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Enfermeiros assistenciais das instituições psiquiátricas de Ribeirão Preto: caracterização, formação e atuação

Enfermeros asistenciales de las instituciones psiquiátricas de Ribeirão Preto: caracterización, formación y actuación

Clinical nurses working in psychiatric institutions at the city of Ribeirão Preto: characteristics, education and performance

Resumos

Estudo quanti-qualitativo, com proposta de caracterizar enfermeiros que trabalham em instituições psiquiátricas em Ribeirão Preto, focalizar sua formação, identificar ações de enfermagem que referem desenvolver rotineiramente e relacionar formação, prática e conhecimento considerado específico da área pelos mesmos. As discussões dos resultados foram alicerçadas em autores que trabalham com o ensino e a pesquisa em enfermagem e enfermagem psiquiátrica. Os dados evidenciaram pessoas predominantemente do sexo feminino, em fase adulta, com tempo razoável de serviço na área. A maioria não procurou por cursos de especialização e atualização, não participou de treinamentos e eventos de enfermagem. Entre ações que os enfermeiros revelaram realizar destacam-se as de natureza burocrática-administrativas. Consideram alguns temas como conhecimento específico da enfermagem psiquiátrica, o mais enfatizado foi o relacionamento terapêutico. Apontaram ainda algumas dificuldades e facilidades para sua formação/atualização.

enfermagem psiquiátrica; saúde mental; enfermeiros; prática profissional


Estudio cuanti-cualitativo, buscando caracterizar los enfermeros que trabajan en instituciones psiquiátricas en Ribeirão Preto, focalizar su formación, identificar acciones de enfermería que dicen realizar de forma rutinaria y relacionar la formación, la práctica y el conocimiento considerado por ellos mismos, específicos del área. Los resultados mostraron personas predominantemente de sexo femenino, en etapa adulta, con tiempo razonable de servicio en el área. La mayoría no ha buscado curso de especialización y actualización, no participó en entrenamientos y eventos de enfermería. Entre las acciones que los enfermeros manifiestan realizar se destacan las de naturaleza burocrático-administrativas. Consideran algunos temas como conocimiento específico de la enfermería psiquiátrica, entre ellos el más enfatizado fue la relación terapéutica. Enunciaron también dificultades y facilidades para su formación/actualización.

enfermería psiquiátrica; salud mental; enfermeros; práctica profesional


This is a quanti-qualitative study that had the purpose to characterize nurses who work in psychiatric institutions at the city of Ribeirão Preto, focussing on their education, identifying nursing actions that those professionals perform daily and finding out about practice and knowledge that they consider specific to their area. The discussions on the results were based on authors who study psychiatric nursing teaching and research. Data evidenced a sample mainly formed by adult women, with a reasonable period of service in the area. The majority of the professionals did not search for specialization or continuing education courses and did not participate in training courses and scientific events. Among the actions that nurses perform daily, the bureaucratic-administrative ones are emphasized. They mentioned some themes such as specific knowledge on psychiatric nursing, especially therapeutic relationship. They also pointed out some difficulties and facilities they found regarding their professional education and knowledge updating.

psychiatric nursing; mental health; nurses; professional practice


Artigo Original

ENFERMEIROS ASSISTENCIAIS DAS INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS DE RIBEIRÃO PRETO: CARACTERIZAÇÃO, FORMAÇÃO E ATUAÇÃO

Maria Conceição B. Mello e Souza1 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Marcia Bucchi Alencastre1 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Toyoko Saeki1 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Estudo quanti-qualitativo, com proposta de caracterizar enfermeiros que trabalham em instituições psiquiátricas em Ribeirão Preto, focalizar sua formação, identificar ações de enfermagem que referem desenvolver rotineiramente e relacionar formação, prática e conhecimento considerado específico da área pelos mesmos. As discussões dos resultados foram alicerçadas em autores que trabalham com o ensino e a pesquisa em enfermagem e enfermagem psiquiátrica. Os dados evidenciaram pessoas predominantemente do sexo feminino, em fase adulta, com tempo razoável de serviço na área. A maioria não procurou por cursos de especialização e atualização, não participou de treinamentos e eventos de enfermagem. Entre ações que os enfermeiros revelaram realizar destacam-se as de natureza burocrática-administrativas. Consideram alguns temas como conhecimento específico da enfermagem psiquiátrica, o mais enfatizado foi o relacionamento terapêutico. Apontaram ainda algumas dificuldades e facilidades para sua formação/atualização.

