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Álbum seriado para o ensino do laringectomizado

Página do Estudante

ÁLBUM SERIADO PARA O ENSINO DO LARINGECTOMIZADO

Juliana Marcela Flausino1 1 Alunas do Curso de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Bolsista do GARPO¾Laringectomizados; 2 Enfermeira. Professor Doutor junto ao Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Coordenadora do GARPO¾Laringectomizados

Janaína Zambon de Oliveira1 1 Alunas do Curso de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Bolsista do GARPO¾Laringectomizados; 2 Enfermeira. Professor Doutor junto ao Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Coordenadora do GARPO¾Laringectomizados

Márcia Maria Fontão Zago2 1 Alunas do Curso de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Bolsista do GARPO¾Laringectomizados; 2 Enfermeira. Professor Doutor junto ao Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Coordenadora do GARPO¾Laringectomizados

1. INTRODUÇÃO

A laringectomia total é considerada um procedimento cirúrgico altamente mutilatório e requer uma assistência efetiva para facilitar a reabilitação do paciente5. Como parte dessa assistência, o ensino do paciente destaca-se como um processo facilitador e no qual o paciente é um agente ativo da sua aprendizagem, do seu tratamento e reabilitação5.

Desde 1990, o ensino do laringectomizado tem sido desenvolvido pelos profissionais que atuam no Grupo de Apoio e Reabilitação de Pessoas Ostomizadas: GARPO ¾ Laringectomizados, na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Durante a realização desse processo, os profissionais sentiram a necessidade de elaborar recursos audiovisuais específicos. Assim, o objetivo deste estudo é relatar a nossa experiência no desenvolvimento de um álbum seriado e a sua aplicação no cotidiano da atuação educativa com o laringectomizado.

2. A ELABORAÇÃO DO ÁLBUM SERIADO

A maioria dos pacientes com os quais atuamos é de baixo nível sócio-educacional. Este aspecto acarreta a limitação na utilização de recursos que exijam a habilidade de leitura, como textos sobre a doença e a cirurgia. Na realidade, os pacientes apresentam uma formação educacional primária incompleta e, portanto, dificuldades para a leitura de textos de média e alta complexidade2,4.

São vários os autores que já detectaram que muitos dos folhetos educativos, na área de saúde, são elaborados requerendo um alto grau de inteligibilidade, e, assim, não conseguem atingir os objetivos a que são propostos2,4.

Por outro lado, não podemos negligenciar a função dos recursos audiovisuais no processo educativo. Eles são um auxílio para o educador, no sentido de complementar o recurso da linguagem oral, estimulando outros sentidos no educando. Os recursos audiovisuais formam uma combinação simples que oferecem melhores contingências para a aprendizagem. A criatividade do educador, aliada à consciência das funções dos componentes da aprendizagem e das características particulares dos diferentes recursos, são os elementos fundamentais para a efetividade da aprendizagem2,3,4.

Relacionando as considerações acima com o ensino do laringectomizado, foi elaborado um álbum seriado.

O álbum seriado consiste em uma coleção de folhas (cartazes) organizadas que podem conter mapas, gráficos, desenhos, textos e outros. Seu uso é extenso na área da educação em saúde e dentre as suas vantagens destacamos: direcionar a seqüência da exposição, possibilitar a imediata retomada de qualquer folha já apresentada, possibilitar a utilização de materiais diversos na sua confecção, como fotografias e desenhos, e assinalar os pontos essenciais de cada tópico apresentado2,3.

3. A ELABORAÇÃO DOS CARTAZES CONSTITUINTES DO ÁLBUM SERIADO

3.1. Tema

O tema consiste basicamente na mensagem que se pretende transmitir. Para cada cartaz o tema deve ser único, a fim de possibilitar ao paciente uma assimilação rápida2,3.

Os temas do álbum que estamos descrevendo, foram extraídos do estudo de ZAGO5 e relacionam-se com a laringe (funções e localização), a cirurgia (o procedimento e as conseqüências pós-operatórias), o auto-cuidado com o estoma e com as cânulas de traqueostomia, os exercícios de fisioterapia com o ombro, braço e pescoço, as atividades que deveriam ser observadas após a cirurgia e as características dos protetores de traqueostomia.

Os temas dos cartazes foram gerados pela convivência do educador com os pacientes, de modo participativo e, ao todo, foram elaborados 23 cartazes.

