familiarização com as respostas. A partir destas respostas elaboramos um Quadro Geral onde agrupamos todas as informações coletadas que serão apresentadas e analisadas a seguir. Desse quadro, extraímos as características da amostra, definindo duas (2) categorias de informações sobre o que as escolas estão oferecendo aos seus alunos, cuja análise acompanha a apresentação dos resultados.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

No momento da coleta de dados (2º semestre de 1991), havia registrados no SEEC (Coordenação de Informações para o Planejamento do Ministério da Educação) 103 Cursos de Enfermagem oferecidos por estabelecimentos de Ensino Superior. No primeiro contato, 45 cursos responderam a solicitação, tendo sido necessária portanto, uma segunda tentativa (enviando novamente a mesma solicitação) para obtermos o total de 61 (sessenta e um) respondentes (59,2%) assim distribuídos pelo Brasil (Quadro I).


Das 103 Escolas, 55 delas estão localizadas nas capitais dos respectivos Estados, correspondentes a 53,4%. Quanto aos cursos que responderam às questões propostas, 25 (4%) das Escolas estão sediadas nas capitais e 75% das Escolas localizadas no interior, o que mostra, neste caso, maior prontidão das Escolas localizadas no Interior dos Estados. Isto pode estar relacionado à menor burocracia institucional ou acesso direto da correspondência à direção destes cursos.

Dos 61 cursos, tivemos informações sobre o tipo de assistência oferecida ao estudante.

Pudemos classificar as respostas em apenas duas categorias: 1) as escolas que oferecem apenas informações pedagógico-administrativas e 2) as que oferecem algum tipo de atendimento voltado para as necessidades do estudante.

1) Dentre os cursos que oferecem as informações pedagógico-administrativas extraímos de suas respostas à exata descrição da atividade desenvolvida, qualificando as respostas:

- Semana de orientação (10).

- Guia acadêmico (manual do aluno) (4).

- Esclarecimento de ordem administrativa quanto a profissão de enfermagem (1).

- Atendimento às dificuldades no processo de aprendizagem (5).

- Seminários de integração estudantil sobre estrutura e funcionamento do curso (2).

- Recepção com orientação sobre estrutura físico-administrativa (15).

- Orientação pedagógica (25).

- Entrevistas individuais com a finalidade de examinar a vida escolar, acompanhando o desenvolvimento pedagógico e o aproveitamento do aluno. - Ajuda-os nestes aspectos quando apresentam dificuldades (1).

- Orientação para bolsas de estudo, crédito educativo (3).

- Aula inaugural (16).

- Colegiado de Coordenação Didática, visitando todas as turmas no início das aulas (1).

- O aluno procura o docente quando está com dificuldades (3).

- Orientação sobre atividades acadêmicas e possibilidade de atendimento individualizado (15).

- Teste de aptidão feito no vestibular para identificar a capacidade de raciocínio e psicomotora do candidato em entrevista individual (1).

- Orientação geral para todos os ingressantes na Universidade (4).

- Psicólogos da Universidade que atendem aos necessitados (6).

- Coleta de dados para obter informações sobre os alunos (1).

- Atendimento de apoio pelo Serviço Social (10).

- Programa de veteranos (2).

- Trabalho de acompanhamento e assessoria aos alunos na matrícula com contato individual (1).

- Levantamento sócio-econômico (2).

Como se pode verificar, os responsáveis por estes cursos não demonstram preocupação com a pessoa do aluno, considerando-o apenas como mais um aluno a fazer do seu elenco. Interpretamos dessa maneira porque oferecendo informações sobre a estrutura do curso, a distribuição das disciplinas, os recursos administrativos etc.; o aluno fica orientando apenas quanto aos seus aspectos formais. Esta atividade é feita de maneira geral e impessoal, a cada nova turma.