UNITERMOS: enfermagem psiquiátrica, saúde mental, enfermeiros, prática profissional

CLINICAL NURSES WORKING IN PSYCHIATRIC INSTITUTIONS AT THE CITY OF RIBEIRÃO PRETO: CHARACTERISTICS, EDUCATION AND PERFORMANCE

This is a quanti-qualitative study that had the purpose to characterize nurses who work in psychiatric institutions at the city of Ribeirão Preto, focussing on their education, identifying nursing actions that those professionals perform daily and finding out about practice and knowledge that they consider specific to their area. The discussions on the results were based on authors who study psychiatric nursing teaching and research. Data evidenced a sample mainly formed by adult women, with a reasonable period of service in the area. The majority of the professionals did not search for specialization or continuing education courses and did not participate in training courses and scientific events. Among the actions that nurses perform daily, the bureaucratic-administrative ones are emphasized. They mentioned some themes such as specific knowledge on psychiatric nursing, especially therapeutic relationship. They also pointed out some difficulties and facilities they found regarding their professional education and knowledge updating.

KEY WORDS: psychiatric nursing, mental health, nurses, professional practice

ENFERMEROS ASISTENCIALES DE LAS INSTITUCIONES PSIQUIÁTRICAS DE RIBEIRÃO PRETO: CARACTERIZACIÓN, FORMACIÓN Y ACTUACIÓN

Estudio cuanti-cualitativo, buscando caracterizar los enfermeros que trabajan en instituciones psiquiátricas en Ribeirão Preto, focalizar su formación, identificar acciones de enfermería que dicen realizar de forma rutinaria y relacionar la formación, la práctica y el conocimiento considerado por ellos mismos, específicos del área. Los resultados mostraron personas predominantemente de sexo femenino, en etapa adulta, con tiempo razonable de servicio en el área. La mayoría no ha buscado curso de especialización y actualización, no participó en entrenamientos y eventos de enfermería. Entre las acciones que los enfermeros manifiestan realizar se destacan las de naturaleza burocrático-administrativas. Consideran algunos temas como conocimiento específico de la enfermería psiquiátrica, entre ellos el más enfatizado fue la relación terapéutica. Enunciaron también dificultades y facilidades para su formación/actualización.

TÉRMINOS CLAVES: enfermería psiquiátrica, salud mental, enfermeros, práctica profesional

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objeto de estudo a caracterização dos enfermeiros assistenciais das instituições psiquiátricas de Ribeirão Preto - São Paulo, sua formação, o conhecimento específico na área e descrever as ações de enfermagem por eles desenvolvidas no dia a dia, conforme seus próprios relatos.

A escolha do objeto de estudo deveu-se às reflexões provenientes de minha prática enquanto enfermeira psiquiátrica assistencial e minha formação. Após o mestrado, onde realizei um levantamento bibliográfico da produção da enfermagem psiquiátrica no Brasil, no período de 1932 a 1993, algumas questões começaram a me mobilizar. Como o conhecimento produzido chega para os enfermeiros assistenciais? Como estes, por sua vez, participam de eventos informativos e atualizadores da área? Como absorvem em sua prática o conhecimento teórico produzido?

LOPES (1983) preocupou-se com questões semelhantes a estas. Investigou enfermeiros assistenciais que atuavam em diferentes serviços de saúde de um município do Estado de São Paulo, com o intuito de verificar a produção dos mesmos em relação à pesquisa em enfermagem e identificar os fatores facilitadores e limitantes do desenvolvimento da pesquisa no campo da enfermagem. Minhas inquietações estão voltadas especificamente para os enfermeiros psiquiátricos assistenciais, questionando se estes aplicam os conhecimentos já adquiridos, se recebem novos conhecimentos e como os absorvem em sua prática assistencial.

Um levantamento bibliográfico mais atualizado das publicações da enfermagem psiquiátrica no Brasil, acrescido ao conteúdo de minha dissertação de mestrado (SOUZA,1995), minha experiência anterior como enfermeira assistencial e atualmente docente e pesquisadora na área, levaram-me a pensar que houve uma ampliação dos conceitos teóricos da enfermagem psiquiátrica, que não foram incorporados pela prática assistencial na mesma proporção.

Mediante estas considerações é que propus, para a presente investigação, caracterizar os enfermeiros que trabalham em instituições de assistência psiquiátrica na cidade de Ribeirão Preto, focalizando sua formação; identificar as ações de enfermagem que estes profissionais referem desenvolver rotineiramente; relacionar formação, prática e conhecimento considerado específico da área pelos enfermeiros.

Acredito que estas informações poderão trazer um maior conhecimento sobre os profissionais que estão atuando na área, subsidiando investimentos na formação destes recursos humanos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este é um estudo de natureza quanti-qualitativo. Conforme Gurvitch apud MINAYO (1996) as modalidades de pesquisa – quantitativo/qualitativo, subjetivo/objetivo – são interdependentes, interagem e não podem ser pensadas de forma dicotômica.

A opção em trabalhar exclusivamente com enfermeiros que atuam em locais que oferecem assistência psiquiátrica e de saúde mental, na cidade de Ribeirão Preto, é por esta ser um importante centro educacional e de atenção à saúde da região nordeste do estado de São Paulo e estados vizinhos e dispor de vários equipamentos na área investigada.

