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Ensino especializado de estomaterapia no Brasil: 1990 - 1995

Enseñanza especializada de terapia enterostomal en Brasil: 1990-1995

Stomal therapy specialization teaching in Brazil: 1990-1995

Resumos

Este relato refere-se à trajetória dos Cursos de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia no Brasil, desde sua implementação, em 1990, até a penúltima edição, em 1995. Os autores, como seus coordenadores, apontam as diversas modificações efetuadas entre as quais destacam-se as transformações do conteúdo programático, inicialmente baseado em modelo essencialmente biológico e abrangendo principalmente ostomias (1990), para o aprofundamento dos temas em feridas e incontinências (urinária e fecal), além da inserção sobre organização e implementação de Serviços e Programas de Assistência a Ostomizados e protocolos de Prevenção e Tratamento de Feridas bem como reflexões sobre a construção da especialidade no contexto da Enfermagem, suas entidades de classe e suas relações na sociedade, na política e mercado brasileiros. Após a caracterização dos 75 alunos-enfermeiros que freqüentaram os cursos nesse período, os autores apresentam as expectativas e perspectivas por eles apontadas em relação à especialização, além da avaliação dos cursos, revelando tendências positivas. Os autores encerram o relato, considerando a importância do processo avaliativo para a constante reformulação do Curso em consonância com as novas discussões acerca das especializações para a Enfermagem Brasileira.

ensino-aprendizagem; estomaterapia; ostomias


Este relato trata sobre la trayectoria de los cursos de Terapia Enterostomal (TE) en Brasil desde su inicio en 1990 hasta 1995. Los autores empiezan el relato por los cámbios de su contenido inicialmente basado en modelo médico. Hoy en día este programa engloba también temas de las demás areas de la T.E. como las heridas e incontinencia, además de las reflexiones acerca de los princípios del planteamiento de los servicios y protocolos de asistencia y la especialidad en la política, sociedad y Enfermería del país. Las expectativas, perspectivas y evaluación relacionadas a los cursos, señalan tendencias positivas. Los autores terminan el estudio considerando la importancia del proceso de evaluación como forma de mejorar el curso frente a los nuevos desafios y discusiones acerca de las especialidades en la Enfermeria Brasileña

ensenãnza; terapia enterostomal; ostomías


The authors show the trajectory of the Brazilian Stomal Therapy Courses since their beginning in 1990 until 1995. Firstly they point out the changes of their contents initially based on medical and biological fields. Nowadays they also involve issues in the other Enterostomal Therapy fields-wounds and incontinence-besides discussions and reflections on the principles of organization and creation of care programmes, services and protocols as well as on the Stomal Therapy as a specialty in Brazilian nursing, society and politics. The 75 students' expectations, perspectives and evaluation related to the courses are presented, showing positive tendencies. The author finishes the study considering the importance of the evaluation process towards the improvement of the course according to the new challenges and discussions about nursing specialties in our country.

teaching; stomal therapy; ostomies


Artigo Original

ENSINO ESPECIALIZADO DE ESTOMATERAPIA NO BRASIL: 1990 - 19951 1 Trabalho apresentado no XI Biennial Congress of WCET, Jerusalém, 1996; 2 Doutora do Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica da EEUSP. Estomaterapeuta. Coordenadora dos Cursos de Especialização em Estomaterapia

Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos2 1 Trabalho apresentado no XI Biennial Congress of WCET, Jerusalém, 1996; 2 Doutora do Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica da EEUSP. Estomaterapeuta. Coordenadora dos Cursos de Especialização em Estomaterapia

Este relato refere-se à trajetória dos Cursos de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia no Brasil, desde sua implementação, em 1990, até a penúltima edição, em 1995. Os autores, como seus coordenadores, apontam as diversas modificações efetuadas entre as quais destacam-se as transformações do conteúdo programático, inicialmente baseado em modelo essencialmente biológico e abrangendo principalmente ostomias (1990), para o aprofundamento dos temas em feridas e incontinências (urinária e fecal), além da inserção sobre organização e implementação de Serviços e Programas de Assistência a Ostomizados e protocolos de Prevenção e Tratamento de Feridas bem como reflexões sobre a construção da especialidade no contexto da Enfermagem, suas entidades de classe e suas relações na sociedade, na política e mercado brasileiros. Após a caracterização dos 75 alunos-enfermeiros que freqüentaram os cursos nesse período, os autores apresentam as expectativas e perspectivas por eles apontadas em relação à especialização, além da avaliação dos cursos, revelando tendências positivas. Os autores encerram o relato, considerando a importância do processo avaliativo para a constante reformulação do Curso em consonância com as novas discussões acerca das especializações para a Enfermagem Brasileira.