3.2. Ilustração

A ilustração refere-se ao desenho, a figura que dá vida ao cartaz2,3. No nosso caso, a maioria dos desenhos foram montados de outros fornecidos pelo AMERICAN CANCER SOCIETY1. Esses desenhos foram xerocopiados e ampliados e apresentados a 3 pacientes que sugeriram modificações que poderiam facilitar a visualização e apreensão da mensagem, segundo as suas características educacionais e culturais. Algumas das ilustrações foram elaboradas pelos próprios pacientes.

3.3. O texto

No cartaz, o texto deve completar a mensagem expressa pela ilustração. Deve ser breve, direto, simples, usando linguagem correta e especialmente compreensível à clientela a que se destina2,3. Os textos dos cartazes foram validados pelos pacientes quanto ao seu conteúdo.

Os textos foram escritos utilizando-se um estilo de letras simples e fáceis de serem lidas, sem fantasias. O tamanho das letras é proporcional à distância a que o cartaz será lido2,3, ou seja, um metro, o que requereu letras com altura menor a um centímetro.

3.4. Cor

A cor é um importante fator na comunicação visual gráfica. Os estudos sobre a utilização das cores e seu efeito sobre as pessoas têm sido cada vez mais aprofundados, em virtude do seu poder em despertar a atenção do espectador2,3.

Os cartazes foram coloridos com ajuda do programa de computação gráfica Corel Photo-Paint, usando no máximo três cores, além da cor de fundo. Lembramos que o cartaz excessivamente colorido prejudica a mensagem a ser transmitida. Procuramos estabelecer uma escala monocromática (com variação de intensidade de uma mesma cor) e cores complementares (cores contrastantes, gerando impacto ao olhar).

3.5. Distribuição dos elementos

No lay-out ou distribuição de elementos, foi considerado o foco (centro de interesse do cartaz, para onde o paciente deve dirigir o olhar), o equilíbrio (distribuição dos elementos em função do seu peso na área total que deve ser simétrico ou assimétrico), da harmonia (coerência entre ilustrações, texto e cores, transmitindo a sensação de harmonia ao cartaz), ritmo (distribuição dos elementos segundo formas conhecidas, como em círculo, em X, em T, em L, em cruz) e simplicidade (eliminando tudo o que é supérfluo no cartaz e que possa desviar a atenção do observador)2,3.

Os cartazes foram produzidos em folha de papel sulfite, considerado de tamanho adequado para os objetivos a que se propõe.

Para que pudessem ser manuseados com freqüência e não perdessem suas características, eles foram plastificados, folha a folha, e agrupados num álbum seriado.

4. A UTILIZAÇÃO DO ÁLBUM SERIADO

Desde a sua elaboração em 1990, o álbum seriado, como recurso audiovisual para o ensino do laringectomizado, tem-se mostrado um excelente meio educativo. Atualmente a sua utilização ocorre em todos os momentos em que os profissionais de saúde (enfermeiros, assistente social, fonoaudióloga e cirurgiões) contatam com o paciente. Devido ao seu tamanho e a plastificação das folhas, ele é facilmente carregado e utilizado nas enfermarias, no ambulatório e nas reuniões grupais dos pacientes.

Por outro lado, como os cartazes foram plastificados individualmente, estes podem ser substituídos por outros ou modificados, se necessário.

Quanto ao custo, podemos afirmar que o álbum seriado teve um custo baixo, requerendo apenas criatividade e motivação para a sua elaboração.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

01. AMERICAN CANCER SOCIETY. First Aid for laryngectomees. New York. 1971.

02. DOAK, C.C.; DOAK, L.G.; ROOT, J.H. Teaching patients with low literacy skills. 2. ed. Philadelphia: J.B. Lippincott. 1996.

03. FERREIRA, O.M.C.; SILVA JÚNIOR, P.D. Recursos audiovisuais no processo ensino-aprendizagem. São Paulo: Pedagógica & Universitária. 1986.

04. RANKIN, S.H.; STALLINGS, K.D. Patient education: issues, prrnciples, practices. 3. ed. Philadelphia: Lippincott. 1996.

05. ZAGO, M.M.F. Plano de ensino para o preparo da alta hospitalar do paciente laringectomizado. 1990. 146 p. Ribeirão Preto. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo.

  • 1
    Alunas do Curso de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Bolsista do GARPO¾Laringectomizados;
    2
    Enfermeira. Professor Doutor junto ao Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Coordenadora do GARPO¾Laringectomizados
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Jun 2005
    • Data do Fascículo
      Jan 2000
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