Neste trabalho, a população foi constituída por 30 enfermeiros que atuavam nas seguintes instituições psiquiátricas: doze no Hospital Psiquiátrico de Ribeirão Preto (HPRP), seis na Unidade de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (UPHCFMRP/USP), quatro no Sanatório Espírita Vicente de Paula (SEVP), quatro no Núcleo de Atenção Psicossocial – I (NAPS– I), dois no Núcleo de Atenção Psicossocial - Farmacodependentes (NAPS–F) e dois no Hospital Dia do Departamento de Neuropsiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HD). Os demais equipamentos de saúde do município que desenvolvem, entre outras atividades, ações de atenção à saúde mental, não possuem enfermeiros designados especificamente para a área.

Os critérios de escolha para inclusão dos profissionais na pesquisa foram que os mesmos estivessem contratados pela instituição e trabalhassem exclusivamente na área. Não fizeram parte deste estudo os enfermeiros contratados pela Lei Complementar nº 733 de 23/11/93, que dispõe sobre a admissão de servidores em caráter temporário na área da saúde e complementada pelo Decreto nº 38.888 de 01/07/94 que estabelece a admissão pelo período máximo de 12 meses (BRASIL...,1993b;1994).

Para coleta de dados optamos pela entrevista semi-estruturada, seguindo um roteiro previamente elaborado, contendo em uma primeira parte dados de identificação, formação profissional e sobre o trabalho, seguido de perguntas de natureza descritivas, sobre a participação em eventos, acesso à produção, conhecimento e utilização dos trabalhos de pesquisa em enfermagem.

O passo seguinte foi encaminhar um ofício aos responsáveis pelas instituições, solicitando autorização para entrevistar os enfermeiros e apresentando a justificativa e objetivos do trabalho, com o projeto de pesquisa anexado. Nas instituições que possuem Comitê ou Comissão de Ética, o projeto foi encaminhado para análise. Somente após a aprovação da instituição e/ou Comitê de Ética é que procuramos os enfermeiros, apresentando a proposta do estudo, solicitando a colaboração e agendando as entrevistas de acordo com as possibilidades dos mesmos.

O próprio pesquisador realizou as entrevistas, no período de dezembro de 1997 a julho de 1998, em locais e horários previamente estabelecidos.

As entrevistas foram gravadas em fitas cassetes com o consentimento dos sujeitos e numeradas para assegurar o anonimato dos mesmos.

O tempo de entrevista variou de 20 minutos a uma hora e 25 minutos. As mesmas foram transcritas na íntegra pela pesquisadora e por uma enfermeira especialista em apoio à pesquisa, o mais perto possível de sua realização.

As informações contidas nas entrevistas foram lidas repetida e atentamente, permitindo apreender as idéias centrais transmitidas pelos sujeitos. A seguir, agrupamos as respostas por pergunta e classificamos segundo convergências ou divergências entre elas.

Após a categorização os dados foram codificados e transpostos para uma planilha, sendo formatados no programa FOX PRO-2 e analisados no programa EPIINFO-6. Estes procedimentos foram realizados com o auxílio de uma enfermeira especialista em laboratório da EERP/USP.

Para análise dos dados foram utilizadas operações estatísticas simples em porcentagem e cruzamento de variáveis. Para fundamentar as discussões busquei trabalhos de estudiosos sobre o ensino de enfermagem psiquiátrica no Brasil como FERNANDES (1982); BRAGA (1998); KANTORSKI (1998), sobre a especialização em enfermagem psiquiátrica no estudo de SAEKI & RODRIGUES (1995) e sobre a pesquisa em enfermagem psiquiátrica em LOPES (1983; 1990); SADISGURSKI et al.(1998), entre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados em três etapas conforme descrevemos a seguir.

1. Caracterização dos enfermeiros que trabalham nas instituições de assistência psiquiátrica em Ribeirão Preto, segundo dados demográficos e formação profissional

A idade dos sujeitos estudados variou de 24 a 48 anos. Do total de enfermeiros, 90,0% encontravam-se entre 30 e 48 anos, o que caracteriza uma população madura.

Segundo D'ANDREA (1984), dos 35 aos 50 anos, aproximadamente, o indivíduo consegue atingir a maturidade propriamente dita. A maturidade é alcançada quando o indivíduo tem uma identidade formada, está definido profissionalmente e apto a associar-se a outras pessoas em condições de igualdade, sendo capaz de viver intimamente com um membro do sexo oposto.

Dos 30 investigados, 24 (80,0%) eram do sexo feminino. A presença do sexo feminino na profissão é marcante, pois de um modo geral a enfermagem é considerada uma profissão eminentemente feminina.