UNITERMOS: ensino-aprendizagem, estomaterapia, ostomias

STOMAL THERAPY SPECIALIZATION TEACHING IN BRAZIL: 1990-1995

The authors show the trajectory of the Brazilian Stomal Therapy Courses since their beginning in 1990 until 1995. Firstly they point out the changes of their contents initially based on medical and biological fields. Nowadays they also involve issues in the other Enterostomal Therapy fields-wounds and incontinence-besides discussions and reflections on the principles of organization and creation of care programmes, services and protocols as well as on the Stomal Therapy as a specialty in Brazilian nursing, society and politics. The 75 students' expectations, perspectives and evaluation related to the courses are presented, showing positive tendencies. The author finishes the study considering the importance of the evaluation process towards the improvement of the course according to the new challenges and discussions about nursing specialties in our country.

KEY WORDS: teaching, stomal therapy, ostomies

ENSEÑANZA ESPECIALIZADA DE TERAPIA ENTEROSTOMAL EN BRASIL: 1990-1995

Este relato trata sobre la trayectoria de los cursos de Terapia Enterostomal (TE) en Brasil desde su inicio en 1990 hasta 1995. Los autores empiezan el relato por los cámbios de su contenido inicialmente basado en modelo médico. Hoy en día este programa engloba también temas de las demás areas de la T.E. como las heridas e incontinencia, además de las reflexiones acerca de los princípios del planteamiento de los servicios y protocolos de asistencia y la especialidad en la política, sociedad y Enfermería del país. Las expectativas, perspectivas y evaluación relacionadas a los cursos, señalan tendencias positivas. Los autores terminan el estudio considerando la importancia del proceso de evaluación como forma de mejorar el curso frente a los nuevos desafios y discusiones acerca de las especialidades en la Enfermeria Brasileña

TÉRMINOS CLAVES: ensenãnza, terapia enterostomal, ostomías

A Estomaterapia no Brasil, embora possamos dizer que se iniciou oficialmente com a implantação do Curso de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia através da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP), em 1990, foi antecedida por diversos movimentos no exterior e no próprio país, que acabaram por influenciar e contribuir para o seu desenvolvimento.

À semelhança de muitos outros países, inclusive EUA e Canadá, a organização dos ostomizados a partir da década de 1970, ao criar demanda para a melhor qualidade assistencial, democratização do atendimento e dispositivos, quantitativa e qualitativamente mais adequados, mobilizou profissionais, especialmente enfermeiros, médicos e assistentes sociais, a procurar maior e mais profundo conhecimento técnico-científico (SANTOS & SOUSA Jr., 1993).

A partir daí, já nos anos 80, alguns enfermeiros partiram para o exterior em busca de formação especializada em países como os Estados Unidos, Colômbia e Espanha contribuindo, após seu retorno, para a reciclagem de outros profissionais, atualização acerca da evolução da especialidade no mundo e, conseqüentemente, motivação de outros enfermeiros, bem como no trabalho conjunto com ostomizados, para a organização de Serviços de Assistência em Hospitais e Ambulatórios da rede pública (SANTOS & SOUSA Jr., 1993).

Paralelamente a esses acontecimentos, o movimento de associações de ostomizados fortalecia-se com a criação da Sociedade Brasileira de Ostomizados (SBO), que alcançava alguns intentos junto ao Governo Federal, relacionados à política de compra e distribuição de dispositivos.

Todas essas forças associadas a uma conscientização maior dos profissionais de saúde, particularmente as classes médica e de enfermagem, também impulsionada pela maior divulgação do tema, pelo crescente número de ostomizados nos Serviços e, oportunamente, a existência de especialistas no país vinculados à Universidade, acarretaram a implantação do primeiro Curso de Especialização no Brasil, em 1990, segundo na América Latina (tendo sido antecedido apenas pela Colômbia, poucos anos antes) (SANTOS & SOUSA Jr., 1993).

Após 6 edições consecutivas do Curso, no período de 1990 a 1995, os seus coordenadores consideram o momento pertinente para efetuar uma descrição da trajetória e evolução do Curso no que tange ao conteúdo programático e seus objetivos; ao perfil da clientela participante quanto às características demográficas, de formação acadêmica e de produção científica prévia bem como suas expectativas, perspectivas e avaliação, o que constituirá o objeto deste relato.

O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO: A TRAJETÓRIA

O Curso de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia é um curso realizado em nível de pós-graduação latu sensu e, desde sua primeira edição, tem seu conteúdo programático e carga horária teórico-prática total (360h) baseados na normatização estabelecida pelo Education Committee do World Council of Enterostomal Therapists (WCET, 1994), por cuja entidade é reconhecido, além, evidentemente, dos órgãos competentes brasileiros como o Ministério da Educação e Cultura, o Conselho Federal de Educação e, mais recentemente, o Conselho Federal de Enfermagem.