Nos casos em que a Universidade (e não o curso de Enfermagem) tem um serviço de atendimento para todos os alunos "quando necessário", sentimos que de um modo geral, esta atividade é distante e impessoal. Os contatos individuais geralmente são destinados a obter dados sócio-econômicos e acadêmicos dos alunos, como referem os informantes.

A orientação administrativa e pedagógica é importante para que o aluno se localize, e esteja orientado. Entretanto, seria interessante que houvesse mais alguma atividade diretamente voltada para o aluno, tendo em vista trabalhos já realizados sobre este tema que mostram que o estudante apresenta uma série de problemas que merecem atenção específica. Podemos citar os estudos realizados por JORGE, 1990; 1992, 1994; JORGE & RODRIGUES; 1992; RODRIGUES et al. (no prelo).

Percebemos também preocupação de algumas Escolas de Enfermagem em oferecer orientação durante o decorrer do Curso de Graduação. Entretanto, privilegiam apenas o aspecto pedagógico.

Em uma das escolas, observamos que é programado um Seminário de Informação sobre o profissional enfermeiro. Pensamos que o candidato ao Curso de Enfermagem deveria receber esta informação antes de fazer sua opção pela carreira. Depois de estar dentro dela, não temos como avaliar os efeitos dessa informação.

Outro aspecto também apontado foi o Programa de Veterano. Há escolas que só oferecem este tipo de recepção. É uma atividade interessante, porém entendemos que não seja suficiente para ajudar os alunos a enfrentarem os diversos tipos de desadaptação já citados, ao vivenciarem o mundo universitário. Estes programas têm primordialmente caráter socializante, ou seja, promover uma descontração inicial, conhecer os colegas e iniciá-los nas atividades sociais da comunidade estudantil.

Nesta categoria de respostas foi interessante notar que os responsáveis e professores envolvidos na Programação de apoio ao estudante são, na maioria das vezes, ligados a pró-reitorias, coordenadorias e chefias. Este dado confirma nossa interpretação de que são atividades distantes, formais e impes.

2) A outra categoria de respostas identificada foi a das Escolas que oferecem algum tipo de atendimento voltado para necessidades do estudante enquanto pessoa que vivencia uma situação de ser universitário. Então extraímos de suas respostas a exata descrição da atividade desenvolvida, quantificando-as:

- Orientação acadêmica: durante todo o curso, o aluno tem um professor orientador. Cada professor geralmente assume 20 (vinte) alunos para este tipo de orientação dispendendo 2 horas/semana para atendimento de alunos (1).

- Quando constatada a necessidade de encaminhamento, este é feito pelo Serviço de Psicologia ou Orientação Acadêmica (1).

- Projeto de ensino, orientação e acompanhamento. Sempre um professor com o mesmo aluno do início ao fim do curso (1).

- Atendimento durante todo o curso por docentes da Enfermagem Psiquiátrica Individual segundo o modelo de Travelbee e Grupal segundo modelo de Pichon Riviére (1).

- Programa de apoio ao estudante propiciado por psicólogos, assistentes sociais e médicos com capacitação e supervisão específica. Disciplina de Integração à vida acadêmica e ao Município (1).

- Uma disciplina de integração do estudante no curso e na profissão; pequenos grupos de ingressantes acompanhados por docentes de enfermagem psiquiátrica, durante o curso, caso necessário (1).

- Plantão de atendimento e acompanhamento por parte dos doentes de Enfermagem Psiquiátrica aos alunos que apresentam problemas de comportamento e/ou relacionamento (3).

Verificamos, a partir desses dados, que apenas algumas escolas demonstraram preocupação com a pessoa do aluno e suas necessidades. Chama-nos a atenção uma Escola que tem um programa de acompanhamento ao aluno desde a matrícula até a sua saída. Os professores têm no seu planejamento de trabalho duas horas semanais programadas para o atendimento de alunos.

Por outro lado, houve uma escola que se mostrou estruturada com relação ao atendimento ao aluno. Nesta unidade não está claro que fazem o atendimento com também o tipo de abordagem assistencial empregada.