Em relação ao estado civil, 14 (46,7%) eram solteiros e 16 (53,3%) casados ou já o foram. O número de filhos variou de um a três. Percebemos na população em estudo que embora ela seja predominantemente feminina e em período fértil de reprodução, o número de filhos foi relativamente reduzido.

Conforme podemos verificar na Tabela 1, o tempo de formado dos sujeitos variou de 24 a 276 meses, ou seja, de 2 a 23 anos. Notamos que 26 (86,6%) dos enfermeiros da área estavam formados de 8 a 23 anos, podendo significar que eles têm relativamente um longo tempo de atividade profissional.

Dos enfermeiros estudados encontramos que 19 (63,3%) prestavam serviços na área, no período de 72 a mais que 192 meses, ou seja, de 6 a mais de 16 anos, o que nos leva a supor que são indivíduos experientes pelo tempo de serviço. Estes dados, colocados frente à maioria, nos mostraram que 24 (80,0%), estavam formados de 96 a 239 meses, ou seja, de 8 a 19 anos e 11 meses, sugerindo que alguns enfermeiros tiveram uma experiência profissional anterior à exercida na área de enfermagem psiquiátrica.

Ainda em relação à formação profissional, após a graduação em enfermagem, dos 30 entrevistados, 16 (53,3%) não fizeram curso de especialização na área; nove (30,0%) eram especialistas em enfermagem psiquiátrica e cinco (16,7%) estavam realizando curso desta natureza no momento da coleta de dados.

Através dos dados empíricos, pudemos observar que os enfermeiros especialistas foram absorvidos pelos serviços das instituições de atendimento psiquiátrico da cidade. Os cinco que estavam cursando especialização realizavam-na concomitantemente com o trabalho.

Isto nos faz pensar que, além das exigências do mercado de trabalho neste mundo globalizado, a Reforma Psiquiátrica, tão discutida na área, tem mobilizado as instituições e enfermeiros em busca de conhecimentos novos para dar conta de propostas assistenciais inovadoras no cuidado ao indivíduo em sofrimento mental. Apesar disto é importante salientar que mais da metade da população em estudo não era especialista.

Quanto aos cursos de aperfeiçoamento e atualização na área, 20 (66,7%) não participaram de nenhum curso desta natureza. Dados preocupantes, pois os cursos são oferecidos para complementar conteúdos adquiridos na graduação, renovar conhecimentos e proporcionar troca de experiências entre os participantes, reciclando os profissionais e viabilizando melhor assistência.

2. Características relativas ao emprego e às atividades dos enfermeiros nas instituições de assistência psiquiátrica em Ribeirão Preto

Neste tópico focalizamos o tempo de serviço na área de psiquiatria, cargos que ocupam atualmente nas instituições, cargas horárias semanais, tipos de inserção, turnos de trabalho, salários e carga horária. Em uma segunda etapa realizamos análise das atividades que eles desenvolvem rotineiramente, nos seus locais de serviço.

2.1 Dados relativos aos locais de trabalho e vínculos com as instituições mantenedoras

Dos entrevistados, 22 (73,3%) estavam alocados em hospitais que oferecem internação integral, com 100 leitos para agudos no HPRP; 14 na UPHCFMRP- USP disponíveis para pacientes em crises agudas da doença; 207 leitos para pacientes crônicos "moradores" no HPRP e 54 no SEVP.

Cabe enfatizarmos que o governo municipal anterior (1993-1996) preocupou-se com as questões da Saúde Mental ancoradas nos princípios da Reforma Psiquiátrica. Tanto que neste período foi promulgada a Lei Orgânica que visa o fim dos manicômios e criado o Conselho Municipal da Reforma Psiquiátrica. Apesar da rede de saúde apresentar uma tendência para a assistência extra-hospitalar, os serviços de apoio ainda são insuficientes para atender a demanda.

Dos 30 enfermeiros pesquisados, 14 (46,7%) trabalhavam em instituição psiquiátrica de 12 a 71 meses, ou seja, de 1 a 5 anos e 11 meses, significando que podem ter prestado serviço de assistência psiquiátrica em outros locais, além do atual.

Os cargos ocupados pelos enfermeiros nas instituições em que estão inseridos são: seis (20,0%) ocupam cargos de enfermeiro-chefe ou gerente técnico* 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e a maioria, ou seja, 23 (76,7%) estavam no cargo de enfermeiro. Um enfermeiro (3,3%) acumulava o cargo de gerente-técnico e de enfermeiro.

Esclarecemos que cada uma das instituições possuia um organograma diferente, a critério de sua administração e, dependendo da instituição, as designações referentes aos cargos também variavam.

Os 17 (56,7%) enfermeiros contratados pelo Regime CLT** 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo tinham carga horária semanal que variou de 20 a 40 horas. Os quatro (13,3%) desenvolviam suas atividades de acordo com a Lei-500*** 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e cumprem carga horária semanal de 30 horas. Os nove (30,0%) que eram estatutários**** 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo trabalhavam 20, 30 ou 40 horas semanais.