Seus objetivos têm direcionado o conteúdo e as estratégias educacionais utilizadas para a capacitação especializada dos enfermeiros buscando atender à amplitude das funções do Estomaterapeuta (VUKOVICH & GRUBB, 1977; JACKSON & BROADWELL, 1982; FOULKES, 1987; BLACKLEY, 1992). Assim, esta capacitação está voltada para: a assistência aos ostomizados em todas as fases operatórias e aos portadores de feridas agudas e crônicas, fístulas digestivas e incontinências urinária e fecal (função assistencial/cuidativa); a iniciação em metodologia de pesquisa (função investigativa); o reconhecimento dos aspectos organizacionais para o desenvolvimento de Serviços, Programas de Assistência e Protocolos de Prevenção e Tratamento de Feridas (função administrativa) e o desenvolvimento do ensino junto a clientes, família e equipe de enfermagem e multidisciplinar (função docente).

Para a consecução de tais objetivos, desde 1990, quando ocorreu o primeiro Curso, têm sido necessárias diversas modificações em seu conteúdo programático, em função não só das avaliações feitas pelos enfermeiros ao término de cada curso (que serão apresentadas posteriormente), de seu aproveitamento durante e após, através das transformações provocadas na realidade enquanto prática especializada, como também das demandas da clientela e da própria enfermagem como profissão.

Em 1990, o programa do Curso foi muito mais baseado em um modelo biológico, que respeitava o currículo mínimo estabelecido pelo WCET e, ao mesmo tempo, influenciado pelo que preconizava a Universidad Complutense de Madrid, enquanto experiência pessoal prévia. Aparentando fragmentação, os temas eram mais ou menos encadeados e fundamentavam-se na assistência ao ostomizado sem qualquer abordagem dos temas feridas e incontinências. Deve-se ressaltar que, na época - como nos dias de hoje - nos centros onde inexistia o especialista, o termo estomaterapia era automaticamente ligado ao ostomizado, gerando demanda específica para essa área. Além disso, dispúnhamos de apenas um campo em condições mais ou menos adequadas à prática clínica. Constituiu-se, então, um curso que privilegiava os aspectos teórico-práticos da assistência, que incluía iniciação científica através da elaboração de planos de pesquisa como trabalho final e que apenas iniciava as reflexões sobre organização de Serviços. Há que se associar às dificuldades que caracterizaram este primeiro curso, o reduzido número de especialistas no país (3), sobrecarregando os coordenadores e gerando uma percepção mais genérica e, talvez médica da especialidade, principalmente pelo corpo docente.

Desde então as modificações não significantes têm sido referentes às reflexões sobre a construção da especialidade no contexto da Enfermagem, suas entidades de classe e suas relações na equipe interdisciplinar, na sociedade, na política e no mercado brasileiros.

A comunicação humana, os diagnósticos de enfermagem, o estresse pessoal e profissional, a qualidade total e a qualidade de vida, o suporte social, a interdisciplinariedade e a globalização das informações, também constituem temas que vêm sendo incorporados ao programa e que têm possibilitado ampliar as concepções e os questionamentos acerca não só do papel profissional e do especialista, suas funções e recursos, mas essencialmente, do cuidado e do processo de cuidar do ser humano.

Além destas mudanças, com as quais procuramos imprimir ao desenvolvimento do programa um modelo suprabiológico, ou seja, mais condizente com as concepções filosóficas que embasam uma Enfermagem humanista e holística, passamos à inserção gradativa dos temas nas áreas do cuidar preventivo e terapêutico dos portadores de feridas e incontinências urinária e fecal. Esta última, apesar de sua importância estatística e no que se refere à qualidade de vida do incontinente, tem sido menos priorizada no conteúdo do Curso de Especialização especialmente pela quase indisponibilidade de estomaterapeutas (ETs) atuantes nessa área e de programas ou serviços organizados que possam subsidiar a prática clínica.

Em relação a esse aspecto, somente agora o panorama começa a se alterar, sendo que, de um único campo para estágio prático em 1990, atualmente dispomos de nove Serviços:

- uma unidade de internação em Coloproctologia;

- uma unidade semi-intensiva de Pronto-Socorro Cirúrgico;

- uma unidade de internação e ambulatorial infantil (feridas e ostomias);

- uma unidade cirúrgica e ambulatorial de oncologia abdominal e pélvica;

- dois Serviços de Reabilitação para lesados medulares (incontinências/úlceras de pressão);

- dois Ambulatórios de Assistência a Ostomizados;

- um Ambulatório de Tratamento de úlceras de perna.

Deve-se ressaltar que a maioria desses dispõe de ETs e equipe multidisciplinar, sendo alguns deles credenciados junto ao Programa de Assistência a Ostomizados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Inexistem, no entanto, Programas Governamentais nas áreas de feridas e incontinências, ficando restritos a alguns serviços isolados no âmbito hospitalar.

De qualquer forma, o cuidado da pele desde os aspectos anátomo-fisiológicos e fisiopatológicos, fatores de integridade, processo de cicatrização até os avanços tecnológicos na prevenção e tratamento de feridas, tem, atualmente, constituído um dos eixos condutores do conteúdo programático.