Há também referência de atendimento por parte de docentes de enfermagem psiquiátrica quando o aluno apresenta problemas de comportamento ou de relacionamento.

Identificamos que a priori, a distribuição de alunos por docente para acompanhamento durante todo o curso de graduação, a fim de realizar orientações acadêmicas, deixando disponíveis 2 horas/semana para tal atividade. Neste sentido, observamos que o enfermeiro psiquiátrico tem sido referido como elemento que oferece assistência aos alunos com problemas.

Outrossim, apenas um curso oferece uma disciplina especialmente estruturada para ajudar o aluno na sua integração ao curso e à profissão, assim como realiza estudos voltados para esta temática. A respeito de trabalhos escritos sobre o assunto, apenas duas (2) escolas publicaram artigos, mas não tivemos acesso aos mesmos, pois não indicaram a fonte publicadora. Posteriormente, escrevemos para as autoras solicitando a fonte de publicação, mas não obtivemos resposta. Das outras 59, obtivemos alguns folhetos de recepção de alunos do tipo informativo sobre estrutura e funcionamento de suas unidades de ensino.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aluno ingressante na universidade precisa de atenção especial como foi citado nos trabalhos de JORGE & RODRIGUES (1992); JORGE (1992); RODRIGUES et al. (no prelo). Entretanto, pelas propostas das escolas participantes dessa pesquisa, observamos que apenas algumas possuem uma programação realmente voltada para as necessidades do aluno. A grande maioria pretende atender a essas necessidades com orientação pedagógica-administrativa de maneira formal, geral e impessoal. Sabemos que o aluno vivencia uma situação nova e até geradora de conflitos a qual pode levá-lo a enfrentar momentos de crise. A falta de preocupação com o ingressante pode favorecer o aparecimento de comportamentos prejudiciais ao seu desenvolvimento como pessoa e como futuro profissional.

  • 01. BUENO, J. L. O. A evasão de aluno. Jornal da USP, São Paulo, n. 240, p. 2, 08 a 14 fev. 1999.
  • 02. CAPLAN, G. Princípios de psiquiatria preventiva Buenos Aires: Editorial Paidos, 1966.
  • 03. HEIDEGGER, M. Todos nós... ninguém: um enfoque fenomenológico do social. São Paulo: Morais, 1981. p. 72.
  • 04. JORGE, M. S. B. Dificuldades dos estudantes de enfermagem psiquiátrica durante a prática da disciplina ao lidar com o doente mental In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM, 42., Natal, 1999. (Mimeografado)
  • 05. JORGE, M. S. B. O aluno ingressante na Universidade: uma perspectiva de compreensão. Ribeirão Preto, p. 84. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 1992.
  • 06. JORGE, M. S. B. Situações vivenciadas pelos alunos de enfermagem, durante o curso no contexto universitário como norteadora de crises. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM, 46., Porto Alegre, 1994. Anais Porto Alegre: ABEn/RS, 1994. p. 269-70.
  • 08. LAGANA, M. T. C. A educação para a saúde: o cliente como sujeito da ação. Rev Esc. Enfermagem USP, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 149-61, 1989.
  • 09. RODRIGUES, A. R. F. et al. O aluno ingressante na enfermagem: abordagem compreensiva. Rev. Gaúch. Enfermagem, Porto Alegre. (no prelo)
  • 10. ROGERS, C. R. Liberdade para aprender Belo Horizonte: Interlivros, 1978.
  • *
    continha uma carta explicando nosso propósito acompanhada de um (1) questionário solicitando aos responsáveis as seguintes informações:
    - Qual o tipo de assistência que a escola oferece ao aluno ingressante?
    - Como se dá esse atendimento?
    - Quais são os professores e profissionais envolvidos?
    - Há trabalhos escritos sobre o assunto?
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Jun 2006
    • Data do Fascículo
      Jul 1995
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