SAEKI (1981), investigando profissionais de enfermagem que prestavam assistência ao doente mental internado em hospitais psiquiátricos do Estado de São Paulo, apontou que, na época, os enfermeiros que atuavam na área, praticamente um enfermeiro por hospital, não trabalhavam nos finais de semana, mas em sua maioria cumpriam uma carga horária igual ou maior que 40 horas semanais.

Atualmente, os hospitais psiquiátricos especializados devem obedecer às normas que constam na Portaria nº 83, de 23/07/93 e uma delas é manter, no mínimo, um enfermeiro das 19:00 às 7:00 horas para cada 240 leitos (BRASIL...,1993a). Além disso, devem também seguir a resolução COFEn-146, que normatiza, em âmbito nacional, a obrigatoriedade de haver enfermeiro em todas as unidades de serviço onde são desenvolvidas ações de enfermagem, durante o período de funcionário da instituição de saúde (COFEn, 1997).

Ao investigarmos sobre número de empregos, observamos que entre os enfermeiros destacam-se alguns que, além de trabalharem na instituição psiquiátrica em que foram entrevistados, assumiam outros empregos ligados ou não à área de saúde. Destes, onze (36,7%) possuíam dois empregos e três (10,0%) três empregos.

Para PITTA (1990), o regime de turnos e plantões abre a perspectiva de duplos empregos e jornadas de trabalho, comuns entre os trabalhadores da saúde, principalmente em um país onde os baixos salários pressionam para tal.

A renda mensal de 86,7% dos sujeitos era menor do que 10 salários mínimos. Parece-nos que estes, à medida que as necessidades sociais se fazem presentes, procuram um outro emprego para aumentar sua renda, possibilitando-lhes, além da sobrevivência, algum nível de consumo.

Ao analisarmos como os enfermeiros sentiam-se em relação à sua jornada de trabalho, obtivemos 23 (76,7%) respostas apontando para satisfação com o tipo de jornada desenvolvida.

O motivo de satisfação mais evidente nas falas dos sujeitos foi a diminuição da carga horária para 30 horas semanais. Eles referiram que assim é possível organizar melhor o trabalho e de maneira menos estressante. Quatro (13,3%) mostraram-se insatisfeitos.

Pudemos pinçar dos relatos sobre insatisfação, a questão do turno não-fixo, a não-continuidade do trabalho e o estresse acarretado pelo tipo de serviço.

Três (10,0%) referiram satisfação e insatisfação ao mesmo tempo. Por um lado pareciam estar satisfeitos com a jornada desenvolvida, com a carga horária menor, mas também mencionaram seu descontentamento com algumas situações como plantões em finais de semana, a descontinuidade do serviço e a falta de contato com pessoal de outros horários.

MARZIALLE (1990) estudou os sinais e sintomas de fadiga mental, apresentados por enfermeiros atuantes em instituição hospitalar com esquema de trabalho em turnos alternantes, e observou que estes provocam mudanças nos horários de alimentação, participação na vida familiar e social, cuja conseqüência imediata ou tardia implica em sofrimento para o indivíduo, tanto de ordem biológica, como psicológica e social.

Para a autora, o ambiente hospitalar, por si só, gera estresse não apenas nos pacientes e seus familiares, devido à situação de internação e doença, mas também nos profissionais que ali atuam.

2.2. Atividades que os enfermeiros desenvolvem rotineiramente nos locais de atendimento psiquiátrico

Para empreendermos discussão a respeito das atividades rotineiras desempenhadas pelos enfermeiros nas instituições em que prestam assistência, agrupamos segundo uma categorização adaptada da descrita por XAVIER et al. (1987), conforme segue:

- Ações de natureza propedêutica e terapêutica complementares ao ato médico e de outros profissionais, são aquelas que apoiam o diagnóstico e o acompanhamento do processo. Estas incluem a observação do estado do paciente, controle de sinais vitais, controle de líquidos, colheita de amostras para exames laboratoriais, contenção física do paciente, administração de medicamentos, oxigenoterapia, entre outras, que necessitam de prescrição para serem efetuadas. Nas descrições dos entrevistados destacamos um relato que aponta para estas ações:

"...se tiver alguns cuidados mais invasivos, geralmente aqui na enfermaria é o enfermeiro que faz né, tipo assim, uma sondagem, uma sondagem vesical, uma sondagem gástrica, né...". (E21)

- Ações de natureza terapêutica e propedêutica da enfermagem, cujo foco está na organização da totalidade da atenção de enfermagem prestada à clientela, são as que caracterizam a necessidade de tempo e continuidade do trabalho da enfermagem, como exemplo cuidados de higiene, atividades que promovem segurança ao paciente, assim como aquelas referentes ao trabalho educativo, realizado com a clientela. A seguir pontuamos algumas falas que exemplificam estas ações:

"Eu faço alguns atendimentos individuais com os pacientes que eu sou profissional de referência, hoje quatro pacientes, é essa média para cada profissional...". (E04)

"...desenvolvo atividades de assistência ao paciente, ajudo a dar banho, medicação, alimentação se for o caso, né?..." (E17)

- Ações de natureza administrativa e burocrática compreendem todas as referentes ao planejamento, gestão, coordenação, supervisão e avaliação da assistência de enfermagem e aquelas que podem ser delegadas e efetuadas por outros, que não necessariamente o enfermeiro. Os profissionais referem desenvolver atividades desta natureza, conforme o seguinte relato:

"...pedido de mês era só eu que fazia, então a gente fez uma divisão e eu divido isso com a enfermeira da tarde, então um mês eu faço e o outro ela faz. O pedido de almoxarifado, tanto da limpeza, como da enfermagem é a gente que faz a previsão e faz o pedido. Outra coisa que de manhã é muito... a questão da manutenção de coisa quebrada... tem privada entupida, chuveiro não tá funcionando, lâmpada queimada, e aí pego o telefone e ligo para a manutenção". (E28)

Notamos que as ações de natureza administrativa e burocrática são desenvolvidas de maneira geral por todos enfermeiros, apesar de que nos Núcleos de Atenção Psicossocial e Hospital-Dia elas foram mencionadas com mais freqüência pelo gerente e enfermeira-chefe.

- Ações de natureza pedagógicas incluem os treinamentos, formação e educação continuadas, dirigidas ao pessoal de enfermagem. Os profissionais das unidades do HCFMRP-USP participam de supervisões de casos clínicos, com médicos e residentes, as quais são direcionadas para o ensino e auxiliam a equipe para que seja melhorada a assistência aos doentes internados. Também referiram participar da orientação dos estagiários de várias áreas em formação. Para exemplificar citamos a fala:

"...junto à assistência a gente auxilia também no ensino de várias áreas..." (E14)

Neste estudo utilizamos ainda uma outra categoria que denominamos de ações realizadas em grupos tanto com pacientes quanto com equipe. Atualmente elas têm sido freqüentes no trabalho da enfermagem psiquiátrica.

Após agruparmos as ações rotineiras, descritas pelos enfermeiros, observamos que estas ainda tendem para atividades administrativas, de gerenciamento de unidades e burocráticas, que vão desde o encaminhamento de papéis ao controle de freqüência e saídas de funcionários.

Autores que estudaram a prática de enfermagem psiquiátrica, em várias instituições de assistência, tais como FRAGA (1992) e SAEKI (1994), entre outros, vêm confirmar estas informações, pois suas investigações revelaram que as atividades dos enfermeiros ocorrem prioritariamente na área burocrático-administrativa.

3. Informações sobre participações em eventos, acesso à produção de enfermagem e conhecimentos adquiridos

Das respostas dos enfermeiros, pudemos apreender que 18 (60,0%) deles não participaram de nenhum tipo de evento, oito (26,7%) procuraram por eventos da área, três (10,0%) freqüentaram eventos informativos da área e de outras especialidades e um (3,3%) esteve em um simpósio não relacionado à psiquiatria.

Os que não têm participado, alegaram falta de tempo, citando como causas a carga horária e plantões; questões financeiras; problemas pessoais e familiares; falta de incentivo; acomodação e cansaço ou não liberação da instituição provedora.

Segundo CASTRO et al. (1985) e LOPES (1990), que investigaram respectivamente os enfermeiros assistenciais de um Centro de Terapia Intensiva de um Hospital Geral do Rio de Janeiro e enfermeiros do Estado de São Paulo, sobre a utilização da produção de conhecimento na prática, a baixa participação dos enfermeiros nos congressos e outros eventos informativos, os quais representam meios de divulgação da produção mais recente destes profissionais, contribui para o pouco envolvimento dos mesmos no consumo de pesquisas.

No que se refere à participação em treinamentos na área, 23 (76,7%), mencionaram não freqüentar nenhum, alegando que as instituições em que estão inseridos não os ofereceram ou não tiveram oportunidade de participar, seja por falta de tempo, devido à carga horária, ou por comodidade e problemas pessoais.

Para FERRAZ (1989), a educação continuada oferece o caminho para o enfermeiro apropriar-se do seu exercício profissional, tornando-o capaz de refletir, de analisar suas experiências e possibilitando-lhe uma nova maneira de "ver" a enfermagem.

Pensamos que a enfermagem necessita trazer para a prática discussões de artigos publicados pelos próprios enfermeiros, estudos de casos, bem como propor e oferecer treinamentos para os auxiliares de enfermagem e enfermeiros novos, além de reciclagem para os antigos.