Além desses aspectos, a organização e implementação de Serviços e Programas de Assistência a Ostomizados e Protocolos de Prevenção e Tratamento de Feridas, têm sido cada vez mais explorados atendendo às próprias expectativas e perspectivas dos alunos, como veremos posteriormente.

Sintonizados com a importância da pesquisa em busca do corpus de evidências da Enfermagem e dentro desta, das especialidades de Enfermagem, temos também aumentado sobremaneira o bloco teórico a respeito dos métodos de investigação quantitativos e qualitativos, além de podermos contar com, praticamente, um orientador, enfermeiro ou médico, com titulação mínima de doutor, para a orientação dos trabalhos científicos que somente em 1995, substituíram os planos de pesquisa. Isto deveu-se, principalmente, à sua não consecução pelos enfermeiros após o término do Curso, uma vez que não se constituía em exigência para a obtenção do título de ET, e sim como compromisso profissional. Além desse motivo, trabalho recente elaborado pelos coordenadores (SANTOS & SOUSA Jr., 1994), que versou sobre o levantamento da produção científica nacional em Estomaterapia e a contribuição respectiva dos ETs no período de 1970 a 1992, mostrou que, a partir de 1990, há uma discreta tendência ao aumento e regularidade nessa produção que inexistia até 1988, com praticamente uma tese e duas publicações em periódicos ao ano, a maioria desenvolvida pelos especialistas. Assim, ainda que a investigação se revelasse incipiente e inserida predominantemente na temática do assistir/cuidar, tornava-se imprescindível aproveitar estes dados para hipertrofiá-la, valorizá-la e modificá-la dentro do Curso.

Buscando viabilizar os objetivos teórico-práticos cada vez mais amplos e o caráter reflexivo do Curso, algumas estratégias foram mantidas como seminários e estudos de caso (em campo) enquanto outras têm sido paulatinamente inseridas.

Uma das atividades pedagógicas existente desde 1992 e por nós denominada vivência do ser/estar ostomizado, constitui, inicialmente, da utilização pelos alunos de uma bolsa coletora por 24 horas, logo nos primeiros dias de curso. Em 1993, essa experiência educativa passou a englobar uma dramatização em grupo acerca do ser-estar ostomizado, geralmente preparada e apresentada na vigência do uso do dispositivo, assim permanecendo até hoje, modificada, apenas, pela inclusão de nova dramatização ao final do curso (em 1996). As re-significações sobre o cuidar, sobre o papel profissional do enfermeiro em busca de especialização e sobre o próprio ser ostomizado desencadeadas nos alunos-enfermeiros, a partir de tal estratégia, aponta para a sua validação e manutenção, enquanto vivência pedagógica, conforme demonstrado, recentemente, na tese de doutorado desenvolvida por SANTOS (1996).

Além desta experiência sensibilizadora do aluno-enfermeiro, a busca de reflexões mais abrangentes no que concerne à problemática psicossocial do ostomizado e seu processo de perda-luto-tristeza e, conseqüentemente, das possibilidades psicossociais do enfermeiro no atendimento dessa demanda e no enfrentamento da própria tristeza e impotência perante a clientela de modo geral, levou-nos à inclusão de 4 a 5 sessões de consultoria psicológica. Estas consistem de suporte ou assessoria efetuada por psicólogos junto aos grupos de alunos-enfermeiros em suas dificuldades e questionamentos trazidos da prática clínica, até então, especialmente frente ao portador de uma ostomia.

OS ALUNOS-ENFERMEIROS

No período de 1990 a 1995, os Cursos de Estomaterapia especializaram 75 enfermeiros cujas características demográficas, de formação acadêmica e de produção científica prévias, além de suas expectativas e perspectivas perante a especialização apresentamos a seguir. Estes dados foram obtidos através da análise dos documentos (currículo e carta de apresentação do Serviço) e das entrevistas que compõem o processo seletivo para ingresso nos Cursos de Especialização.

Os dados do Quadro 1 mostram acentuadas similaridades entre os grupos.


Em relação às características demográficas verifica-se que a maioria absoluta de enfermeiros (70) é do sexo feminino, conforme esperado dentro da profissão.

Mais da metade (44) está inserida na faixa etária de 20 a 34 anos e mais de 1/3 (23), de 35 a 44 anos, caracterizando uma população jovem, em busca de delineamento ou concretização do seu desenvolvimento profissional futuro. No interior dos diversos grupos constata-se a predominância de alunos mais jovens em 1992 e 1993 (12 e 11, respectivamente).

Cinqüenta e nove enfermeiros são procedentes de fora da cidade onde se realiza o curso (São Paulo), sendo 26 do interior de São Paulo e 31 de quase todos os demais Estados da União além de 2 argentinas. Esta dispersão está em conformidade com um dos critérios de seleção para ingresso no Curso, ou seja, a priorização de candidatos imigrantes com vistas à disseminação da especialidade por todo o país. Nota-se nos anos de 1991 e 1992, proporcionalmente, os maiores índices de enfermeiros oriundos de fora de São Paulo (10 dentre 11 alunos e 14 dentre 15 alunos, respectivamente).

A maioria (43) atua em unidades hospitalares de internação enquanto 30 exercem suas atividades em ambulatórios. Nos cursos de 1991 e 1992 inverte-se esta predominância, com maior número de enfermeiros desenvolvendo atividades em Serviços Ambulatoriais. Apenas 8 são ligados à docência universitária.

Quanto à formação acadêmica prévia, 66 são formados há mais de 6 anos, quase que eqüitativamente, em Faculdades privadas (40) e públicas (35), sem grandes disparidades de distribuição no interior dos grupos, para ambos aspectos. Grande parte dos enfermeiros realizou previamente, pelo menos, um Curso de Especialização, principalmente na área de Administração Hospitalar. Os demais cursos freqüentados são bastante variados referindo-se a Enfermagem Médico-Cirúrgica (predominantes em 1992), Enfermagem em Saúde Pública, Metodologia do Ensino Superior, Enfermagem do Trabalho, Enfermagem Psiquiátrica, Enfermagem Pediátrica e outros. Esta procura por cursos de pós-graduação latu sensu, como as especializações, denota a preocupação dos enfermeiros pela melhoria da qualificação profissional em função de suas repercussões na prática clínica e na valorização dentro dos Serviços. Quanto à pós-graduação strictu sensu, dos 75 alunos formados nos últimos 6 anos, somente 5 têm Mestrado, sendo 3 deles pertencentes ao VI Curso (1995).

A produção científica, por sua vez, é baixa totalizando 75 trabalhos apresentados e 45 publicados, perfazendo as médias de 1 e 0,6 por aluno, respectivamente. Destacam-se os anos de 1995, a cujos alunos pertence mais da metade dos trabalhos apresentados (39) e 10 publicados. Nessa reduzida produção têm-se somente 20 estudos em estomaterapia (13 apresentados e 7 publicados), parecendo haver uma certa tendência de aumento, a partir de 1994, no que tange aos trabalhos apresentados. Esse panorama é esperado como característica dos enfermeiros de campo, em nosso meio, que tradicionalmente escrevem e publicam muito pouco acerca de suas experiências oriundas da prática clínica. Por outro lado, o acesso às revistas de enfermagem de circulação nacional é difícil, particularmente pela sua escassez e pela priorização que acaba sendo feita aos trabalhos vindos das Universidades, de cursos de pós-graduação ou grupos de pesquisa.

Em síntese, o perfil delineado dos 75 alunos-enfermeiros, formados nos Cursos de Estomaterapia no período de 1990 a 1995, caracteriza um grupo de mulheres jovens, procedentes de fora da cidade de São Paulo, formadas há mais de 6 anos, atuando, principalmente, em unidades de internação e ambulatoriais, com pelo menos um curso de especialização anterior e com baixa produtividade científica. É esta população que se submete a um processo seletivo que consta de análise curricular e entrevista, na qual, basicamente, são buscadas as expectativas e perspectivas relacionadas ao Curso e apresentadas a seguir.

As expectativas dos enfermeiros relacionadas aos Cursos de Especialização (115 respostas na Tabela 1) estão centradas, principalmente, no maior desenvolvimento teórico-prático (61 respostas), o que se adequa não só aos objetivos estabelecidos para um curso dessa natureza e nesse nível, ou seja, a maior qualificação para a prática especializada, como também a própria atuação desses enfermeiros em unidades assistenciais (Quadro 1). Conhecimento, educação e treinamento constituem 80,3% das expectativas dos enfermeiros já estomaterapeutas frente ao WCET, segundo HINGLEY (1993), no sentido do desenvolvimento de um corpo de conhecimentos válido, compartilhado, efetivo e socialmente relevante em relação às necessidades da clientela (STEGINGA, 1993), aspecto este que necessariamente inicia sua construção a partir dos Cursos de Especialização.

Seguem-se a essa categoria, a melhoria da qualidade assistencial (20 respostas) e o desenvolvimento pessoal (19 respostas), quase como conseqüências esperadas para o primeiro agrupamento de respostas. Além destas expectativas, os enfermeiros têm também pontuado o maior conhecimento sobre a organização de Programas e Serviços, (15 respostas), que constituem, na verdade, os caminhos para atingir-se a clientela de maneira sistematizada e assim alcançar os objetivos assistenciais propostos. Neste aspecto deve-se ressaltar a formação especializada em Administração Hospitalar de 20 desses alunos (Quadro 1) bem como a vinculação de alguns deles a Programas e Serviços já estabelecidos e com maior ou menor grau (geralmente) de organização.

Uma vez expostas as expectativas, estas já permitem o vislumbramento das perspectivas apontadas pelos alunos (Tabela 2).