Entretanto, os treinamentos e capacitações desenvolvidas dentro dos hospitais não devem ater-se exclusivamente a aulas, cursos e palestras voltados apenas para o treinamento técnico, satisfazendo algumas exigências da instituição. Faz-se necessário um acompanhamento mais próximo do pessoal, com supervisões sistematizadas que visem também às relações humanas no trabalho.

Quando abordamos os entrevistados a respeito do acesso às publicações de enfermagem, verificamos que 18 (60,0%) deles referiram não ter acesso a nenhuma delas, justificando ser por falta de interesse e acomodação, falta de tempo e de divulgação dos periódicos.

Em relação à leitura de publicações de enfermagem, 15 (50,0%) mencionaram que lêem. Destes, nove (60,0%) informaram que fazem leitura de várias publicações, incluindo livros, artigos ligados à área, Jornal do Sindicato de Enfermeiros, folhetos informativos, lançados pelo Ministério da Saúde e outros sem especificação; três (20,0%) referiram ler o Jornal do COREn e ou ABEn, um (6,7%) periódicos nacionais (Revista Brasileira de Enfermagem e Revista Latino Americana de Enfermagem), um (6,7%) mencionou ler teses ou dissertações de mestrado e um (6,7%) disse ler o Jornal do COREn e outros.

Quanto a ser assinante de periódicos, 27 (90,0%) deles responderam negativamente. Os motivos mencionados foram os seguintes: questões financeiras, acomodação, falta de interesse, iniciativa e motivação, falta de informação e divulgação de periódicos.

Quando abordados sobre freqüentar bibliotecas, 21 (70,0%) referiram não freqüentá-las, justificando como causas: falta de interesse, tempo, acomodação ou empréstimos de livros junto a colegas.

Para LOPES (1983,1990), não era esperado que os enfermeiros assistenciais, em decorrência de suas atividades, tivessem ânimo ou condições para que, ao final do expediente, pudessem desenvolver qualquer atividade relacionada com pesquisas e se sentissem estimulados a utilizar o seu tempo disponível em bibliotecas.

Em relação a receber supervisão do trabalho desenvolvido, 21 (70,0%) negaram e nove (30,0%) informaram que a recebem. As supervisões eram realizadas pelos chefes de enfermagem, diretoras de enfermagem ou gerentes (66,7%), profissional externo ao serviço (22,2%) e por diretor clínico e coordenador de saúde mental (11,1%).

Os enfermeiros informaram que as supervisões podem ser sistematizadas ou não. Consideram sistematizadas aquelas que têm uma certa freqüência, local e horário determinados. As não-sistematizadas acontecem esporadicamente, em situações de trabalho, quando o enfermeiro não consegue resolver sozinho.

Parece-nos que os enfermeiros vêem no supervisor aquele que os auxilia a resolver os problemas que surgem na unidade, aquele que verifica as freqüências e que lhes dá respaldo ou ainda que faz suas avaliações. Percebemos também que alguns compreendem que a supervisão deve ser feita por alguém de fora da instituição, que tenha um outro olhar sobre o serviço, possibilitando a discussão do trabalho que está sendo desenvolvido.

Conforme SILVA (1991), as atividades de supervisão abrangem três dimensões: controle, ensino e articulação política. No entanto, a autora identificou na produção teórica, acerca de supervisão em enfermagem, acentuada ênfase no caráter normatizador e fiscalizador dessa atividade.

Autores como TRAVELBEE (1969) e MASCARENHAS (1989?) têm se preocupado em definir e valorizar a supervisão como uma oportunidade de articulação entre a teoria e a prática.

Quanto a participação dos enfermeiros em reuniões de equipes, discussões de casos ou grupos de estudos no serviço, 23 (76,7%) declararam participar destas atividades. Estes mencionaram que as reuniões são sistematizadas com horários e dias marcados e diferem no seu funcionamento. Cabe-nos ressaltar que existem especificidades nos diferentes locais em que os enfermeiros trabalham.

Entendemos que a iniciativa de criar espaços para discussão de assuntos administrativos, trocas de experiências, leituras e reflexões de textos é recente na prática da enfermagem psiquiátrica e, portanto, deve ser valorizada. Novos conhecimentos podem ser articulados através destes canais.

Entre os entrevistados, 25 (83,4%) relataram estar ocorrendo mudanças em seu serviço. De modo geral, os dados mostraram-nos que, nas instituições de assistência psiquiátrica tradicionais, as mudanças foram mais administrativas e no sentido de melhorar o atendimento ao indivíduo em sofrimento mental. Os Núcleos de Atenção Psicossocial, considerados equipamentos novos de assistência encontram-se, ainda, praticamente, em fase de experimentação.

As modificações ocorridas, possivelmente, são provenientes de reflexões das equipes de cada instituição e também influenciadas pelas diretrizes da política de saúde mental vigente no país.