Os dados da Tabela 2 mostram um total de 140 respostas relacionadas às perspectivas apontadas pelos enfermeiros com a realização do Curso de Estomaterapia, perfazendo a média de 19 respostas por aluno, próxima à média de 1,5 expectativas por aluno na Tabela 1. A ampliação, criação e/ou implementação de Programas e Serviços (62 respostas) com números expressivos nos anos de 1993 e 1995, e a melhoria da prática assistencial (22 respostas) são objetivos claramente delineados através das expectativas (Tabela 1), devendo portanto ser buscados após o término do Curso.

O desenvolvimento de cursos e trabalhos científicos (24 respostas) em consonância com o maior desenvolvimento teórico-prático e pessoal (Tabela 1), é também algo que deveria ser mais valorizado, particularmente em um curso de Pós-Graduação, associado à maior conscientização e aprofundamento do próprio papel do enfermeiro, agora especialista, o que o levaria ao distanciamento das mesmices e rotinização do dia-a-dia em que acaba imergindo por forças de diversas naturezas.

Na mesma linha de ampliação de papéis, surge, com número reduzido, porém importante de respostas (9), a atividade independente como mais um marco para a construção da identidade profissional desse enfermeiro, que o faz através da especialização. O âmbito das perspectivas apontadas pelos enfermeiros com a realização do Curso de Estomaterapia, antes mesmo de sua realização, é bastante similar àquele estabelecido por algumas ETs líderes internacionais como BRYANT (1993) e WRIGHT (1993a; 1993b; 1993c), para a especialidade até o ano 2000, quais sejam:

-possibilidade do acesso da clientela ao cuidado com qualidade a partir das premissas de eficiência, custo e globalidade;

-prestação de cuidado à saúde com criatividade e fundamentado na prevenção (fatores de risco e predição da incidência) e ampliação dos mercados de trabalho, especialmente, o cuidado independente onde seja oferecido o melhor preço pelo melhor trabalho.

Além destas, há também aquelas relacionadas à formação dos especialistas e à ratificação da Estomaterapia como especialidade de Enfermagem, tendências estas a que já nos referimos antes quando nos reportamos à evolução dos Cursos no Brasil além das expectativas dos seus candidatos:

-revisão da formação de especialistas no que concerne a requisitos pessoais e profissionais dos candidatos; conteúdo programático dos cursos existentes e vinculação à pós-graduação stritu sensu, certificação e re-certificação do ET;

-estabelecimento do corpo de evidência da especialidade (substância) que atue como um guia para a prática do especialista (BRYANT, 1993; WRIGHT, 1993a; 1993b; 1993c).

Até este momento foram exploradas as características dos alunos dos Cursos de ET, suas expectativas e perspectivas e algumas tendências nacionais e internacionais da especialidade que vêm norteando a trajetória dos Cursos de Especialização ao longo dos 6 anos de sua existência. Além desses elementos, evidentemente o processo avaliativo que cada enfermeiro realiza durante e ao término de cada curso, tem também direcionado as transformações delineadas no início deste relato.

AVALIAÇÃO DOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO

Durante os Cursos de Estomaterapia, ocorrem cerca de 3 encontros formais entre alunos e coordenadores, em períodos de 2 horas cada um, para exposição de questionamentos, queixas, críticas ou elogios, enfim uma avaliação do andamento do Curso e viabilização de alterações ainda no seu transcorrer. Além disso, ao seu término é fornecido a cada aluno um impresso com os itens constantes no Quadro 2, para que sejam pontuados de zero a 10, conforme correspondência de péssimo a ótimo, respectivamente. Além desta avaliação quantitativa, há também um espaço para a complementação descritiva-qualitativa. É preciso informar que tal instrumento sofreu modificações ao longo dos 6 anos, conforme eram introduzidas ou eliminadas atividades além de serem especificados alguns aspectos de itens já inseridos antes (como pode ser observado na legenda do Quadro 2).


Os valores médios obtidos para cada item no período de 1990 a 1995,estão apresentados no Quadro 2.

Os dados do Quadro 2 mostram um panorama global da avaliação dos Cursos de Estomaterapia revelando, genericamente, uma tendência positiva para médias mais elevadas de 1990 a 1994, com seu decréscimo em 1995.

Para facilitar a visualização e discussão desses dados, foram agrupados e re-apresentados na forma de gráficos.

No que tange aos aspectos organizacionais e de coordenação, aos que incorporamos a distribuição teórico-prática e os horários livres para estudo, verificamos dois momentos de declínio, em 1992 e 1995, após elevação das médias atribuídas. Em 1992, talvez o aumento do número de alunos (15) pode não ter sido acompanhado de infra-estrutura adequada. Já em 1995, a contratação de duas estomaterapeutas colaboradoras junto à coordenação, o aumento crescente dos períodos destinados a estudo e a elaboração de trabalhos além do maior encadeamento e abrangência do conteúdo programático deveria ter procedido melhor avaliação. Talvez a exigência de confecção de trabalhos científicos completos em substituição aos planos de pesquisa, embora feitos em grupo, pode ter influenciado as notas atribuídas, principalmente por tratar-se de curso em período integral com a maior parte de sua carga horária comprometida com aulas teóricas e práticas.

A avaliação das aulas teóricas nos seus três itens (conteúdo, didática e carga horária) parece comportar-se da mesma forma que os aspectos organizacionais apresentados antes, ou seja, com tendência à positividade seguida de uma redução importante em 1995. Vale ressaltar que o corpo docente que ministra os blocos teóricos é composto por diversos profissionais entre enfermeiros, médicos, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, administradores, bibliotecários e outros, geralmente especialistas dentro das temáticas que lhe são destinadas. Além disso, pertencem não só a esta como a outras Universidades e Serviços conceituados e reconhecidos dentro do país. Possivelmente os recursos didáticos e carga horária insuficientes para o pleno desenvolvimento dos temas, devam ser redimensionados.

Quanto às aulas práticas, os aspectos avaliados: supervisão e campos, revelam-se estáveis e com tendências positivas. O acompanhamento feito por ETs em praticamente todos os campos de prática (exceto um), além do fato de serem oriundos destes cursos; a crescente organização desses Serviços e Programas; a sistematização da avaliação de desempenho feita pelos supervisores de campo e a contratação de 2 ETs, conforme já mencionado anteriormente, contribuíram para a melhoria da qualidade das aulas práticas.

Figura 3


Os itens seminários e planos de pesquisa foram concentrados em uma única figura já que se referem a atividades desenvolvidas pelos alunos, individualmente ou em grupo, e que servem como elementos de avaliação de produtividade e desempenho do enfermeiro durante o Curso além de constituírem estratégias de ensino-aprendizagem.

O tempo disponível para o preparo desses trabalhos, embora pontuado em torno de 8,0, é um fator que tem sido sempre discutido e desponta como elemento negativo pela sua escassez. Além disso, sempre aparece nas sugestões escritas.

Em relação à orientação enquanto para os seminários de temas médicos e de estomaterapia, existem os coordenadores do Curso auxiliados, facultativamente, pelos debatedores (médicos e ETs), para os trabalhos de pesquisa têm sido cada vez mais contatados os mesmos profissionais com titulação mínima de doutor. Eventualmente estes têm somente o nível de mestre. Feito tal esclarecimento, a Figura 2 mostra curvas diferenciadas para esse item. Enquanto há uma certa estabilidade entre as médias atribuídas à orientação dos seminários até 1992, elas melhoram para os temas em Estomaterapia comparativamente aos médicos até 1994 e pioram acentuadamente em 1995, principalmente os primeiros. Já para os planos de pesquisa, após tendência de elevação progressiva, também há uma queda importante em 1995. A sobrecarga dos orientadores, a dificuldade de adequar horários para os encontros e a mudança para trabalhos de pesquisa completos, podem explicar tais comportamentos.


A avaliação da bibliografia (quanto a disponibilidade e atualização) manifesta-se de maneira bastante similar nos 3 gráficos, com notas gradativamente melhores até 1995, quando também decaíram como nos demais itens. Deve-se enfatizar que embora a Escola de Enfermagem disponha de uma biblioteca com o melhor e maior acervo da América Latina, uma vez que a Estomaterapia é ainda uma especialidade recente e em desenvolvimento no país, a bibliografia é restrita apesar de atualizada. Contamos com duas revistas importantes na área, quais sejam o WCET Journal e WOCN Journal, além de diversas outras norte-americanas, européias e japonesas, que também apresentam temas em Estomaterapia. Por outro lado, existem livros-textos doados ou adquiridos, teses nacionais etc. Realmente, talvez a maior dificuldade esteja no idioma desses materiais - o inglês.

Finalmente, a apresentação é um item pontuado estável e favoravelmente pelos alunos especialmente por constituir algo exclusivo, de sua responsabilidade e de seus pares.

A vivência do ser/estar ostomizado é uma estratégia incorporada somente a partir de 1992, com o uso da bolsa e ampliada em 1993, com a inclusão da dramatização, conforme já mencionado antes. Conforme se observa na Figura 4, esta atividade tem obtido, gradativamente, valores mais altos, apesar de também sofrer uma desvalorização em 1995, significativamente no aspecto da dramatização. Cumpre relembrar que a utilização da bolsa coletora passou de obrigatória em 1992 a facultativa nos anos seguintes, certamente contribuindo para uma melhor aceitação. Outrossim, tanto os depoimentos acerca desta vivência como a dramatização têm sido acompanhados não só pelos coordenadores como pelos psicólogos responsáveis pelas sessões de consultoria psicológica, objetivando resgatar aspectos relevantes e diagnósticos acerca do papel profissional e do processo de cuidar do ostomizado oriundos destas experiências. Além disso, o Curso incluirá nova dramatização ao seu término, em 1996, onde se buscará captar possíveis transformações e re-conceptualizações comparativamente a essa atividade desenvolvida, até então, somente no início do Curso.