Os conhecimentos considerados, pelos entrevistados, como específicos da área encontram-se na Tabela 2.

É importante salientar que 46,7% da população estudada consideraram o relacionamento terapêutico como conhecimento específico da enfermagem psiquiátrica. Este grupo está representado por 14 enfermeiros, sendo que cinco deles ainda estavam freqüentando o curso de especialização em enfermagem psiquiátrica, quatro já haviam concluído o mesmo e outros cinco não o freqüentavam.

De acordo com FERNANDES (1982), desde o final da década de 60, o relacionamento terapêutico com os pacientes, familiares e equipe passou a ser o enfoque do ensino da enfermagem psiquiátrica. Outros autores como BRAGA (1998) e KANTORSKI (1998), também investigando sobre o ensino de enfermagem psiquiátrica, confirmaram a importância dada ao processo interpessoal.

Em relação a novos conhecimentos adquiridos sobre enfermagem psiquiátrica e/ou psiquiatria, 25 (83,3%) disseram recebê-los. Agrupamos estes em: Políticas de Saúde Mental (reforma psiquiátrica, desospitalização, ressocialização, projetos de leis e história da enfermagem psiquiátrica e psiquiatria); Psicopatologias (Código Internacional das Doenças – CID-10, sintomas e tratamentos das doenças); Relacionamento Terapêutico (abordagem do paciente) e Psicofarmacoterapia (novas medicações e efeitos colaterais). Além destes, aparece a junção de dois ou mais temas.

Os enfermeiros mencionaram ter adquirido estes conhecimentos através da prática diária, nas supervisões de casos (com docentes, residentes e pessoal de enfermagem com mais experiência), em reuniões de equipe, com leituras individuais e através do curso de especialização em enfermagem psiquiátrica. Na questão sobre levar para a prática os conhecimentos teóricos adquiridos, 29 (96,7%) responderam que fazem esta articulação.

As facilidades encontradas pelos enfermeiros para sua formação/atualização foram reunidas conforme visualizamos na Tabela 3.

Durante as entrevistas, quando fizemos a pergunta relativa ao enunciado da Tabela 3, os sujeitos tiveram dificuldades em respondê-la, haja visto que nove (30,0%) não conseguiram falar sobre as facilidades, mencionaram encontrar somente dificuldades em relação à sua formação e atualização.

Ao investigarmos as dificuldades encontradas para sua formação e atualização, os enfermeiros mencionaram, principalmente, falta de tempo devido à carga horária; plantões, rodízio de horário e mais de um emprego; acomodação e desinteresse; situação financeira (baixos salários); conciliar atividades profissionais e pessoais; acesso às publicações; no relacionamento com a equipe e ausência de reconhecimento profissional (Tabela 4).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados que possibilitaram-nos uma visão maior da realidade que cerca os enfermeiros que trabalham na assistência psiquiátrica de Ribeirão Preto, evidenciaram, entre outras coisas, uma população predominantemente feminina, adulta, da qual 53,3% não possuía curso de Especialização em Enfermagem Psiquiátrica, 66,7% não fizeram qualquer curso de atualização e poucos participaram de eventos informativos na área.

Os enfermeiros estavam inseridos em instituições com características próprias, nas quais ocupavam cargos diversos e 46,7% deles tinham mais de um emprego. O trabalho desenvolvido rotineiramente por eles ainda era eminentemente burocrático-adminstrativo.

Encontramos que 76,7% dos entrevistados não participavam de treinamentos, 60,0% não tinham acesso às publicações de enfermagem e 70,0% não freqüentavam bibliotecas. O relacionamento terapêutico foi enfatizado pelos sujeitos como conhecimento específico da área. Referiram adquirir conhecimentos na prática do dia-a-dia, o que nos instiga a encontrarmos estratégias mais informais a serem inseridas no cotidiano de trabalho, a fim de que possam vincular novos conhecimentos teóricos à prática.

Recebido em: 20.8.1999

Aprovado em: 25.2.2000

* O cargo de gerente técnico é designado a um profissional escolhido pela equipe e este tem autonomia na unidade sob sua responsabilidade

** Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – Decreto Lei 5452 de 1 de maio de 1943. Art.180 Constituição (constituí o texto legislativo básico do direito do trabalho no Brasil)

*** Lei-500 (13 de novembro de 1974) – Regime dos Servidores admitidos em caráter temporário

**** Lei nº 10261 (28 de outubro de 1968) Regime Funcionários Públicos do Estado

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  • 03. BRASIL. Leis etc. Lei Complementar nº 733 de 23 de novembro de 1993. Dispõe sobre a admissão de servidores em caráter temporário, na área da saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 25/11/1993b. Seção I, p. 01.
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  • 1
    Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Maio 2005
    • Data do Fascículo
      Out 2000

    Histórico

    • Aceito
      25 Fev 2000
    • Recebido
      20 Ago 1999
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