Os demais itens de avaliação constantes no Quadro 2 - consultoria psicológica e eventos sociais - marcam a mesma trajetória da maioria dos outros aspectos, ou seja, de evolução positiva para redução brusca e acentuada dos índices médios, podendo-se atribuir-lhes as mesmas justificativas.

Para finalizar, no que tange às sugestões escritas no mesmo formulário de avaliação que originou os dados expostos no Quadro 2 e nas Figuras 1 a 4, estes referem-se basicamente à melhor distribuição das aulas teóricas e práticas (na forma de blocos); ao desenvolvimento de mecanismos de redução do estresse-distresse; à maior valorização individual e à prova, variando do aumento de sua freqüência à sua eliminação. Além disso, tem havido maior número de críticas positivas relacionadas à superação de expectativas após o Curso, ocorrendo o contrário em 1995.

Quanto aos aspectos de ordem psico-emocional referentes ao estresse e valorização pessoal, algumas estratégias foram tentadas como a tutoria, isto é, a assessoria sócio-científico-cultural prestada por ETs de Cursos anteriores às ingressantes, em 1992. Esta foi abandonada pelo seu insucesso motivado pelo reduzido número de especialistas existentes na época além das dificuldades pessoais das próprias tutoras. A consultoria psicológica, a da contratação de novas especialistas, o aumento do número de orientadores, especialmente para os planos e trabalhos de investigação e a obtenção de bolsas de estudo financiadas por um pool de empresas diminuindo os problemas de ordem financeira, são outras atividades ou alternativas criadas para a minimização dos problemas psico-emocionais apontados. O fator tempo e a distância da família, trabalho e atividades rotineiras do dia-a-dia além de diferenças culturais têm constituído barreiras para o alcance desse objetivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões geradas pelo processo avaliativo que ora realizamos do trajeto evolutivo dos Cursos de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo além de constituírem um exercício gerador de transformações recentes e futuras, colocam-nos frente a frente com a própria trajetória da especialidade no país e suas perspectivas.

"Repensar o passado só tem sentido à medida que fomenta o presente em direção ao futuro" (SANTOS, 1996).

Assim, quando BRYANT (1993) e WRIGHT (1993a; 1993b; 1993c) determinam como foco principal da Estomaterapia, em todo a sua amplitude, a relação produto X processo onde o produto refere-se às necessidades dos especialistas enquanto o processo envolve a comunicação, tempo X eficiência, aproveitamento dos talentos e a pesquisa, embora numa concepção essencialmente capitalista e idealista, essas idéias levam-nos à constatação da importância e responsabilidade atribuídas aos Cursos de Especialização, como mecanismos normais de geração dos especialistas e, portanto, também reguladores da qualidade de tal produto em direção à prática do cuidar.

Os Cursos de Estomaterapia no Brasil, certamente constituíram um marco no desenvolvimento da especialidade, aumentando quantitativa e qualitativamente, a "massa crítica" com amplas possibilidades de amadurecimento da assistência, ensino, pesquisa e assessoria/consultoria, cobrindo todas as funções básicas do especialista, além de estimular a organização e representação de classe através da Sociedade Brasileira de Estomaterapia - SOBEST, recém criada com poder e autonomia para influenciar em decisões políticas da Enfermagem brasileira.

As perspectivas apontadas para a Estomaterapia no mundo e no país, induzem à projeção de alguns desafios que nortearão as transformações pretendidas em direção a uma Estomaterapia reconhecida, exigente e atuante na América Latina:

- efetivar a organização interna (países e continente) através da formação de sociedades nacionais e latino-americana e identificação de líderes talentos;

- ampliar os cursos de especialização com revisão daqueles já existentes (três até o momento), no que se refere a conteúdo teórico-prático; qualificação de candidatos e certificação, buscando adequar-se de um lado às características regionais e de outro, às tendências internacionais;

- aprofundar as discussões éticas voltadas particularmente para o relacionamento profissional com o cliente, com outros profissionais e com empresas e

- efetivar a amplitude do papel do ET (SOBEST, 1993; SANTOS, 1994).

Assim, toda e qualquer avaliação e conseqüentes modificações feitas nos Cursos vigentes bem como o seguimento da atuação dos ETs em toda sua amplitude, comporão caminhos para o alcance das perspectivas apontadas em busca da efetivação da especialidade tanto no âmbito nacional como internacional.

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  • 15. WRIGHT, K. Pearls of experience. J.ET Nurs, v.20, n.4, p.135, 1993c.
  • 1
    Trabalho apresentado no XI Biennial Congress of WCET, Jerusalém, 1996;
    2
    Doutora do Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica da EEUSP. Estomaterapeuta. Coordenadora dos Cursos de Especialização em Estomaterapia
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Ago 2005
    • Data do Fascículo
      Jul 1998
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